terça-feira, 26 de setembro de 2017

A ESPADA DO DESTINO


Autor: Andrzej Sapkowski






Sinopse: Venha conhecer os livros que inspiraram o popular jogo - The Witcher
Continuando as histórias narradas em O Terceiro Desejo, este é o regresso do misterioso Geralt de Rivia, um homem temido pela sua reputação de bruxo e assassino sem misericórdia. Ele erra pelas florestas e cidades à caça de monstros e demónios saídos de lendas antigas, protegendo inocentes e vítimas do mal.
As suas aventuras como viajante e feiticeiro irão levá-lo aos quatro cantos do mundo, conhecendo personagens que irão influenciar o seu destino e envolvendo-o nas mais extraordinárias histórias de amor, sacrifício, coragem e compaixão. Aos poucos prepara-se o caminho para o maior desafio da sua vida: a guerra iminente que se avizinha entre todas as raças.




Sendo este o segundo livro da saga que inspirou os jogos The Witcher, as expectativas têm de estar altas, até porque o primeiro livro é bastante bom. No primeiro livro encontramos uma boa criação do mundo que aqui começa a ser explorado. Globalmente, o mundo aqui criado é um dos grandes trunfos do livro e da saga até agora, pela sua coerência e por apresentar detalhes que nos fazem sentir que este mundo está vivo e que faz sentido. A isto junta-se a sensação de que estamos perante um universo com passado que serve de base para o que está a acontecer e também para se compreender as personagens.

Numa fase inicial, até podemos achar que a história se foca demasiado em Geralt, mas a verdade é que não. São vários os momentos em que se nota o esforço do autor em abrir os horizontes ao leitor, explorando outros pontos de vista, mesmo que indiretamente. Com esta "ginástica" na sua narrativa, o autor consegue levar-nos a perceber que a linha que separa os bons dos maus é bastante ténue, oferecendo uma boa dose de realismo e também de imprevisibilidade ao enredo.

Com um ritmo bem conseguido, tal como a montagem da própria narrativa, o livro é lido a grande velocidade, sendo fácil agarrar o leitor, até porque a personagem é bastante cativante. Outro aspeto que o autor explora bastante bem está no facto de serem vários os momentos em que o livro relembra o leitor de que ainda há muito sobre este mundo que não foi revelado, levantando novas questões de forma coerente.

Estando ainda numa fase inicial da saga, não há muito mais a dizer. Em vários aspetos o autor consegue melhorar em relação ao livro anterior, principalmente porque consegue explorar o mundo que começou a criar na obra anterior, oferecendo oportunidades que fazem a diferença. Inteligente, coerente, viciante e capaz de surpreender, este é um dos melhores livros de fantasia que li este ano, e um livro que os fãs do género irão adorar. Agora é esperar pelo próximo, porque esta saga promete!

Luís Pinto



segunda-feira, 11 de setembro de 2017

O OLHAR DA MENTE


Autor: Hakan Nesser

Título original: Det grovmaskiga nätet




Sinopse: Uma manhã, o conceituado professor Janek Mitter acorda completamente desorientado no seu apartamento. Com a cabeça a latejar, sem se lembrar de nada da noite anterior, vagueia pela casa até encontrar a mulher, Eva Ringmar, morta na banheira. Apesar de Mitter ter chamado logo a polícia, é considerado o principal suspeito do crime.
Quando o experiente inspetor Van Veeteren é chamado para investigar o caso, duvida imediatamente da simplicidade do mesmo, mas Mitter acaba por ser julgado pelo homicídio da sua companheira e é condenado a cumprir pena num hospital psiquiátrico.
Quando, pouco tempo depois, o professor aparece assassinado no hospício, Van Veeteren reabre o caso e avança com uma investigação às duas mortes. Partindo de uma carta enviada por Mitter pouco tempo antes da sua morte, o inspetor entra numa aterradora viagem a um passado terrivelmente sombrio.
 

Este é um livro que tenta agarrar o leitor desde o início ao dar a sensação de que estamos perante algo mal contado e que existe injustiça no que está a acontecer. Com isto como base, o livro começa a desenvolver as suas personagens com inteligência e uma boa camada de mistério. O enredo está bem montado na generalidade apesar existirem alguns momentos forçados em que o autor tenta manter o suspense sobre algo que o leitor já poderá ter adivinhado. 

A escrita, simples e objetiva, ajuda a que o ritmo seja sempre elevado, apesar de por vezes falhar ao não conseguir mascarar alguns detalhes que mais tarde serão importantes mas que o leitor não deveria já identificar como fulcrais. 

Com um ritmo em crescendo e sempre uma sensação de injustiça, o livro apresenta bons momentos, principalmente porque o autor consegue de forma simples criar um ambiente capaz de nos envolver. No entanto, existem alguns aspetos e temas que gostava de ter visto o autor a explorar melhor, mesmo que sendo obrigado a diminuir o ritmo. É verdade que o personagem principal está bem criado, com bastante destaque e profundo o suficiente para percebermos o que o move e os seus traumas, mesmo percebendo-se que muito fica por explicar em relação ao personagem. 

O enredo é inteligente mas nunca consegue ser fantástico, faltando talvez aquele momento que nos deixa de boca aberta de surpresa. O facto de ser um livro rápido e bastante focado no tema principal, leva a que alguns momentos sejam mais óbvios ou mais forçados. Todavia, e apesar de não ser um livro que me tenha surpreendido, o suspense está mesmo muito bem conseguido e cria uma boa personagem principal para próximos livros. Quando acabei o livro ficou a sensação que poderia ser melhor, principalmente porque a personagem principal está muito bem criada, sendo uma lufada de ar fresco no género. Não é uma obra prima mas tem bons momentos. Se gostam de policiais, este pode ser uma boa escolha, principalmente pelo ambiente que consegue criar.

