quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

O PRISIONEIRO DO CÉU


Autor: Carlos Ruiz Zafón

Título original: El prisionero del Cielo




Sinopse: Barcelona, 1957. Daniel Sempere e o amigo Fermín, os heróis de A Sombra do Vento, regressam à aventura, para enfrentar o maior desafio das suas vidas. Quando tudo lhes começava a sorrir, uma inquietante personagem visita a livraria de Sempere e ameaça revelar um terrível segredo, enterrado há duas décadas na obscura memória da cidade. Ao conhecer a verdade, Daniel vai concluir que o seu destino o arrasta inexoravelmente a confrontar-se com a maior das sombras: a que está a crescer dentro de si. Transbordante de intriga e de emoção, O Prisioneiro do Céu é um romance magistral, que o vai emocionar como da primeira vez, onde os fios de A Sombra do Vento e de O Jogo do Anjo convergem através do feitiço da literatura e nos conduzem ao enigma que se esconde no coração do Cemitério dos Livros Esquecidos.


Sem dúvida um dos melhores livro deste autor. Tal como todos os outros livros do autor, também este pode ser lido sem conhecimento das histórias anteriores, mas o conhecimento que os anteriores livros da saga nos dão é essencial para que nos seja possível perceber todos os detalhes que o autor espalha pelo enredo. Atentos, percebemos quando os livros se aproximam, vemos as ligações e tudo fica mais coeso, mais completo, com maior significado.

Neste livro, Zafón cria um grupo muito interessante de personagens e adiciona alguns já conhecidos, como Daniel, o personagem fulcral deste enredo. Aos poucos, enquanto o enredo é desvendado, vemos como Daniel é o catalisador do enredo, o homem que, sem querer, faz toda a trama avançar, desvendar-se e surpreender o leitor. Com uma narrativa dentro do seu estilo, Zafón acelera um pouco mais do que no livro anterior, agarrando o leitor de imediato, mostrando-lhe que a surpresa irá aparecer, e aparece.

No entanto, apesar de o ritmo ser mais alto, o autor não deixa de usar o seu estilo metódico, cheio de significado, por vezes quase incompreensível no imediato, criando no leitor uma sensação de que não estamos a ver tudo, que algo nos está a falhar. 

O que me surpreendeu mais neste enredo é o facto de ele se tornar muito mais psicológico do que eu estava à espera nas primeiras páginas. É verdade que o autor é mestre em levar o enredo para uma área sombria, enevoada, em que a parte psicológica dos personagens se revela, e aqui Zafón tem um dos seus melhores trabalhos no género, e tal é conseguido porque não vemos apenas o personagem a questionar-se... nós também nos questionamos. No fim, quando tudo se revela, as ligações são feitas, os livros encaixam, e sentimos que estamos no final da saga, que o plano de Zafón foi este e foi alcançado com grande qualidade. 

O que Zafón oferece aqui é um livro muito bom que torna toda a saga ainda melhor. É verdade que tem alguns momentos que parecem forçados, outros que são previsíveis, mas nada que retire qualidade a um livro que explora muito bem as suas personagens e transporta o leitor para um mundo sombrio com grande facilidade. Totalmente recomendado a quem gostar do género. Muito bom!

Luís Pinto

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Passatempo: Pack Sylvia Day - vencedor!


PASSATEMPO

Pack Sylvia Day

Feitiço
Pecado


Chegou ao fim mais um passatempo aqui no blog, com muitas participações, e, novamente, devo agradecer aos que tornaram este passatempo possível e a todos os que participaram.

Muito obrigado a todos. Infelizmente apenas podemos oferecer um pack. A todos os que não ganharam, não percam a oportunidade de participar em outros dois passatempos ativos no blog neste momentos.




E o vencedor é:

Marta R. da Cruz Oliveira

Parabéns à vencedora!

Estejam atentos a novos passatempos!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

EU, ALEX CROSS


Autor: James Patterson

Título original: I, Alex Cross




Sinopse: Um crime macabro. Alex Cross acaba de prometer à família que irá estar mais presente nas suas vidas quando recebe a notícia chocante de que a sua sobrinha foi barbaramente assassinada. Determinado a descobrir o criminoso, depressa percebe que ela estava envolvida num esquema de acompanhantes de luxo que concretizavam as fantasias dos homens mais poderosos de Washington, DC. E ela não foi a única vítima.
Um assassino infiltrado no poder. A caça ao assassino leva o detetive e a sua companheira, a detetive Bree Stone, a entrarem num mundo a que só os mais ricos e poderosos têm acesso. À medida que se aproxima da verdade, Alex Cross descobre segredos que poderão fazer tremer o mundo inteiro. Uma coisa é certa: quem está nesse círculo restrito tudo fará para manter os seus segredos bem guardados.



