segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A LARANJA MECÂNICA

Autor: Anthony Burgess

Título original: Clockwork Orange


A Laranja Mecânica de Anthony Burgess é considerado um dos grandes livros de Ficção-Científica, principalmente pelas inúmeras questões que levanta e também pelas várias ideias que introduz ao género.
Este livro, narrado pelo jovem Alex, traz-nos um mundo violento, uma Londres onde os gangs de adolescentes dominam com os seus actos de “ultra-violência”, roubos, violações, etc… e tal violência é bem sustentada pelo mundo criado, nunca parecendo exagerada. Desde o início percebemos que o narrador nos fala numa linguagem estranha, um "calão" inventado pelo autor e que ao início nos obriga a uma leitura lenta e consecutivas viagens ao glossário para vermos o que significam certas palavras que os adolescentes usam.  Uma aprendizagem rápida. Neste aspecto o livro é simplesmente brilhante e digo-vos que quase parece estranho como uma narração tão cheia de “calão” consegue ser tão bela e bem escrita, levando-nos a entrar na história facilmente e a odiar este narrador adolescente, líder de um gang que aterroriza as pessoas.
Mas é quando um assalto corre mal e Alex é preso, que este livro ganha a dimensão que hoje lhe damos. Cobaia de uma experiência do governo, Alex vê-se incapacitado de praticar o mal, mesmo que o deseje., algo que para esta personagem se assemelha à incapacidade de viver. E é aqui que as questões deste livro se levantam!
Onde está o valor moral de uma pessoa? O que faz uma pessoa boa ou má? As suas acções ou  a sua vontade? Poderá um cidadão normal ser considerada pior cidadão do que um homem que apenas pode fazer o bem mesmo que verdadeiramente deseje praticar o mal?
A grande maioria das religiões, acreditemos ou não, dizem-nos que algo ou alguém nos criou com a capacidade de escolha, decidir as nossas acções, pois todos conseguimos distinguir o bem do mal. Este livro tira-nos essa escolha. Alex perde a sua identidade, a liberdade de ser quem realmente é. E se inegavelmente se trata de uma transformação benéfica para a sociedade, qual é o limite moral para o que se pode fazer à mente de uma pessoa? será tudo uma questão de "bem maior" ou de liberdade?
Mas afinal o que é a liberdade? Deverá o interesse social estar acima da liberdade de uma pessoa que talvez nem a mereça? Deverá ser dada, em última instância, a decisão ao prisioneiro? Escolher entre a liberdade da sua pessoa dentro de uma prisão ou a vida fora da prisão mas sem a liberdade de escolha que sempre foi um dado adquirido a qualquer ser vivo?
Alex passa de agressor e violador a uma pessoa que apenas pratica o bem. Mas será ele uma boa pessoa?  Será ele uma pessoa sequer? Cada leitor terá a sua resposta.
Para quem já viu o filme, Kubrick faz uma adaptação brilhante, e se no global o livro é superior, por apresentar muito mais detalhe deste mundo criado e do próprio narrador, a verdade é que o final no filme agradou-me muito mais do que o fim do livro, mas será uma opinião que varia de pessoa para pessoa, principalmente pela forma como olhamos para o narrador.
A Laranja Mecânica é um excelente livro, a sua qualidade inegável. Pessoalmente não foi um livro que me tenha dado um prazer enorme a ler, também nunca foi maçador, mas é um livro obrigatório aos fãs do género, pelas questões antes mencionadas. A personagem principal, totalmente maléfica, ajuda o leitor a entrar na história e a ficar dividido na última metade do livro, quase que partilhamos a sensação de que algo de mal irá acontecer a qualquer momento e tememos por isso.

No fim perguntamos, o que é mais importante? Um homem normal que escolhe praticar o bem e o mal, ou um homem que não tem como opção praticar o mal? Alguém tem a resposta?

