terça-feira, 30 de setembro de 2014

Passatempo: Maze Runner - vencedor!


PASSATEMPO

Maze Runner

Vencedor!


Chegou ao fim mais um passatempo em parceria com a Editorial Presença, a quem agradeço esta excelente oportunidade. Foi mais um passatempo com um bom número de participações. Infelizmente apenas um participante receberá este livro em casa.

A todos os que não ganharam, estejam atentos, que vamos ter uma boa leva de passatempos nos próximos tempos!



E o vencedor é:

Lúcia Fernandes Rodrigues Neto.

Parabéns à vencedora!




Sinopse: Thomas percebe então que se encontra num elevador e que chegou a um lugar estranho, um espaço que se abre entre muros altíssimos e que o enche de pânico. Lá fora, como se estivessem à sua espera, uma pequena multidão de rapazes adolescentes como ele. As suas vozes saúdam-no com piadas juvenis, proferidas numa linguagem que lhe parece estranha. Dizem-lhe que aquele lugar se chama a Clareira e ensinam-lhe o que sabem a respeito daquele mundo. Tal como acontece com Thomas, não se lembram da sua vida anterior, mas ali estão perfeitamente organizados, cumprindo preceitos que ninguém deve quebrar. No fim desse primeiro dia de Thomas naquele lugar, acontece algo inesperado — a chegada da primeira e única rapariga, que traz uma mensagem que mudará todas as regras do jogo. Uma série de grande sucesso, que agradará tanto aos fãs de Jogos da Fome como a todos os apreciadores do género fantástico ou de distopias apocalípticas. A sua versão cinematográfica estreia brevemente em Portugal.




sexta-feira, 26 de setembro de 2014

A PRIMEIRA REGRA DOS FEITICEIROS


Autor: Terry Goodkind

Título original:Wizard's first rule 




Este é um livro de fantasia adolescente, que muitos leitores irão gostar, mas sofre de alguns problemas neste primeiro livro, e que poderá resolver nos seguintes. Vejamos então o que torna este livro bom, mas ligeiramente inconstante.

Em primeiro lugar este livro sofre com a sua divisão em relação ao livro original e, como tal, o final recente-se, ficando a sensação de que falta algo mesmo tendo em conta que termina num momento importante para o enredo. Todavia, o problema não está na divisão em si, mas no facto de existirem muitas perguntas que ficam por responder e que faria sentido terem respostas neste primeiro livro. Quando começamos a perceber alguma da trama e a ter um maior conhecimento das personagens, o livro acaba. 

No entanto o livro tem bastante pontos positivos. Em primeiro lugar a escrita simples do autor, que apesar de ser repetitiva em alguns momentos, é rápida e claramente direcionada para um público adolescente, mas apresentado temas adultos dentro de um universo que ainda tem muito para ser explorado.

Começando pelo enredo, o autor cria a base normal para este género, com as várias etapas da criação do herói da história. Vemos a sua evolução e as suas falhas, algo que me agradou bastante, pois estamos perante um homem que em muitos aspetos foge do herói tradicional. Por vezes surpreendeu-me, por vezes pareceu incoerente, mas aos poucos, enquanto o vamos conhecendo, mas percebendo que existe uma personalidade muito interessante neste personagem. Existem ainda outras personagens que nos agarram, mas que ainda não tiveram "tempo" para se desenvolverem ao ponto de sentirmos que as conhecemos, mas acredito que o autor faça um bom trabalho neste aspeto.

Outro ponto que me agradou foi a possibilidade de lermos alguns capítulos sobre o ponto de vista do vilão, ajudando a criar suspense, pois sabemos alguns detalhes do seu plano, mas principalmente porque vai de encontro ao que o autor tenta passar durante grande parte do livro: de que qualquer vilão, à sua maneira, acredita estar a fazer o correto e a praticar a justiça. Este é, para mim, o ponto mais interessante do enredo, apesar de ainda pouco explorado, pois o autor tem a possibilidade de nos dividir com este aspeto, e se nunca vamos aceitar as ações horrorosas do vilão, vamos tentar compreendê-las, abrindo a visão do autor para o que acontece neste mundo.

Todavia, o livro sofre com alguns clichés que vão aparecendo e com surpresas que não são, na realidade, surpresas. Todos esses momentos marcam a nossa foram de ler, mas são esquecidos pelo facto de o ritmo do livro ser alto, empurrando-nos para as páginas seguintes enquanto desenvolve o seu mundo e a magia que o preenche. A questão é que o autor demonstra estar a criar um mundo gigantesco e diversificado, mas ainda não teve páginas suficientes para mostrar alguns aspetos essenciais, e ficamos ao nível do personagem principal, um homem que pouco sabe do mundo para lá das fronteiras da sua região e que agora terá de explorar. 

O enorme sucesso desta saga é o seu atestado de qualidade, principalmente se tivermos em conta que se trata de uma saga bastante grande e que não perdeu leitores, e comprovado no facto de ter sido adaptada para a televisão. Do meu ponto de vista (de quem apenas leu metade do livro original), esta saga tem tudo para ser algo bom e viciante. Nunca perdi a vontade de ler e as várias perguntas que ficam fazem-me querer continuar a ler, porque estou muito curioso. Ainda não me fascinou, mas acredito que o faça nos próximos livros.

Luís Pinto

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A OESTE NADA DE NOVO


Autor: Erich Maria Remarque

Título original: All quiet on the Western front




Este é considerado o melhor, ou pelo menos um dos melhores livro algumas vez escritos sobre a Primeira Guerra Mundial.

Quando há dois anos li o seu livro "Uma noite em Lisboa" (podem ler a minha opinião aqui), soube que, mais cedo ou mais tarde, teria de ler a obra prima de Remarque e não fiquei desiludido. Remarque tem uma escrita que nos marca, com descrições diretas, sem problemas em chocar-nos para nos mostrar a realidade, com momentos que, acredito, nunca mais irão esquecer. 

No que difere este livro dos outros? A grande diferença é que todo o livro apenas se foca no lado humano, deixando política e estratégia militar fora do enredo. Sem fazer foco a nenhum acontecimento histórico em particular dentro da guerra em si, Remarque leva-nos pelo olhar de um soldado alemão de 19 anos, que se alista cheio de sonhos, orgulho e força, para depois nos mostrar as suas transformações, físicas e psicológicas, durante a guerra, passando de seguida um olhar por aqueles que sobreviveram, mas que nunca mais serão os mesmos.

