Mostrar mensagens com a etiqueta Brandon Sanderson. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Brandon Sanderson. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 8 de março de 2016

O HERÓI DAS ERAS - Parte II


Autor: Brandon Sanderson

Título original: The Hero of Ages




Sinopse: O mundo aproxima-se do fim, esmagado pela força imparável de Ruína. Vin, Elend e os companheiros procuram desesperadamente opor-se-lhe, mas nada do que fazem parece ter algum efeito ou, quando o tem, é o oposto do que pretendem. De que serve a mera alomância contra um deus?
Especialmente quando não parece haver nada além dela, pois até as misteriosas brumas, em tempos aliadas, parecem ter-se tornado malignas. Mas será que desistir é uma opção? Terá chegado o momento de baixar os braços e aceitar o fim de tudo o que se ama?
Num mundo sufocado pela cinza e abalado por erupções contínuas e violentas convulsões sociais que afetam até a sociedade pacífica dos kandra, são estes os dilemas com que os sobreviventes do velho bando de Kelsier vão ser confrontados neste derradeiro volume da saga.



Todos nós temos sagas que adoramos e que nos marcam, lemos sem parar e que quando chegam ao fim sentimos um vazio. A mim já me aconteceu umas vezes, voltou a acontecer com esta saga de Brandon Sanderson.

Considerado um dos grandes génios literários dos últimos tempos, Brandon Sanderson é o autor com a média mais alta no Goodreads, e esta uma das suas mais famosas sagas. Antes de falar propriamente deste livro, façamos um pequeno exercício mental. Afinal porque é esta saga tão boa? Existem três pontos importantes: o mundo criado, com toda a sua magia e regras; as personagens principais, e um fantástico vilão. Tal como disse na análise do primeiro livro, a construção do vilão que Sanderson faz é, provavelmente, a melhor que já li, e demonstra como se consegue criar um mito e como a nossa percepção nos pode enganar.

Regressemos então a este livro. Sendo um livro que tinha de explicar tanto, decidi questionar todo o enredo até à exaustão, procurando falhas ou inconsistências. O que é realmente fantástico é que não encontrei nada. Aliás, a todas as perguntas que ia criando, o autor rapidamente respondia, deixando-me novamente à procura de falhas. A consistência do seu enredo é avassaladora e muito poucos livros conseguiram tal feito. Cheguei mesmo a questionar, ao ler este livro, acontecimentos do primeiro, tentando encontrar falhas. Nada.

Mas esta consistência não chega para criar um bom livro. Para além do que acabei de mencionar, este livro consegue unir os quatro livros num só, com os grandes acontecimentos a ligarem-se e a ganharem novos significados. Agora sabemos os porquês. Diria mesmo que apenas uma pergunta ficou por responder.

A isto juntam-se personagens completas, bem exploradas, distintas. São várias as personagens das quais vou ter saudades e este leque tão grande de personagens com esta qualidade é raro de se encontrar. Por fim, o mundo aqui construído é fantástico pela sua coesão. Não nos deslumbra com grandes imagens ou originalidade de paisagens, mas é bastante coerente.

Por fim, o enredo. Sanderson arrisca para nos dar um final estrondoso. A sensação com que fico é que para alguns leitores poderá ser algo abrupto ou de tal forma inesperado que poderão não o apreciar totalmente, mas acredito que seja impossível não admirar a qualidade deste último livro. Forte e surpreendente, o autor tenta cortar com o que era esperado, tanto para o bem, como para o mal, e oferece algo único.

Esta não é uma saga qualquer. É uma obra prima dividida em vários livros. É uma das melhores sagas que já li em qualquer género e acredito que tão cedo não irei ler melhor. Não é um livro apenas para fãs de fantasia, porque os temas aqui expostos são o mais importante. Religião, amor, fé, esperança, sacrifício, responsabilidade. O autor mistura os mais importantes temas, encaixa-os de forma perfeita nas personagens e sai um livro incrível. É claro que tem alguns pontos fracos, mas todos os livros o têm. Totalmente recomendado!

