quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O CONDE DE MONTE CRISTO


Autor: Alexandre Dumas

Título original: Le Comte de Monte-Cristo


Quando li pela primeira vez esta obra-prima de Dumas, fiquei maravilhado. Era uma história espectacular, como nunca tinha lido. Não demorou muito a voltar a lê-lo, afinal de contas não era um livro assim tão grande e eu simplesmente adorava-o. No entanto foram anos mais tarde que me apercebi, que o livro que tinha era apenas um resumo de quatrocentas ou quinhentas páginas. O livro em nenhuma parte indicara ser uma versão resumida. Era então tempo de ler a versão integral. 1200 páginas!
Se não tivesse lido antes a versão resumida, talvez as 1200 páginas fossem um entrave psicológico, mas eu já sabia o que esperar do livro, conhecia e sua qualidade e como tal a leitura começou. Quase não dei pelo tempo passar.
O Conde de Monte Cristo é indiscutivelmente um dos melhores livros que já li. Uma verdadeira obra-prima que qualquer pessoa deve ler, um dos meus livros favoritos, estando muito acima de qualquer adaptação cinematográfica que tenha visto. A personagem principal, Edmond Dantés, mostra-se desde o início como aquele homem cheio de honra, ingénuo por achar que tal moralidade vence no mundo e acima de tudo é um homem realmente bom, preocupado, voluntário para tudo, ajudando o próximo.
Claro que a grande maioria já ouviu falar da história. Dantés, acusado e preso injustamente regressará da prisão onde passou mais de uma dezena de anos, e executará a sua vingança. Esta é a vingança perfeita, durante anos planeada, possibilitada pelo dinheiro e consequente poder. A cada página que lemos mais sorrimos ao ver o progresso de Dantés, o prazer da sua vingança, a perfeição com que a executa, deixando para trás qualquer sentimento que possa atrapalhar. Nós leitores, contamos, um, dois, três... e sorrimos de felicidade ao vermos esta personagem a vencer, mas a vingança nunca preenche totalmente.
As personagens completas, profundas, quase reais, são do melhor que já li, capazes de obrigar qualquer leitor a gostar ou odiar, aproximando-nos tanto do livro que o parecemos viver. Pelo menos foi o que eu senti.
É difícil “arranjar” um tema para este livro. Há quem diga que é sobre amor, outros sobre vingança. Há quem fale que se trata de um livro que busca a prova da existência de Deus, ou de algo que empurra Dantés para a sua vingança. Há ainda quem diga que é a inveja que move este livro, a inveja de pessoas que já têm tanto mas que simplesmente são infelizes por invejar o próximo. Pessoalmente não me sei decidir. Este livro tem tudo o que enumerei antes, e muito mais. Talvez este livro seja a busca da razão na mente de Dantés. Talvez seja a necessidade de ele arranjar um motivo, talvez divino, para o que faz, tornando-o inocente aos seus próprios olhos. A loucura da vingança cega-nos, destrói-nos o sentido de lógica ou moral, e Dumas mostra-nos isso como ninguém.
Qual é o limite que nos obriga a parar? O que precisamos de alcançar numa vingança para nos sentirmos satisfeitos, vencedores? Conseguirá Dantés sentir que recuperou os anos perdidos na prisão? Poderá alguém sentir tal coisa?
Estas 1200 páginas serão difíceis de ler no início, talvez nas suas duzentas ou trezentas páginas iniciais, o ritmo não seja o mais apelativo para alguns, mas trata-se da construção para o que virá, e no fim percebemos que cada página deste livro não está a mais. depois, quando começamos a sentir a injustiça, torna-se impossível de parar. Recomendo absolutamente este livro, como um dos que mais gostei de ler. Uma verdadeira obra de génio de Alexandre Dumas, um verdadeiro clássico, uma leitura obrigatória para qualquer tipo de leitor. Se gostarem tanto deste livro como eu, então garanto-vos que o voltarão a ler e terá sempre um lugar especial na vossa estante.

De realçar ainda como um livro tão antigo consegue parecer tão actual. As suas personagens, as suas motivações, tudo antigo e actual ao mesmo tempo. A natureza humana mantém-se.

22 comentários:

  1. Filipa Correiranovembro 03, 2011

    Conheço o livro mas nunca o li. É assim tão bom?

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  2. Esta tua última frase está muito boa, tal como toda a crítica. Um livro a não perder.

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  3. Filipa, já li o livro mais que uma vez e é uma leitura que vale muito a pena! Todo o enredo do livro está espectacular e a personagem de Dantés evolui de forma espectacular! Dos melhores livros que já li na vida e que não perde qualidade quando se re-lê!

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  4. Filipa, não conheço o Luis pessoalmente, mas se ele diz que é assim tão bom, acredito. É considerado um grande clássico, por isso não deve existir erro nesta apreciação. Eu nunca o li, mas irei faze-lo um dia. Também é preciso tempo para um livro destes.