Remarque irá chocar o leitor, não pelas fortes descrições visuais, mas pelo olhar que consegue oferecer do que estes soldados vêem, do que sentem, do que perdem e do que ganham. É uma visão aterradora, tal como o é a própria guerra feita por aqueles que estão atrás de secretárias, e aos poucos toda a moral se perde,  toda a justiça ou noção de dever. É apenas a luta pela sobrevivência daqueles que poderiam ter outra vida e que não tinham noção do que os esperava. Poderá alguém, por mais filmes ou documentários que tenha visto, por mais livros que tenha lido, estar minimamente preparado para o que a guerra lhe irá oferecer?... não. E no fim, a única coisa que se conseguiu, foi sobreviver, e digo "única" porque tudo o resto se perdeu.

Este não é um livro que nos tente agarrar com uma história, mas sim mostrar a realidade. Nesse aspeto, Remarque conseguiu-o melhor do que qualquer outro livro que tenha lido sobre o tema. A psicologia explorada ao máximo. O que nos faz matar, o que pensamos quando o fazemos, o que sentimos entre as batalhas enquanto o corpo descansa? O que custa perder o amigo ao nosso lado...

Claro que nenhum livro é perfeito, mas nunca tinha lido um livro tão bom sobre a 1ª Guerra Mundial. Existem momentos e diálogos que não esquecerei tão cedo e no fim fica a sensação que esta obra apenas está ao alcance de um grande escritor que viveu aqueles momentos. E por isso digo que há livros que todos devemos ler, e este é um deles. Para quê? Para sabermos o que somos capazes de fazer para sobreviver e o quanto esses momentos limite nos mudam para sempre, porque certos acontecimentos são mais do que a nossa mente consegue suportar. 

Este livro ficou de tal forma comigo que enquanto escrevo este texto, recordo aquele rapaz de 19 anos, os seus sonhos e orgulho patriótico em contraste com a seguida compreensão da realidade da guerra, e acredito que a sua história foi verdadeira, pois muitos jovens terão passado pelo mesmo. É esse soco no estômago que não se esquece e que me fará voltar a ler este livro quando for mais velho, provavelmente com outro olhar sobre alguns temas, mas, no fim, com a mesma sensação de que o Homem é mesmo capaz do mais puro ato de amor, mas também do extremo oposto, e pelo meio, uns apenas tentam sobreviver.

Luís Pinto  

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

ATÉ QUE SEJAS MINHA


Autor: Samantha Hayes

Título original: Until you're mine




Tentando resumir a base desta história, temos três mulheres com diferentes obsessões, sendo que o foco vai para Zoe e Claudia, sendo Zoe o catalisador de toda a história com a sua obsessão em relação à maternidade. 

A partir do momento em que Zoe se torna a ama dos filhos de Claudia  percebemos a tensão a aparecer no enredo e para isso muito contribui a narrativa, focada nos pontos de vista destas três mulheres. Esse será, provavelmente, o grande trunfo do livro: a narrativa por três pontos de vista, capaz de nos focar os problemas psicológicos de cada personagem, desvendando, aos poucos, os objetivos e os motivos de cada uma. 

E em poucas páginas somos prisioneiros desta tensão criada pelo desvendar psicológico de personagens que temos noção... irão ter ações para lá da lógica, apenas próprias dos obcecados que não conhecerão limites para alcançarem o desejado. É quando ganhamos essa noção que deixamos de conseguir fechar o livro. Até onde irá cada uma destas personagens? Até que ponto o seu ponto de vista é credível com o que realmente está a acontecer? Até que ponto o que parece lógico na narrativa da personagem, realmente é?

Mantendo sempre um ritmo elevado, a autora sabe cativar o leitor. Revela aos poucos, e apesar de existirem alguns momentos incoerentes, tal não rouba a qualidade que o livro tem e que em grande parte se deve à forma como o enredo é contado. O final, realmente surpreendente, não explica tudo, mas fica perto, deixando algumas perguntas para o próximo livro que contará com outros pontos de vista.

Pessoalmente o que gostei mais foi a forma como a autora explorou uma questão sensível, que é a necessidade, e por vezes dificuldade que envolve a maternidade. A autora explora, e bem, tanto a obsessão de quem não consegue ter uma "relação saudável" com a segurança/insegurança dos seus filhos, e por outro lado temos a obsessão de quem não consegue ser mãe.

Não querendo revelar momentos ou até outras personagens ou temas catalisadores desta história, devo apenas dizer que a autora consegue criar tensão desde o primeiro momento. Existem alguns momentos que parecem incoerentes com a personalidade de uma personagem, mas tudo isso é esquecido num livro que me fez ler sem parar. Um verdadeiro thriller psicológico, bem montado, com muitos momentos inteligentes e muitas pontas soltas para que tentemos adivinhar o fim. E provavelmente ficarão surpreendidos.

Se gostam do género, é claramente um livro a ler e no meu caso foi uma leitura surpreendente. Venha o próximo!

Luís Pinto

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O AMIGO ANDALUZ


Autor: Alexander Soderberg

Título original: Den Andalusiske Vannen



Sinopse: Sophie Brinkmann é uma viúva que leva uma vida tranquila nos subúrbios de Estocolmo até conhecer Hector Guzman, um homem sofisticado e elegante. Ela não faz ideia de que sob o charme daquele homem se esconde algo sinistro. Hector é o cabecilha de uma organização criminosa. Ele está habituado a obter tudo o que quer, e o que ele agora quer é aniquilar os seus rivais.
Antes de se aperceber do verdadeiro mundo em que Hector se move, Sophie vê-se enredada numa implacável teia. Com a casa sob vigilância e a família em risco, em quem poderá ela confiar, quando a própria polícia é tão perigosa quanto os criminosos?
Neste primeiro volume da trilogia Brinkmann, Alexander Söderberg presenteia-nos com um magnífico romance sobre o mundo sórdido do tráfico de armas e droga, dando-nos ao mesmo tempo um retrato magistral da fragilidade humana.




