quarta-feira, 13 de julho de 2011

A DIVINA COMÉDIA

Autor: Dante Alighieri

Título original: Divina Commedia

Muitos devem ter ouvido falar deste livro, mas quantos o leram? Poucos certamente. Este livro, com mais de 400 páginas de poesia, não é um livro fácil de ler e quem não estiver previamente interessado no tema certamente que o colocará na prateleira sem o acabar. No meu caso a leitura foi por vezes algo cansativa (por ser lenta), outras vezes foi sublime. No fim a sensação é que lemos um grande livro. Uma verdadeira peça de arte que será seguramente imortal.
Já várias pessoas me perguntaram porque não dava nota aos livros. A razão é que seguramente dentro de algum tempo acabaria por não ser justo com a nota de um livro quando comprado com outro que tenha lido um ano antes. Mas uma coisa é certa, este livro de Dante teria sempre a nota máxima.
Incrivelmente bem construído, com uma imaginação fabulosa, Dante criou algo que ficará para a história e eu nunca o esquecei. Confesso que por vezes me perdi no significado das suas palavras e provavelmente haverá outras que pensei perceber e talvez não o tenha feito realmente. Não sou nem de longe um especialista na literatura da época e olhando o facto de ser este o único livro de poesia que alguma vez li, também me é difícil perceber até que ponto se enquadra ou não num ou noutro estilo de poesia. Mas para mim a nota só pode ser positiva.
A imaginação de Dante ao descrever-nos o Inferno, Purgatório e Paraíso é de assinalar. Mesmo sendo difícil perceber a sua poesia na totalidade, as imagens criavam-se na minha mente a cada palavra. Para quem não conheça o livro (falarei um pouco sobre a história para melhor conhecimento daqueles que não se atrevam no futuro a lê-lo), Dante é a personagem principal que percorre (acompanhado por Virgílio, autor da Eneida) os vários níveis onde se passa esta história. Juntos entram no Inferno na esperança de encontrar Beatriz, a falecida amada de Dante. A discrição do Inferno é excelente. Adorei-a, com os seus nove níveis, tendo em cada, um ou mais tipos de pecadores e castigos adequados. Porem é à entrada que Dante dá o seu primeiro golpe de génio, pois no portão do Inferno pode ler-se “Deixai toda a esperança, vós que entrais”. Adorei este toque e é sem esperança que entramos no local onde os pecadores serão castigados até ao fim dos tempos. Outro descrição que adorei é sobre o último nível do Inferno, onde se encontram os traidores, como Judas que é lentamente comido por Lúcifer. O último nível é frio, sem fogo, ao contrário de todos os outros. Tal mudança foi algo que nunca me passaria pela cabeça, e gostei.  
De seguida segue-se o Purgatório e no fim temos o Paraíso. Li  o Purgatório quase sem parar, pois é ai que nos é descrito os Sete Pecados Mortais (ou capitais), e foi este o tema que me levou a ler o livro. Uma vez mais a imaginação de Dante deixou-me de boca aberta.
A história acaba de forma feliz, daí o nome “Comédia” e não “Tragédia”. Dante encontra a sua amada Beatriz pouco depois de perder a companhia de Virgílio, pois este não pode entrar no Paraíso. O fim não o revelarei mas uma vez mais adorei.
Este livro foi uma leitura muito lenta. Tentei ao máximo perceber o significado das palavras, tentei perceber o simbolismo e ainda conhecer todas as personagens históricas que Dante vai encontrando pelo caminho, até descobri que uma personagem era portuguesa, mas terei mesmo percebido metade sequer do que Dante escreveu nas suas linhas? A leitura do Inferno e do Purgatório foi  mais apelativa, e admito que no Paraíso foi mais difícil continuar a leitura em bom ritmo. Devo revelar ainda como fiquei surpreso ao perceber como Dante era contra a igreja, apesar de um homem de enorme fé, são bastantes as críticas a Papas, alguns são falados no Inferno, pelo menos um chega mesmo a ser visto enquanto é castigado (que me lembre, talvez apareçam mais).
Este é um livro cheio de simbolismo. Poderia ficar aqui horas a falar sobre como Dante desenhou todo o Universo, em círculos, desde o Inferno até ao imaterial último círculo do Paraíso. Poderia ainda falar da crítica à Igreja, ou de como Dante via pecados que actualmente já não são pecados. Poderia especular como Dante escreveria hoje este livro agora que evoluímos tanto em conhecimento do nosso Universo e quando certos pecados são vistos diariamente e ninguém liga, porque são banais. Poderia falar do simbolismo atribuído a algumas personagens, como Virgílio, Beatriz ou Dante. No entanto tenho de acabar de escrever, e nada melhor do que dizer que este é um livro que considero imortal. Eu, os meus filhos e os meus netos morrerão e este livro ainda será uma obra-prima. Um marco na literatura, um livro rico e difícil de ler e que por vezes não nos dá grande prazer, mas eu pelo menos não consegui parar.
Uma última nota para agradecer todas as notas de rodapé incluídas no livro e que muito jeito dão para percebermos as palavras de Dante. Sem tais notas seria muito difícil perceber o que depois se torna tão óbvio.

7 comentários:

  1. Uma vez mais um grande livro neste blog. Excelentes escolhas literárias. Este é um excelente e antigo livro. Parabéns.

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  2. faço-te uma vénia por teres lido este livro! Parabens.

    Beatriz

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  3. Quanto tempo precisaste para ler este livro? Voltarias a lê-lo?

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  4. olá Lara. Demorei dois meses a ler este livro, mais ou menos. Voltarei a lê-lo um dia, não para já, mas merece certamente que o volte a ler, talvez descobrindo novos significados.

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  5. Dou-lhe os parabéns por ter lido este livro. Excelentes escolhas literárias.

    Américo

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  6. Já ouvi falar muito deste livro. Não o deverei ler por que poesia não é comigo, mas dou-te os parabéns por o teres lido.

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  7. Rui Garciamarço 16, 2012

    Parabéns por este texto. Está mesmo muito apelativo.

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