terça-feira, 30 de dezembro de 2014

TOP LIVROS 2014


Este foi mais um ano em que tive muita sorte em alguns livros que li. Foram vários os livros que me surpreenderam e outros que confirmaram a qualidade que eu acreditava que teriam. São vários os que recordo, que quero voltar a ler e ainda mais foram os momentos que ficarão na minha memória durante muitos anos.

O que deixo aqui é uma pequena lista dos livros que mais gostei, tendo como base na escolha todos os livros que comentei neste blog, não sendo obrigatório que os tenha lido realmente em 2014 ou que tenham saído nesse ano, mas que foram aqui comentados durante este ano que agora acaba.

Este ano começou muito bem com uma surpresa muito agradável: A Tragédia de Fidel Castro é um excelente livro do escritor João Cerqueira e merece ser lido. Logo a seguir li A Cúpula de Stephen King, sempre muito bom, e também me agradou o livro Tigana, um livro muito interessante de fantasia com uma base que me agradou e viciou.

Em fevereiro continuei com a Saga da Águia de Simon Scarrow e regressei à segunda Guerra Mundial com A rapariga que roubava livros (mais um livro muito bom). De seguida adorei A Psicologia do Amor (Irvin Yalon), aplaudi o Tríptico e voltei a ler GRRM com o muito bom Sonho Febril

Em maio, no mês em que fiz a iniciativa "31 dias, 31 passatempos", tive pouco tempo para ler, mas é em Junho que li o fantástico O Marciano, claramente um dos livros do ano, seguido do outro grande livro O Império Final. Aproveitei para ler uns clássicos, como As Aventuras de Tom Sawyer e O Cão dos Baskervilles, passei por mais uma Guerra Mundial com Catástrofe - 1914: A Europa vai à Guerra, e quando o verão começou a acabar aproveitei para, finalmente, começar a ler Bernard Cornwell, com a sua saga Arturiana, e ainda bem que o fiz, porque é uma saga muito boa! Pelo meio li o fantástico A Oeste nada de novo, um poderoso livro sobre a primeira Guerra Mundial.

Em outubro tive uma surpresa e uma confirmação: House of Cards (a confirmação!) e o surpreendente O Rei de ferro e a Rainha estrangulada, um dos melhores livros do ano. Depois regressei aos thrillers com o famoso Em parte Incerta, e terminei a aclamada saga de Mago - A Senhora do Império. Um final fantástico!

Em novembro li A Primeira Guerra Mundial de John Keegan, que aconselho a todos, Por fim, já no mês de dezembro, gostei de Fraturado, Os grandes ditadores da História, Mossad, e depois regressei a Stephen King com o impressionante 22/11/63 e que aconselho a todos os fãs do autor.

Não é fácil escolher o melhor. Aliás, desta pequena lista que fiz já ficaram de fora vários livros que gostei bastante. Escolher o melhor do ano, também por serem livros de vários géneros, é quase impossível, mas todos os anos consegui escolher um, mesmo que nem sempre com total certeza da minha escolha. No entanto, como a escolha tem de ser feita, digo-vos que o melhor livro que li foi O Marciano, e o livro que mais gostei foi O Império Final

O Marciano, tal como escrevi na minha opinião, acho que é uma lufada de ar fresco. O conhecimento do autor é tão massivo que não só aprendemos com a leitura como somos mesmo transportados para aquele planeta. Didático, intenso e viciante. impossível de largar.

Em O Império Final a fantasia chega a um nível que poucos autores conseguem alcançar. Com um fantástico vilão e tendo como base o que é preciso para se criar um mito, este é um livro incrível, que me deixa à espera do próximo e que foi o que mais gostei de ler este ano.

E vocês, quais foram os livros que mais gostaram? Qual o livro que ficou na vossa memória?

Luís Pinto 


Passatempo: A vida de Pi


PASSATEMPO

A vida de Pi
de Yann Martel


O Blog Ler y Criticar oferece-vos a oportunidade de ganharem um exemplar do livro A vida de Pi, uma obra que se tornou num enorme sucesso mundial e deu origem a um filme, realizado por Ang Lee.

Para se habilitarem a ganahr basta preencher o formulário, serem fãs ou seguidores do blog e partilharem o passatempo.

O passatempo termina dia 8 de janeiro

Apenas é permitida uma participação por pessoa.

Boa sorte a todos!




sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

AS PROMESSAS DA NOITE


Autor: Sadie Matthews

Título original: Promises after dark




Sinopse: O fim de relação com Dominic deixou Beth de coração despedaçado. Acreditara desde o início na força daquele amor que seria eterno, mas um mal-entendido mostrou-lhe a fragilidade da relação e deitou tudo a perder. Por mais que tentasse evitar a constante presença e interferência de Andrei Dubrovski no seu relacionamento, o poder deste impedia-a de ser livre.
Desde que o conhecera que Andrei teimava em impedir a sua felicidade junto a Dominic, e desta vez parecia ter finalmente alcançado o seu objetivo. Dominic partira rumo a um novo projeto profissional e, porventura, a uma nova vida amorosa sem Beth. Mas será que Andrei conseguirá o que quer?
A persistência de Beth no amor que sente por Dominic, e a certeza de que nada pode ter feito de errado, irão levá-la a viajar desesperadamente até Paris, atrás de Dominic, na esperança de uma reconciliação e, quem sabe, de provar que o verdadeiro amor pode superar as mais graves das provações.



Terceiro e último livro da famosa saga de Sadie Matthews, acaba por se revelar o melhor dos três graças a uma estratégia que a autora começou a implementar no segundo livro e que consegue concretizar neste último.

Em primeiro lugar está a transformação de Beth, que lentamente passa da frágil e desamparada rapariga (muito usual neste género) para uma mulher muito mais decidida e psicologicamente forte. Este é, provavelmente, o ponto que mais gostei nesta saga, pois se Beth continuasse igual durante os três livros, acabaria por me afastar da saga. Esta evolução de Beth ajuda a que o enredo se possa também transformar, começando num forte enredo erótico, direcionado para o sexo, até chegarmos a este livro no qual a parte erótica passa para segundo plano, mostrando agora uma mulher que sabe o que quer e que se vê envolta na paixão que foi crescendo nesta saga. É por isso um livro mais sentimental e menos físico, apesar de continuarmos a ter pela nossa frente algumas cenas bem explícitas.

Outra transformação inteligente é a de Dominic, que também se afasta um pouco do estereotipo do homem usado neste género (seguro, realizado e atraente). Aliás, o que a autora consegue fazer melhor do que a maioria dos escritores deste género é fugir do que é banal nos romances eróticos. Claro que existem momentos forçados e clichés, ou momentos, principalmente no início da saga, em que a personalidade de Beth nos poderá afastar, mas aos poucos vai convencendo. Obviamente que para tal muito contribui o facto de a saga se tornar cada vez menos um enredo de erotismo e mais um romance com uma base interessante e intensa, que nos leva a percebermos melhor as personagens em vez de sermos apenas "atropelados" pelas suas certezas ou inseguranças. É esse conhecimento, que oferece coerência, que me afasta de alguns livros do género em que apenas ficamos a saber que existe uma pessoa que é segura e controla, e outra que é insegura e é controlada. Continua a ser uma saga erótica, mas o peso desse erotismo deixa de ser tão influente.

