Autor: Pedro Pinto
Sinopse: Naquela madrugada de setembro de 1878, Serpa Pinto ouve primeiro uma
aziaga a cortar o silêncio da noite africana. Em segundos vê o seu
acampamento rodeado por guerreiros em fúria. Tinha deixado a baía de
Luanda há mais de um ano, resistia no centro de África, a meio caminho
entre o Atlântico e o Índico. No final do ataque surpresa, com quase
tudo perdido, sem homens, sem comida e cercado, talvez fosse altura de
desistir. Mas o seu espírito obstinado e intrépido decide avançar até às
grandes cataratas do Zambeze, até à contracosta. Sonha que aquele seja
um império único, como nunca ninguém viu. Todos aqueles reinos africanos
num espaço natural que vai de Luanda a Lourenço Marques, sob domínio do
rei de Portugal. Mesmo que isso signifique afrontar os interesses que
se movem na sombra. Naquela noite, começa a escrever uma carta para o
rei D. Carlos, na qual por três vezes repete as palavras «cilada» e
«conspiração»… Mais de cem anos depois, Sebastião, a escrever a
biografia de Serpa Pinto, depara-se com este relato. Mas onde está a
carta do explorador para o rei? Será que avisou D. Carlos sobre o que se
passaria a seguir? A quem interessaria uma conspiração
para evitar que Portugal estendesse os seus domínios e fechasse aquele
grande espaço central entre Angola e Moçambique?
Sendo um tema totalmente desconhecido para mim, ao ler a sinopse fiquei com vontade de explorar estas páginas e aprender um pouco mais sobre um homem e sobre um tema que me eram desconhecidos. Neste género de livros, em que a base é um facto histórico, para mim o mais importante é o equilíbrio entre uma boa investigação e a forma como é dada ao leitor sem o saturar com uma leitura que se torne demasiado académica.
Pedro Pinto (é o primeiro livro que leio deste autor) consegue um equilíbrio interessante entre estes dois factores. Aos poucos percebemos que o trabalho de investigação está lá e é exposto na narrativa de forma simples e objetiva, permitindo que qualquer leitor, mesmo sem conhecimentos do tema, consiga entrar no enredo. E é a partir dessa base que o livro arranca lentamente mas sem perder esse equilíbrio. Para mim o ponto mais alto do livro, e que aprecio bastante neste género, é o autor saber quando deve parar o desenvolver da narrativa para explicar algo ao leitor e quando voltar à ação antes que o ritmo da leitura se perca devido ao desgaste de recebermos demasiada informação de uma só vez.
Com um ritmo agradável, o enredo fixa-se em poucas personagens, e em
alguns casos gostaria que o autor as explorasse melhor, mas no geral acaba por não se sentir muito essa falta, principalmente porque o autor canaliza bastante a nossa atenção para o ambiente que as rodeia, com descrições muito interessantes dos vários locais que iremos visitar.
Claro que o autor consegue puxar os factos históricos para um caminho que ajuda ao suspense do livro e também a que a história caminhe num determinado sentido que ajuda a prender o leitor, mas nunca senti que fosse algo forçado. De um ponto de vista global, o autor nunca arrisca em criar algo novo, mas também não entra no ridículo de criar algo que todos vemos ser demasiado forçado, e o resultado final é um livro com ação e mistério, mas sem nunca sair de uma base realista que tantas vezes se pede neste género.
Com isto, Pedro Pinto cria um livro que ensina e que entusiasma, apesar de nunca conseguir viciar como outros fazem, não porque lhe falte qualidade mas porque facilmente se nota que o objetivo do autor não é levar-nos a passar rapidamente para a próxima página, mas sim a ler o livro e a ficar a conhecer um pouco mais da nossa História por intermédio de uma narrativa de mistério. No meu caso, era o que procurava, e por isso gostei, e recomendo a quem gostar do género com base na nossa própria História. No final saberão muito mais sobre Serpa Pinto.
Luís Pinto
Estou em crer que nunca tinha visto este livro mas achei o tema interessante. Parabéns pela boa opinião, como de costume, sem revelar nada. É sempre bom conseguir ler livros sobre a nossa história.
ResponderEliminarAbraço e boas leituras
Bom dia, Luís. Mais uma boa crítica da sua parte. Parabéns. Este livro já estava debaixo de olho e agora deverei comprá-lo pois gostei bastante da sua opinião.
ResponderEliminarAbraço