terça-feira, 30 de abril de 2013

Editorial Divergência


Hoje trago-vos um pequeno anúncio que me pareceu muito interessante e será, certamente, uma excelente oportunidade para muitos que queiram tentar a sua sorte!



A Editorial Divergência procura autores nacionais de ficção especulativa


Sobre a Editorial Divergência



Fundada a 15 de Abril de 2013, a Editorial Divergência é uma editora portuguesa centrada na ficção especulativa. Aposta em exclusivo no mercado e escritores nacionais, promovendo uma relação de honestidade e confiança com os autores. Pretende criar edições acessíveis e de qualidade, com regularidade e sem acordo ortográfico.


A Editorial Divergência procura manuscritos de ficção especulativa não publicados, planeado a publicação do seu primeiro livro no próximo Outono. Os autores portugueses poderão enviar os seus manuscritos por email até 30 de Junho de 2013.

Constituída por uma equipa jovem e dinâmica, a Editorial Divergência aposta na ficção portuguesa para colmatar a falta de oferta no mercado nacional. O custo de publicação ficará inteiramente ao cargo da editora, sendo o autor compensado em 10% do preço de capa. Esta iniciativa é uma excelente rampa de lançamento para autores emergentes deste género literário.

A editora procura manuscritos acima das 50000 palavras do género ficção especulativa, no qual se inclui fantasia (tradicional, urbana, paranormal), ficção científica (space-opera, cyberpunk, história alternativa: steampunk, distopia, pós-apocaliptico) e terror*. Os interessados devem enviar as primeiras 50 páginas do livro, em formato .doc, a carta de apresentação e um resumo da obra, com cerca de 2 páginas, para o email: ed.divergencia@gmail.com, contendo no assunto a palavra “Submissão” seguido do título da obra. Os trabalhos serão lidos e seleccionados pela equipa da Divergência, sendo a decisão comunicada no prazo máximo de seis semanas.

* os subgéneros são apenas sugestões para os autores



quinta-feira, 25 de abril de 2013

O PRISIONEIRO DA ÁRVORE


Autora: Marion Zimmer Bradley

Título original: The Mists of Avalon - Book Four: The Prisioner in the Oak



Finalmente chego ao fim desta saga que deixou a sua marca na fantasia, e o que posso dizer? Totalmente recomendada. Este 4º livro foi, provavelmente, o que gostei mais. No geral, a qualidade do livro não está acima do que foi apresentado no resto da saga, aliás, os quatro livros apresentam uma qualidade similar, não existindo nenhum que esteja um degrau acima, mas há detalhes neste livro que fazem a diferença.

Durante os quatro livros vimos a invasão do cristianismo na mente das pessoas e vemos o olhar feminino, que marca a saga, e que torna o enredo menos à base de músculos. Este, sendo o último livro, é também aquele em que as personagens, agora bastante idosas, questionam e vêm o seu próprio fim. Neste aspeto a narrativa é forte ao explorar como pessoas que dedicaram a vida a uma causa, questionam no fim se algo divino está realmente a observar e se eles fizeram a vontade de algo superior.

A autora não se limitou a acabar a história. Deu-lhe um significado profundo sobre o qual todos os leitores devem ponderar, e cada um encontrará a sua explicação. O fim é realmente bom, com uma visão muito própria, mas não é o fim que marca este livro, mas antes o caminho até esse fim. A forma como a autora explora o ódio entre religiões está muito bem conseguida e fez-me ficar cada vez mais envolvido desde o primeiro livro até este, sendo que este último é onde esta raiva é mais explorada e tem resultados mais drásticos.
Com um final onde alguns pontos ficam por explicar, este livro apresenta um ritmo mais lento do que a restante saga, pois é essencialmente um livro sobre reflexão de cada personagem e também sobre a religião. As suas personagens continuam fantásticas e todas elas são movidas pela esperança que a fé oferece, seja qual for a fé. O enredo continua a tocar em pontos "difíceis", como adultério, traição, incesto... mas torna-se um livro muito mais filosófico do que esperava, e gostei muito desse indireto olhar, principalmente porque o próprio livro não obriga a uma reflexão, mas ela está lá.

Numa saga com esta qualidade, as grandes personagens não podem faltar, e aqui há para todos os gostos. Umas que se odeiam, outras que admiramos, outras que nos surpreendem. No meu caso, várias ficam na memória mas nenhuma tem o impacto de Morgaine (Artur, com todos os seus dilemas está muito perto de ser tão memorável). A saga segue a evolução desta mulher, e com ela se desenrola. O seu crescimento enquanto personagem principal é fantástico e coerente (todas as personagens importantes apresentam coerência nesta saga), e é com ela que este livro se torna o meu favorito na saga ao abordarmos o caminho que se percorreu pela religião, e os resultados estão à vista.