Sendo o fim da saga não irei revelar detalhes, mas o conhecido trio amoroso está bem conseguido. Sendo um livro dentro de um género onde a história costuma ser relegada para segundo plano e os momentos eróticos enchem as páginas, é interessante ver que a autora tenta dar algum peso à sua história, mesmo sem aprofundar muitos temas que poderiam ter mais destaque. Com um ritmo agradável o livro irá convencer quem goste do género e destaca-se dentro da trilogia mesmo tendo em conta que o seu óbvio final poderá não surpreender muitos leitores.

Obviamente que não é uma obra prima, nem nos enche as medidas com uma qualidade avassaladora, mas dentro do seu género é do melhor que já li, porque consegue ter mais profundidade na ligação entre as três personagens. Se querem ler algo deste género, esta trilogia é uma boa escolha.

Luís Pinto

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Passatempo: Pack Presença - vencedor!


PASSATEMPO

Pack Presença

Colheita - de Jim Crace
Adrian Mole: Os anos do Cappuccino - de Sue Townsend

Vencedor!



Terminou mais um passatempo em parceria com a Editorial Presença.

A todos os que participaram agradecemos por terem tentado e desejamos melhor sorte para a próxima caso não tenham ganho.

Convidamos também todos os leitores a tentarem a sua sorte noutros passatempos a decorrer no blog.


E o vencedor é:

Sílvia Catarina Ferreira Caseiro

Parabéns!








Colheita - Sinopse

Encontramo-nos em Inglaterra, numa aldeia tranquila onde ainda se vive ao ritmo das estações e dos trabalhos agrícolas sazonais. Num final de verão, no entanto, o novo senhor das terras e  os seus homens chegam e confiscam os terrenos comunitários para iniciar a criação de ovelhas  e a produção de lã. A desconfiança, o medo, a revolta e a violência instalam-se e, em apenas  sete dias, assistimos à dissolução de uma ordem social quase paradisíaca face ao nascimento da era industrial. Mas qualquer coisa ainda mais inquietante se insinua no coração desta história  narrada pelo único homem que fica para a contar... Walter Thirks. A prosa encantatória e poética de Jim Crace serve esta belíssima narrativa na perfeição.

«Melhor Livro de Ficção 2013», segundo o The Guardian

FINALISTA DO MAN BOOKER PRIZE E DO GOLDSMITHS PRIZE 2013



Adrian Mole - Sinopse

Adrian Mole está agora na casa dos trinta, divorciado e com um filho, William. É cozinheiro num restaurante londrino e os seus pratos têm sido alvo tanto de crítica quanto de elogios. O amor da sua vida, Pandora Braithwaite, foi recém-eleita deputada do partido trabalhista. Adrian continua a amá-la loucamente mas, para seu grande desgosto, Pandora continua casada. Frustrado afetivamente, Adrian sente-se desiludido
com a vida, mas uma carta vinda do passado irá mudar tudo...


FELIZ NATAL



FELIZ NATAL

A todos os leitores "que se dão ao trabalho" de passar por aqui, participar em passatempos, deixar comentários, ou simplesmente ler algumas opiniões que vou escrevendo, quero agradecer o vosso apoio durante estes anos (foi um apoio muito importante) e desejo-vos um Feliz Natal com tudo o que desejarem! 
(e já agora, uns livros no sapatinho)

Feliz Natal a todos!
E boas leituras!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

COLHEITA


Autor: Jim Crace

Título original: Harvest




Sinopse: Encontramo-nos em Inglaterra, numa aldeia tranquila onde ainda se vive ao ritmo das estações e dos trabalhos agrícolas sazonais. Num final de verão, no entanto, o novo senhor das terras e  os seus homens chegam e confiscam os terrenos comunitários para iniciar a criação de ovelhas  e a produção de lã. A desconfiança, o medo, a revolta e a violência instalam-se e, em apenas  sete dias, assistimos à dissolução de uma ordem social quase paradisíaca face ao nascimento da era industrial. Mas qualquer coisa ainda mais inquietante se insinua no coração desta história  narrada pelo único homem que fica para a contar... Walter Thirks. A prosa encantatória e poética de Jim Crace serve esta belíssima narrativa na perfeição.



Todos os sistemas precisam de equilíbrio, quer seja um ecossistema, um sistema político, ou até um sistema informático...este livro é sobre esse equilíbrio... o equilíbrio necessário numa pequena aldeia onde uma decisão ou um evento podem mudar a vida de todos os que nela vivem.

A este necessário equilíbrio, que é a base do enredo, mistura-se a crítica/mensagem do enredo, que é a forma como a evolução tecnológica altera todo um sistema, restando apenas conseguirmos a adaptação e evoluirmos, ou ficarmos estagnados perante a velocidade a que a sociedade consegue passar de uma fase para outra.

É esta capacidade de estarmos preparados para a adaptação que neste livro é explorada. O autor, com uma escrita cuidada, expõe os preconceitos e mentalidades de quem vive em comunidade, mas que pouco vê para lá da mesma, porque não quer, ou porque não pode, ou porque nunca teve de o fazer. Para uma boa exposição o autor usa uma escrita muito interessante e em que cada linha pode existir um significado inesperado. Desta forma somos "convidados" a uma leitura mais lenta, mais atenta e acabei a tentar antever as decisões de cada pessoa. A tudo isto junta-se um final que me surpreendeu e que demonstra a grande qualidade do autor.

No início do livro, esta narrativa, bastante cuidada e bela, choca um pouco. O que temos à nossa frente é um narrador que não parece ter a capacidade ou o conhecimento necessários para escrever uma narrativa assim. Este foi o ponto que no início me deixou atento para possíveis razões, e mais tarde o livro foi-me convencendo. A nossa atenção acabará por se focar na própria aldeia, como se fosse uma personagem. As reações em cadeia ganham um ritmo que nos leva a quase não pensar e a tentar perceber todos os motivos, todos os ideais... e por vezes parece forçado, para depois fazer lógica. Base da nossa leitura está no facto de nós, tal como o próprio narrador, não estarmos preparados para todos os acontecimentos que vão aparecendo a cada página.   

Jim Crace tem aqui um interessante conjunto de personagens, mas tem, principalmente, a inteligência de criar uma aldeia onde todos os anos as rotinas se repetem, e depois insere o choque industrial que aconteceu em grande parte do mundo. O que vemos aqui é ficção, mas é também a dura realidade de pequenos locais que não se conseguiram adaptar, quer seja por falta de conhecimentos, investimento ou porque não aceitaram essa própria evolução. Este livro é a imagem do que aconteceu em muitas aldeias que estão praticamente desertas.