Luís Pinto

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

O HERÓI DAS ERAS


Autor: Brandon Sanderson

Título original: The Hero of Ages




Sinopse: Para pôr fim ao Império Final e restaurar a harmonia e a liberdade, Vin matou o Senhor Soberano. Mas, infelizmente, isso não significou que o equilíbrio fosse restituído às terras de Luthadel. A sombra simplesmente tomou outras formas, e a Humanidade parece amaldiçoada para sempre. O poder divino escondido no mítico Poço da Ascensão foi libertado após Elend e Vin terem sido ludibriados. As correntes que aprisionavam essa força destrutiva  foram quebradas e as brumas, agora mais do que nunca, envolvem o mundo, assassinando pessoas na escuridão. Cinzas caem constantemente do céu e terramotos brutais abalam o mundo. O espírito maléfico libertado infiltra-se subtilmente no exército do Imperador Elend e os seus oponentes. Cabe à alomante Vin e a Elend descobrir uma forma de o destruir e assim salvar o mundo. Que escolhas irão ser ambos forçados a tomar para sobreviver?



Se procurarem em sites credíveis pelas melhores sagas de fantasia de sempre, encontrarão sempre os grandes clássicos misturados com algumas mais recentes. A mais famosa é a inevitável Guerra dos Tronos, mas há sempre mais três que aparecem lá pelo meio, nas posições mais altas, sendo que dessas três, duas são de Brandon Sanderson. Esta é uma delas...

A saga Mistborn é uma das mais aclamadas dos últimos anos e logo no seu primeiro livro percebi porquê. Aliás, foi a minha leitura favorita do ano passado. Tornou-se num dos meus livros favoritos e o segundo livro, já lido este ano, veio confirmar a qualidade do autor. Agora o terceiro continua a manter a qualidade muito acima da média mesmo tendo em conta que se trata apenas de metade do livro original. Diria mesmo que este será o único ponto fraco do livro, pois ao estar dividido, recente-se por não ter uma conclusão. Todavia, é apenas uma questão de expectativas, pois a divisão do mesmo está feita no momento ideal. Quando este livro acaba a única coisa que irão querer é ter já o livro seguinte!

Sanderson volta a mostrar que é realmente um escritor especial. Neste último livro, o ritmo acelera em direção à conclusão da trilogia e a cada página sente-se a urgência das personagens. Sanderson, uma vez mais, faz uma exploração muito bem conseguida das personagens principais, construindo com suavidade a base que sustentará as decisões mais importantes. Neste livro o destaque vai, ao contrários dos dois livros anteriores, para Elend, que demonstra uma transformação na sua personalidade que certamente será marcante antes do fim da saga. Todavia, mesmo este destaque não é constante, pois o autor está a explorar várias personagens importantes dando-lhes peso que antes não tinham. Com isto a atenção do leitor está mais dispersa, não tão focada num único personagem. Esta estratégia é muito usada, principalmente em fantasia (começar os primeiros livros com um foco num grupo pequeno de personagens, e depois aumentar, também devido ao dispersar das personagens pelo mundo), e Sanderson usa-a com mestria para também desenvolver o mundo.

Todavia é o fantástico leque de personagens que me faz ligar facilmente a este enredo. As personagens são credíveis, o mundo tem uma coesão impressionante e nada parece fora do sítio. Outro aspeto realmente impressionante está na montagem do enredo. Sanderson oferece sempre os detalhes certos nos momentos certos. Somos levados, nos dois anteriores livros da saga, por um caminho que acreditamos ser enganador, só não percebemos onde. Neste acontece exatamente  mesmo. Sei que algo me está a falhar, mas não sei o quê.

Outro aspeto interessante está no acto de em cada livro o autor explorar um tipo diferente de magia, culminando neste livro na exploração do terceiro género de magia presente neste mundo e que começa a dar várias respostas, pois existem várias ligações que já podemos fazer com os livros anteriores e várias perguntas já têm resposta.

Com um excelente ritmo aliado a uma escrita cheia de objetividade, Sanderson prendeu-me, novamente, da primeira à última página, e agora apenas espero que as respostas apareçam no último livro. Parece-me óbvio que Sanderson prepara um grande final que irá ligar cada ponto dos três livros. Também me parece (e aqui devido a uma teoria que tenho desde o primeiro livro) que não será um final feliz, mas sim um final de sacrifício. Só espero que não demore muito até o saber.

