segunda-feira, 1 de abril de 2013

DRAGÕES DE UM CREPÚSCULO DE OUTONO


Autor: Margaret Weis & Tracy Hickman

Título original: Dragons of Autumn Twilight



Este é o primeiro livro da trilogia DragonLance que ganhou um grande número de adeptos nas últimas décadas, e rapidamente encontrei o porquê, ou pelo menos aquilo que me parece ser o melhor do livro: o seu ritmo. Mas já lá vamos. Em primeiro lugar, rapidamente percebemos que a base deste mundo é uma mistura de vários livros, entre os quais, O Senhor dos Anéis. A verdade é esta: este livro traz muitos dos clichés da fantasia que ficou famosa com Tolkien, mas a questão é: quantos livros não usaram a mesma base?

Sinceramente, prefiro encontrar bases parecidas do que histórias parecidas, e esta saga DragonLance dá-nos um mundo de fantasia com as bases que já estamos habituados, mas depois cria a sua própria identidade nas personagens e no enredo. No início, o ritmo elevado parece quase matar o livro, pois tudo é apresentado rapidamente, incluindo as personagens, mas depois vemos como os autores preferem dar a informação aos poucos em vez de tudo de uma vez. E com este ritmo fiquei completamente agarrado ao livro até à última página.

A história em si nunca deslumbra quem já estiver habituado à fantasia e a muitas das reviravoltas que costumam ser feitas, contudo, algumas personagens são realmente interessantes. Tanis e Tas são personagens que facilmente gostamos e a cada página, os elementos do grupo vão-se definindo. E, quase sem darmos por isso, esta história, que basicamente é uma luta pela sobrevivência enquanto se procuram respostas, acaba por ganhar força nas ligações entre personagens, e o livro ganha muito com isso.

Para além disso, a forma como a história está montada, tanto em acontecimentos, como em diálogos, leva-nos a criar muitas perguntas que não terão resposta neste primeiro livro, e são essas questões que nos fazem ler ainda mais depressa. O exemplo mais óbvio é o mago Raistlin, que apresenta uma fragilidade física enorme (cliché da fantasia), mas não cai no erro de ser uma personagem demasiado sábia e compreensiva como estamos habituados com a fantasia mais famosa (Gandalf e Dumbledore, por exemplo). As suas falas são enigmáticas e as suas intenções impossíveis de prever, e ao juntarmos a isso as dúvidas que ficam sobre o seu passado, torna-se impossível parar de ler até sabermos tudo sobre ele. Para além disso, Raistlin é ainda a personagem melhor conseguida se tivermos por base o que torna uma personagem bem construída. 

- Não vês nenhuma esperança? - perguntou Tanis.
- Ter esperança é negar a realidade. É a cenoura pendurada diante do burro para o manter a andar na tentativa vã de a alcançar.
- Estás a dizer que deveríamos simplesmente desistir?
- Estou a dizer que deveríamos remover a cenoura e caminhar para a frente com os olhos bem abertos. - respondeu Raistlin.

Rapidamente percebemos que esta saga DragonLance tem uma identidade muito vincada (se é que podemos dizer isto sobre um livro). O Senhor dos Anéis tem o seu mundo, O Mago tem as suas personagens, A Guerra dos Tronos tem a sua complexidade política, social e humana... DragonLance tem o seu ritmo. A história agarra um leitor com facilidade e as descobertas aguçam o apetite, no entanto, devo dizer que é a segunda metade do livro que aumenta a vontade de ler o próximo, pois fica muito por explorar e esclarecer, e também falta saber muito sobre os "maus da fita" que aparecem nos últimos capítulos, entre os quais, dragões!

Existem muitos fatores sobre os quais gostaria de falar, não só sobre em termos de fantasia mas também de personagens e suas decisões, mas, ao explorar certos temas, poderia retirar algum do entusiasmo que os leitores poderão ter ao lerem o livro, e por isso, irei explorá-los apenas nos próximos livros. Mas, devo salientar que se pudesse, retirava os nomes dos capítulos, que ao revelarem um pouco o que irá acontecer, fez com que os deixasse de os ler.