Gostei da base, gostei das personagens e gostei bastante do final. Colheita não é um livro fácil, nem é daqueles livros que ficaremos a adorar, mas a sua qualidade está presente a cada página. A forma como o autor escreve é a de um homem que vai recordando o seu passado e pensando sobre o mesmo. Sente-se o desgosto, a esperança, a amargura de quem viveu  num local que outros ajudaram a derrubar, e entramos naquela aldeia, sentimos a sua queda, ficamos tristes e indignados. É esta a arte do livro... transportar o leitor para outro local. 

Totalmente aconselhado a todos os que apreciem este género e que olhem com interesse para a sinopse. Não ficarão desiludidos, de certeza.

Luís Pinto


domingo, 21 de dezembro de 2014

Passatempo: Pack star Wars - Vencedor!


PASSATEMPO

Pack Star Wars

Finalmente acabou o passatempo em que, com o apoio de muitos (e aos quais agradeço imenso), iremos oferecer um livro, um blu-ray e um conjunto de marcadores.

Livro Darth Plagueis
Blu-ray (episódios IV, V, VI)
6 marcadores


Foi um dos passatempos mais participados e agradeço a todos que tentaram ganhar este pack.

Fiquem atentos a novos passatempos nos próximos dias!

E o vencedor é:
João Carlos Pacheco Lopes

Parabéns ao vencedor!

Mais passatempos nos próximos dias!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Ler y Criticar - Melhor Blog de Literatura 2014


Acabei de receber a informação de que o meu blog Ler y Criticar foi votado pelos leitores como o Melhor blog do ano na categoria de Literatura!



Em primeiro lugar, acho que todos nós, bloguers, devemos aplaudir estas iniciativas, neste caso o Top Blog Awards. Confesso que fiquei a conhecer alguns blogues novos e que vou visitando quando tenho tempo.

Em segundo lugar, a lista dos nomeados na categoria de Literatura é a prova que se faz um fantástico trabalho neste género. Confesso que não conheço todos os blogues nomeados, mas dos que conheço, garanto-vos que a qualidade está presente e aconselho-vos a começarem a lê-los.

Em terceiro lugar, mas não menos importante, está o meu enorme agradecimento a todos os que votaram. Com uma votação pelo Facebook de vários milhares de pessoas, é incrível ganhar. É uma sensação muito agradável saber que as pessoas gostam do que escrevo aqui e se dão ao trabalho de votar sem receberem nada em troca. 

No meu caso, e acredito que todos os outros nomeados digam o mesmo, posso garantir que manter este blog não é fácil. São muitas horas de leitura, muitas horas a escrever, e eu nem sequer sou dos bloguers que escreve com mais frequência. Este trabalho amador, que começou como um "passar de tempo" para não me esquecer dos livros que ia lendo, é recompensador em algumas formas, mas poucas poderão ser tão recompensadoras quando comparadas com recebermos uma mensagem a dizer que fomos escolhidos pelo público. 

Nos próximos tempos, se, por algum motivo ponderar acabar com este blog, vou recordar este prémio, esta votação, e tentarei continuar enquanto sentir que o que escrevo consegue transmitir o que senti ao ler os livros que aqui vou criticando.

Obrigado a todos os que votaram, parabéns a todos os nomeados... e um Feliz Natal a todos!

Deixo-vos aqui os links com os vencedores e os nomeados




22/11/63


Autor: Stephen King

Título original: 11/22/63





Sinopse: Quando o seu amigo lhe propõe que atravesse uma porta do tempo para regressar ao passado com uma missão especial, Jake fica completamente arrebatado. A ideia é impedir que Oswald mate o presidente Kennedy. Jake regressa a uma América apaixonante e começa uma nova vida no tempo de Elvis, dos grandes automóveis americanos e de gente a fumar.
O curso da História está prestes a mudar…



Mas que livro... Stephen King voltou a escrever um livro fantástico demonstrando que qualquer que seja o género, King é um fantástico escritor. Digo-o muitas vez: King não é um escritor que agrade a todos. A sua escrita é diferente, a sua forma de explorar as personagens também. Aqui, neste enredo que no início parece forçado e com um personagem principal que parece cheio de clichés, King demora a convencer, mas quando me convenceu foi para me levar numa viagem incrível de ficção científica onde viagens no tempo e romance estavam de mãos dadas.

Claro que o livro não é perfeito e houve alguns detalhes que não apreciei ou me pareceram forçados no início, mas aos poucos, enquanto vamos percebendo a mecânica da base do enredo, aceitamos a sua coerência e vemos como tudo bate certo. Todavia, quando menos esperava, King passa a parte da ficção científica para segundo plano, focando a nossa atenção numa relação amorosa que não esperava encontrar num livro de King.

O que salta de imediato à vista é a forma como Stephen King explora a sociedade americana da década de 60. King consegue sempre nos seus livros construir uma sociedade ou um mundo coerente, sendo esta é a sua grande base para qualquer enredo e aqui não é diferente, quer seja num mundo realista ou com toques mais fantásticos. Neste caso, Stephen King consegue expor a década de 60 pelos olhos de um homem do nosso tempo, capaz de encontrar as diferenças e confrontar o pensamento atual com o de há 50 anos.

No entanto, não me é fácil falar deste enredo sem revelar qualquer coisa. Jake foi um personagem com o qual não criei uma ligação imediata, mas a escrita de King, que nem todos os leitores apreciam, levou-me a continuar porque gostei bastante da ideia base, apesar de parecer algo forçada no início. Todavia, a grande surpresa foi a forma como o autor conseguiu colocar um enredo amoroso nesta base, impulsionando o livro para um nível em que ficção científica e filosofia se misturam de forma impressionante. O resultado final é um livro que começa com uma base de FC, com uma viagem no tempo, com um choque entre a sociedade atual e a de há 50 anos, e acaba por ser uma viagem filosófica sobre o poder do amor, o que é este sentimento e o que o faz sobreviver contra as leis do nosso universo.

Afinal, quem, ou o quê, nos colocou aqui? Até que ponto estaremos preparados, ou não, para mudar o nosso futuro, ou o nosso passado? King, questiona-nos indiretamente, argumenta indiretamente, mas algumas coisas não podemos ignorar, e a capacidade humana para amar é uma delas. A forma como alguns sentimentos atravessam o tempo, perdurando para sempre, é um dos temas que King explora aqui de uma forma que por vezes nos parece exagerada, noutras vezes é um verdadeiro murro no estômago, e que nos faz pensar se o amor é ainda algo que não somos capaz de compreender e que ultrapassa a paixão ou a necessidade de companhia, sendo algo mais que nós, humanos, temos a sorte de sentir, quer seja por outra pessoa, ou por um animal. 

Stephen King é um autor diferente, para o bem e para o mal. O que no início pode parecer apenas mais um livro sobre uma viagem no tempo para alterar o passado, torna-se muito mais do que isso. É complexo, é intenso, é inteligente e no fim, é, acima de tudo, sentimental. Não é para qualquer leitor mas é, sem qualquer dúvida, um dos melhores livros que li este ano. 

