Autor:
Alexandre Dumas
Título original: La tulipe noire
A Túlipa Negra era já um romance de época à época do seu
autor - Alexandre Dumas – que nos conta esta história numa ação passada dois
séculos antes da sua existência. Passa-se a narrativa na Holanda, simbólico
país das tulipas, por finais do século XVII, e começa docemente, com
a figura de van Baerle, um inofensivo botânico de bom coração que ama esta
espécie de flora acima de tudo na vida, já que nada mais tem para além dos seus
fiéis servos.
Toda esta doçura é quebrada com a entrada em cena da
inveja figurada na personagem do seu vizinho Boxtel que lançará o fio do enredo
central, ao mandar prender van Baerle injustamente, impedindo-o a poucos passos
de realizar a sua grande ambição: criar uma túlipa negra como azeviche. Porém,
é em pleno cárcere
que o botânico encontra a figura do amor personificada numa flor de outra
espécie: Rosa, a filha do carcereiro, a quem quer juntar as tulipas do seu coração e com quem dá as mãos para mergulhar
na aventura que nos conta esta obra.
A trama desta aventura propõe-nos sensações de suspense,
ação, revolta e deleite, ao longo de uma leitura simples mas nem de longe
inanimada. Antes pelo contrário: o leitor que percorre estas linhas vai
sentir-se sentado com as pernas à chinês e queixo seguro nas mãos, admirando um
Dumas sentado numa cadeira, de óculos na ponta do nariz e o livro numa mão,
deixando a outra liberta para movimentos de expressão. É que este autor, mais
do que escritor, é um verdadeiro contador de histórias. Fala ao leitor,
recorda-lhe momentos da história para que não perca o fio à meada e, por vezes,
sentado na sua cadeira, parece que afasta para longe a mão que segura o livro,
olha-nos nos olhos por cima das lentes e partilha a sua opinião. Mas nem por
isso somos obrigados a considerar esta obra como literatura juvenil, já que a
sua expressividade agradará com grande facilidade a um leitor mais maduro.
As personagens são também simples e cada uma serve
claramente de marco a uma virtude ou a uma falta. Se van Baerle, o botânico, é
a ambição, Rosa é a inocência, Boxtel será a inveja e por aí adiante. Quer isto
dizer que as ações isoladas de cada um dos intervenientes são guiadas
continuamente pelo mesmo princípio com o derradeiro objetivo de se
entrecruzarem numa colisão de sentimentos que desembocará nas derrotas de
alguns deles e nas glórias de outros.
Alexandre
Dumas, o grande criador do vingador Conde de Monte Cristo e do bravo
D’Artagnan, encantou também os seus leitores com um delicioso arranjo floral:
uma "túlipa-flor" e uma "rosa-mulher". Conta-nos a história
de um ambicioso, de uma apaixonada inofensiva, de um invejoso, de vários
injustiçosos e de uma túlipa que, sem sentimentos nem caráter, teceu
involuntariamente todas as teias desta história, assassinando, castigando,
recompensando e encantando todos os seus intervenientes até ao desfecho
magnífico desta narrativa, que convido o leitor a conhecer, deixando-se levar
pelo ambiente da época e da aventura: sentai-vos, cruzai as pernas e escutai
com os olhos! Alexandre
Dumas nunca falha.
Luís Pinto
Mais uma bela análise. Li este livro o ano passado que já estava em casa a apanha pó. Não é o meu preferido de Dumas mas é muito bom como sempre.
ResponderEliminarBoas leituras
Um dos meus livros favoritos :-)
ResponderEliminarOlá Luis!
ResponderEliminarNão conheço este livro mas já fiquei a gostar da história.
Queria muito ler um autor clássico estrangeiro este ano e acabei de descobrir qual será.
Obrigada pela partilha