MZB criou uma saga diferente e com qualidade. A sua visão singular e a facilidade com que me fez gostar ou odiar uma personagem,  demonstra o talento da autora. A saga é muito equilibrada, o que é raro, e este livro não se limita a explicar como tudo acaba. Dá-nos antes a hipótese de pensarmos sobre ela e de a compararmos à realidade. É verdade que é uma saga mais virada para o público feminino, mas não é exclusiva, e para quem gostar do género, com facilidade irá perceber o porquê do enorme êxito desta saga nos últimos anos. Muito bom!

Luis Pinto

terça-feira, 23 de abril de 2013

PRÍNCIPE DE FOGO


Autor: Daniel Silva

Título original: Prince of Fire


Espionagem é o meu género favorito a seguir ao fantástico, mas raramente consigo encontrar um bom livro, pois também não é um género muito explorado no nosso país. Por outro lado, após ter lido O espião que saiu do frio, torna-se difícil encontrar um que tenha a qualidade que pretendemos. Há muito tempo que estava para começar a ler este autor, muitas vezes elogiado pela crítica como um dos melhores escritores neste género, e quando me ofereceram este livro decidi lê-lo, mesmo tendo me conta que é o 5º livro da saga de Gabriel Allon.

Em primeiro lugar devo dizer que tirando um ou outro momento, nunca senti que fosse realmente importante ter lido os livros anteriores. Claro que se o fizesse, conheceria melhor as personagens e os seus passados, mas não é obrigatório para percebermos esta história. Daniel Silva escreve com inteligência e rigor, dois aspetos essenciais para este género literário, e o resultado é um excelente livro.

A personagem Gabriel está muito bem conseguida, e nota-se que há muito tempo que é construída, pois existem pequenos pormenores que fazem a diferença. O enredo desenrola-se à sua volta na maioria do tempo, obrigando o leitor a sentir alguns dos receios e indecisões de um espião que tenta separar a vida pessoal da profissional, mas raramente o outro lado deixa que tal aconteça. Em relação ao vilão, o autor segue a estratégia de nos mostrar muito pouco, não em termos de ação, mas em termos psicológicos. Não é fácil saber como o vilão pensa, quais os seus objetivos nem quais os seus medos, e ao ficarmos nesta ignorância, entramos melhor na pele de Gabriel, e as surpresas têm um impacto maior.

Interessante ainda a forma como o autor expõe muita da história recente do Médio Oriente. Nota-se que há trabalho de investigação e também a tentativa, bem conseguida, de não quebrar muito o ritmo da narrativa com demasiado factos históricos de uma só vez. E com isto o autor parte para uma mistura entre realidade e ficção que ajuda a dar credibilidade a todo o enredo, principalmente porque sentimos que se trata de uma história que não foge muito à realidade que por vezes nos escapa.

Realço ainda a luta numa narrativa que é por vezes parcial, por vezes imparcial, ao mostrar-nos um pouco mais sobre o conflito Israel/Palestina que tem muito para ser explorado. O leitor tem a possibilidade de pensar por si próprio e a postura do personagem principal ajuda. Gabriel não é um herói nato que convença os leitores. É ainda um espião que tem as suas próprias dúvidas e que também tenta pensar em si, e não só no "bem maior". O final está muito interessante e ajuda a tornar o enredo muito melhor. Há outras personagens muito interessantes, mas é a noção que a qualquer momento algo poderá correr mal, que agarra o leitor. O ritmo não oscila muito,ficando num meio termo em que a ação decorre mas somos obrigados a absorver todos os importantes detalhes que mais à frente farão a diferença numa ação ou na construção de uma personagem.

No geral, este é um excelente livro dentro do seu género, com boas personagens e um ambiente que me agradou, levanta, indiretamente, questões morais e religiosas que se enquadram com o enredo. Não é uma obra-prima, mas tem toques de grande inteligência, que me faz querer ler mais livros do autor, tanto os que acontecem depois, como antes deste livro. Totalmente recomendado a quem goste do género!