12 comentários:

  1. Mais uma excelente crítica a um muito aclamado livro. Uma excelente escolha da tua parte. Vi o filme, não li o livro. As questões de que falas são pertinentes e nota-se que percebeste de forma clara o que este livro transmite. Como sempre dou-te os parabéns pelos teus textos e em relação à pergunta que fazes no fim, opto pela primeira opção.

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  2. Uma vez mais uma excelente opinião. Parabéns. Livro para ler um dia certamente!

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  3. o bem e o mal são coisas relativas

    já a construção linguística do slang (muito mal traduzido no exemplar brasileiro

    é algo muy interessante

    tal como o Fab dos anos 60

    Baboochka velhota era um termo de uso tirado do russo como em Portugal dos anos 60 se dizia
    Pachacha Seminova

    Bezoomny y Bitva битва (batalha)num is um termo novo um neologismo que não o é são tirados do russo


    Bog = God é só por um b


    Bratty, brat irmão (ruski)

    Domy casa Domus (latintin

    Droog, droogie amicus


    Gloopy...

    Golly dinheiro

    Goloss Gloss Glosa voz

    To go oly - to go


    dirty


    Horrorshow - good

    Hound-and-horny - common



    Rot - mouth

    Rozz - policeman


    Sabog - Sabot? shoe

    Sarky - sarcastic

    Shaika - gang

    Sharp - woman

    Sharries - (expletive to be used with “kiss my –”)

    Shest - barrier

    Shilarny - interest

    Shlaga - club, cudgel

    Shlapa - hat

    Shlem - helmet

    Shoom - noise

    Shoomny - noisy

    Shoot - fool

    Sinny - cinema

    To skazat - to say

    Skolliwol - school

    Skorry - fast

    To skvat - to snatch

    Sladky - sweet

    To sloochat - to happen

    To slooshy - to hear

    Slovo - word

    To smeck - laugh

    To smot - to see

    Sneety - dream

    Snoutie - mucus coming from the nose

    To sobirat - to pick up

    To spat with - to have sex with

    Spatchka - sleep

    Starry - old

    T

    Tashtook - handkerchief

    To tolchock - to hit

    Twenty-to-one - gang violence

    U

    Ultra-violence - rape

    V

    What was vareeting - what was up

    Veck - man, guy

    Veshch - thing

    To viddy - to see

    Voloss - hair

    Von - smell

    To vred - to injure

    Y

    Yahma - hole

    Yahzick - язык tongue

    Yarbles - testicles, bollocks

    To yeckat - to drive


    Zheena - wife

    Zlook - ring, sound

    Zooby - tooth

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  4. e ce cê odeia o narradornovembro 08, 2011

    é porque ...essa é uma questão interessante

    todos os jovens

    macacos incluídos Têm jogos cruéis

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  5. Obrigado pela tua explicação. Também tinha notado que existiam semelhanças, quase uma mistura entre inglês e russo que constrói o calão usado. Thanks. A tradução na versão portuguesa pareceu-me mesmo muito boa e há quem diga que se trata de uma das melhores traduções feitas em Portugal. A versão brasileira não conheço, mas é pena num livro destes se a tradução não estiver ao nivel.

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  6. Vasco Fontesnovembro 09, 2011

    Excelente texto como usual. Continue.

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  7. Mais uma excelente opinião, mais um livro para comprar!

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  8. Esta sua opinião é do melhor que já li. Gosto da sua maneira de escrever. Mantenha este nível e será sempre um excelente blog para ser visitado.

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  9. Mais um excelente texto da tua autoria. Sem dúvida. Vi o filme e adorei. Há muito tempo que tenho o livro por aqui mas ainda não o li. Vou tentar esquecer um pouco mais o filme e depois leio-o. Continuas em grande!

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  10. Parabéns pela opinião Está mesmo muito boa!

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  11. Excelente crítica, sem dúvida. Parabéns.

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  12. excelente crítica. Mesmo muito bom. Grande livro.

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