Luís Pinto

O novo romance de Ken Follett chega amanhã às lojas



É amanhã que chega às lojas o novo romance de Ken Follett que nos leva uma vez mais ao mundo de Os Pilares da Terra. 



Sinopse: Natal de 1558. O jovem Ned Willard regressa a Kingsbridge, e descobre que o seu mundo mudou. As velhas pedras da catedral de Kingsbridge contemplam uma cidade dividida pelo ódio de cariz religioso. A Europa vive tempos  tumultuosos, em que os princípios fundamentais colidem de forma sangrenta com a amizade, a lealdade e o amor. Ned em breve dá consigo do lado oposto ao da rapariga com quem deseja casar, Margery Fitzgerald.
Isabel Tudor sobe ao trono, e toda a Europa se vira contra a Inglaterra. A jovem rainha, perspicaz e determinada, cria desde logo o primeiro serviço secreto do reino, cuja missão é avisá -la de imediato de qualquer tentativa quer de conspiração para a assassinar, quer de revoltas e planos de invasão.
Isabel sabe que a encantadora e voluntariosa Maria, rainha da Escócia, aguarda pela sua oportunidade em Paris. Pertencendo a uma família francesa de uma ambição brutal, Maria foi proclamada herdeira legítima do trono de Inglaterra, e os seus apoiantes conspiram para se livrarem de Isabel.
Tendo como pano de fundo este período turbulento, o amor entre Ned e Margery parece condenado, à medida que o extremismo ateia a violência através da Europa, de Edimburgo a Genebra. Enquanto Isabel se esforça por se manter no trono e fazer prevalecer os seus princípios, protegida por um pequeno mas dedicado grupo de hábeis espiões e de corajosos agentes secretos, vai-se tornando claro que os verdadeiros inimigos, então como hoje, não são as religiões rivais.
A batalha propriamente dita trava-se entre aqueles que defendem a tolerância e a concórdia e os tiranos que querem impor as suas ideias a todos, a qualquer custo.

Depois de "Os pilares da Terra" e "Um mundo sem fim", Follett regressa assim ao mundo onde teve o seu maior êxito literário. Espero ter uma análise em breve. Fiquem atentos!
 

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

O EXECUTOR


Autor: Lars Kepler

Título original: Nightmare





Sinopse: Uma mulher aparece misteriosamente morta numa embarcação de recreio ao largo do arquipélago de Estocolmo. O seu corpo está seco, mas a autópsia revela que os pulmões estão cheios de água. No dia seguinte, Carl Palmcrona, director-geral de Armamento e Infraestruturas de Defesa da Suécia, é encontrado enforcado em casa. O corpo parece flutuar ao som de uma enigmática música de violino que ecoa por todo o apartamento.
Chamado ao local, o comissário da polícia Joona Lina sabe que na sua profissão não se pode deixar enganar pelas aparências e que um presumível suicídio não é razão suficiente para fechar o caso. Haverá possibilidade de estes dois casos estarem relacionados? O que poderia unir duas pessoas que aparentemente não se conheciam?



Lars Kepler é um dos grandes nomes da literatura policial atual. Depois do enorme sucesso que teve com O Hipnotista, a saga continua neste O Executor e, apesar de as comparações acontecerem mesmo sem tentarmos, este livro difere bastante do livro anterior.

Em primeiro lugar estamos perante um livro muito mais violento em termos gráficos. A narrativa explora em detalhe o que aconteceu em cada caso, explorando momentos gráficos que poderão não agradar tanto a alguns leitores, mas que servem para envolver o leitor ainda mais num enredo que desde o início nos agarra.

Neste livro, Lars Kepler (que na realidade são dois escritores) volta a demonstrar os seus trunfos mas também as suas falhas. Por um lado estamos perante um autor que consegue criar um ritmo narrativo bastante interessante e com intensidade, levando o leitor a continuar a ler sem parar. A isto junta-lhe uma boa exploração de cenários fortes e, neste caso, uma boa trama política e moral com grande foco na corrupção. No entanto, as suas falhas continuam a aparecer em várias páginas. Ao dar primazia ao ritmo e intensidade, o livro falha por em alguns momentos os seus personagens não tirarem conclusões lógicas e que fariam avançar o enredo de forma mais conclusiva, mas talvez menos intensa. A questão é que o autor força em vários momentos para que o suspense se mantenha vivo, e ficamos a perguntar "mas porque é que o personagem X aqui não se lembro de fazer Y, tornando tudo muito mais simples". O resultado é estarmos perante um personagem principal que demonstra ser inteligente mas que em alguns momentos não tira conclusões óbvias e que iriam diminuir o número de possibilidades e suspeitos.

Tirando estes momentos em que o autor claramente força, o livro ganha bastante pela forma como está montado, apesar de por vezes estranhar o foco que se deu a uns acontecimentos e não a outros. No entanto, a base está bem conseguida, principalmente pela forma como a narrativa nos leva a questionar a existência de corrupção a cada esquina.

Outro aspeto bastante positivo neste livro é o facto de Joona, o personagem principal, ter aqui muito mais tempo de antena, sendo mais fácil ao leitor conhecê-lo e perceber os seus motivos. Com isso cria-se uma ligação interessante quer se goste ou não do personagem. 

Olhando globalmente este livro, estamos perante um livro que em vários aspetos é melhor do que o anterior. É mais coeso e coerente apesar de continuar a ter momentos forçados. A trama é boa e inteligente, e agradará aos fãs do género. Não é uma obra prima no género, mas é uma leitura bastante compulsiva.

Luís Pinto