Este foi uma das minhas leituras favoritas deste autor. "Eu, Alex Cross" é mais pessoal do que a maioria dos livros de Patterson e oferece uma mistura do melhor que o autor já nos ofereceu. Curiosamente, é estranho sentir que este livro poderia ser ainda mais rápido, pois tens sub-enredos que pouco oferecem à narrativa principal e à construção de personagens. Mas, podendo ser já uma intro para próximos livros (pois o autor raramente "enche" os seus livros), não o posso criticar até ver o que estes sub-enredos irão oferecer no futuro. 

Aqui Patterson mistura vários temas. A política tem agora um peso maior no enredo e mistura-se nos problemas pessoais das personagens principais. O que Patterson tenta alcançar neste livro é a demonstração que certos acontecimentos podem acontecer a qualquer momento. A vida é mesmo isso... de repente algo pode acontecer. Aqui Patterson tenta colocar Cross nessa situação, em que o "controlo" da sua vida lhe foge devido ao aglomerar de alguns acontecimentos. 

Como sempre, o autor prende-nos com a mesma fórmula, e continua a resultar. A verdade é que facilmente conseguimos identificar os aspetos essenciais desta fórmula vencedora: capítulos curtos em que no final de cada fica a vontade de ler o próximo, ritmo elevado, sem parar para descrever algo que não seja fundamental, e ainda alguns saltos entre "bons" e "maus" para que seja possível perceber o porquê, levando a que não seja necessário receber toda a informação no fim. O problema é que apesar de a fórmula estar estudada, muito poucos a conseguem reproduzir com qualidade, mas Patterson é o mestre do seu peculiar género. 

Com a fórmula usada, Patterson explora o mundo secreto que apenas o dinheiro consegue comprar e manter, criado de imediato uma aura de secretismo na narrativa, pois estamos a ver a descrição de um mundo ao qual não temos acesso, dando ao autor a liberdade para criar, e a nós a liberdade de especular sobre as possibilidades. A isto Patterson alia uma trama mais próxima de Cross e o livro torna-se, tal como o livro anterior, num enredo mais pessoal, ideal para se explorar a família de Cross e os traumas do detetive. 

Tudo o resto que possa aqui analisar apenas irá estragar as surpresas que o autor nos reservou nestas páginas. Intenso, mesmo que mais lento do que os outros livro da série, este é o mais pessoal dos enredos e aquele em que conhecemos melhor Alex Cross, porque é nos piores momentos que nos revelamos realmente, e Cross não é exceção. Mais um livro dentro do nível que James Patterson nos habituou e um dos que gostei mais, principalmente porque ao ir conhecendo o personagem principal, vou apreciando melhor as suas decisões, os seus medos, levando-me a apreciar mais o enredo.

Luís Pinto

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

AS LUZES DE SETEMBRO


Autor: Carlos Ruiz Zafón

Título original: Las luces de septiembre



Sinopse: Um misterioso fabricante de brinquedos que vive em reclusão numa gigantesca mansão povoada de seres mecânicos e sombras do passado... 
Um enigma em torno de estranhas luzes que brilham entre a neblina que rodeia a ilhota do farol. Um ser de pesadelo que se oculta nas profundezas do bosque... 
Estes e outros elementos tecem a trama do mistério que unirá Irene e Ismael para sempre durante um mágico Verão em Baía Azul. Um enigma que os levará a viver a mais emocionante das aventuras num labiríntico mundo povoado de luzes.
Um livro fascinante de intriga, fantasia, mistério e amor com uma tensão e um suspense que aumenta à medida que avançamos na história. E sempre envoltos numa atmosfera ameaçadora.



O fim da trilogia Neblina é o ponto mais alto da mesma. Este terceiro livro da famosa trilogia de Zafón é mais adulto, mais negro, mais intenso, e mesmo sabendo que o livro nos irá surpreender, iremos ficar surpreendidos.

Para mim, este é dos melhores livros juvenis que li nos últimos tempos. Muito mais maduro, o enredo leva-nos por ambientes sombrios e onde o terror ganha um novo peso. A escrita de Zafón consegue ser fascinante, consegue abraçar-nos e levar-nos para uma casa que aos poucos nos arrepia e seduz. E é neste ambiente, magnificamente criado, que a narrativa nos leva a conhecer os personagens principais. Acreditando que cada leitor crie as suas próprias ligações, a minha ligação mais forte neste livro foi com Ismael. A isto se deve o facto de o autor explorar mais estas personagens do que fez nos anteriores livros da saga, tornando o enredo em algo mais pessoal e que tem como base as próprias pessoas.