Luís Pinto

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

FRATURADO


Autor: Karin Slaughter

Título original: Fractured






Sinopse: Abigail Campano chega a casa e entra num cenário de pesadelo. Uma janela partida, uma pegada de sangue na escada e, a visão mais devastadora de todas, a sua filha adolescente morta no chão. Sobre ela está um homem com uma faca ensanguentada na mão. A luta que se segue vai mudar a vida de Abigail para sempre.
Quando a polícia local comete um erro que não só ameaça a investigação mas também coloca em perigo a vida de uma jovem, o caso é entregue ao agente especial Will Trent do Georgia Bureau of Investigation. Will terá como parceira a detetive Faith Mitchell, do Departamento de Polícia de Atlanta, que logo no primeiro encontro lhe mostra que não é a sua maior fã.
Sob o calor implacável do verão de Atlanta, Will e Faith percebem que só trabalhando juntos conseguirão travar o homicida brutal que tem como alvo uma das comunidades mais ricas e privilegiadas da cidade. Antes que seja tarde demais.



No início deste ano li o primeiro livro desta série. Tríptico (podem ler a minha opinião aqui) foi uma lufada de ar fresco no género. É uma leitura intensa, inteligente e marcante. Com Fraturado, segundo livro da saga (podem ler este sem ter lido o primeiro, mas aconselho a leitura do primeiro livro para maior conhecimento do personagem principal) tinha o receio de as expectativas matarem a leitura. Tríptico foi um livro que apreciei bastante, mas poderia a autora repetir o feito?

Sendo o mais direto possível, este livro está ao nível do anterior, o que é fantástico. É verdade que gostei mais do tema base do anterior, mas a qualidade da obra é idêntica, demonstrando que Tríptico não foi apenas sorte, mas sim que a autora sabe o que faz, e faz bem.

O que mais apreciei neste livro foi a forma como a autora aprofundou a personagem principal. Trent é um detetive interessante, com problemas, mas com o qual não sentimos um forçar da história para que os seus traumas encaixem no enredo de forma óbvia. A narrativa, intensa e objetiva, está sempre muito perto do personagem em si, revelando momentos do passado, alguns medos, alguns orgulhos, mas nunca deixa a investigação para segundo plano. A forma como Trent é aqui explorado encaixa no ritmo, que nunca baixa, e torna-se num dos principais fatores que nos levam a continuar a ler. Claro que a trama principal será sempre a investigação, mas a autora não se foca apenas nessa questão, e "puxa" para a nossa atenção algumas personagens que poderiam parecer quase irrelevantes.

Todavia, o que fica na memória é o elevado ritmo e a inteligência do enredo. Bons diálogos, sem a sensação de que a autora esteja a forçar algo (tirando um ou outro momento que parece mais forçados) e com o leitor a passar a grande parte da leitura a tentar perceber todas as pistas e a adivinhar a revelação final, o que não será fácil pois a autora consegue esconder alguns factos importantes.

Por fim, salientar que a relação entre Trent e Faith está bem conseguida. No início pode parecer que a autora entra no cliché dos dois polícias que não se dão bem, mas aos poucos essa sensação desaparece, pois existe uma base bem sustentada para tal, principalmente com as duas personagens a terem personalidades vincadas e coerentes. 

Não me alongo mais pois não quero revelar pormenores deste enredo, nem do livro anterior. Fraturado é um livro inteligente e com ritmo elevado. Na minha opinião a autora conseguiu oferecer um livro ao nível do primeiro, algo que me surpreendeu, dando uma primeira confirmação que esta é uma autora a ter em conta se apreciam o género. Agora aguardo o terceiro livro, para perceber se a autora conseguirá manter o nível, algo que não será fácil.  

Luís Pinto

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

MOSSAD: Espiões contra o armagedão


Autor: Dan Raviv & Yossi Melman

Título original: Spies against Armageddon




Sinopse: Este livro aborda diversos temas, como o rapto de Adolf Eichmann, na Argentina, em 1960, o fracasso da Mossad para tentar deitar a mão ao Dr. Joseph Mengele, a caça aos terroristas palestinianos a seguir aos acontecimentos nos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, a operação em 1979 em França contra a venda de equipamento nuclear a Saddam Hussein e ainda o raide a Entebe e o bombardeamento do reator nuclear sírio em 2007.
Coloca também questões interessantes, tais como terá a Mossad cometido um erro gigantesco quando duas dúzias de operacionais foram vistos pelas câmaras de vigilância de um hotel nno Dubai, ou foi uma missão de assassínio com êxito? Será que os assassinos sentirão picadas na consciência? E, finalmente, confiam os Estados Unidos na espionagem israelita?



Espionagem foi sempre um dos temas que mais gostei de ler, mas, curiosamente, um dos géneros que menos falo no blog. Este é o 4º ou 5º livro que leio sobre a Mossad e é o melhor que li até hoje. Sendo, provavelmente, o livro menos político que li sobre estes serviços de inteligência, o que estes dois autores oferecem é um acutilante olhar sobre os grandes sucessos mas também os grandes fracassos da Mossad. Consequentemente, o que vemos aqui é um pouco da História da própria nação de Israel, de como sobreviveram, como se aliaram a uns, voltaram costas a outros, e porque o fizeram. mas não só... Aqui vemos de forma direta como a Mossad consegue manter o nível de vida que Israel pode oferecer em alguns locais do seu território, o que tem de ser sacrificado para tal e o que poderá correr mal nos próximos anos. 

Que acordos foram feitos? Em quem confia Israel? Como conseguem saber o que se passa nos países à sua volta onde todos travam guerras e muitos querem ver Israel desaparecer do mapa?

Com uma escrita direta e simples, os autores conseguem transmitir o seu conhecimento sem que existam momentos em que estejamos perdidos, e com uma narrativa quase sempre cronológica vamos vendo a evolução e o que muda após cada sucesso ou fracasso, bem como as estratégias usadas quando algo não corre bem ou quando se pretende "abafar" alguma ação militar ou política.

Tudo o resto que vos possa dizer não será mais do que enaltecer esta investigação que desvenda vários segredos com as suas muitas entrevistas e deduções lógicas. Esse é o grande êxito de um livro que consegue ser cativante desde o primeiro momento, algo que muitos outros livros do género por vezes não conseguem por serem demasiado académicos. Aqui os autores conseguem captar a nossa atenção com revelações constantes que vão encaixando facilmente na imagem que vamos construindo da Mossad. No meu caso, e mesmo já tendo lido vários livros sobre os serviços secretos israelitas, foram muitos os factos que fiquei a saber e a leitura foi viciante.

Se gostam do género e querem saber mais sobre a Mossad, este livro é a minha recomendação, quer sejam novos no tema ou leitores que já tenham algum conhecimento sobre o assunto.