Os policiais nórdicos estão na moda. Não o podemos negar, e as editoras apostam no género porque irá vender. Uns são bons, outros nem por isso. Este livro de Soderberg, autor que já vendeu milhões, começa com uma complexidade acima da média, principalmente graças a um número elevado de personagens para o que estamos habituados dentro dos thrillers policiais. O resultado é um início lento, onde temos de colocar as peças com cuidado por forma a sentirmos que estamos a perceber o que estamos a ler.

Facilmente percebemos que o autor arrisca ao criar um enredo confuso nas primeiras páginas, mas também percebemos que o objetivo desta aparente confusão é deixar-nos em pé de igualdade com a personagem principal que se vê envolta num cenário de mistério em que personagens aparecem e desaparecem sem que seja possível percebermos quem são, porque estão presentes, o que querem, o que são capazes de fazer.

E assim, tal como Sophie, tentamos ler estas personagens que o autor teima em enublar, desvendando aos poucos, levando-nos a perceber as decisões deste ou daquele homem.  Esta é a beleza do livro pois a sua base encaixa na narrativa. A base é simples e resume-se ao facto de precisarmos de muito tempo para conhecermos totalmente uma pessoa. Há segredos que demoram anos a revelarem-se e por vezes confiamos na pessoa errada. Confiar em alguém é um passo que devemos dar, umas vezes acertamos, outras não, e na maioria das vezes não decidimos, de forma consciente, confiar ou não numa pessoa. É algo que nos ultrapassa.

Este é um enredo em que Sophie confia no seu paciente e mais tarde descobre que não é quem aparenta ser. Nós, leitores, sentimos o mesmo em relação às restantes personagens e a beleza é essa, e se por um lado o livro estranha-se e demora a arrancar, por outro agarra-nos porque queremos saber o que a narrativa ainda não nos disse.

Sendo uma trilogia, o enredo tem margem para ser complexo e para nos deixar com várias perguntas que apenas serão respondidas nos próximos livros. Como tal, deixo o enredo "de lado" nesta crítica e foco-me no melhor deste livro: o leque enigmático de personagens. Apresentam falhas, apresentam segredos, e apesar de a grande maioria ser dona de decisões morais questionáveis, aos poucos percebemos essas decisões e notamos que são intervenientes com a complexidade exigida para uma boa saga, dando a clara sensação que se trata de um enredo que tem uma boa base para se tornar ainda melhor nos próximos livros.

Sendo um thriller não quero tocar na história, que é interessante e tensa. O livro tem como grande qualidade as suas personagens e a narrativa que consegue tornar enublado o que queremos saber, desvendando aos poucos, agarrando-nos para a página seguinte. Tem falhas e aspetos que deve melhorar, tem outros aspetos que percebemos que estão "escondidos" para serem revelados nos próximos livros. Resumindo, um bom início de saga, que não sendo deslumbrante, agradará aos fãs do género. Irei ler os próximos, pois fiquei muito curioso sobre que caminho o autor irá avançar.

Luís Pinto

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Espaço Leitor: A FILHA DO BARÃO



O Espaço Leitor regressa com mais uma opinião. Como sabem, trata-se de um "espaço" onde qualquer leitor pode deixar uma opinião a um livro à sua escolha.

Desta vez recebemos mais um texto da Margarida Contreiras a quem agradeço a análise, desta vez feita a um livro que nunca li. 

Todos os que queiram enviar algum texto para ser publicado no blog, estejam A`vontade para usar o nosso e-mail de contacto!



Autor: Célia Correia Loureiro




Célia Correia Loureiro apresenta a terceira publicação num romance que vem confirmar a sua competência. Não que se possa comparar com grande ligeireza este romance histórico com os seus anteriores volumes, que tratam outras matérias. Porém, é possível validar a sua qualidade no notável aumento de complexidade, na expressividade que ganhou estilo e na elaboração lógica e surpreendente de uma trama bem composta.

A Filha do Barão é simultaneamente uma história romanceada e uma personagem cuja personalidade abraça todo o livro – que é a primeira semente da narrativa e que é também os seus frutos. Retrata uma história de amor passada no tempo das invasões francesas. E retrata bem! Verificamos uma ótima reprodução gráfica de locais, personagens e ambientes, feita geralmente nas entrelinhas para não aborrecer o leitor com parágrafos exclusivamente descritivos. São também estas descrições que nos mostram o que aparenta ser uma pesquisa histórica muito bem feita, já que chega ao pormenor da gastronomia, vestimentas e quotidianos, que enfiam o leitor numa máquina do tempo. A escritora mostra-nos em que momento histórico nos encontramos através de diálogos políticos que têm lugar no contexto masculino, entre copos de vinho do Porto e charutos, onde por vezes nos deparamos com uma ou outra ilustre figura da História de Portugal, o que realça ainda o realismo e a credibilidade da narrativa.

Três vivas à narração dos momentos de intimidade, atrevida mas elegante e muito empolgante. A propósito, Célia Loureiro traz-nos o tema pouco explorado nesta categoria literária da jovem que é forçada a casar com um homem mais velho. O patamar em que as duas personagens se encontram e desencontram, além dos desenvolvimentos intelectuais e físicos por que passam, não só complexificam esta história, como também a ornamentam com um encanto muito particular. No que diz respeito ao enredo, a autora já se mostrara bastante competente. Devemos, contudo, reconhecer que neste livro ela se supera com os climas de suspense que apimenta, deixando uma dúvida flutuante que quase nos faz crer que há um contra-senso – um erro de narrativa. Mas por pouco tempo nos deixa assim ficar pois que algumas páginas à frente chegamos à solução para a intriga. Esta história traz à convivência portugueses, franceses e ingleses que encarnam a omnisciência do narrador, mostrando-nos através das palavras de Célia Loureiro um Portugal visto aos olhos destas nacionalidades em diferentes aspectos – do político ao gastronómico – e que lhe deixam escapar um certo patriotismo.

Ainda assim, não podemos afirmar que estejamos perante o livro perfeito já que, embora as suas falhas não superem a sua qualidade, devemos apontar-lhe o dedo por se deixar alongar demasiado na descrição de alguns acontecimentos que, ao nos fazer perder o entusiasmo, comprovam que este livro não perderia qualidade se perdesse alguns milímetros de lombada. Alguns acontecimentos paralelos à história central poderiam ser dispensados ou eventualmente substituídos por ramificações da narrativa, já que neste livro praticamente só seguimos uma história central.