Luís Pinto

quinta-feira, 18 de abril de 2013

SANGUE DO ASSASSINO



Autor: Robin Hobb

Título original: Golden Fool


Sendo a 2ª metade do livro original, este começa logo após o terminar do anterior e, novamente, comecei a ler e não consegui parar. Todas as grandes sagas nos prendem por algum motivo: Harry Potter, pela sua magia, O Senhor dos Anéis pelo seu mundo, A Guerra dos Tronos pela sua complexidade e crueldade. Esta saga do assassino prende-me pelas suas personagens. A facilidade com que me preocupo com Fitz, Bobo, Breu, entre outros, faz-me ler esta saga sem parar, e isto é algo que poucas séries conseguem.

O ritmo da autora continua lento (é talvez o único defeito da saga que seja facilmente visível), mas, se por um lado poderia dispensar algumas das descrições sobre roupas, percebo que a autora nos liga às personagens principalmente pela forma como escreve, mostrando-nos como Fitz pensa, como é humano, como falha, e como volta a pensar. E assim, lentamente, o livro foca-se nos dilemas de cada personagem e na política necessária para se manter o reino unido. Fitz continua uma personagem realista, com todas as suas falhas (apesar de muito mais maduro que na saga anterior, como já tinha dito noutras opiniões), e mantém-se coerente, falhando onde sempre falhou, por exemplo: a sua enorme incapacidade para ler as outras pessoas.

Falando ainda de personagens, e se olharmos para a construção das mesmas, este é o livro em que a grande maioria ficou totalmente construída. Fitz, Bobo, Breu e até Respeitador, atingem neste livro a sua construção final, e a partir de agora, irão seguir com coerência em relação ao que já lemos sobre eles. Este facto nota-se com facilidade, principalmente com Breu, que se revela em pequenos detalhes que, certamente, serão muito importantes no futuro. A construção está lá, e basta apenas revelar.

O final não é marcante, mas abre um leque enorme de possibilidades, e no global, este livro tem um dos melhores enredos das sagas de Fitz. O enredo, tal como se espera de um livro que está no meio de uma trilogia, não tem um caminho definido a percorrer, pois a trama está em desenvolvimento, e acabamos por perceber que este é o preparar de várias situações futuras... e ao ler cada página imaginei o que poderia acontecer nos próximos livros. No entanto, é interessante ver como este livro foca-se muito mais em sentimentos do que em política ou fantasia.

Ao fim de vários livros sobre Fitz, ainda não estou cansado desta saga, e isto é significativo. Aliás, o que me custa é saber que está quase a acabar. Vibro com as personagens, quero justiça para elas, quero saber os seus segredos, e com isto, acabamos com um livro, que apesar de se passar todo dentro de uma cidade, nunca senti necessidade de sair daquelas muralhas e descobrir mais sobre aquele mundo, pois tudo o que precisava, estava ali.

O livro está bem montado e nota-se como a autora nos dá algo para de seguida nos tirar. Houve pelo menos
duas vezes em que a autora, discretamente, muda o rumo de um diálogo para que as perguntas que nós temos, não sejam feitas pelas personagens, e o segredo mantém-se. E nós continuamos a ler sem parar.

Apesar de a anterior saga ter sido muito boa, esta é superior quase em tudo. A escrita da autora está melhor, as personagens também e não sabemos onde tudo isto irá parar, pois o próprio inimigo não está totalmente definido. Juntamos o facto de Fitz viver na sombra e cheio de dilemas, e sabermos que algum dia tudo será revelado, então torna-se impossível parar de ler.

Para finalizar, vejamos o seguinte: a grande maioria das trilogias, incluindo algumas muito boas, seguem um padrão - introdução, desenvolvimento e conclusão. E o que costumamos ter, é um primeiro livro que nos agarra, um terceiro livro que nos fascina, e o segundo livro acaba por ser o menos marcante quando tudo acaba. Se olhamos para os livros originais de cada saga de Fitz, na primeira saga foi o segundo livro original que mais me marcou, o que é raro. Nesta saga também o segundo livro foi mais viciante do que o primeiro... vamos ver o que acontecerá com o terceiro. Para já, altamente recomendado.

Luís Pinto

terça-feira, 16 de abril de 2013

Passatempo: Pack - A vida de Pi (Livro, Blu-Ray 3D, 8 marcadores)


PASSATEMPO

A vida de Pi

Pack 
 Livro, Blu-ray 3D e 8 marcadores de livros


Hoje temos para vos oferecer um fantástico Pack sobre a obra de Yann Martel: 

- 1 exemplar deste excelente livro, vencedor de vários prémios!
-1 Blu-Ray, versão 3D, do filme de Ang Lee, vencedor de vários Oscars!
- 8 marcadores para usarem nas vossas leituras!