Luís Pinto   


quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

FERNANDO PESSOA


Autor: Sónia Louro





Sinopse: Este é o romance biográfico de Fernando Pessoa, o poeta que foi muitos poetas. Órfão de pai aos cinco anos de idade, cedo perde a atenção da mãe quando esta volta a casar. Forçado a partir para a distante África do Sul, onde o nascimento de irmãos o isolam ainda mais, refugia-se em si mesmo e aí cria novos mundos.
No fim da adolescência regressa a Lisboa, na vã tentativa de resgatar os poucos momentos da vida em que fora feliz. Aí conhece personalidades do mundo das artes e da literatura, como Almada Negreiros, Mário de Sá-Carneiro ou Adolfo Casais Monteiro. É um dos fundadores da Orpheu, uma revista artística que foi recebida com escândalo pela crítica.
Correspondente comercial, inventor, tradutor, editor, publicitário e astrólogo, Fernando Pessoa procurou várias formas de ganhar a vida. E até o amor lhe bateu à porta quando conheceu Ophélia Queiroz. 
 

Fernando Pessoa é um dos grandes nomes da nossa História, mas confesso que o meu conhecimento sobre o homem é muito inferior ao que conhecimento que tenho do escritor. O que mais gostei deste livro foi a "mistura" de informação que recebemos do homem e do escritor. Sónia Louro, que já presenteou os leitores com um livro sobre Amália, entra agora na vida de Fernando Pessoa para nos mostrar muitas das características e acontecimentos que moldaram este imortal escritor.

Misturando factos e ficção, a escritora usa como base as grandes dificuldade que Pessoa enfrentou na sua vida e que, irremediavelmente, o moldaram psicologicamente, "ajudando-o" a tornar-se no grande escritor que foi. Esta mistura de factos e ficção está muito bem conseguida se olharmos para o enredo em si, mas é na construção da própria personagem que o livro cria as ligações que me agradaram. Sónia Louro "agarra" nas características psicológicas de Pessoa, resultantes da sua experiência de vida aqui narrada, e transfere-as para as obras do poeta, criando aqui a ponte entre a pessoa que Pessoa era, e o seu trabalho. Afinal, de onde vinha tal inspiração e tendências?

E é lentamente, com uma escrita que me agradou, que a autora me levou por um livro que no início não me estava a conquistar, talvez por não ter percebido de imediato qual era o objetivo global do enredo. A narrativa vai introduzindo personagens, molda diálogos interessantes e no fim sentimos que conhecemos muito melhor Fernando Pessoa, principalmente na parte humana, que tem um foco muito maior do que a parte profissional do poeta. Personagens como Ophélia, Almada Negreiros ou Crowley, oferecem algo ao enredo, por muito indireta que possa ser a participação, e tornam o livro mais coeso e mais abrangente, mas no fim o que interessa é o conhecimento que ganhamos de Pessoa.

Enquanto livro empolgante e que não conseguimos largar, Sónia Louro não consegue agarrar totalmente o leitor, não por falta de qualidade do livro, mas porque o enredo assim não o permite. Esse foi o meu problema inicial, estava a ler o livro porque queria saber mais sobre Pessoa, e não porque o livro me tinha agarrado. Todavia, após estar a meio da narrativa, a autora já me tinha conquistado porque já me tinha provado que o seu trabalho de pesquisa foi fantástico (e tal fica provado quando acabamos o livro) principalmente na parte à qual o público não teve acesso. O que está por detrás do génio? Quais eram os medos e os objetivos de Pessoa? Qual era a sua angústia e a sua motivação? Foram essas respostas que mais apreciei neste livro, porque se, quando estudamos Pessoa, o poeta, criamos uma visão complexa, aqui, ao vermos Pessoa, o homem, apagamos essa complexidade e percebemos. E é por isso que vale a pena ler este livro... porque percebemos melhor o génio por detrás das palavras, porque por vezes sentimos que não é a autora que está a escrever, mas sim Fernando Pessoa, e esse é o maior elogio que posso dar.

Luís Pinto       

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O JOGO DO ANJO


Autor: Carlos Ruiz Zafón

Título original: El juego del ángel




Sinopse: Na Barcelona turbulenta dos anos 20, um jovem escritor obcecado com um amor impossível recebe de um misterioso editor a proposta para escrever um livro como nunca existiu a troco de uma fortuna e, talvez, muito mais. Com deslumbrante estilo e impecável precisão narrativa, o autor de A Sombra do Vento transporta-nos de novo para a Barcelona do Cemitério dos Livros Esquecidos, para nos oferecer uma aventura de intriga, romance e tragédia, através de um labirinto de segredos onde o fascínio pelos livros, a paixão e a amizade se conjugam num relato magistral.



Há muito tempo que estou para ler algo deste famoso e largamente aplaudido autor. Simplesmente porque calhou, comecei por este, na tentativa de perceber se o autor me iria conquistar a ler outros livros, se a sua escrita me agradaria, mesmo sabendo que não é este a obra prima do autor.

O que se torna óbvio ao fim de poucas páginas é que Zafón escreve mesmo muito bem. Com beleza e objetividade, conseguiu-me transportar para o interior do livro, levou-me a imaginar e sentir aqueles locais, tentando perceber o que estava a acontecer. Zafón sabe cativar um leitor, isso é totalmente evidente a cada linha, com as suas personagens fortes e algumas pontas soltas que vai deixando pelo caminho, levando-nos a questionar e a querer saber mais. Quando estava a meio do livro, encontrei-me totalmente absorvido pelo enredo, quer pela inteligência dos diálogos, quer pela escrita forte do autor, mas principalmente pela personagem principal.

Todavia, existiu um momento, sensivelmente a meio do livro, em que me senti perdido. Tinha demasiadas perguntas na minha cabeça e nada batia certo. O que estava a acontecer? Qual era o objetivo de algumas personagens? Porque estava o autor a tentar baralhar-me? O que movia a narrativa para lá do que era óbvio, e que era pouco para um livro que começava tão bem? Convencido que o autor não me iria desiludir, continuei, tentando apanhar todas as respostas, enquanto criava mais perguntas... até que Zafón começa a "abrir o jogo".

A verdade é que esta leitura começou fascinante, depois tornou-se algo confusa, mas no fim dá as respostas e torna-se num livro muito bom. Muitas das respostas do autor são dadas de forma indireta, obrigando o leitor a pensar, a armazenar informação e a estar atento, existindo, todavia, uma margem oferecida pela autor que nos levará a tirarmos conclusões. Sendo assim, acredito que este é um livro em que cada leitor tirará a sua própria conclusão do que moveu esta história e qual é a sua mensagem final. A esperança que algumas personagens têm ao continuar, foi a esperança que tive que este livro me daria as respostas que desejava, e assim foi. A forma como Zafón nos esmaga em alguns momentos com a sua escrita é o grande trunfo de um livro que nos quer marcar, deixando que algo fique na nossa memória. Talvez uma imagem, talvez uma personagem... no meu caso, a inteligência com que o autor consegue montar e "desmontar" o enredo.  

Este final, que gostei, não é uma conclusão direta. Existe espaço para sermos nós a descobrir alguns factos e tal agradou-me porque tudo o que o autor nos dá faz sentido. Os temas que Zafón aqui explora, como o amor, esperança ou solidão, todos eles bem explorados, são a base de uma narrativa que, apesar de não ser uma obra prima, é, sem dúvida, um grande livro, mas que não agradará a todos. Da minha parte, fiquei convencido e voltarei a ler este autor que tantos fãs tem espalhado pelo mundo.