É esse o grande trunfo do livro, o facto de num ambiente de terror serem os traumas de cada personagem que nos levarão a continuar a ler, querendo saber o que acontecerá de seguida. E, lentamente, o que parece ser um livro de thriller/terror, transforma-se num livro psicológico, onde as personagens e os seus segredos me surpreenderam, tornando, inevitavelmente, este enredo numa história sobre aqueles que se transformam devido a um acontecimento: o abrir dos olhos para a realidade em que vivemos, ou a perda da inocência que nos altera para sempre o caminho que na juventude traçamos para a nossa vida.

Com uma escrita inteligente e cheia de significado, Zafón leva-nos pelos corredores de uma casa que não queremos conhecer, e esses corredores não são mais do que as próprias vidas dos seus personagens, demonstrando que devemos continuar em frente, mesmo que o caminho seja o mais difícil. No final, seremos surpreendidos, e as ligações entre os três livros é feita de forma ténue, mas perfeita. 

Com uma trilogia adolescente, Zafón cresce e leva o leitor a crescer. O leitor mais adulto pode estranhar algumas personagens mais juvenis, alguns momentos mais óbvios, mas no global, a trilogia tem a qualidade que este género de livro deve ter. Rápido, intenso e inteligente, esta é uma trilogia para qualquer idade desde que se goste do género, e acredito que a grande maioria dos fãs do autor gostem muito, porque a magnífica escrita de Zafón está aqui bem presente, dando um toque de qualidade que poucos autores alcançam.

Luís Pinto

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Passatempo: O Bicho-da-Seda


PASSATEMPO

O Bicho-da-Seda
de Robert Galbraith


Hoje começa, em parceria com a Editorial Presença, mais um passatempo que me deixou bastante entusiasmado. Depois de um primeiro livro que gostei bastante, Cormoran Strike está de volta.

Para participarem basta responderem a uma pergunta e preencherem o formulário.

O passatempo termina dia 30 de janeiro e apenas é permitida uma participação por pessoa.

Podem encontrar a resposta à pergunta na sinopse do livro.

Boa sorte a todos!


Sinopse: Quando o escritor Owen Quine desaparece, a sua mulher contrata os serviços do detetive privado Cormoran Strike. De início pensa que o marido se ausentou por uns dias - como já acontecera anteriormente - e recorre a Strike para o encontrar e trazer de volta a casa. No decorrer da investigação, torna-se claro que o desaparecimento do escritor esconde algo mais. Quine tinha acabado de escrever um romance onde caracterizava de forma perversa quase todas as pessoas que conhecia. Se o livro fosse publicado iria certamente arruinar algumas vidas - pelo que haveria várias pessoas interessadas em silenciá-lo. E quando Quine é encontrado, brutalmente assassinado em circunstâncias estranhas, começa uma corrida contra o tempo para tentar perceber a motivação do cruel assassino, um assassino diferente de todos aqueles com quem Strike se tinha cruzado... 

Robert Galbraith é um pseudónimo de J. K. Rowling, a autora dos livros da série Harry Potter e de Uma Morte Súbita, também publicados em Portugal pela Editorial Presença.


segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

ALEX CROSS - A CAÇA


Autor: James Patterson

Título original: Cross Country




Sinopse: O detetive Alex Cross é chamado ao local do pior crime a que alguma vez assistiu. Uma família inteira foi assassinada de forma brutal e impiedosa, e uma das vítimas era uma antiga paixão sua.
O mesmo tipo de crimes sucede-se, mantendo um padrão semelhante: a morte de famílias inteiras, cujos corpos são depois objeto de uma crueldade violenta. Alex Cross e a sua namorada atual, Brianna Stone, mergulham neste caso e enredam-se na teia do mortífero submundo de Washington DC. Aquilo que descobrem é tão chocante que mal conseguem compreendê-lo: os assassinos pertencem a um gangue altamente organizado, encabeçado por um diabólico senhor da guerra conhecido como Tigre. Quando o rasto deste temível assassino desemboca em África, Alex sabe que tem de segui-lo. Desprotegido e só, Alex é torturado e perseguido pelo gangue do Tigre.



Novamente regresso a mais um livro de James Patterson. O seu estilo continua o mesmo e nós voltamos a ler sem parar, sem conseguir fechar o livro antes da última página.

Este livro deixou-me uma sensação estranha, porque acredito que li um dos melhores livros do autor, mas não foi dos que mais me agradou. Começando pela qualidade do livro em si, Patterson cria um enredo que explora bastante as suas personagens principais, principalmente Cross, tornando este livro mais pessoal, mas também mais profundo. A isto alia-se o facto de o autor fugir da sua "zona de conforto" e levar o enredo até África, onde nos irá mostrar algumas das atrocidades feitas em alguns países.