Para se habilitarem a ganhar, basta preencher os dados, responder à pergunta e serem seguidores no blog ou fãs no facebook! Basta clicar em gosto na caixa à direita da página do blog.


O passatempo termina às 23:59h do dia 30 de abril.

A resposta não influencia o sorteio!



Boa sorte a todos!

domingo, 14 de abril de 2013

UM REFÚGIO PARA A VIDA


Autor: Nicholas Sparks

Título original: Safe Haven


A verdade é que nunca li nada deste autor nem vi nenhum dos muitos filmes que foram adaptados dos seus livros. No entanto, quando apareceu a oportunidade de ter um passatempo desta obra, com o apoio da Editorial Presença, decidi aproveitar e dar uma vista de olhos.

Este é considerado um dos melhores livros de Nicholas Sparks, um dos mais bem sucedidos escritores no mundo. Comecei a lê-lo e facilmente percebi que a escrita do autor é leve, objetiva e impondo um ritmo que nunca é lento, tornando a narrativa em algo fácil de se ler. Quer se goste ou não do género, o livro nunca custa a ser lido desde que se esteja aberto a este género literário.

Olhando no global, gostei mais do livro do que estava à espera. A história não é original, nem diferente de outros livros que já li, e o enredo flutua da mesma forma que a grande maioria dos enredo mais românticos, mas funciona e as personagens compensam com detalhes interessantes. Aliás, este livro tem como grande trunfo duas personagens: Katie e Kevin. 
Katie é a mulher que foge do seu marido (Kevin) por ser vítima de maus tratos, e a história desenvolve-se a partir desta mulher, que demonstra aos leitores, enquanto tenta esconder das outras personagens, os traumas que o casamento lhe deixou.

Katie é uma personagem bem conseguida, e foi ela quem me prendeu ao enredo. O ambiente do livro é suave, por vezes alegre, mas o tema principal é negro e está sempre presente: violência doméstica e a dificuldade de se apagar o passado. E assim o livro conquistou-me, devido ao tema principal, forte e que foi bem abordado. No entanto a personagem que me pareceu ter mais qualidade foi Kevin, que dá um toque de realismo ao livro, pois o seu ponto de vista é bem exposto e choca com o de Katie. E isto foi o que gostei mais no livro, pois o vislumbre sobre a mente de Kevin está bem conseguida, mostrando um desequilibro interessante.

E a partir do momento em que Kevin entra no livro, torna-se difícil parar de ler. Esta é uma obra que nos tenta mostrar que as segundas oportunidades existem e diz-nos que devemos ter coragem para abandonar a vida miserável e acreditar que podemos, e merecemos, ser felizes. Mas eu olho para este romance como algo mais negro e que tem como catalisador a mente perturbada de um homem que não terá limites nas suas ações e justificará cada uma como o necessário para ter o seu amor... e a culpa nunca é do agressor, mas sim do agredido. Curioso como cada um arranja desculpas para os seus atos mais desumanos.
O final tem um toque que eu não estava à espera, talvez por não conhecer o autor, e por isso foi inesperado mas necessário para explicar alguns momentos do enredo. Neste aspeto, o final consegue dar mais qualidade a um livro que em certos momentos parecia ser algo forçado, mas que afinal tinha uma explicação. Com este detalhe o livro torna-se melhor (quer se goste da surpresa, ou não), mostrando que foi bem montado.

Para quem lê esta obra, fica na memória o contraste entre Katie e Kevin, pois vemos como o agressor tenta arranjar desculpas para os seus atos, culpando a mulher, e vemos também como a mulher aceita essas culpas devido a uma eficaz tortura mental que se prolonga no tempo... até ao momento em que se liberta. Os traumas estão bem explorados e a interação com Alex e Jo ajuda a suavizar o enredo.

Sendo o primeiro livro que leio deste autor, estava à espera de algo mais "cor de rosa", mas acabei por ler uma obra com temas fortes e situações que existem na nossa sociedade e às quais muita gente fecha os olhos, incluindo os agredidos. 
Para quem goste do género (o público feminino é o alvo), não tenho dúvidas que gostará deste livro, e mesmo que o final seja deslumbrante para uns e desilusão para outros, a leitura é agradável e surpreendeu-me apesar de não ser um livro marcante.

Para quem saber mais sobre o livro e a sua adaptação ao cinema, consulte aqui o site da editora.