Por fim, é importante saber-se que Célia Loureiro não ficará por aqui no que respeita a esta história, já que nos poderemos permitir aguardar por uma sequela que há-de aparecer completar o primeiro volume. E ainda bem, já que, ao lermos o primeiro sabemos o que encontraremos no segundo e podemos prever que não nos proporcionará uma perda de tempo mas antes momentos de digressão divagadora em que nos deixaremos entrelaçar num novelo de personagens e histórias de nos pregar os olhos, descair o queixo e endurecer os dedos ao segurar a capa.



Uma vez mais, obrigado à Margarida Contreiras por esta análise muito interessante!

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O REI DO INVERNO


Autor: Bernard Cornwell

Título original: The Winter King




Sinopse: Uther, Rei Supremo da Bretanha, morreu, deixando o seu filho Mordred como único herdeiro. Artur, o seu tio, um leal e dotado senhor de guerra, governa como regente numa nação que mergulhou no caos - ameaças surgem dentro das fronteiras dos reinos britânicos, enquanto exércitos saxões preparam-se para invadir o território. Na luta para unificar a ilha e deter o inimigo que avança contra os seus portões, Artur envolve-se com a bela Guinevere num romance destinado a fracassar. Poderá a magia do velho mundo de Merlim ser suficiente para virar a maré da guerra a seu favor? O primeiro livro da Triologia dos Senhores da Guerra de Bernard Cornwell lança uma nova luz sobre a lenda arturiana, combinando mito com rigor histórico e as proezas brutais nos campos de batalha.



Que decisões estarias disposto a tomar por amor?

Apesar de já ter lido algumas sagas sobre o Rei Artur, a verdade é que nunca tinha lido Cornwell, e sendo esta, considerada por muitos, como a sua obra prima, decidi voltar à Idade das Trevas em que Artur é o nome mais brilhante.

Cornwell é, provavelmente, o autor mais famoso no seu género e dificilmente se fala de romance histórico sem evidenciar Cornwell e o seu metódico trabalho. No entanto, comecei esta leitura tentando ter as expectativas o mais baixas possíveis, e caminhei neste ritmo lento que Cornwell nos oferece. A realidade é esta: o enredo começa muito devagar, levando-nos para um cenário realista e que demonstra o enorme conhecimento de Cornwell sobre esta era, mas também a sua capacidade de "tapar" os buracos no conhecimento que temos daqueles anos. 

E assim, sem nunca perder o interesse, fui levado para um enredo bastante realista, muito detalhado e com personagens que demonstram as falhas normais de um ser humano numa era em que a sobrevivência era testada a cada dia. E para mim esse é o grande trunfo do autor: a sua capacidade de dar uma história realista, que se afasta de outras mais fantásticas ou mais carismáticas, para nos oferecer um enredo que sentimos que poderia ser real.

Começando pelo mundo criado por Cornwell, nota-se um grande conhecimento sobre aqueles anos. Cornwell não se inibe ao descrever locais, mentalidades, lides diárias e necessidade fundamentais da sociedade, criando uma base estrondosa para a sua trilogia, ao ponto de tudo ser credível. Quando Cornwell começa a desenvolver a sua trama já nós temos a sensação que conhecemos realmente este mundo e tudo se torna mais fácil de assimilar. Lentamente, religião, política e mentalidades, misturam-se com os já normais temas da época (amor, vingança, honra, ganância) e esta mistura é feita sem qualquer esforço, novamente porque a base está muito bem conseguida.

Claro que no início podemos estar perante uma leitura ligeiramente penosa se gostarmos de um ritmo mais elevado, mas o extraordinário detalhe que Cornwell nos oferece é impressionante e, para mim, a leitura foi sempre muito agradável, pois sentia que estava a ganhar um conhecimento que poucos autores poderiam oferecer. Para ajudar ao início da leitura temos ainda algumas personagens que tornam a história melhor, e se nas primeiras páginas fiquei surpreendido com os detalhes, no fim da história o que se destaca são as personagens.

Dessas personagens, Artur, que não é o narrador da história, é o mais cativante, mas nem mesmo ele é desprovido de falhas e más escolhas. Aliás, este é um enredo sobre más escolhas, muitas delas feitas por amor ou vingança. A nossa História está recheada de decisões tomadas em nome do amor, quer seja pelo simples homem do povo até ao mais poderoso Rei, e muitas dessas decisões mudaram o rumo da História, e tornaram-se imortais. E, inevitavelmente, este é um livro sobre as loucuras de amor, não só de Artur, mas de outros homens, que com esse sentimento também encontraram a loucura, ou a vingança, ou a coragem. O amor molda-nos, tal como molda esta história, proporcionando momentos que apenas são aceitáveis porque aquela personagem ama alguém...

Apesar de ser o primeiro livro de uma trilogia, este livro lê-se muito bem por si mesmo, sem necessidade dos próximos se por acaso não quiserem continuar. Todavia, acredito que quem chegue ao fim do livro, queira ler o resto, pois Cornwell é mesmo um gigante no seu género, capaz de nos levar a mergulhar num mundo que parece palpável, e como me dizem que o melhor está para vir, terei mesmo de continuar a ler a trilogia.

Para já, e sem tocar na história para nada revelar, o que posso dizer é que este é um livro sólido e muito completo. Cornwell não se foca num aspeto, mas sim da plenitude de uma sociedade e tudo o que a faz sobreviver. Religião, política, espionagem, economia, personagens, sentimentos, tradições, tudo está presente neste enredo que tem sempre como pano de fundo, e por vezes muito dissimulado, a "invasão" Cristã na mente das pessoas. Para já, lento no início, denso em todas as páginas, mas muito bom e recomendado a quem gostar do género.

Luís Pinto

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

A INCRÍVEL VIAGEM DO FAQUIR QUE FICOU FECHADO NUM ARMÁRIO DO IKEA


Autor: Romain Puértolas

Título original: L'extraordinaire voyage du fakir qui était resté coincé dans une armoire ikea



Sinopse: Ajatashatru Larash Patel, faquir de profissão, que vive de expedientes e truques de vão de escada, acorda certa manhã decidido a comprar uma nova cama de pregos. Abre o jornal e vê uma promoção aliciante: uma cama de pregos a €99,99 na loja Ikea mais próxima, em Paris. Veste-se para a ocasião - fato de seda brilhante, gravata e o seu melhor turbante - e parte da Índia com destino ao aeroporto Charles de Gaulle. Uma vez chegado ao enorme edifício azul e maravilhado com a sapiência expositiva da megastore sueca, decide passar aí a noite a explorar o espaço. No entanto, um batalhão de funcionários da loja a trabalhar fora de horas obriga-o a esconder-se dentro de um armário, prestes a ser despachado para Inglaterra. Para o faquir, é o começo de uma aventura feita de encontros surreais, perseguições, fugas e aventuras inimagináveis, que o levam numa viagem por toda a Europa e Norte de África.