Resumindo, DragonLance não é original na sua base (para quem já tenha lido muita fantasia), mas é muito viciante. A escrita é simples, não existe dificuldade em percebermos tudo o que o livro nos dá, o seu ritmo é elevado e não se perde em descrições que pouco possam dar ao desenvolvimento do enredo. As personagens cativam, apresentam momentos cómicos, e no fim fica a sensação que não lemos uma pérola da fantasia mas gostamos da história e fica o interesse de saber que segredos estão por desvendar. Gostei bastante!

Não costumo recomendar uma saga logo no primeiro livro, e agora também não o farei, mas neste caso posso dizer o seguinte: este primeiro livro será uma boa escolha para quem goste de fantasia e não tenha problemas com alguns clichés, e também é um bom livro para quem queria começar a ler este género. Venha o próximo, porque agora fiquei com muita vontade de ler o resto e saber mais sobre algumas personagens!

Luis Pinto

15 comentários:

  1. Gostei muito to teu texto e do excerto que colocaste! Parabéns.

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  2. Filipe Costaabril 01, 2013

    Também gostei da tua opinião. Já olhei para este livro e a tua opinião fala de coisas interessantes e que me vão levar a comprar o livro mesmo não sendo nada muito original. Também estive a ver no GR e as pessoas falam bastante bem do livro.

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  3. Li esta trilogia à uns anos. Gostei bastante mas aponto os mesmos problemas que tu. Falta originalidade mas de resto está excelente. Como dizes não é uma pérola mas lê-se mesmo muito bem e aconselho porque é muito viciante.

    Continuação de bom trabalho.

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  4. Marco Lopesabril 01, 2013

    Li em inglês e vou comprar esta nova edição. Só pelo Raistlin vale a pena! Parabéns pela excelente análise muito objetiva.

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  5. Jorge Limaabril 02, 2013

    fiquei convencido com esta opinião. Continua a escrever Luís e continua com esta saga. Na net também se fala muito bem desta saga.

    Boas leituras

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  6. Olá Luís,

    Não podia estar mais de acordo com o teu comentário, não tem uma grande complexidade, mas é um livro que se lê muito bem e quanto a mim só pela complexidade do personagem Raistlin (que mete Potter a um canto) vale bem a pena e acredito que ainda venha a ser determinante para o futuro do enredo.

    Parabéns pelo teu comentário, já tinha referido que estava na expetativa para ler a tua critica e penso que está excelente, venham lá os seguintes :)

    Abraço

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    1. Olá Fiacha,

      também já vi a tua opinião e estamos de acordo. Vamos lá ver o que Raistlin nos dá nos próximos livros!

      Abraço e boas leituras!

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  7. E agora fico à espera dos próximos. Acredito que seja uma saga que venha a ter sucesso, pois é fácil de ler e vicia. Vamos lá ver se o Raistlin fica ainda melhor.

    Obrigado a todos pelos comentários!

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  8. Rita Rodriguesabril 05, 2013

    Lá terei de comprar. Obrigado por escreveres Luís. Fazes-me ler cada vez mais.

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  9. Esta série marcou-me a adolescência. Ainda tenho umas edições velhíssimas, tamanho A5, da Europa América.
    Até pode não ser original, mas o texto tem uma leveza óptima de ler e a narrativa é fantástica: acho que os li umas 3 vezes.
    Ainda lá volto...

    Possivelmente em português apenas serão editados os 3 principais, Outono, Inverno e Primavera (os Dragões de Verão são muito posteriores na série), mas para quem tiver curiosidade, existe um mundo de Dragonlance para descobrir: http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_Dragonlance_novels

    http://ocaldeiraoeacolherdepau.blogspot.pt

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    1. Olá Cristina,

      realmente existe um universo enorme de Dragonlance mas provavelmente não os teremos todos em PT. Seria preciso terem um grande êxito. Mas saírem os 3 primeiros já é bom.

      boas leituras!

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