De uma forma geral, devido a esta singular e forte visão, "A caça" é um dos livros mais sombrios da saga, sendo claro que o autor levou Cross a África, não pelo enredo em si, mas para mostrar muito do que lá acontece. Devido a este forçar, é perceptível que alguns momentos são originados por uma coincidência que levará alguns leitores a não gostarem tanto desses momentos forçados, mas a realidade africana consegue prender de tal forma a nossa atenção que esses momentos são deixados para trás.

Todavia, com esse forçar, o enredo perde um pouco a sua capacidade de nos surpreender, pois forca-se mais em África e nas personagens do que na trama. Como já o disse, tal aumentou a qualidade do livro, mas perde um pouco na capacidade de nos surpreender, pois começamos a adivinhar o que aí vem. Tal facto apenas não é mau porque os momentos que Patterson nos dá aqui são de grande intensidade, originando mais um livro rápido, com escrita direta e capítulos curtos que não nos deixam descansar.

O objetivo, bem delineado e estruturado, passa, principalmente, por nos dar uma noção de uma realidade violenta que sabemos que existe, mas que rapidamente nos esquecemos. A realidade de alguns países africanos choca e leva-nos a pensar durante algum tempo sobre as brutais diferenças entre nascer, por exemplo em Portugal, e em países como a Nigéria. Mas, enquanto sociedade, acabamos por esquecer desde que o problema não esteja à nossa frente, e é isso que Patterson faz neste enredo: leva o problema à civilização ocidental, abrindo alguns olhos.

Após ter lido tantos livros do autor, começa a ser fácil adivinhar algumas surpresas caso estejamos atentos. Patterson é vítima do seu próprio ritmo, pois ao apenas escrever sobre o fundamental, por vezes questionamos o porquê de o autor ter escrito aquilo, e depois adivinhamos o porquê. No entanto, por mais que nos seja possível adivinhar algo das páginas seguintes, a verdade é que é impossível parar de ler. Patterson vende o que vende porque consegue praticar a perfeição de uma fórmula vencedora. Os seus livros não são obras primas, não o tentam ser, mas conseguem agarrar o leitor até ao fim, raptando-nos do nosso mundo, vivendo qualquer enredo com grande intensidade. Se gostam do autor, já sabem o que esperar, e mesmo não tendo sido dos que mais gostei, acredito que é, provavelmente, o Alex Cross com mais qualidade que li até agora.

Luís Pinto

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

O PALÁCIO DA MEIA NOITE


Autor: Carlos Ruiz Zafón

Título original: El palacio de la medianoche




Sinopse: No coração de Calcutá esconde-se um obscuro mistério...
Um comboio em chamas atravessa a cidade. Um espectro de fogo semeia o terror nas sombras da noite. Mas isso não é mais do que o princípio. Numa noite obscura, um tenente inglês luta para salvar a vida a dois bebés de uma ameaça impensável. Apesar das insuportáveis chuvas da monção e do terror que o assedia a cada esquina, o jovem britânico consegue pô-los a salvo, mas que preço irá pagar? A perda da sua vida. Anos mais tarde, na véspera de fazer dezasseis anos, Ben, Sheere e os amigos terão de enfrentar o mais terrível e mortífero mistério da história da cidade dos palácios.



Escrevo a opinião a este livro (2º livro da trilogia Neblina) tendo já lido os três. Este é, na minha opinião, o livro mais fraco da série, e apesar de todos livros partilharem poucas ligações, este é o livro que liga os detalhes que tornam a saga melhor, levando-me a afirmar o seguinte: enquanto livro singular, este parece ser um livro normal, sem marcar o leitor, mas quando lemos os três livros da saga, e pensamos sobre tudo o que lemos, vemos as ligações, tornando esta leitura em algo muito mais agradável e com mais significado.

Tal como disse na opinião ao primeiro livro da saga (que podem ler aqui), estes livros são para um público mais juvenil mesmo tendo em conta que os temas são bastante adultos. Este livro, menos juvenil do que o anterior, volta, suavemente, a tocar em assuntos maduros e que levarão alguns leitores a questionarem temas mais controversos.

Todavia, esse não será o objetivo principal do autor, que mesmo tendo criado um livro para qualquer idade, demonstra nas suas páginas que este é um enredo juvenil, com personagens juvenis e diálogos mais simples para que nenhum detalhe nos falte. O ritmo, ligeiramente mais acelerado do que no livro anterior, empurra-nos para a trama principal e não nos dá muito tempo em alguns momentos, não nos deixando questionar para depois sermos surpreendidos.