O título despertou-me a atenção, talvez pela sua originalidade, talvez por perceber de imediato que teria de ser algo diferente e cómico. E é mesmo isso o que temos neste livro, algo diferente e cómico mas com crítica suficiente para se destacar.

Um dos problemas dos livros cómicos está no facto de muitas vezes a tradução originar a perda de algumas piadas que apenas funcionam na língua original. Para quem lê a tradução, por vezes não se percebe o que estamos a perder. Todavia, a sensação que me ficou após ler este livro, e sempre atento a possíveis perdas, é que a tradução está bem feita, originando um livro muito divertido. 

Este é, definitivamente, um livro divertido mas que nos tenta abrir os olhos para alguns problemas da nossa sociedade, principalmente francesa, sendo o tema principal a emigração/imigração ilegal. Comecemos pela crítica social... 
Romain explora temas levando-os aos ridículo, uma forma muito usada de levando ao extremo um assunto, conseguir levar às gargalhadas, mas também a chocar em alguns momentos, para que o leitor possa pensar sobre o assunto. Ridicularizar é uma das formas mais fáceis de criar comédia, mas também uma das formas que mais depressa pode saturar. Aqui Romain sabe quando parar, mas alguns leitores poderão sentir que existe uma repetição de alguns clichés sobre certos tipos de sociedades.

O local onde nascemos define-nos para sempre. As oportunidades que iremos ter, terão sempre como condicionante esse mesmo local, quer seja pela positiva ou pela negativa. Num mesmo planeta, uns terão paz, emprego, comida, outros não... O sonho e a necessidade de conseguir uma vida melhor, mais segura, mais estável, leva diariamente muitas pessoas a abandonarem os seus países, procurando algo mais noutros. Por vezes têm sucesso, por vezes são enganados, por vezes regressam. Neste livro Romain expõe o sonho de quem sacrifica tudo para tentar entrar num país mais estável, alcançando uma vida melhor. 

Aqui temos um pouco de tudo. O autor "toca" na religião, política, crenças, hábitos, diferentes necessidades de emprego e para nos mostrar o quanto o mundo é desequilibrado, o quanto a maioria das pessoas nada faz para alterar esse desequilíbrio e até seguimos certas ações que ajudam a perpetuar tal facto. As aventuras de Patel servem para demonstrar as dificuldades de quem quer ter uma vida melhor, mas também a vida de quem não se consegue adaptar a uma nova realidade, existindo aqui um duelo invisível entre aqueles que vêem o seu país "invadido" de imigrantes e aqueles que tentam adaptar-se a uma nova realidade. Pelo meio a crítica aos que imigram mas não querem mudar os seus costumes...

Patel, personagem muito interessante, é o motor da aventura, catalisador da parte cómica mas também o "moderador" da crítica social. No entanto, e apesar de ter falado bastante sobre a crítica, este é um livro para fazer o leitor rir. É rápido, é alegre, é leve. Acima de tudo é inteligente em alguns momentos. O seu enorme sucesso terá, provavelmente, como base a originalidade misturada no ridículo, mas também a sua mensagem final... Romain apela, indiretamente, à tolerância entre povos, quaisquer que sejam as suas divisões. Religião, política, hábitos, tudo isto pode e deve ser algo que nos diferencie, mas não algo que nos divida. Outros leitores poderão ver outra moral, mas para mim, esta é a grande mensagem deste enredo que é uma farsa do início ao fim.

Romain oferece um livro divertido mas crítico, agradando a alguns e a outros não. Recomendo este livro a quem goste do género e não se importe de ser invadido por clichés que aqui são muito bem usados para criar a comédia. Dentro do seu género foi do mais divertido que li nos últimos tempos e certamente que irá proporcionar muitas gargalhadas por este mundo fora.

Luís Pinto


sábado, 13 de setembro de 2014

Passatempo: Maze Runner - Correr ou morrer


PASSATEMPO

Maze Runner
Correr ou morrer


Em parceria com a Editorial Presença, oferecemos a possibilidade de ganharem um exemplar do best-seller Maze Runner que está agora a chegar aos cinemas numa muito esperada adaptação. 

Para se habilitarem a ganhar basta responderem à pergunta e preencherem o formulário com os vossos dados. Apenas será validade uma participação por pessoa (se participarem mais do que uma vez apenas será aceite a primeira, sem prejuízo para o participante).


Boa sorte a todos!

Sinopse: Thomas percebe então que se encontra num elevador e que chegou a um lugar estranho, um espaço que se abre entre muros altíssimos e que o enche de pânico. Lá fora, como se estivessem à sua espera, uma pequena multidão de rapazes adolescentes como ele. As suas vozes saúdam-no com piadas juvenis, proferidas numa linguagem que lhe parece estranha. Dizem-lhe que aquele lugar se chama a Clareira e ensinam-lhe o que sabem a respeito daquele mundo. Tal como acontece com Thomas, não se lembram da sua vida anterior, mas ali estão perfeitamente organizados, cumprindo preceitos que ninguém deve quebrar. No fim desse primeiro dia de Thomas naquele lugar, acontece algo inesperado — a chegada da primeira e única rapariga, que traz uma mensagem que mudará todas as regras do jogo. Uma série de grande sucesso, que agradará tanto aos fãs de Jogos da Fome como a todos os apreciadores do género fantástico ou de distopias apocalípticas. A sua versão cinematográfica estreia brevemente em Portugal.


