Autor: Irvin D. Yalom
Título original: Lying on the couch
Sinopse: Depois do sucesso dos best-sellers internacionais Quando Nietzsche
Chorou e A Cura de Schopenhauer, Irvim D. Yalom regressa com uma
história ambiciosa sobre as virtudes e os princípios da terapia. Neste
provocador romance de ideias, Yalom disseca a complexidade das emoções
humanas através do relacionamento de três terapeutas e dos seus
pacientes. Num romance tocante e angustiante, Yalom estuda as delicadas
fronteiras entre terapeuta e inquisidor, confidente e amante.Seymour, um
terapeuta de renome e ex-presidente da Associação Psiquiátrica
Americana, é adepto de técnicas pouco ortodoxas e inicia um jogo erótico
com uma paciente quarenta anos mais nova. Este tratamento alternativo
parece tirá-la de uma rotina de promiscuidade e autoflagelação. Lash é
um jovem psicanalista com uma fé inabalável na psicanálise e esconde o
seu fanatismo sob a máscara da responsabilidade. Na busca do seu
caminho, inventa uma radical abordagem para as suas sessões: honestidade
brutal entre analista e analisado. Os resultados são tão inesperados
como perigosos. E vê-se na situação de ser vitima da sua própria
cura. Explorando os jogos de poder, Mentiras no Divã é uma história
intensa, eloquente e bem-humorada, em que os dilemas da lealdade se
apresentam com clareza e vigor. Um livro brilhante, inteligente e
apaixonante.
Irvin Yalom é um dos escritores mais constantes que já li. Todos os seus livros, sem exceção, são de uma qualidade muito acima da média e mesmo não sendo este um dos seus melhores livros, é mais uma grande leitura.
Olhando de forma geral para este livro, não ficamos perante um romance dentro do que estamos habituados, mas sim perante uma leitura que, tendo uma história (que é o catalisador e que apresenta muitos diálogos interessantes), tem como objetivo ser didático. Trata-se de um livro para ensinar, que nos faz pensar, e que quase relega para segundo plano o enredo, porque o essencial é o que iremos aprender e o que iremos questionar. O enredo foca-se em duas histórias paralelas, sobre dois casos onde existem três ideias bases: a primeira é que o psicólogo também é um ser humano, a segunda é que nada garante ao psicólogo que esteja a ouvir a verdade do seu paciente, e a terceira prende-se com a questão, que tanto psicólogo como o leitor terão, que é a dúvida se a forma como o psicólogo decide conduzir o tratamento é, ou não, o mais indicado e produtivo.
Olhando primeiro para o facto de o psicólogo, ser, inevitavelmente, um ser humano com os seus próprios problemas pessoais, é preciso louvar a facilidade com o que Yalom expõe as suas personagens. Todas elas com problemas, com segredos, com mentiras e vergonhas, capazes de rivalizar com os problemas dos seus próprios pacientes, tornando este enredo em algo incrivelmente realista.
Por outro lado temos os pacientes, que de forma consciente, ou não, mentem. Este será, provavelmente (isto vendo de um ponto de vista de quem não percebe nada do assunto, eu), um dos problemas da própria terapia: se um paciente não for sincero, como poderá o psicólogo ter, na fase inicial, a melhor abordagem? E num mundo de mentiras, poderá o psicólogo alcançar, em algum momento, a totalidade do problema do seu paciente? Esta é, inevitavelmente, uma relação de confiança e sinceridade, sem aproveitamentos, sem segundas intenções... Yalom explora aqui essas necessidades e as falhas que podem acontecer nestas relação entre psicólogo e paciente.
Com personagens muito bem construídas, Yalom apresenta o seu estrondoso conhecimento sobre o tema, levando-nos a perceber conceitos com facilidade numa linguagem que por vezes foge da normalmente encontrada num romance, para se tornar numa escrita que é simples, mas também académica em alguns momentos. E aos poucos, sem que tivéssemos conscientes no início, o enredo transforma-se num thriller psicológico sob o olhar do psicólogo para com o paciente, aumentando o ritmo da narrativa, colando-nos às páginas até ao surpreendente final em que o último parágrafo ficará na nossa memória durante algum tempo.
Apesar de não ser, tal como já disse antes, o melhor livro de Yalom (para mim é difícil bater A Cura de Schopenhauer), este é mais um grande livro do autor. Não é para todos os leitores, é preciso gostar do tema, mas aqui Yalom tem um enredo mais abrangente, porque existe uma mistura em que o thriller psicológico ganha peso. Falar mais sobre este enredo, com excelentes diálogos, é retirar à leitura momentos que o leitor deve ter e descobrir, sempre tendo como base que nada impede doutor ou paciente de mentir. Faz parte da natureza humana, e sempre fará, em qualquer momento.
Como sempre, uma leitura muito agradável e muito inteligente.
Luís Pinto
Olá! Adorei a tua opinião. Já li alguns livro do Yalom e é impossível parar de ler é como se entrasse na história e não desse para sair. Este ainda não li mas adorei a tua crítica e vou comprar. Bjs e continuação de boas leituras
ResponderEliminarUm autor de grande nome e que merece ser lido. A tua opinião que está muito boa é a demonstração que este é um grande autor que merece ser lido.
ResponderEliminarOlá Luís. Leio todos os teus textos. As tuas críticas a este autor são sempre tão agradáveis que estou a pensar comprar dois ou 3 livros e experimentar porque não o conheço mesmo. Parabéns pelo excelente trabalho. És magnífico a escrever!
ResponderEliminarBoas leituras e muitos anos de blogue pela frente.
Annie
Olá, estou lendo o livro, como conta gotas, pois há informações, experiências da profissão e a genialidade do autor que fazem degustá-lo, como já mencionei, aos poucos. Belo enredo e estou apenas no início do livro. Antonio Dilar Jones
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