Ao ser um livro que se foca, principalmente, em dois personagens, a ligação aos mesmos foi rápida. Para tal também ajuda a sensação de urgência que começamos a sentir aos poucos, aumentando a sensação de thriller, ligando-nos às personagens, aumentando o ritmo. No entanto, tal como já disse, por si só este é o mais fraco dos três livros, mas é importante para explicar detalhes do primeiro e terceiro livros da trilogia. Para tal, aconselho-vos a lerem os livros com pouco espaço temporal entre eles, por forma a terem na vossa memória os mais importantes detalhes.

Sendo uma trilogia, apesar de os livros se conseguirem ler isoladamente, deixarei uma opinião mais sólida para o último livro. Até lá, o que vos posso dizer é que sendo um livro mais juvenil, Zafón consegue deixar a sua marca de qualidade, e se gostarem do género e se não fugirem de um enredo menos adulto, então vale a pena lerem estes livros.

Luís Pinto

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

O PIRATA DO REI NA TERRA DO SOL


Autor: Clóvis Bulcão




Sinopse: O Pirata do Rei na Terra do Sol é um romance sensual e vibrante que narra o sequestro da cidade do Rio de Janeiro por René Duguay-Trouin, o lendário corsário francês ao serviço do rei Luis XIV. Em 1711, protegida por um denso nevoeiro, a frota de quinze vasos de guerra invadiu a baía da Guanabara de forma espetacular e aí desembarcaram mais de mil homens. O objetivo era roubar o carregamento anual de ouro do Brasil e desferir um poderoso golpe no orgulho e poderio português. 
Do tráfico de sal e pólvora à revolta dos escravos, da ocupação da cidade ao roubo de barcos por intelectuais, o Rio de Janeiro fervilhou de atos heróicos e vis traições. Uma trama fascinante, habilmente explorada por Clóvis Bulcão, que nos revela a realidade da Mui Leal e Histórica Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro antes da alvorada da independência, rodeada de proibições reais, jesuítas, mulheres sedutoras, tráfico e corrupção sob o esplendor do sol tropical.



Acho que foi o título, talvez por ser bastante grande, que me despertou a atenção. A leitura, rápida e empolgante, teve, na minha opinião, como ponto alto o facto de sentir que este é um romance completo que toca em vários temas. Desde traições políticas, passando por crenças religiosas, e com várias questões financeiras pelo meio, o autor apresenta um livro sólido. Para tal muito contribuiu o mais que óbvio conhecimento do autor em relação a esta época. Clóvis Bulcão explora de forma inteligente muito do que agitava esta sociedade, e mesmo sendo o ouro o mais poderoso dos catalisadores, vemos como tráfico e sexo se misturam numa sociedade descontrolada e perigosa devido à corrupção. 

Mas, para tornar o enredo mais coeso, o autor também explora temas como a escravatura e o poder que a pólvora oferecia a quem a detinha, poder esse que poderia ser militar ou económico. O resultado final é uma narrativa em que o mundo no qual se desenvolve tem uma importância tão grande quanto o próprio enredo porque senti que este mundo era real.

Todavia, na minha opinião, o autor falha na primeira parte do livro por não adensar as suas personagens até meio da narrativa. Ao parecerem algo estereotipadas, não consegui criar a ligação que esperava, relegando as personagens para segundo plano até à segunda metade do livro, altura em que o autor começa a explorar os traumas e os objetivos das personagens principais. Claro que esta falta de profundidade no início não é um erro por si só, mas para mim levou-me a que não me sentisse tão preocupado com as personagens que faziam a história avançar.

Na segunda metade do livro, com esse problema resolvido, começamos a perceber para onde a trama nos leva. No meio de traições, escravatura, política, religião, economia e muito mais, o autor demonstra inteligência ao organizar de forma suave os acontecimentos, culminando com algumas surpresas.

Acima de tudo, este é um livro que se compreende. O autor consegue dar-os uma visão global de um país que está à beira da sua maior mudança. O futuro é incerto e aqueles que governam, ou que têm o poder, decidem sem preocupações, sem remorsos, pois um fator pesa mais do que tudo o resto... o dinheiro. Este é, apesar de todas as histórias que aqui mistura, um livro sobre a degradação de uma sociedade perante históricas decisões. O enredo, parte sempre importante, deve ser saboreado sem grandes conhecimentos do que está para vir, e como tal não irei alongar-me sobre o mesmo nem sobre personagens. O que vos posso dizer é que este foi um livro que demorou a conquistar-me mas que no fim tenho de aplaudir. É sempre  bom acabarmos uma leitura com a sensação que o autor explorou todas as grandes bases de uma sociedade, e acredito, com o pouco conhecimento que tenho desta época, que o autor o conseguiu. No fim, espaço ainda para fazermos algumas ligações com a nossa atual sociedade, mas caberá a cada leitor fazer tal ligação.