domingo, 7 de setembro de 2014

ODD E OS GIGANTES DE GELO


Autor: Neil Gaiman

Título original: Odd and the frost giants


Sinopse: Há muitos anos, numa antiga aldeia viquingue da Noruega, vivia um rapaz chamado Odd. Até ao momento em que esta história começa, Odd não era muito afortunado. O seu pai tinha morrido e a mãe voltou a casar com outro homem que já tinha sete filhos. Depois de um acidente em que uma árvore quase lhe esmagou uma perna, Odd passou a andar apoiado numa muleta. Tudo se tornou ainda mais difícil naquele ano, porque o inverno parecia não ter fim e os aldeãos andavam perigosamente irritáveis. Foi então que Odd decidiu fugir de casa. Deslocando-se com dificuldade, dirigiu-se para a floresta e instalou-se numa cabana que o pai ali construíra. Mas a sorte de Odd estava prestes a mudar de uma maneira que ele nunca poderia ter imaginado quando encontrou aqueles estranhos animais, o urso, a águia e a raposa…


 Este é mais um livro que li de Gaiman, um autor que tenho em grande consideração por apresentar livros de fantasia com grande originalidade. Neste, Gaiman volta a não falhar e se em todos os livros que já li do autor, fiquei sempre com a sensação que muitos leitores iriam adorar e outros nem o acabariam, neste penso que a grande maioria irá gostar. 

Falar sobre este livro não me é fácil, pois trata-se de um livro muito pequeno e sobre o qual não quero revelar nada. Gaiman tem aqui o seu livro mais infantil mas com uma mensagem muito adulta. Foi essa mensagem que me surpreendeu e acredito que se uma criança irá sonhar com gigantes de Gelo, os adultos irão perceber a moral da história.

Tendo como base muito da mitologia Nórdica, Gaiman dá-nos Odd, um rapaz que não iremos esquecer tão cedo com a sua sede de aventura e sorriso matreiro. Odd é a criança que muitos de nós fomos, cheio de perguntas e energia, maravilhando-se e continuando o seu caminho. E é Odd o grande trunfo deste livro, pois será ele a mostrar-nos a moral da história e será ele quem nos irá cativar desde o início. 

Quer se goste do estilo, quer não, Gaiman é um exímio contador de histórias, com um estilo muito próprio. Neste livro, Gaiman opta por uma narrativa mais simples e bastante focada numa linguagem que qualquer criança conseguira entender. Foram vários os momentos em que senti que um dia terei prazer em ler esta história a um filho e acredito que ele se irá maravilhar com muito do que Gaiman aqui nos descreve. Pelo meio, Gaiman oferece outras personagens, capazes de nos dar algumas lições e mostrar a Odd qual o seu caminho... um caminho com o qual podemos fazer algumas ligações com o mundo real.

Este é um livro, que apesar de simples, dá azo a muitas interpretações. Um leitor poderá apreciar o enredo apenas como fantasia, outros poderão olhar para as lições que Gaiman nos oferece. Dentro dessas lições, cada leitor irá tirar as suas conclusões, e no meu caso, acredito que este livro seja sobre o poder do conhecimento, e de como este é, talvez, o melhor poder que podemos adquirir. Todavia, acredito que outro qualquer leitor, que tenha, ou não, a minha idade, conseguirá descobrir outros significados, e por isso, um dia voltarei a ler este livro.

Como disse no início, não me quero alongar nesta crítica pois trata-se de um livro muito pequeno em que falar sobre um acontecimento ou personagem pode levar a algumas revelações. Odd é a personagem principal de um livro que é difícil não gostarmos. Não é uma obra prima, nem o tenta ser. Tenta ser um livro de crianças e consegue, mas, como acontece com os grandes livros que tentam ensinar algo, serão os adultos que conseguirão captar todas as mensagens e sentir o quanto este livro tem para oferecer.

Luís Pinto


quinta-feira, 4 de setembro de 2014

SE EU FICAR


Autor: Gayle Forman

Título original: If i stay



Sinopse: Naquela manhã de fevereiro, quando Mia, uma jovem de dezassete anos, acorda, as suas preocupações giram à volta de decisões normais para uma rapariga da sua idade: permanecer junto da família, do namorado e dos amigos ou deixar tudo e ir para Nova Iorque para se dedicar à sua verdadeira paixão, a música. É então que ela e a família resolvem ir dar um passeio de carro e, numa questão de segundos, um grave acidente rouba-lhe todas as escolhas. Nas vinte e quatro horas que se seguem e que talvez sejam as suas últimas, Mia relembra a sua vida, pesa o que é verdadeiramente importante e, confrontada com o que faz com que valha mesmo a pena viver, tem de tomar a decisão mais difícil de todas.



Pequeno e rápido, este é um livro cheio de emoções. À partida este é um enredo adolescente, com personagens adolescentes e todas as suas preocupações, naturais naquela idade. Entre estas personagens o destaque vai para Mia, que aos poucos se revela uma personagem com mais coerência e maturidade do que era inicialmente esperado, apesar de nunca perder, felizmente para o enredo, os traços naturais da sua idade.

No entanto este livro rapidamente muda o seu foco, devido a um acontecimento inesperado. Aliás, este momento demonstra o que é a própria vida... a qualquer momento algo pode acontecer, que nos altera a vida para sempre. É esta imprevisibilidade que confere beleza mas também tragédia à vida, e aqui está bem exposta no acidente que deixará Mia no estado de coma em que ficará na grande maioria do livro, recordando a sua vida, percebendo o que mudou naquele acidente, escolhendo o que fazer.

De uma foram geral, podemos dizer que este livro tem como base uma possível capacidade de escolhermos se queremos viver ou morrer quando estamos no estado de Mia, e nesse estado perceber o que iremos enfrentar com cada escolha. No caso de Mia será morrer, ou viver mas enfrentar a dor que o acidente lhe irá causar. Então, perante esta indecisão, a primeira pergunta é: qual é a escolha mais fácil? Sinceramente, não sei qual é a resposta, mas o livro não a procura, tal como não procura uma resposta certa, nem nos tenta "vender" a decisão final de Mia. Este é um livro sobre a vida e o que realmente é importante.

E afinal o que é importante? Cada leitor terá a sua resposta, tal como Mia tem a sua. Pessoas, momentos, sentimentos... será que a nossa vida é definida pelos bons ou maus momentos? O que nos marca para sempre? O que acontece quando aquela vontade de viver, intrínseca a cada ser vivo, desaparece?