Luís Pinto

domingo, 7 de dezembro de 2014

OS GRANDES DITADORES DA HISTÓRIA


Autor: Pedro Rabaçal





Sinopse: Os Grandes Ditadores da História apresenta ao público uma visão muito abrangente das ideias, das vidas, e dos atos desses homens que influenciaram enormemente os seus países e o mundo. Os ditadores, com personalidades invulgares e especiais, mais ou menos convictos das suas ideias, com menor ou maior empatia com o seu povo, subiram ao poder, em geral, graças a enormes doses de astúcia, de força de vontade e de outros talentos formidáveis, infelizmente combinados com a falta de escrúpulos e de compaixão.
Este livro abrange diversos séculos da História da Humanidade, mas nele se destaca o século XX, que não trouxe somente a proliferação da democracia e a sacralização da defesa dos direitos humanos e cívicos: foi também o século de várias das piores tiranias da História.


Entre as personagens mais marcantes da nossa História estão os ditadores. Homens que alcançaram o poder e as suas decisões tiveram efeito em milhares, ou milhões, de pessoas. Claro que todos os líderes têm esse efeito mas, em certos momentos, os ditadores ganham uma projeção diferente, porque as suas decisões são mais extremistas, retirando-nos capacidade de escolha.

Este livro de Pedro Rabaçal é um olhar suave pelos grandes ditadores da nossa História, levando-nos a ler sobre um conjunto considerável de personalidades (são cerca de 40 os ditadores aqui analisados). Devido ao elevado número de ditadores presentes neste livro, o olhar sobre cada um não poderia ser muito aprofundado, mas devo dizer que o trabalho do autor é de aplaudir, pois consegue em poucas páginas oferecer a informação necessária para termos uma noção mais correta da ascensão e queda destes homens. O que os motivou, quais os seus princípios, quais os seus triunfos, quais os seus erros... Pedro Rabaçal fala um pouco de tudo e o que gostei mais neste livro foi nas indiretas, mas óbvias, semelhanças entre alguns ditadores.

Muitos subiram ao poder com estratégias semelhantes, controlaram o seu povo e também caíram com várias parecenças pelo meio. Este é, para mim, o aspeto mais gratificante ao lermos este livro... reparar nas semelhanças e aprender com elas, identificar ideias, crenças, erros, paixões.

Não existe necessidade de se criar uma análise muito grande para um livro deste género. Aqui o que interessa é que o autor faça um bom trabalho de investigação, exponha os seus conhecimentos de forma simples e que a montagem nos leve a vermos, não só as semelhanças, mas também o que o autor tenta transmitir com este estudo que aqui expõe. Este livro consegue todos esses aspetos. Claro que existiram certos temas sobre alguns ditadores que gostava de ver mais explorados e também existiram alguns ditadores que não me cativaram tanto como outros a ler, mas no global o trabalho de Pedro Rabaçal é muito bom e deve ser lido por todos os que gostem deste tema, sendo uma boa obra de introdução. Um dia, voltarei a ler este livro, talvez retirando novas conclusões desta interessante leitura, talvez criando novas comparações com novos ditadores que entretanto apareçam. 

Luís Pinto

sábado, 6 de dezembro de 2014

Passatempo: Pack Star Wars

PACK STAR WARS

 Blu-ray (episódios IV, V e VI)
Livro Darth Plagueis
6 marcadores de livros



No momento em que tanto se fala de Star Wars e com o Natal quase a chegar, damos a oportunidade de ganharem 3 prendas deste universo. É a segunda vez que damos este pack e esperamos que seja um sucesso tão grande como foi o primeiro!


Para participarem basta serem fãs ou seguidores do blog e partilharem este passatempo no facebook ou no Google+.

O passatempo termina dia 20 de Dezembro

Apenas é permitida uma participação por pessoa, por isso digam aos vossos amigos para participarem!

Boa sorte a todos e Feliz Natal




sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

O SEXO AO LONGO DOS TEMPOS


Autor: Karen Dolby

Título original: History's naughty bits




Sinopse: Reis, rainhas, papas, imperadores, presidentes, santos e filósofos, todos farão a sua aparição neste relato fascinante e surpreendente da história do sexo. Há quarenta mil anos, o homem pré-histórico lutava para sobreviver à Idade do Gelo e vivia em cavernas. Enquanto travava uma batalha pela sua vida, ainda conseguiu arranjar tempo para esculpir figuras voluptuosas para nenhum outro fim que não o seu próprio prazer. Mas nem só os homens e as suas artimanhas sexuais fizeram história. Sabe-se que Messalina, mulher do Imperador romano Cláudio, chegou a gerir um bordel onde a própria trabalhava usando um nome falso. O sexo foi sempre uma parte importante da vida do ser humano em todos os níveis da sociedade. Contudo, a atitude em relação ao sexo mudou radicalmente depois de Santo Agostinho e do seu conceito de «pecado original». O seu novo conjunto de regras rígidas, considerando o sexo aceitável apenas dentro do casamento, abriu as portas à «culpa» e a mil formas de nos divertirmos com ela.



Após ler a sinopse deste livro fiquei interessado, principalmente porque acreditei que a narrativa iria explorar as loucuras dos grandes lideres perante o sexo oposto, os erros que cometeram pela luxúria e, claro, a evolução do poder da mulher na nossa sociedade até deixar para trás a etiqueta de "sexo fraco". 

Este livro oferece tudo isso numa narrativa que tenta explorar a evolução do poder do sexo, não só a nível social, mas também religioso. Foram muitos os grandes nomes da nossa História que cometeram loucuras por amor e por sexo, muitos levaram povos inteiros a travarem sangrentas guerras, outros enlouqueceram, outros encontravam nesses momentos a sua força e motivação para se superarem. Pelo meio, paixão e frustração, componente essenciais para que algumas decisões tenham ido para um lado, em vez de para outro.

No global, este livro é um olhar interessante na evolução desse peso, mas também no despertar da mulher como pessoa capaz de ganhar poder a partir deste tema, quer seja ele paixão ou luxúria. A narrativa da autora é interessante, escrita com calma e por forma a levar-nos a perceber o essencial. É verdade que gostava de ter visto alguns temas mais aprofundados, mas também percebo que levar este livro para algo mais profundo poderia quebrar um ritmo que já de si é lento.

Este não é um livro viciante, nem tem como obrigatoriedade que o seja. O que temos aqui é um estudo interessante sobre um tema que nem sempre é divulgado e que tanto poder tem em todos os dias da nossa vida. Quer seja por bem estar, por reprodução ou simples prazer, o livro tenta oferecer um pouco dos vários olhares que podemos ter do mesmo tema em momentos diferentes da História. No meu caso, esta não foi uma leitura compulsiva, mas agradou-me bastante a forma como a autora estruturou a sua narrativa para chegar a algumas conclusões nas páginas finais, e que também me levou a pensar sobre o tema.