Com um ritmo agradável e que acelera em alguns momentos, surpreendendo o leitor, esta é uma leitura interessante, e que apesar de não marcar um género, oferece um olhar muito interessante sobre um acontecimento que provocou uma avalanche de acontecimentos que mudariam a História de algumas nações. Se gostam de romances históricos sobre Portugal e suas colónias, este é um livro a ter em conta. Mais um bom romance sobre a História de Portugal com uma trama que nos surpreende.

Luís Pinto

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Passatempo: Pack Sylvia Day


PASSATEMPO

Pack Sylvia Day

Feitiço
Pecado




O blog Ler y Criticar tem a oportunidade de vos oferecer um pack com 2 livros da autora Sylvia Day, um dos grandes nomes da literatura erótica.

Para se habilitarem a ganhar basta serem fãs ou seguidores do blog e partilharem o passatempo.

Apenas é permitida uma participação por pessoa.

O passatempo termina a 24 de janeiro e o vencedor será contactado por e-mail.

Boa sorte a todos!



segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

O PRÍNCIPE DA NEBLINA


Autor: Carlos Ruiz Zafón

Título original: El Principe de la Niebla




Sinopse: O primeiro livro da trilogia Neblina.
Um diabólico príncipe que tem a capacidade de conceder e realizar qualquer desejo... a um preço muito elevado.
O novo lar dos Carver, numa remota aldeia da costa sul inglesa, está rodeado de mistério. Respira-se e sente-se a presença do espírito de Jacob, o filho dos antigos donos, que morreu afogado.
As estranhas circunstâncias dessa morte só se começam a perceber à medida que os jovens Max, a irmã Alicia e o amigo Roland vão descobrindo factos muito perturbadores sobre uma misteriosa personagem de seu nome… o Príncipe da Neblina.




Após ter gostado bastante de ler um livro de Zafón (opinião aqui), decidi ler mais livros do autor e começar uma das suas famosas sagas. No entanto, em vez de começar pelas grandes obras do autor, decidi ler a trilogia Neblina, sendo estas três obras criadas para um público mais juvenil.

Penso que o essencial nesta obra é absorvermos a história pelo que ela é: um enredo juvenil cheio de temas adultos. No meu caso, a leitura foi rápida e viciante porque consegui "entrar" nesta leitura mais juvenil onde os temas adultos são dados de forma suave e algumas personagens são construídas dentro da previsibilidade dos livros adolescentes. Todavia, dificilmente um leitor adulto não apreciará este livro se gostar de enredos mais juvenis, porque dentro do seu género, Zafón oferece uma obra com qualidade e muita inteligência, proporcionando a base necessária para uma boa trilogia.  

Claro que muitos poderão argumentar sobre o facto de um adolescente ser o herói da história, mas esta é uma história juvenil, tal como Harry Potter o foi e ele também era um adolescente a salvar o mundo. Neste caso é verdade que alguns momentos parecem forçados, mas no fim tudo encaixa, mesmo tendo em conta que este é apenas o início da trilogia. O ambiente criado por Zafón é fantástico, quase palpável, sendo o grande trunfo do autor neste livro e sendo um grande apreciador dos autores que me conseguem transportar para o local onde o livro se passa, aqui quase que também senti a neblina, o frio, a escuridão. 

Sobre a história pouco irei comentar. O ritmo é agradável, necessário num livro mais juvenil, as personagens conhecem-se pelos diálogos bem construídos e facilmente gostamos dos personagens principais. Todavia, é no mistério que esta narrativa tem a sua base, criando um efeito dominó que nos levará a começar o próximo caso tenham gostado deste ambiente.

Zafón é um autor que escreve de uma forma que me agrada. Existe significado nas suas frases, nada parece ter sido escrito por acaso. Obviamente que esta trilogia não é a sua obra prima (A Sombra do Vento será, provavelmente, o livro da sua carreira) mas este é um início de saga agradável, que mistura temas adultos, personagens jovens e significados escondidos, prontos para serem descobertos por cada leitor, e cada um olhará para este livro com uma moral diferente. 

Para já não irei fazer uma opinião mais aprofundada pois ainda faltam dois (apesar de este livro se ler bem sozinho). Vou continuar a ler a trilogia e no próximo livro já terei uma opinião mais fundamentada. Até lá, estou a gostar da base do enredo e acredito que o autor não me irá desiludir, mas, como disse, é preciso olhar para este livro como uma trilogia adolescente e esquecer que foi este autor quem escrever A Sombra do vento. Por agora, estou mesmo a gostar muito.