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  5. Eu já li também mais que uma vez e tal como o Luís, adorei. É um livro que recomendo a qualquer um.

    Luís, já que adoraste esta obra de Alexandre Dumas e presumindo que seja a primeira que tenhas lido, recomendo-te a leitura da obra "OS Três Mosqueteiros" que é tão brilhante quanto esta, mas totalmente diferente. A escrita é igualmente fabulosa e envolve-nos de uma maneira indescritível. Tenho visto por aí uma edição da Book.It a bom preço.
    Isto claro se é que ainda não leste. Se já o fizeste, espero que tenhas gostado =)
    Beijinhos.

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  6. Olá Filipa! Os 3 Mosqueteiros foi o primeiro livro que li de Alexandre Dumas. Quando era puto tive aquele sonho de ser mosqueteiro como o Athos! Adorei o livro e só ainda não falei sobre ele porque já se passaram uns anos desde que o li a última vez e por isso prefiro voltar a lê-lo um dia e depois dar uma opinião. Mas apesar de ter gostado muito dos 3 Mosqueteiros, o meu livro preferido de Dumas será sempre O Conde de Monte Cristo. Há qualquer coisa neste livro que simplesmente me fascina.

    E tu que andas a ler agora?

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  7. Ahh, bem, a minha obra preferida dele também é o Conde de Monte Cristo, sempre. Mas os Três Mosqueteiros também me impressionou por razões diferentes!
    Fizeste-me sorrir com essa frase: " Quando era puto tive aquele sonho de ser mosqueteiro como o Athos! " Muito bom =)

    Eu ando a ler o terceiro e último volume da trilogia Jogos da Fome da Suzanne Collins e também "A Vingança do Assassino" da Robin Hobb, que é o penúltimo livro da Saga do Assassino. Esse está um bocado parado, porque é um livro muito grande e não é nada cómodo para andar comigo no dia a dia, pelo que leio apenas em casa.

    E tu, que andas a ler, se é que posso perguntar? :)

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  8. Não sei porquê, sempre gostei mais do Athos. Havia ali qualquer coisa de especial. Mas sempre gostei de todos e o D'artagnan é das minhas personagens preferidas.
    Ando a ouvir muito bem da trilogia Jogos de fome, mas ainda não a comprei. Talvez para o ano. A saga do Assassino irei ler um dia, mas ainda tenho muitos livros à frente em espera. Neste momento estou a ler Os Anos de Ouro da Pulp Fiction Portuguesa. Adorei a ideia e lancei-me de imediato no livro. Entretanto a ver se escrevo mais umas opiniões quando tiver tempo, de outros livros que já tenha lido.

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  9. Eu por acaso sempre gostei mais do D'Artagnan! :D
    Mas ao dizeres isso, fizeste-me relembrar a personagem do Athos e imaginar como seria um Athos de "carne e osso". =)

    Se posso sugerir, vê mais opiniões. Não quero que invistas na trilogia, depois sinto-me mal se não gostares dela lol.
    Também já estive com a Pulp Fiction Portuguesa na mão, cheguei a folhear. Muito gira :)
    Espero que encontres o tempo e a disposição. Eu cá espero. Boas leituras!

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  10. eheh...o meu mosqueteiro preferido também sempre foi o Athos!
    Para quando alguma crítica sobre livros do C.S.Lewis?

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  11. olá andréM. Confesso que do C. S. Lewis apenas conheço as crónicas de Nárnia. Penso falar sobre essa saga lá mais para o fim do ano, início do próximo. Mais algum livro que recomendes desse autor?

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  12. eu na verdade só li livros das Crónicas mas a literatura Lewiana é extensa e tenho um primo verdadeiramente fã dele. Vou-lhe colocar essa questão...
    boas leituras

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  13. Pretendo ler em breve obrigado pela opnião

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  14. Já ouvi falar muitas vezes mas nunca li. Esta tua opinião vem elevar e muito a opinião que criei sobre este livro e pelos comentários parece que muitos apreciam o livro. Irei comprar quando o encontrar barato.

    João Franco

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  15. Reparei que estavas a fazer comentários e acabei por ler esta opinião que me tinha falhado. Excelente uma vez mais convences-me a mim e a todos.

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  16. O Luis quanto gosta convence qualquer pessoa a comprar o livro.

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  17. Mais um excelente livro e uma excelente crítica. Nunca o comprei também por ser caro, mas uma vez mais pareces convencer-me. Mas só na feira do livro que a crise está forte.

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  18. Sempre a convencer-me. Parabéns outra vez.

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  19. Estou lendo a versao da Zahar, cerca de 1600 paginas, estou quase na 1000 e o livro é excelente, nao cansa, pelo contrario, cada capitulo nos da mais vontade de continuar lendo.
    De longe o melhor livro q ja li, posso afirmar sem nem ter terminado de ler, mas acredito q 1000 paginas seja o suficiente para saber o q é bom e o q nao e o q é excelente.

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