Cada leitor tem o seu género favorito, e dentro do género há sempre um estilo ou um mundo, ou uma saga que mais aprecia. Mistborn tem atualmente em mim o efeito que O Senhor dos Anéis teve há quase vinte anos e que anos mais tarde Harry Potter também teve. É aquela necessidade de querer ler mais, de querer absorver tudo o que o autor criou. Resta-me esperar pelo seu final, onde farei uma análise mais profunda... para já, fantástico! Leiam esta saga!

Luís Pinto

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

O POÇO DA ASCENSÃO


Autor: Brandon Sanderson

Título original: The well of ascension




Há livros que nos marcam para sempre. Uns pela sua ideia, outros por momentos que não conseguimos esquecer. Outros porque nos agarram do início ao fim, levando-nos a folhear mais uma página a cada minuto livre. O Império Final, primeiro livro desta saga, teve esse efeito em mim e foi o meu livro favorito do ano passado, com grande destaque no meu top anual.

Agora, com este livro, o segundo da saga, acreditei que a minha enorme expectativa poderia matar o livro... mas o livro é tão bom, que já só quero ler o terceiro. Aquela que é a saga mais bem pontuada no Goodreads, o que é suficiente para dizer que esta saga é mesmo boa, está a convencer-me a cada livro. Mas vamos lá analisar isto com calma.

Em primeiro lugar vamos dizer o que todos queremos saber... este livro não é tão bom quanto o primeiro. Esta é a minha opinião e pode mudar de pessoa para pessoa, mas, para mim, o primeiro livro conseguiu criar um personagem fantástico, Kelsier, mas mais do que isso... O Império Final fez, num único livro, uma das melhores construções de um vilão que alguma vez li, levando-nos a questionar mitos, lendas, a perceber o que se perde de conhecimento enquanto os anos avançam e o quanto se pode apagar algo da História. Olhemos para a nossa própria História, enquanto humanidade, e pensemos em quantos momentos estamos a ser enganados, simplesmente porque muito do nosso conhecimento é baseado no que alguém escreveu...

Neste, o enredo é totalmente diferente do anterior, e ao mesmo tempo tão parecido, porque todo o ambiente do livro anterior está aqui presente, ajudando a que seja possível sentir que ainda estamos a ler o mesmo livro, numa perfeita continuação. Mas com este diferente foco, o livro olha para outras personagens, aprofundando-as, e agora é Vin quem cresce e se torna numa personagem muito bem conseguida, com as suas dúvida, com os seus receios e sonhos, e, principalmente, com um poder suficiente para fazer a diferença. Claro que outras personagens ganham importância, como por exemplo Elend durante uma boa parte da narrativa, ou até Sazed, que aqui volta a ser a balança para várias questões do enredo e que não irei explorar aqui.

Agora, o que torna este livro tão bom? Em primeiro lugar, o próprio enredo, que nos engana em alguns momentos, surpreendendo-nos depois, e claro, pelas questões que levanta e pelas ligações que cria entre personagens. Tal como o livro anterior, a narrativa explora bastante a religião enquanto devoção, vendo tanto o que nos dá como o que nos tira. A isto junta algumas questões, que passam pela construção da própria religião e como ela nos pode ajudar durante os momentos de aflição ou perda. Quando perdemos alguém que amamos, o que nos oferece a religião? Conforto? Revolta? Compreensão? Significado?

No meio de tudo isto está a parte política do enredo, agora muito mais presente, envolvendo estratégias militares mas também política interna, principalmente focada nas necessidades das comunidades. Neste aspeto, o resultado é um impressionante desenrolar de acontecimentos que fazem todo o sentido e no qual vários personagens fazem a sua jogada. Aliás, o grande trunfo deste livro é que tudo faz sentido, mesmo com tantos personagens a lutarem por si, e tudo se liga ao livro anterior. O choque de várias culturas está muito bem conseguido, com os kandras a terem grande destaque, e a maturidade/crescimento de algumas personagens é de assinalar, algo que apenas não irei explorar para não revelar nada. E sobre tudo isso poderia estar aqui muito tempo a escrever, sem nunca abordar todos os temas do livro e sem fazer jus ao seu mérito enquanto narrativa.