Luís Pinto

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Passatempo: A vida de Pi - vencedor!


PASSATEMPO

A vida de Pi


Vencedor!


Terminou mais um passatempo no blog e volto a agradecer a todos os que participaram. Infelizmente apenas é possível oferecer um exemplar mas espero que todos continuem a participar nos passatempos que vamos tendo por aqui.

E sem mais demoras, o vencedor é:

Octávio F. Serveira

Parabéns ao vencedor!

Aproveitem para participar nos restantes passatempos ativos no blog!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Passatempo: Nigella


PASSATEMPO

Cozinha com Nigella


O blog Ler y Criticar tem o prazer de vos trazer um novo passatempo em que iremos oferecer um livro da famosa Nigella, com as suas mais famosas receitas.

Para se habilitarem a ganhar basta serem fãs ou seguidores do blog e partilharem o passatempo.

O passatempo termina dia 30 de Janeiro

Apenas é permitida uma participação por pessoa.

O vencedor será contactado por e-mail.

Boa sorte a todos!

O CAVALHEIRO INGLÊS


Autor: Carla M. Soares



Sinopse: 1892. Na sequência do Ultimato inglês e da crise económica na Europa e em Portugal, os governos sucedem-se, os grupos republicanos e anarquistas crescem em número e importância e em Portugal já se vislumbra a decadência da nobreza e o fim da monarquia.
Os ingleses que permanecem em Portugal não são amados.
O visconde Silva Andrade está falido, em resultado de maus investimentos em África e no Brasil, e necessita com urgência de casar a sua filha, para garantir o investimento na sua fábrica.
Uma história empolgante que nos transporta para Portugal na transição do século XIX para o século XX numa descrição recheada de momentos históricos e encadeada com as emoções e a vida de uma família orgulhosamente portuguesa.



Na blogoesfera literária o nome Carla M. Soares tem sido muito falada nos últimos tempos. Tendo sido aconselhado a experimentar ler um livro desta escritora, decidi começar pelo seu mais recente romance.

O primeiro facto que conseguimos captar ao ler este livro é que a autora sabe escrever dentro deste género, principalmente porque consegue equilibrar os momentos de paragens com os momentos de avanço no enredo. Um dos grandes problemas ao se escrever um romance histórico está no facto de não ser fácil contextualizar o leitor na época do enredo sem matar o próprio enredo com um ritmo demasiado lento. Soares consegue manter um ritmo agradável ao não nos dar toda a contextualização de uma vez, mas sim aos poucos, misturada com o enredo, permitindo que comecemos a conhecer as personagens enquanto conhecemos este mundo. 

Claro que ao oferecer uma contextualização durante a leitura, o leitor pode perder alguns significados no início do enredo, mas eu não senti esse problema neste livro, revelando um bom trabalho da autora em dois pontos: no trabalho de investigação e na organização da informação a ser dada ao leitor. O resultado é este ritmo que nos prende ao aliar-se com uma escrita enigmática por parte da autora. Carla Soares vai-nos recordando, de forma suave e indireta, que existem dois ou três pontos fulcrais desta história que ainda não sabemos, e assim avançamos, tentando descobrir um segredo ou uma identidade. 

A autora conquistou-me com os pormenores desta época que me foi dando. É impossível esquecer o momento histórico em que o enredo acontece, e isso é muito importante para sentirmos o ambiente. A história, bem construída, inteligente e com diálogos que nos ajudam a conhecer melhor as personagens, poderá, em alguns momentos, parecer algo perdida ou forçada, mas esta sensação foi apenas passageira, sendo apagada a partir do último terço do livro em que se percebe qual o caminho que a autora irá seguir. O final, que será surpreendente para alguns e mais previsível para outros, é um dos pontos altos, e mesmo tendo percebido com antecedência o que se estava a passar e como iria acabar, a sensação final é de satisfação porque os pontos soltos durante a leitura conseguem convergir, ficando a noção que o enredo oferece todas as respostas essenciais. 

O destaque a narrativa vai para Sofia, que para além de ser o catalisador do enredo, é também a personagem que carrega os temas mais adultos, como o crescer do poder feminino na nossa sociedade perante um conjetura política em auto destruição. É com Sofia, personagem pela qual facilmente se cria simpatia, que iremos ver e compreender esta sociedade, tanto na mentalidade como nas tendências futuras. A questão final poderá ser: o que teremos de sacrificar para mudar uma sociedade, ou até que ponto essa sociedade está pronta para mudar.