E assim, aos poucos, o livro de adolescentes torna-se num livro adulto onde a escrita simples da autora nos leva a ler sem parar, na tentativa de percebermos as decisões de Mia enquanto o livro explora os vários tipos de dor que cada personagem irá sentir durante estas horas. Todavia, o livro surpreende por não se fixar na dor e tristeza que um acontecimento deste nos causa. Este é um livro que nos leva, a partir dessa dor, a ver com outros olhos os momentos de felicidade que já tivemos, proporcionando ao leitor momentos de lágrimas, mas também muitos sorrisos. E é esta a mais forte mensagem do livro: os momentos de dor são momentos em que devemos recordar o bom e tentar sorrir.

Este é um livro rápido e que agradará a muitos leitores, mas também afastará outros, principalmente porque uma decisão que define um final será sempre alvo de aceitação ou rejeição por parte de um leitor. No meu caso, o que quis foi perceber o porquê da decisão final, e aceitá-la. Surpreendeu-me em alguns momentos, fez-me rir e fez-me pensar. A forma como, indiretamente, a autora explora as várias formas que diferentes pessoas têm para enfrentar a dor é um dos momentos altos de um livro que nos tenta alertar para a importância de viver e ser feliz, e é nesse sentido que devem tender as nossas decisões.

Totalmente recomendado ao público adolescente, mas perfeitamente capaz de agradar a qualquer adulto, este é um livro muito interessante que terá reações mistas devido ao seu final, mas que marcará qualquer leitor. Se gostam do género, olhem para este livro.

Luís Pinto

Para saberem mais sobre este livro, cliquem aqui.

Notícia: Saga "A espada da verdade" já chegou às livrarias


O nascimento de uma lenda

Primeiro livro da saga bestseller

A Espada da Verdade nas livrarias a 1 de setembro

No dia 1 de setembro a Porto Editora iniciou a publicação da saga "A Espada da Verdade", de Terry Goodkind, uma série épica do género fantástico que começa com "A Primeira Regra dos Feiticeiros – Parte I". Esta é uma aventura repleta de suspense e de misticismo, que nos transporta para reinos envoltos num imaginário único e surpreendente.

Após escrever este primeiro livro, Terry Goodkind mostrou-o a um agente que impulsionou, em 1994, um valioso leilão entre editoras americanas. Dessa forma, A Primeira Regra dos Feiticeiros entrou na história do mundo editorial como o livro de estreia do género fantástico mais caro de sempre. A partir desse momento, tornou-se também um sucesso internacional e foi traduzido para 20 línguas, somando já mais de 26 milhões de exemplares vendidos.

SINOPSE
Richard Cypher é um jovem guia em Hartland, à procura de respostas para o assassinato brutal do pai. Na floresta onde se refugia, encontra uma mulher misteriosa, Kahlan Amnell, que precisa da sua ajuda para fugir aos sequazes do temível Darken Rahl, governante de D'Hara, praticante da mais temível magia negra e um homem ávido por vingança. Num golpe de verdadeira magia, Richard passa a deter nas suas mãos o destino de três nações e, sobretudo, da própria humanidade. O seu mundo, as suas crenças e a sua própria essência serão abalados e testados, à medida que Richard lida com amigos e inimigos, com a crueldade extrema e a compaixão dedicada, experimentando a paixão, o amor e a raiva, e o seu impacto na missão que lhe é imposta: ser aquele que procura a verdade.


PRIMEIRAS PÁGINAS
Disponíveis aqui.


O AUTOR
Terry Goodkind nasceu em 1948 em Omaha, no Nebrasca. Em 1994 publicou o primeiro livro da série de fantasia épica A Espada da Verdade, que viria a ter um sucesso retumbante, com mais de 26 milhões de exemplares vendidos e traduções em mais de 20 línguas.

IMPRENSA

Este primeiro romance de Goodkind proporciona uma variante interessante às sagas de fantasia.
Library Journal

Uma estreia maravilhosamente criativa, coerente, e vibrante.
Kirkus Reviews

Terry Goodkind concebeu uma história precisa e inteligente que é incrível desde o primeiro momento.
Fantasy Book Review

Este livro arrebata-nos desde a primeira página.
Examiner.com

A Primeira Regra dos Feiticeiros, tal como os restantes livros da saga A Espada da Verdade, é um romance de qualidade excecional, com personagens bem construídas e um enredo ritmado, ao qual não falta temáticas mais "adultas".
SFBook Reviews

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Passatempo: Se eu ficar - vencedor!



PASSATEMPO

Se eu ficar


Vencedor!


Hoje temos mais um vencedor de um passatempo feito em parceria com a Editorial Presença. Agradecemos a todos os que participaram, e se não ganharam, desejamos melhor sorte para a próxima!





Sinopse: Naquela manhã de fevereiro, quando Mia, uma jovem de dezassete anos, acorda, as suas preocupações giram à volta de decisões normais para uma rapariga da sua idade: permanecer junto da família, do namorado e dos amigos ou deixar tudo e ir para Nova Iorque para se dedicar à sua verdadeira paixão, a música. É então que ela e a família resolvem ir dar um passeio de carro e, numa questão de segundos, um grave acidente rouba-lhe todas as escolhas. Nas vinte e quatro horas que se seguem e que talvez sejam as suas últimas, Mia relembra a sua vida, pesa o que é verdadeiramente importante e, confrontada com o que faz com que valha mesmo a pena viver, tem de tomar a decisão mais difícil de todas. 

  • «Um livro extremamente emocionante que nos obriga a reflectir sobre a nossa vida e sobre as pessoas e as coisas pelas quais vale a pena vivermos.» | Publishers Weekly
  • «Um livro inquietante e comovente. Impossível de parar de ler.» | The Bookseller
  • «Um romance que levará até o leitor mais céptico a acreditar na importância da amizade, da família e do amor.» | Waterstone’s Books Quarterly
  • «Uma leitura arrebatadora e plena de significado.» | Booklist


E o vencedor é:

Ana Rita Fernandes Domingos 

Parabéns e continuem a participar nos nossos passatempos!

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Notícia: Romain Puértolas estará em Lisboa a 10 e 11 de setembro para apresentar o seu novo livro



Hilariante, mordaz, um sucesso mundial traduzido para 36 países
Estreia de Romain Puértolas é o maior fenómeno da literatura francesa atual

A crítica foi unânime, também o foram os milhares de leitores: A incrível viagem do faquir que ficou fechado num armário Ikea, romance de Romain Puértolas, foi a grande surpresa da literatura francesa atual e chega finalmente às livrarias nacionais no dia 1 de setembro, numa edição Porto Editora. Uma «pérola de humor»
(Livres Hebdo), este é «o livro mais divertido do momento e, como se isso não bastasse, uma reflexão profunda sobre o destino dos imigrantes ilegais» (Radio RTL). Trata-se de uma aventura rocambolesca e hilariante passada nos quatro cantos da Europa e na Líbia pós-Kadhafi, uma história de amor efervescente, mas também o reflexo de uma terrível realidade: o combate travado por todos os clandestinos, últimos aventureiros do nosso século.

