quinta-feira, 14 de maio de 2015

A RAPARIGA NO COMBOIO


Autor: Paula Hawkins

Título original: The girl on the train




Sinopse: Todos os dias, Rachel apanha o comboio...
No caminho para o trabalho, ela observa sempre as mesmas casas durante a sua viagem. Numa das casas ela observa sempre o mesmo casal, ao qual ela atribui nomes e vidas imaginárias. Aos olhos de Rachel, o casal tem uma vida perfeita, quase igual à que ela perdeu recentemente.
Até que um dia...
Rachel assiste a algo errado com o casal... É uma imagem rápida, mas suficiente para a deixar perturbada. Não querendo guardar segredo do que viu, Rachel fala com a polícia. A partir daqui, ela torna-se parte integrante de uma sucessão vertiginosa de acontecimentos, afetando as vidas de todos os envolvidos.



Nunca um livro teve tanto sucesso em tão pouco tempo. Em 3 meses foram vendidos mais de 2 milhões de exemplares que tornaram esta obra no fenómeno mais falado dos últimos tempos e que, provavelmente, lançará as editoras num novo caminho editorial para os próximos tempos.

Em primeiro lugar devemos ganhar noção de que o facto de ser o livro com maior sucesso de sempre em 3 meses, não o torna no melhor de sempre dentro do seu género. Não é assim que funciona o mercado nem as escolhas dos leitores. No entanto, algo de especial ou de diferente este livro terá de ter. Este livro não é fantástico, não é uma obra prima, mas de todos os fenómenos comerciais dos últimos anos (desde distopias adolescentes, passando por enredos eróticos) este é, provavelmente, o melhor livro.

O início do livro é bastante prometedor, pois estamos perante uma mulher que, ao viajar todos os dias no mesmo comboio, acaba por ver casas que estão perto da travessia e começa a criar a sua própria história sobre as pessoas que vê em casa. Com esta base começamos a conhecer as três narradoras com as quais iremos aprender a não confiar em ninguém, nem mesmo nelas próprias.

Com uma escrita rápida e capaz de explorar a personalidade das personagens principais, a autora agarrou-me de forma quase instantânea porque desde o primeiro capítulo que existe a sensação que estamos a ser enganados, que não estamos a ver tudo, falta algo... E, tal como os personagens principais, também nós temos o conhecimento enevoado, sem respostas... e a leitura continua. O resultado é uma leitura compulsiva para vermos até onde irão estes três narradores, quais os erros que irão cometer, quais os seus traumas, quais os seus crimes.

Até que ponto podemos afirmar que conhecemos alguém? Mesmo aquela pessoa com quem passamos a vida juntos, anos e anos, a cada dia... haverá sempre algo que não sabemos, algo que nos irá surpreender, algo que nos é toldado devido a sentimentos que não nos deixam ver. E é nesta base que este livro mistura conceitos usados noutros livros e nos surpreende várias vezes. E é aqui que está o segredo do seu triunfo editorial. "A rapariga no comboio" não é melhor do que outros livros do género, pois existem vários thrillers psicológicos muitos bons com muito menos êxito,  mas que talvez não consigam criar uma mistura de personagens e acontecimentos que nos levam a suspeitar, a ter pena, a ter desdém e a querer saber todos os segredos. É a ligação que se cria entre leitor e enredo que faz a diferença. 

Mas claro que o nosso objetivo enquanto leitores será descobrir o culpado e sabe sempre bem quando um livro nos engana. Aqui não foi o caso, pois a meio do livro já tinha um suspeito e tal confirmou-se no fim. Neste aspeto a escrita comete um único erro, quase impercetível, que me fez descobrir a verdade, mas existem muitos outros segredos que não descobri e que tornaram a leitura muito boa.

Escrita interessante, com capítulos a acabar sempre em crescendo e personagens bem exploradas. É um enredo pesado, negro, sobre personagens que estão no limite. Pode ter alguns clichés e alguns momentos em que a autora deveria ter explicado melhor algumas motivações, mas também tem a capacidade de nos fazer preocupar. "A rapariga no comboio" é um sucesso compreensível ao lermos estas páginas e agradará a todos os fãs de thrillers psicológicos. Se gostam do género, é um livro a ler, sem dúvida.

Luís Pinto 

6 comentários:

  1. Bela análise como sempre Luis. Um livro a ter ao que parece. Vai para a lista da feira do livro.

    ResponderEliminar
  2. Já tinha ouvido falar por alto sobre este livro mas não estava a pensar adquirir. Agora mudaste-me as ideias. Acho que o vou comprar quando sair e ver se também descubro o culpado. Depois digo-te se gostei!

    ResponderEliminar
  3. Grande análise. Estava mesmo à espera que falasses sobre ele para me decidir. Lá vou ter de gastar guito e espero que tenhas razão e as editora apostem neste género.

    ResponderEliminar
  4. Bom dia Luis. Também estava à espera da sua análise a este livro para me decidir. Parecia-me apenas mais um hype mas vejo agora que afinal parece ter qualidade. Vou aproveitar para o comprar assim que o vir à venda.

    Boas leituras

    ResponderEliminar
  5. Era mesmo esta opinião que precisava para me decidir. Estou bastante curioso para ler este livro agora que vi o teu comentário. Personagens que não revelam tudo é algo que gosto e o tema base é muito interessante.

    ResponderEliminar
  6. Já é normal fazeres grande análises a grandes livros. Estava curioso para ver o que irias dizer sobre este livro porque os ultimos grandes best sellers não foram propriamente grandes livros. Parece que este é diferente e fiquei convencido a compra-lo provavelmente na feira.

    Abraço e boas leituras

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.