Não será, obviamente, um livro que nos agarra a cada página nem será dos nossos favoritos, mas o trabalho da autora tem a qualidade necessária para que um leitor com interesse no tema fique curioso até ao fim, pois a autora usa de vários factos históricos para nos enquadrar e também agarrar ao tema. Para todos aqueles que achem o tema interessante e queiram saber um pouco mais sobre como o sexo ajudou a escrever a História da Humanidade, este é um bom livro.

Luís Pinto

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Passatempo: Pack Saída de Emergência - vencedor!



PASSATEMPO

Pack Saída de Emergência

Vencedor!



O blog Ler y Criticar teve o prazer de vos trazer um passatempo em parceria com a editora Saída de Emergência e o blog Morrighan.
 A todos os que participaram, muito obrigado.
Tendo já lido dois livros dos aqui oferecidos, e sendo dos melhores que já li este ano, espero que tenham ficado com curiosidade! 
E o vencedor é:
Susana Isabel Pereira Franco 
Parabéns à vencedora!
Aproveitem e participem nos restantes passatempos do blog!  

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

A HORA DAS SOMBRAS


Autor: Johan Theorin

Título original: Skumtimmen




Sinopse: Numa manhã de setembro de 1972, na remota ilha de Öland, na Suécia, o pequeno Jens aventura-se na densa névoa, movido pelo desejo de explorar o mundo para além do jardim dos seus avós maternos; não regressaria mais a casa. Depois de vasculhada toda a ilha, a Polícia convence-se de que o menino terá caído ao mar e morrido afogado. Vinte anos mais tarde, a mãe, Julia, recebe uma chamada inesperada do pai, um reformado mestre de embarcações, a residir ainda em Öland, dizendo-lhe ter recebido nessa mesma manhã uma encomenda anónima com uma das sandálias que Jens calçava naquele dia fatídico.


Houve qualquer coisa nesta capa que me agradou. Apesar de o thriller policial nórdico estar na moda, o que nos indica que há muita coisa boa, mas que também as editoras podem estar a editar tudo o que se faz naquele país, decidi ler este livro porque a sinopse me pareceu interessante. Johan Theorin é um escritor conceituado, premiado e aqui tem o seu livro de estreia.

Indo diretamente ao assunto, o que mais me agradou neste livro foi o equilíbrio entre thriller policial e thriller psicológico. No fim do livro, e "fazendo bem as medidas", este é mais um profundo thriller psicológico do que um policial, e gostei da forma como o autor chega a esse equilíbrio.

É no aprofundar das personagens que este livro se torna muito bom. O autor cria personagens de grande qualidade, principalmente Julia, que lentamente puxa o enredo para os seus próprios problemas psicológicos e que mais tarde se alastram às restantes personagens. Um dos claros objetivos do autor é em criar um laço de simpatia para com esta personagem que perdeu o filho. Sentimos a sua perda, a sua dor, e a sua determinação quando a esperança renasce. E é nesta base que iremos ver as cicatrizes na mente de Julia. O quanto nos transforma perdermos um filho? Existirá algum momento em que desistimos ou existirá sempre uma ténue esperança que nos obriga a continuar e a acreditar?

É esta a base de um livro recheado de personagens que nos irão surpreender pela sua profundidade, mas principalmente pelos seus segredos, levando este enredo a não se focar apenas num acontecimento (o desaparecimento de Jens), mas também nos segredos de outras pessoas, com ligações ténues mas importantes para o final deste livro.

Theorin escreve com objetividade. Todo o seu livro parece ter bem definido o que cada página irá oferecer e nunca me pareceu que a narrativa se tivesse perdido. Pelo meio temos o fantástico ambiente que o autor cria, e que é um dos pontos altos do livro. A forma como Theorin descreve a ilha de Öland agradou-me imenso, pois o livro conseguiu transportar-me para aquele lugar gelado e sombrio, onde não existe cor, como se este ambiente nos conseguisse roubar alguma da alegria... e o livro ganha com isso, porque sentimos esse nevoeiro à nossa volta, encaixando perfeitamente no enredo. 

Não querendo alongar-me mais no enredo, devo dizer que gostei deste livro e do seu final. Enquanto policial pode ter alguns momentos que parecem forçados ou pouco coerentes, mas enquanto thriller psicológico, agradou-me bastante, porque toda a narrativa se focou não na trama em si, mas nas pessoas que a desenvolvem. Desejos, traumas, esperanças... não é o melhor thriller nórdico que já li, mas é bom o suficiente para percebermos o porquê de ter sido tão premiado. Se este é o vosso género, aqui está uma boa prenda de Natal, sombria, inteligente e calculista.

Luís Pinto

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Top Blogs Awards 2014 - votações


TOP BLOGS AWARDS 2014

VOTAÇÕES ABERTAS

Começou hoje a votação para os melhores blogues do ano, numa iniciativa Top Imprensa, e o blog Ler y Criticar está nomeado para Melhor Blog de Literatura.

Apenas se pode votar uma vez, usando um perfil do facebook e desde já convido-vos a votarem nos vossos blogues favoritos! Obrigado a todos os que votarem em mim e aproveitem para conhecer outros blogues!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Passatempo: Pack Natal Presença


PASSATEMPO

Pack Natal Presença

A Editorial Presença dá-nos a oportunidade de oferecermos um pack para este Natal, com um livro mais virado para o público adulto e outro para um público mais juvenil

Colheita
de Jim Crace

Adrian Mole - Os Anos do Cappuccino
de Sue Townsend.


Para se habilitarem a ganhar basta preencherem o formulário e responderem a uma pergunta. Vejam as sinopse dos livros!

O passatempo termina dia 21 de dezembro e apenas é permitida uma participação por pessoa.

A todos um Feliz Natal!











Colheita - Sinopse

Encontramo-nos em Inglaterra, numa aldeia tranquila onde ainda se vive ao ritmo das estações e dos trabalhos agrícolas sazonais. Num final de verão, no entanto, o novo senhor das terras e  os seus homens chegam e confiscam os terrenos comunitários para iniciar a criação de ovelhas  e a produção de lã. A desconfiança, o medo, a revolta e a violência instalam-se e, em apenas  sete dias, assistimos à dissolução de uma ordem social quase paradisíaca face ao nascimento da era industrial. Mas qualquer coisa ainda mais inquietante se insinua no coração desta história  narrada pelo único homem que fica para a contar... Walter Thirks. A prosa encantatória e poética de Jim Crace serve esta belíssima narrativa na perfeição.

«Melhor Livro de Ficção 2013», segundo o The Guardian

FINALISTA DO MAN BOOKER PRIZE E DO GOLDSMITHS PRIZE 2013


Adrian Mole - Sinopse

Adrian Mole está agora na casa dos trinta, divorciado e com um filho, William. É cozinheiro num restaurante londrino e os seus pratos têm sido alvo tanto de crítica quanto de elogios. O amor da sua vida, Pandora Braithwaite, foi recém-eleita deputada do partido trabalhista. Adrian continua a amá-la loucamente mas, para seu grande desgosto, Pandora continua casada. Frustrado afetivamente, Adrian sente-se desiludido
com a vida, mas uma carta vinda do passado irá mudar tudo...


