Autor: Anthony Burgess
Título original: Clockwork Orange
A Laranja Mecânica de Anthony Burgess é considerado um dos grandes livros de Ficção-Científica, principalmente pelas inúmeras questões que levanta e também pelas várias ideias que introduz ao género.
Este livro, narrado pelo jovem Alex, traz-nos um mundo violento, uma Londres onde os gangs de adolescentes dominam com os seus actos de “ultra-violência”, roubos, violações, etc… e tal violência é bem sustentada pelo mundo criado, nunca parecendo exagerada. Desde o início percebemos que o narrador nos fala numa linguagem estranha, um "calão" inventado pelo autor e que ao início nos obriga a uma leitura lenta e consecutivas viagens ao glossário para vermos o que significam certas palavras que os adolescentes usam. Uma aprendizagem rápida. Neste aspecto o livro é simplesmente brilhante e digo-vos que quase parece estranho como uma narração tão cheia de “calão” consegue ser tão bela e bem escrita, levando-nos a entrar na história facilmente e a odiar este narrador adolescente, líder de um gang que aterroriza as pessoas.
Mas é quando um assalto corre mal e Alex é preso, que este livro ganha a dimensão que hoje lhe damos. Cobaia de uma experiência do governo, Alex vê-se incapacitado de praticar o mal, mesmo que o deseje., algo que para esta personagem se assemelha à incapacidade de viver. E é aqui que as questões deste livro se levantam!
Onde está o valor moral de uma pessoa? O que faz uma pessoa boa ou má? As suas acções ou a sua vontade? Poderá um cidadão normal ser considerada pior cidadão do que um homem que apenas pode fazer o bem mesmo que verdadeiramente deseje praticar o mal?
A grande maioria das religiões, acreditemos ou não, dizem-nos que algo ou alguém nos criou com a capacidade de escolha, decidir as nossas acções, pois todos conseguimos distinguir o bem do mal. Este livro tira-nos essa escolha. Alex perde a sua identidade, a liberdade de ser quem realmente é. E se inegavelmente se trata de uma transformação benéfica para a sociedade, qual é o limite moral para o que se pode fazer à mente de uma pessoa? será tudo uma questão de "bem maior" ou de liberdade?
Mas afinal o que é a liberdade? Deverá o interesse social estar acima da liberdade de uma pessoa que talvez nem a mereça? Deverá ser dada, em última instância, a decisão ao prisioneiro? Escolher entre a liberdade da sua pessoa dentro de uma prisão ou a vida fora da prisão mas sem a liberdade de escolha que sempre foi um dado adquirido a qualquer ser vivo?
Alex passa de agressor e violador a uma pessoa que apenas pratica o bem. Mas será ele uma boa pessoa? Será ele uma pessoa sequer? Cada leitor terá a sua resposta.
Para quem já viu o filme, Kubrick faz uma adaptação brilhante, e se no global o livro é superior, por apresentar muito mais detalhe deste mundo criado e do próprio narrador, a verdade é que o final no filme agradou-me muito mais do que o fim do livro, mas será uma opinião que varia de pessoa para pessoa, principalmente pela forma como olhamos para o narrador.
A Laranja Mecânica é um excelente livro, a sua qualidade inegável. Pessoalmente não foi um livro que me tenha dado um prazer enorme a ler, também nunca foi maçador, mas é um livro obrigatório aos fãs do género, pelas questões antes mencionadas. A personagem principal, totalmente maléfica, ajuda o leitor a entrar na história e a ficar dividido na última metade do livro, quase que partilhamos a sensação de que algo de mal irá acontecer a qualquer momento e tememos por isso.
No fim perguntamos, o que é mais importante? Um homem normal que escolhe praticar o bem e o mal, ou um homem que não tem como opção praticar o mal? Alguém tem a resposta?
Mais uma excelente crítica a um muito aclamado livro. Uma excelente escolha da tua parte. Vi o filme, não li o livro. As questões de que falas são pertinentes e nota-se que percebeste de forma clara o que este livro transmite. Como sempre dou-te os parabéns pelos teus textos e em relação à pergunta que fazes no fim, opto pela primeira opção.
ResponderEliminarUma vez mais uma excelente opinião. Parabéns. Livro para ler um dia certamente!
ResponderEliminaro bem e o mal são coisas relativas
ResponderEliminarjá a construção linguística do slang (muito mal traduzido no exemplar brasileiro
é algo muy interessante
tal como o Fab dos anos 60
Baboochka velhota era um termo de uso tirado do russo como em Portugal dos anos 60 se dizia
Pachacha Seminova
Bezoomny y Bitva битва (batalha)num is um termo novo um neologismo que não o é são tirados do russo
Bog = God é só por um b
Bratty, brat irmão (ruski)
Domy casa Domus (latintin
Droog, droogie amicus
Gloopy...
Golly dinheiro
Goloss Gloss Glosa voz
To go oly - to go
dirty
Horrorshow - good
Hound-and-horny - common
Rot - mouth
Rozz - policeman
Sabog - Sabot? shoe
Sarky - sarcastic
Shaika - gang
Sharp - woman
Sharries - (expletive to be used with “kiss my –”)
Shest - barrier
Shilarny - interest
Shlaga - club, cudgel
Shlapa - hat
Shlem - helmet
Shoom - noise
Shoomny - noisy
Shoot - fool
Sinny - cinema
To skazat - to say
Skolliwol - school
Skorry - fast
To skvat - to snatch
Sladky - sweet
To sloochat - to happen
To slooshy - to hear
Slovo - word
To smeck - laugh
To smot - to see
Sneety - dream
Snoutie - mucus coming from the nose
To sobirat - to pick up
To spat with - to have sex with
Spatchka - sleep
Starry - old
T
Tashtook - handkerchief
To tolchock - to hit
Twenty-to-one - gang violence
U
Ultra-violence - rape
V
What was vareeting - what was up
Veck - man, guy
Veshch - thing
To viddy - to see
Voloss - hair
Von - smell
To vred - to injure
Y
Yahma - hole
Yahzick - язык tongue
Yarbles - testicles, bollocks
To yeckat - to drive
Zheena - wife
Zlook - ring, sound
Zooby - tooth
é porque ...essa é uma questão interessante
ResponderEliminartodos os jovens
macacos incluídos Têm jogos cruéis
Obrigado pela tua explicação. Também tinha notado que existiam semelhanças, quase uma mistura entre inglês e russo que constrói o calão usado. Thanks. A tradução na versão portuguesa pareceu-me mesmo muito boa e há quem diga que se trata de uma das melhores traduções feitas em Portugal. A versão brasileira não conheço, mas é pena num livro destes se a tradução não estiver ao nivel.
ResponderEliminarExcelente texto como usual. Continue.
ResponderEliminarMais uma excelente opinião, mais um livro para comprar!
ResponderEliminarEsta sua opinião é do melhor que já li. Gosto da sua maneira de escrever. Mantenha este nível e será sempre um excelente blog para ser visitado.
ResponderEliminarMais um excelente texto da tua autoria. Sem dúvida. Vi o filme e adorei. Há muito tempo que tenho o livro por aqui mas ainda não o li. Vou tentar esquecer um pouco mais o filme e depois leio-o. Continuas em grande!
ResponderEliminarParabéns pela opinião Está mesmo muito boa!
ResponderEliminarExcelente crítica, sem dúvida. Parabéns.
ResponderEliminarexcelente crítica. Mesmo muito bom. Grande livro.
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