Romain Puértolas estará em Lisboa nos dias 10 e 11 de setembro


SINOPSE
Ajatashatru Larash Patel, faquir de profissão, que vive de expedientes e truques de vão de escada, acorda certa manhã decidido a comprar uma nova cama de pregos. Abre o jornal e vê uma promoção aliciante: uma cama de pregos a 99,99€ na loja Ikea mais próxima, em Paris. Veste-se para a ocasião – fato de seda brilhante, gravata e o seu melhor turbante – e parte da Índia com destino ao aeroporto Charles de Gaulle. Uma vez chegado ao enorme edifício azul e maravilhado com a sapiência expositiva da megastore sueca, decide passar aí a noite a explorar o espaço. No entanto, um batalhão de funcionários da loja, a trabalhar fora de horas, obriga-o a esconder-se dentro de um armário, prestes a ser despachado para Inglaterra. Para o faquir, é o começo de uma aventura feita de encontros surreais, perseguições, fugas e aventuras inimagináveis, que o levam numa viagem por toda a Europa e Norte de África.


O AUTOR
Romain Puértolas nasceu em Montpellier, em 1975. Quando era novo, queria ser cabeleireiro-trompetista, mas o destino trocou-lhe as voltas. Oscilando entre a França, a Espanha e a Inglaterra, foi sucessivamente DJ, compositor-intérprete, professor de línguas, tradutor-intérprete, comissário de bordo, mágico, antes de tentar a sua sorte como cortador de mulheres num circo austríaco.
Rapidamente despedido por ter mãos escorregadias, resolve dedicar-se à escrita compulsiva. Autor de 450 
romances num ano, ou seja, 1,2328767123 romances por dia, consegue finalmente arrumar os seus próprios livros numa estante Ikea. Infelizmente, despojado de 442,65 dos seus romances por extraterrestres dotados de uma inteligência e um gosto bem acentuados, Romain Puértolas vê-se reduzido a uma estante estilo caixote de pêssegos periclitante e desesperadamente vazia. Segue atualmente uma carreira de agente da polícia em França e só tem uma coisa em mente: encontrar aqueles que perpetraram o golpe…

A incrível viagem do faquir que ficou fechado num armário Ikea será brevemente adaptado ao cinema.




IMPRENSA

Mágico e hilariante.
Paris Match

Um conto, uma farsa, mas também uma sátira do mundo moderno, que se lê entre gargalhadas.
Le Figaro Magazine

Este romance é uma pérola de humor, um convite à tolerância, um autêntico conto de fadas.
Livres Hebdo

Uma história genial, para rir do princípio ao fim. Inigualável!
Radio France Culture

A TÚLIPA NEGRA


Autor: Alexandre Dumas

Título original: La tulipe noire



A Túlipa Negra era já um romance de época à época do seu autor - Alexandre Dumas – que nos conta esta história numa ação passada dois séculos antes da sua existência. Passa-se a narrativa na Holanda, simbólico país das tulipas, por finais do século XVII, e começa docemente, com a figura de van Baerle, um inofensivo botânico de bom coração que ama esta espécie de flora acima de tudo na vida, já que nada mais tem para além dos seus fiéis servos. 

Toda esta doçura é quebrada com a entrada em cena da inveja figurada na personagem do seu vizinho Boxtel que lançará o fio do enredo central, ao mandar prender van Baerle injustamente, impedindo-o a poucos passos de realizar a sua grande ambição: criar uma túlipa negra como azeviche. Porém, é em pleno cárcere que o botânico encontra a figura do amor personificada numa flor de outra espécie: Rosa, a filha do carcereiro, a quem quer juntar as tulipas do seu coração e com quem dá as mãos para mergulhar na aventura que nos conta esta obra.

A trama desta aventura propõe-nos sensações de suspense, ação, revolta e deleite, ao longo de uma leitura simples mas nem de longe inanimada. Antes pelo contrário: o leitor que percorre estas linhas vai sentir-se sentado com as pernas à chinês e queixo seguro nas mãos, admirando um Dumas sentado numa cadeira, de óculos na ponta do nariz e o livro numa mão, deixando a outra liberta para movimentos de expressão. É que este autor, mais do que escritor, é um verdadeiro contador de histórias. Fala ao leitor, recorda-lhe momentos da história para que não perca o fio à meada e, por vezes, sentado na sua cadeira, parece que afasta para longe a mão que segura o livro, olha-nos nos olhos por cima das lentes e partilha a sua opinião. Mas nem por isso somos obrigados a considerar esta obra como literatura juvenil, já que a sua expressividade agradará com grande facilidade a um leitor mais maduro.

As personagens são também simples e cada uma serve claramente de marco a uma virtude ou a uma falta. Se van Baerle, o botânico, é a ambição, Rosa é a inocência, Boxtel será a inveja e por aí adiante. Quer isto dizer que as ações isoladas de cada um dos intervenientes são guiadas continuamente pelo mesmo princípio com o derradeiro objetivo de se entrecruzarem numa colisão de sentimentos que desembocará nas derrotas de alguns deles e nas glórias de outros.

Alexandre Dumas, o grande criador do vingador Conde de Monte Cristo e do bravo D’Artagnan, encantou também os seus leitores com um delicioso arranjo floral: uma "túlipa-flor" e uma "rosa-mulher". Conta-nos a história de um ambicioso, de uma apaixonada inofensiva, de um invejoso, de vários injustiçosos e de uma túlipa que, sem sentimentos nem caráter, teceu involuntariamente todas as teias desta história, assassinando, castigando, recompensando e encantando todos os seus intervenientes até ao desfecho magnífico desta narrativa, que convido o leitor a conhecer, deixando-se levar pelo ambiente da época e da aventura: sentai-vos, cruzai as pernas e escutai com os olhos! Alexandre Dumas nunca falha.


Luís Pinto