Com personagens cativantes, um ritmo elevado, muita intriga e batalhas bem delineadas, esta obra é fascinante e quase tão boa quanto o primeiro. Se mesmo assim estiverem indecisos, vejam opiniões noutros blogs, vejam as pontuações que as pessoas deram a estes livros no Goodreads, e provavelmente ficarão convencidos, porque é difícil falar mal de um livro tão bom. Livro do ano? Ainda é cedo, mas está bem encaminhado. Esperemos que o próximo não demore muito a ser lançado! Totalmente recomendado a todos e não apenas a quem goste de fantasia!

Luís Pinto

quarta-feira, 25 de junho de 2014

O IMPÉRIO FINAL


Autor: Brandon Sanderson

Título original: Mistborn - The final Empire



Em todas as sagas o primeiro livro é fundamental, pois é este livro que determina se os leitores voltarão para ler o seguinte. É também neste livro que o autor tem de expor o seu mundo, apresentar personagens, sem as mostrar totalmente, e desenvolver a intriga que deverá criar perguntas e deixar-nos curiosos com o futuro das personagens com as quais nos estamos a ligar. Por tudo isto, e muito mais, o primeiro livro é mesmo muito importante.

Vejam, por exemplo, o que acontece no primeiro livro da saga A Guerra dos Tronos, em que uma certa personagem morre e define toda uma saga... ou, no caso de O Senhor dos Anéis em que haverá momento mais imponente do que Gandalf a gritar ao Balrog que ele não passará? A verdade é que quando estamos perante algo muito bom, só precisamos do primeiro livro para o saber. Esta saga de Sanderson faz parte desse pequeno lote de sagas que mostram desde o início, que estamos a ler algo que está um patamar acima da generalidade.

Então, o que torna este primeiro livro tão bom? A história base, as personagens e a narrativa. Mas, principalmente, o caminho do personagem principal. Na grande generalidade das sagas de fantástico (claro que não em todas) o herói é apresentado, tal como o mundo, e a seguir a possibilidade de aventura aparece. O herói recusa no início, mas um encontro (geralmente com um mentor), ajuda-o na sua decisão, e, por fim, o herói sai do seu espaço de conforto, e avança para a sua ventura. Aqui, tal não acontece, pois desde o início que o personagem principal, já passou estas fases, oferecendo ao enredo um ritmo superior, mas também uma maior indefinição, pois ao falharmos todas as anteriores etapas, não conhecemos os seus motivos nem o seu passado. 

Assim, o enredo começa forte, e cheio de incógnitas. Por que motivos o personagem principal enfrenta o inimigo? Será vingança? O que terá perdido? Quem o acompanha?

Mas nem só da personagem principal vive este livro. Sanderson cria um pequeno conjunto de personagens com interesse e sabe o que deve demonstrar de cada um neste primeiro livro. É impossível não gostar de Vin e não ficar surpreso com outro personagem que não revelo aqui. Pelo meio está o vilão, sobre o qual criei várias dúvidas, algumas já respondidas, mas que criaram novas dúvidas, levando-me a querer ler o próximo livro o mais rápido possível. Mas, mesmo sem se perceber muito, acho que este enredo ganha bastante com o vilão que apresenta, porque em alguns momentos aparenta ser mais do que um "mau da fita".

Por fim, devo falar do mundo. Com uma narrativa rápida e que não perde o seu foco, o autor vai explorando o seu mundo aos poucos e assim nunca existe aquela queda abrupta de ritmo quando se começa a descrever muito do que é a base do enredo. Aqui o autor consegue explicar aos poucos, deixando-nos com várias dúvidas no início, mas que se esclarecem aos poucos. Quando se introduz um tipo de magia, a base e as suas limitações são o mais importante: de onde vem? como se cria? quais os seus limites? Tudo isto tem de ser estipulado e o autor explora bem estas necessidades, mas sem ainda responder a tudo. Aliás, Sanderson deixa muito por explicar, principalmente com um final de livro muito bom e que catapulta a história para uma continuação mais do que desejada.

Sendo o início de saga, não me alongo mais. Uma saga vale por um todo, e por muito boa que seja o caminho até ao seu final, é o final que a define. Com esta não será diferente, mas uma coisa é certa: poucas sagas começam com tanta qualidade demonstrada e tantas possibilidades para o futuro. No GoodReads esta é uma das sagas mais bem pontuadas de sempre, e agora percebo a razão. Se gostam de fantástico, este é um livro a ler, e espero que a restante saga mantenha a qualidade inicial. Esperemos para ver...

Luís Pinto