Autor: Howard Jacobson
Título original: J
Sinopse: Passado num lugar onde a memória coletiva desapareceu e o passado é um território perigoso, que não deve ser visitado e de que não se deve falar, J é uma história de amor estranha e inventiva, terna e aterradora. Kevern não sabe por que razão o seu pai levava dois dedos aos lábios sempre que dizia uma palavra começada por jota. Não era o tempo nem o lugar certos, e continuam a não ser, para se fazer perguntas. Ailinn também cresceu sem saber quem era ou de onde vinha. Quando se conhecem, Kevern sente-se imediatamente atraído por ela e, apesar de desconfiados por natureza, aquilo que os une é de tal forma poderoso que parecem ter sido feitos um para ou outro.
Juntos, formam um refúgio contra a brutalidade corriqueira deixada por uma catástrofe histórica envolta em desconfiança e negação, conhecida simplesmente como AQUILO QUE ACONTECEU, SE É QUE ACONTECEU. À medida que as ações do casal os vão aproximando cada vez mais do perigo, há uma força desconhecida que os quer manter juntos, custe o que custar. Mas a história de amor que os une pode ter consequências devastadoras para a espécie humana.
As distopias estão na moda, principalmente as focadas para um público mais adolescente. Pelo meio de tanto sucesso do género, aparece este "J", uma distopia que muitos comparam aos grandes clássicos, como 1984. Tendo em conta que, na minha opinião, 1984 é um dos melhores livros de sempre, não irei fazer essa comparação. Todavia, é inevitável indicar que estamos perante um grande livro, mas que nem todos irão gostar.
J é um livro estranho, difícil de perceber na sua totalidade e que tem uma poderosa, mas dissimulada mensagem sobre o estado da nossa humanidade. O autor passa uma mensagem forte, no entanto usa uma narrativa estranha, difícil de se perceber no início, e durante algum tempo estamos perdidos, sem respostas. Isso torna o livro bastante apelativo por um lado, mas insustentável por outro. No entanto, é a noção de que estamos a ler algo inteligente que nos leva a continuar, e depois somos recompensados.
Uma interessante diferença entre J e outros clássicos do género está no enredo principal, que é mais apelativo, pois explora as personagens de forma diferente, percorrendo um caminho mais normal, mais sentimental e com questões morais menos preponderantes no início. Todavia, em todas as páginas senti que estava a ser enganado. O autor manipula-me com mestria, engana-me, diverte-me, distrai-me, confunde-me. No fim, precisei de alguns minutos para perceber a totalidade do alcance do que acabara de ler. É no fim que tudo se une, e uma leitura mais apressada ou menos concentrada poderá levar a que o leitor nunca perceba totalmente um livro que tem uma narrativa única.
Enquanto distopia, J distingue-se pela sua qualidade e originalidade, mas distingue-se principalmente pela forma como nos mostra este mundo sobre o qual várias perguntas ficarão sem resposta. O autor quer deixar questões no ar, mas devo salientar que a falta dessas respostas não destrói o enredo. Aliás, em alguns momentos até o reforça, pois o leitor acaba por ter a mesma ignorância que os personagens têm. Esta ginástica narrativa, quando bem feita, cria um ambiente impressionante na leitura, e aqui Jacobson consegue-o.
Globalmente, o que mais apreciei neste livro foi o seu ambiente. Enquanto leitor, senti-me preso, quase controlado pelo enredo. Tal sensação enquadra-se perfeitamente a um enredo sobre o qual não quero revelar nada. J é um livro complicado e nem todos o irão adorar. Alguns irão percebê-lo de forma diferente de mim e também poderão não gostar. Todavia, este é um excelente livro que ganhará vários prémios e que se junta à lista das melhores distopias deste século. Se gostam do género, é um livro a ler, e talvez gostem tanto quanto eu gostei. Arrisquem! Muito bom!
J é um livro estranho, difícil de perceber na sua totalidade e que tem uma poderosa, mas dissimulada mensagem sobre o estado da nossa humanidade. O autor passa uma mensagem forte, no entanto usa uma narrativa estranha, difícil de se perceber no início, e durante algum tempo estamos perdidos, sem respostas. Isso torna o livro bastante apelativo por um lado, mas insustentável por outro. No entanto, é a noção de que estamos a ler algo inteligente que nos leva a continuar, e depois somos recompensados.
Uma interessante diferença entre J e outros clássicos do género está no enredo principal, que é mais apelativo, pois explora as personagens de forma diferente, percorrendo um caminho mais normal, mais sentimental e com questões morais menos preponderantes no início. Todavia, em todas as páginas senti que estava a ser enganado. O autor manipula-me com mestria, engana-me, diverte-me, distrai-me, confunde-me. No fim, precisei de alguns minutos para perceber a totalidade do alcance do que acabara de ler. É no fim que tudo se une, e uma leitura mais apressada ou menos concentrada poderá levar a que o leitor nunca perceba totalmente um livro que tem uma narrativa única.
Enquanto distopia, J distingue-se pela sua qualidade e originalidade, mas distingue-se principalmente pela forma como nos mostra este mundo sobre o qual várias perguntas ficarão sem resposta. O autor quer deixar questões no ar, mas devo salientar que a falta dessas respostas não destrói o enredo. Aliás, em alguns momentos até o reforça, pois o leitor acaba por ter a mesma ignorância que os personagens têm. Esta ginástica narrativa, quando bem feita, cria um ambiente impressionante na leitura, e aqui Jacobson consegue-o.
Globalmente, o que mais apreciei neste livro foi o seu ambiente. Enquanto leitor, senti-me preso, quase controlado pelo enredo. Tal sensação enquadra-se perfeitamente a um enredo sobre o qual não quero revelar nada. J é um livro complicado e nem todos o irão adorar. Alguns irão percebê-lo de forma diferente de mim e também poderão não gostar. Todavia, este é um excelente livro que ganhará vários prémios e que se junta à lista das melhores distopias deste século. Se gostam do género, é um livro a ler, e talvez gostem tanto quanto eu gostei. Arrisquem! Muito bom!
Luís Pinto
Grande análise Luis. Parabéns. Fiquei convencido sem teres falado sequer da história.
ResponderEliminarAbraço
Como sempre uma análise sem revelações e que convence a comprar. Comparações ao 1984 terão de ficar para depois, mas se gostaste assim tanto, vejo que vale a pena arriscar. É um género que me agrada e ainda bem que no meio dos mais juvenis aparece um bom livro mais adulto.
ResponderEliminarDificil não ficar covnencido com a tua opinião até porque não revelas nada e uma pessoa tem sempre confiança ao ler a tua opinião. Estava para comprar um livro esta semana e acho que vai ser este.
ResponderEliminarboas leituras e continua com grande opiniões e passatempos!
Fiquei muito curioso!
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