Autor: Terry Goodkind
Título original: Wizard's first rule
Este livro é a segunda parte do livro original que deu um enorme sucesso a Terry Goodkind. O primeiro livro demorou a convencer-me, pois o seu início tinha demasiado clichés do género, mas neste segundo livro a história é diferente, pois muito já está apresentado e novamente voltamos a sentir que este mundo tem um grande potencial, como muito que pode ser explorado.
Todavia, este é um livro de altos e baixos e que são difíceis de diferenciar, pois todos os elementos do livro apresentam bons e maus momentos. Os diálogos, por exemplo, é algo que neste livro apresenta inteligência nuns momentos, mas noutros falha totalmente, sem qualquer tipo de objetivo aparente, ficando a dúvida se terão significado nos próximos livros.
Nas personagens acontece o mesmo. Por vezes temos momentos bem construídos e coerentes, noutros momentos nem por isso, e fica a dúvida se o autor está a falhar na concretização do seu livro ou se não nos está a explicar tudo para que sejam os próximos livros a oferecem as respostas. É nestes altos e baixos que o livro se desenvolve, sendo a melhor parte o olhar que temos sobre o vilão, que apesar de previsível, consegue ser uma personagem muito coerente, e no personagem principal que se destaca por não ser o herói que estamos habituados. Num enredo que apresenta alguns clichés do género, é refrescante ter um personagem diferente e que não é facilmente identificado como o herói.
Ta como nas personagens principais, que vamos acompanhando, o enredo está bem estruturado e uma vezes irá surpreender-nos, tal como outras vezes se deixa cair no óbvio. Este "óbvio" deixa uma sensação de que algumas partes da narrativa são forçadas e o problema está no facto de este não ser o fim da saga, mas sim o início de muitos livros que estão para a frente. Com isto ficamos sem saber se o autor está mesmo a forçar ou se terá uma explicação mais para a frente (sim, estou a repetir-me, mas esta é a sensação constante da leitura). Contudo, olhando apenas para este livro, este é um enredo indicado para quem goste de uma fantasia suave com alguns temas adultos. O leitor mais experiente no género, e também mais exigente, encontarará muitos momentos que, provavelmente, não lhe irão agradar, por falta de coerência ou de um provável significado. Por outro lado, um leitor que goste de uma fatansia com ação e um bom ritmo, tem aqui um livro que pode ser uma boa escolha.
Goodkind tenta explorar alguns temas adultos, e com sucesso, apesar de exagerar no facto de olhar apenas para alguns. Por exemplo, Goodkind quer, claramente, apresentar uma narrativa jovem mas que nos recorde, em certos momentos, que este mundo é negro. Esta ideia agrada-me, mas poderá chocar alguns leitor que o autor se foque apenas em possíveis violações de personagens femininas (para além das normais mortes). O problema, uma vez mais, é que estamos no início da saga, e é difícil aceitar certas tedências quando ainda não conhecemos os costumes e tradições deste mundo, quer coisas boas, como festas, quer comportamentos maus, como violações.
No final fica a ideia que este livro não oferece nada de novo ao género, mas que tem tudo para o fazer nos próximos livros. A questão aqui é saber se o autor consegue dar o salto qualitativo que este mundo pede e que pode ser dado, pois muito da sociedade aqui presente está bem conseguida, com pormenores interessantes. Apesar de ainda não me ter convencido, a verdade é que esta saga convenceu muitos leitores por todo o mundo, principalmente jovens adolescentes, e acredito que vai melhorar. Por agora é esperar e ver o que o autor nos irá oferecer nos próximos livros.
Luís Pinto
Luís Pinto