Autor: Hilary Mantel
Título original: Bring up the Bodies
Sinopse: Com esta vitória histórica de O
Livro Negro, Hilary Mantel tornou-se o primeiro autor britânico e a primeira
mulher a receber dois prémios Booker, além de ter sido o primeiro autor a
consegui-lo com dois romances consecutivos.
Continuando o que começou com o
premiado Wolf Hall, regressamos à corte de Henrique VIII para testemunhar a
ascensão de Thomas Cromwell enquanto planeia a destruição de Ana Bolena. Em 1535 Thomas Cromwell é
Primeiro-ministro de Henrique VIII, e o seu sucesso ascendeu a par do de Ana
Bolena. Mas a cisão com a Igreja Católica deixou a Inglaterra perigosamente
isolada e Ana não deu um herdeiro ao rei. Cromwell vê o rei apaixonar-se pela
discreta Jane Seymour. A gerir a política da corte, Cromwell tem de encontrar
uma solução que satisfaça Henrique VIII, salvaguarde a nação e assegure a sua
própria carreira. Mas nem ele nem o próprio rei sairão ilesos dos trágicos
últimos dias de Ana Bolena.
Apesar de não ter lido o primeiro livro da trilogia (Wolf Hall), comecei este livro e agora que o acabei fiquei com duas certezas: primeiro, a leitura do livro anterior, apesar de não ser obrigatória, ajudará a quem faça a leitura continua da trilogia. Em segundo, irei ler Wolf Hall, porque Hilary Mantel é uma escritora fantástica.
Tal como diz na sinopse, Mantel leva-nos a uma tema "muito batido". No meu caso, acreditava que estaria perante um bom livro mas também existia o receio de ir ler mais do mesmo. Mas não. Esta obra afasta-se de outras que li, em vários aspetos. Desde logo a escrita da autora é deveras impressionante, diria mesmo quase perfeita. É bela quando quer, descritiva quando precisa, com um ritmo constante e se nas primeiras páginas podemos vacilar um pouco perante a sua complexidade, ao fim de pouco tempo estamos completamente afundados neste enredo. Eu não consegui parar de ler.
O outro grande trunfo deste livro, que o destaca de outros, é a forma como a autora expõe o enredo. Ao leitor é dado a visão singular de Cromwell sobre a forma como religião e política se juntam e quase dançam numa tentativa de manipular as massas. A juntar a esta visão está o facto de vermos certas personagens pelos olhos de Cromwell, como por exemplo, Henrique VIII. Com facilidade a autora cria e aprofunda a sua personagem Cromwell, de longe a melhor da história, e muito desse aprofundamento vem da forma como nós leitores vemos a história, e criamos, quase indiretamente, uma ligação com a personagem.
Estamos perante um homem que manipula e muda de lado consoante as suas necessidades, tendo sempre o seu objetivo vincado, quase como o próprio livro também demonstra essa objetividade. Cromwell é assim a grande personagem deste enredo, e com a qual seguimos a história, quer gostemos ou não dos seus truques e da forma como vê o mundo e como criar sucesso à sua volta.
Em relação às restantes personagens, devo dizer que todas elas estão muito bem conseguidas. Mantel mostra que tem facilidade em explorá-las mas também em perceber quando o deve fazer, sem quebrar o ritmo. Devo ainda salientar que muita desta qualidade em várias personagens ganha com a visão de Cromwell, que em alguns momentos nos transmite uma noção deveras singular e que tenta explorar algumas características de famosas personalidades e que raramente são expostas noutros livros. Claro que em alguns momentos estamos limitados à forma como Cromwell vê essas personagens, mas nunca o livro tenta impõr uma ideia, o que é importante quando política e religião se misturam desta forma.
Para finalizar, é precisar dizer que o enredo está muito bem conseguido, e juntando à qualidade de algumas personagens, ao ritmo sempre agradável, e à fantástica narrativa criada por Mantel, cria um livro realmente muito bom. Os seus prémios são merecidos e este é, facilmente, um dos melhores livros que li dentro do género. Totalmente recomendado a quem gostar de romances históricos onde o lado negro de quem manda/mandou está muito bem exposto. Um excelente livro que deixa a questão: no meio de tudo isto, afinal quem detém o poder?
Luís Pinto
Estou a ver que tenho de comprar este livro. Parabéns pela excelente análise.
ResponderEliminarAbraço.
Já me deixaste convencida a ler este livro. Nunca li o primeiro e se calhar começo por esse mas com tantos prémios e com esta opinião, vou comprar e mal acabar digo-te se gostei.
ResponderEliminarBjs
Parabéns como sempre a mais uma excelente análise sem revelar nada. Continua com o excelente trabalho. Eu irei comprar este livro, sem falta.
ResponderEliminarAbraço e boas leituras.
Parece interessante, sobretudo para quem procura conhecer melhor a História de Inglaterra, tanto no sentido factual, como no sentido estratégico. Esta ficção, quando é bem feita, permite compreender a História, mais do que conhecê-la. Óptima análise!
ResponderEliminarBoa noite, Luís.
ResponderEliminarSou um grande fã desta autora tal como sou das suas análises. Novamente conseguiu "espremer" o livro e falar do essencial sem revelar a história. Concordo consigo em tudo e estamos perante um dos melhores livros do género dos últimos anos. Parabéns pela análise e recomendo verdadeiramente o livro anterior.
Abraço e boas leituras.
Já estava de olho nele e agora ainda fiquei com maaaaaaaiiiiiissss vontade! És a minha desgraça, Luís.
ResponderEliminarOlá Luis,
ResponderEliminarMais um grande comentário, mas confesso que já tinha lido opiniões muito identicas às tuas sobre os livros da escritora, que o primeiro está muito bom, mas que este está ainda melhor e até esteve com promoções muito apelativas mas acabei por não comprar.
Mas parece-me uma boa prenda de natal para me oferecer a mim próprio os dois livros, fiquei convencido, a ver se descubro outra promoção e ai não posso deixar escapar :)
Excelente comentário ;)
Abraço