Autor: George R. R. Martin
Título original: A Storm of Swords
Quando comecei este 5º livro da saga do momento, tive algum receio que novamente Martin baixasse o ritmo do livro (tal como fizera no 3º livro) para alargar o leque de personagens de Westeros. Tal não acontece e é este, para mim, o primeiro grande trunfo deste livro. Com um excelente final do anterior, desejava que o ritmo se mantivesse e tal aconteceu porque não existiu nada para acrescentar. Martin pega no que já conhecemos e desenvolve a história com mestria, eu fui levado pelos acontecimentos e não posso protestar. Digo-vos já que é um grande livro!
Este livro pode não ter as revelações de outros, ou os momentos mais sangrentos ou de suspense que nos “prendem a respiração”, mas é, na minha opinião, o melhor livro da saga até aqui, por um simples facto: é o mais consistente. Pode parecer demasiado grande quando o temos na mão, mas as suas linhas são realmente necessárias para o desenrolar da história.
Outro factor de realçar é o quanto este livro nos afasta de algumas personagens para nos aproximar de outras. Catelyn, por exemplo, perde algum fulgor dos livros anteriores tal como acontece com Tyrion, mas a adição dos capítulos de Jaime são fabulosos e para mim o maior trunfo deste livro em particular.
Jaime apresenta-se no desenrolar deste livro, como algo mais do que aquela personagem desagradável de livros anteriores (não estou a querer dizer que agora já não é desagradável enquanto pessoa, mas ao conhecê-la mais profundamente ganhamos uma noção do porquê das suas acções, os seus motivos e as suas lutas interiores). Na minha opinião é uma personagem muito bem conseguida.
Não querendo falar mais das personagens (era obrigatório falar de Jaime), devo dizer que existem alguns momentos que nos prendem realmente (por um ou outro motivo) e outros onde faço a vénia a Martin por ter feito aquilo que não era esperado e também por arriscar no desenrolar dos acontecimentos. Martin tem essencialmente uma escrita imprevisível que torna tudo mais realista e que nos agarra por desconhecermos totalmente o que está para vir. Aliás, há muito que deixei de tentar adivinhar o que aconteceria no capítulo seguinte, pois na grande maioria, Martin parece fugir sempre aos clichés dos romances de fantasia.
Esta imprevisibilidade de que falo é um dos factores que me faz continuar a ler esta saga, o outro factor são as personagens. Estas são personagens das quais realmente gostamos e nos preocupamos, algo que já não sentia desde que li o Harry Potter quando era puto. As personagens são o que faz esta saga essencial se a olharmos como um todo. Gostamos de umas, odiamos outras, mas essencialmente já só queremos saber o final que cada uma terá (e tal fim poderá chegar mais cedo para umas do que para outras, e uma vez mais Martin irá surpreender). Esta saga tem, e sobre isto não tenho a menor dúvida, o melhor conjunto de personagens de todos os livros que já li.
Com um leque tão grande de personagens é óbvio que esta saga ainda tem muito para dar e mesmo muitas páginas até chegarmos ao fim, mas para já sinto que Martin tem sempre aumentado a qualidade. Não me vou alongar muito mais, esperarei pelo fim do 6º livro para dar uma opinião mais pormenorizada. Conseguirá Martin manter a qualidade e o nível de detalhe nas intrigas, movimentações e motivos das dezenas de personagens nesta história?
Vou já ler o próximo livro porque realmente é difícil parar e o Inverno está a chegar.