Autor: Brian Selznick
Título original: The Invention of Hugo Cabret
Hugo Cabret é um rapaz órfão que vive numa estação de comboios em Paris. Sem que ninguém o conheça, Hugo dá corda e repara os relógios da estação, passa completamente despercebido e caminha pela enorme estação roubando comida e peças de brinquedos, peças essas necessárias ao seu objectivo – consertar um autómato, um boneco robot que terá a capacidade de escrever.
As motivações de Hugo, e que fazem este livro desenvolver-se no enredo, são simples: primeiro existe uma necessidade de consertar o robot por se trata de algo que o seu pai lhe deixou, e para mais era algo que os dois tentavam consertar até se tornar órfão. No entanto não é difícil perceber que Hugo tenta consertar o robot porque a angustiante verdade é que ele está sozinho, sem ninguém, e poderá existir algo pior para uma criança do que encontrar-se sozinha no seu mundo?
O que me agarrou neste livro nas primeiras páginas foi exactamente essa solidão e a inabalável determinação da criança em conseguir o seu objectivo. Tanto o sentimento de solidão como a determinação do rapaz não são descritas ao leitor de forma directa, mas a verdade é que todo este livro é fácil de perceber, pois a sua escrita simples, direccionada a qualquer pessoa com mais de dez ou doze anos, dão-nos a garantia que nada nos deverá passar ao lado.
Este livro é metade texto, metade desenho, e como tal a sua leitura é muito mais rápida do que poderia parecer ao início quando vemos a grossura do mesmo. No entanto os desenhos, que à partida poderão afastar algumas pessoas, são o que na minha opinião torna este livro uma experiência única e muito agradável. E porquê? Porque ao contrário de outros livros também direccionados a um público mais jovem, este livro apresenta imagens que não se limitam a mostrar-nos o que o texto já nos disse. Aqui as imagens contam a história, levando o leitor a “saltar” entre o texto e o grafismo. Devo ainda assinalar que os desenhos do autor são excelentes, cheios de pormenores, muito bem feitos e com a extraordinária capacidade de transmitir o essencial, quer seja uma acção, um pensamento, um sonho.
Esta é uma obra fácil de ler, com mensagens adultas para quem as procurar. A história é simples e recheada de ambientes maravilhosos, com descrições que nos conseguem passar uma sensação de beleza e acabamos por sonhar juntamente com Hugo. As personagens estão bem conseguidas, algumas delas reais, misturando a ficção com a nossa realidade.
Este livro na minha opinião só peca por ser tão rápido de ler. A verdade é que queria mais história, mais detalhes e é claro que esta sensação apenas fica porque todo o livro foi agradável, nunca sendo um esforço. Fica ainda a sensação que se o tivesse lido há dez anos, teria adorado, sem qualquer dúvida, mas ao lê-lo agora gostava de que fosse mais maduro, mais “negro” principalmente na capacidade de me fazer sentir a solidão da criança. No entanto nota-se claramente que esse nunca foi o objectivo do autor.
Para todos aqueles que procurem uma experiência diferente do normal, este livro é indicado, principalmente pela mistura entre texto e imagens, que aqui funciona na perfeição. Um livro que nos deve fazer pensar sobre o que é a solidão, o que tal sensação pode fazer a uma criança, transformando-a… neste caso é a sua força de vontade, a sua determinação que cresce e se alimenta dessa mesma solidão.
Não é uma obra prima, mas será certamente recordado no futuro como algo diferente e que fica na memória dos leitores. Este autor oferece-nos algo único, uma nova forma de interagir com os livros.
Em relação ao filme que já vi, as diferenças existem, mas não são significativas. Notei algumas diferenças na interacção entre Hugo e Isabelle e ainda algumas diferenças no fim da história. No geral posso dizer que a adaptação está muito boa e fiel, mostrando aquele ambiente mágico que o livro transmite.
Excelente critica! Também achei o mesmo do livro. A adaptação para o cinema está muito boa.
ResponderEliminarTambém gostei da adaptação. Poucas diferenças e está lá o espirito do livro.
EliminarConvenceste-me neste texto. Excelente crítica. Mais um para a wishlist.
ResponderEliminarAH! Uma vez mais convencido. Parece-me uma experiência nova e a tua crítica agradou-me como sempre. Também vai para a minha wishlist de feira do livro!
ResponderEliminarEstou a pensar ver o filme e agora que li esta opinião talvez compre o livro principalmente por me parecer diferente tal como dizes.
ResponderEliminarFilipa
Quero ver a adaptação para cinema. Estou bastante curiosa e com imensas expectativas. Quanto ao livro também já tive oportunidade de o desfolhar e gostei muito do facto de ter ilustrações maravilhosas a acompanhar. :)
ResponderEliminarOs desenhos são muito bons.
EliminarMais um... não posso visitar este blog! :)
ResponderEliminar=)
EliminarJá vi o filme e agora ao passar aqui vi esta opinião. não estava a pensar ler o livro, mas a tua opinião deixou-me curioso. Noto que não veneraste este livro como aconteceu já com outros, mas percebo quando falas em algo diferente e vou ver melhor.
ResponderEliminarÉ a primeira vez que visitei este blog e, aproveito para dar os parabéns ao seu criador. Achei interessante deixar aqui a minha opinião relativamente à crítica deste livro.
ResponderEliminarJá vi o filme. Inicialmente, antes de o ver, queria comprar o livro até porque me fascina mais ler um livro do que ver a adaptação para filme. No entanto, até hoje não tive a oportunidade de o comprar, mas depois desta belíssima crítica, creio que vou finalmente faze-lo, até porque fiquei bastante interessada na obra, pelo facto de esta conter desenhos. Beijinhos e continue assim. Catarina
Olá Catarina.
EliminarObrigado por apareceres por cá. Fico à espera que depois me digas o que achaste do livro. Os desenhos estão muito bons, e o facto de darem continuidade à história torna-o em algo diferente.
Beijinhos