Boa sorte a todos!




sexta-feira, 28 de novembro de 2014

MAGO - A Senhora do Império


Autor: Raymond E. Feist & Janny Wurts

Título original: Mistress of the Empire





Visto que a sinopse deste livro releva algo que não quero desvendar aqui, não a coloco nesta análise. Se gostam da saga e se estão a pensar comprar este livro, não a leiam... leiam antes o livro, que é mesmo, mas mesmo, muito bom!

Este fim da Saga do Império é um livro grande e com um ritmo inconstante, resultado de muitos momentos de ação mas também de muitas conversas políticas que "travam" o livro para que não seja possível ao leitor esquecer todos os contornos e influência da trama central neste mundo Tsurani.

O livro começa com um acontecimento marcante e que revoluciona todo o enredo. Enquanto leitor, sabemos o que está para vir após esse acontecimento, mas não percebemos como tal será alcançado, e está aí o segredo e trunfo do livro. Feist e Wurts conseguem aprofundar a teia política a um nível que eu não esperava e, se por um lado estes momentos mais políticos quebram o ritmo do livro, são também estes momentos que tornam esta obra melhor do que a maioria. 

Claro que os momentos de ação são os que mais gostamos, com as personagens a passarem por perigos, sendo levadas ao limite, mas é nos diálogos e na política que vemos a mestria do livro. Os diálogos são inteligentes, têm significados e rasteiras, e mesmo as personagens menos importantes têm algo a dizer. Neste aspeto, com o adensar da trama política, muitas personagens são introduzidas durante estas várias centenas de páginas e por vezes parece que nada oferecem ao livro, mas é falso. Cada uma tem um modesto peso na equação política final que levará este enredo para um nível superior de consistência e credibilidade. 

Um dos aspetos que mais gostei foi o adensar da liderança imposta a este povo. O livro leva-nos a perceber os poucos aspetos que ainda não tínhamos observado. A forma como o povo é controlado era algo que ainda não tinha sido explorada nesta saga, mas agora temos aqui todas as respostas. Para isso, várias personagens já conhecidas regressam, outras desaparecem, mas no fim a sensação é a de compreensão sobre um povo oprimido e levado pela guerra. As comparações entre povo Tsurani e os muitos povos que conhecemos na História da nossa humanidade são inevitáveis, levando-nos a compreender melhor como um povo se pode resignar porque não conhece melhor, mas esta mistura de culturas está aqui muito bem conseguida, sem parecer forçada.

A religião, a honra e resignação, misturadas com o sacrifício das personagens mais principais, levam-nos a identificar uma mistura de várias culturas que já conhecemos, e que Feist aqui organiza de forma invejável, criando um jogo político que catalisa todo o enredo.

Não me é fácil falar deste livro sem revelar momentos deste ou dos anteriores momentos da saga. Mara é uma personagem muito bem criada e com a qual ganhamos uma ligação durante todas estas páginas. O final da saga, sempre importante para o que fica na nossa memória, é muito melhor do que eu estava à espera. Surpreendeu-me, marcou-me e fez-me pensar, mas, acima de tudo, foi coerente e inteligente. Esta Saga do Império é uma das melhores sagas de fantasia que já li. Pode não ser das mais entusiasmantes mas tem um fantástico mundo onde se desenrola e no global tem uma qualidade inegável, bem demonstrada nas notas muito altas que apresenta no Goodreads. Grandes personagens, grandes momentos, muito coerente e no final temos um dos olhar mais profundos e inteligentes a uma das melhores sociedades que já li. Se, ao ler a saga inicial de O Mago, tinha ficado com a sensação que o mundo Tsurani era fantástico, agora tenho a confirmação. Mesmo muito bom e totalmente recomendado, principalmente se a lerem de seguida!  

Luís Pinto




quarta-feira, 26 de novembro de 2014

QUANDO A NEVE CAI


Autores: John Green, Maureen Johnson, Lauren Myracle

Título original: Let it snow






Sinopse: Numa cidade isolada por uma das maiores tempestades de neve dos últimos cinquenta anos, três histórias, oito raparigas e rapazes e mais uns quantos caminhos vão cruzar-se num romance brilhante, mágico e divertido, a que não faltarão fragmentos de amor, laços de amizade, uma maratona de filmes do James Bond e beijos muito apaixonados.
Um livro perfeito para quem gosta de histórias de amor e aventura.



Três autores escrevem três pequenas histórias passadas no mesmo dia, na mesma localização. Três histórias que se completam, uma após a outra, dando significado e enaltecendo a magia do Natal.

O Natal é uma época diferente. Para muitas pessoas é mágica, porque as família se juntam à mesma mesa, histórias são contadas, matam-se saudades... trocam-se prendas, sejam elas físicas ou não. O Natal sempre teve um grande impacto em mim e alguma dessa magia está neste livro. De um ponto de vista crítico, este livro recomenda-se pela sua originalidade e montagem das três histórias. As pontas soltas que cada narrativa deixa, são explicadas na história seguinte, oferecendo uma sensação de continuidade, mudando apenas a forma de escrita do autor e o ponto de vista que narra a história.

Não é uma obra prima, as suas personagens não são marcantes, nem o enredo é surpreendente... mas tem a magia do Natal e é isso que torna este livro especial. É aquela capacidade de nos transportar para um tempo e espaço no qual sentimos o Natal à nossa volta, e nada o consegue melhor do que um livro.

Não querendo analisar cada uma das histórias de forma separada, existiram, obviamente, personagens que me cativaram mais. O conto de John Green, o segundo do livro, é talvez o mais importante e também o melhor. A história que oferece tem muito mais do que se vê à primeira vista e isso agradou-me, pois em alguns momentos torna-se mais do que um suave romance natalício, para indiretamente nos levar a pensar sobre outros assuntos também ligados a esta época. Existe uma mensagem escondida que vale a pena descobrir e que encaixa com a primeira história. Todavia, é o último conto que junta todas as peças, e apesar de ser o mais fraco dos três, é aquele que explica como cada uma das histórias acaba, novamente, repleto da magia do Natal, oferecendo um sorriso aos leitores.

Não quero retirar aos leitores o prazer de lerem este livro com algumas revelações na minha análise. Enquanto conteúdo puro, este não é um livro fantástico, mas enquanto livro sobre a época natalícia, acho que nunca li um tão agradável dentro do seu estilo de romance adolescente. Principalmente recomendado a adolescentes, mas capaz de alegrar o espírito a qualquer adulto que goste do Natal, esta foi uma leitura rápida e alegre, levando-me a recordar também como eu via o Natal quando era um adolescente. Existe um espírito de amor e amizade que facilmente sai das palavras destes três autores e que tornam a leitura num daqueles casos em que, mais cedo ou mais tarde, voltaremos a ler as suas histórias. Se já estão desejosos que chegue o Natal, este livro será uma boa companhia, sem dúvida!  

Luís Pinto