Globalmente fiquei impressionado com esta obra de Carla M. Soares. Houve momentos em que não me agarrou totalmente, outros em que não consegui parar de ler. No geral, é impossível não admirar o trabalho da autora na investigação e na mistura que criou entre factos históricos e ficção. O resultado é um livro que se torna cada vez mais realista mas também mais enigmático. Fiquei convencido a ler outros livros da autora assim que surgir a oportunidade. Se gostarem de romances históricos, acredito que Carla M. Soares venha a ser das vossas autoras favoritas. Recomendado.

Luís Pinto

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A PROFECIA DA ÁGUIA


Autor: Simon Scarrow

Título original: The Eagle's Prophecy




Sinopse: Estamos na primavera de 45 D.C. e os centuriões Macro e Cato, dispensados da segunda legião, encontram-se retidos em Roma a aguardar julgamento pelo envolvimento na morte de um oficial. Mas não é apenas o seu futuro que parece incerto... Piratas sanguinários capturaram três pergaminhos délficos que são absolutamente vitais para a segurança de Estado. Estes documentos têm de ser recuperados e os piratas destruídos. Sabendo que Macro e Cato têm a coragem e o engenho para levarem a cabo uma missão dessas, o chefe dos serviços secretos imperiais faz-lhes uma proposta que não podem recusar. Infelizmente vão trabalhar às ordens de Vitélio, um velho inimigo que desprezam e de cuja fidelidade a Roma duvidam. Os três oficiais partem de Ravena na frota imperial, mas os piratas são avisados e infligem uma pesada derrota aos romanos. Em menor número, minados por rumores de traição e fragilizados pela inépcia de um Vitélio desesperado por se redimir, Macro e Cato vão ter de operar um verdadeiro milagre para salvar as suas vidas... e evitar a destruição do Império.



Finalmente regresso à saga da Águia para o seu sexto livro. Simon Scarrow é um autor que me agrada pelo equilíbrio que consegue criar entre os momentos mais lentos e os mais rápidos. Existe nesta saga um pouco de tudo, desde bons diálogos, um enredo e trama viciantes, e batalhas bem criadas, com pormenores que nos transportam para aqueles cenários sentindo a vida dos soldados nestas páginas, quer estejam na batalha, ou no acampamento à espera do próximo momento de ação.

Sendo uma saga que foi melhorando até ao 4º livro e depois a conseguir manter esse rácio entre qualidade e capacidade de viciar o leitor com um ritmo agradável, este 6º livro começa mais lento, com menos ação e com um olhar mais atento a algumas personagens e possíveis tramas futuras. A isto junta-se um conjunto de acontecimentos que parecem algo forçados e que me fizeram ponderar se este livro seria mais fraco, sendo talvez o livro que faça a ponte para uma nova fase da saga.

Todavia, a partir de meio do livro o autor volta ao seu estilo, agarra o leitor com as suas personagens e vemos que afinal este livro não é só uma passagem, mas sim um livro que liga várias pontas soltas dos livros anteriores, o que me agradou bastante. Para tal muito contribui a relação entre Macro e Cato, que sempre foram a base desta saga e que novamente fazem a diferença. 

No entanto, o livro apresenta agora um enredo diferente dos anteriores. O autor foge da sua zona de conforto para explorar outras áreas da vida militar romana. Esta mudança agradou-me por o autor mudar os ambientes. Tal como aconteceu nos livros anteriores, Scarrow vai alternando a base enredos. Foi interessante ver como nos livros anteriores tudo começa com a ideia de que Roma é a luz no mundo e que tudo o resto é bárbaro e negro. Tal ideia foi-se alterando, observando-se o ponto de vista dos povos invadidos, sendo um dos grandes trunfos desta saga até agora. A mudança que temos agora neste livro é diferente, não sendo tão focada em ideais, mas sim no ambiente e consequente estratégia militar. 

O problema desta saga poderá ser a sua forma, onde identificar o inimigo/conspiração e vencê-lo poderá tornar-se demasiado repetitivo. A questão importante é que até agora a saga, apesar de usar uma narrativa sempre semelhante e evoluir da mesma forma a cada livro, nunca foi uma leitura que me custasse a ler. Simon Scarrow consegue proporcionar uma leitura suave e rápida num género que costuma ser denso. É adulto mas também cómico, e é, principalmente, sobre a amizade entre dois personagens e a noção de dever de cada um, principalmente na confiança entre os dois. 

Este 6º livro, continua dentro do que a saga me ofereceu até agora. Nunca é uma obra prima mas é sempre viciante de ler, levando-me a querer continuar para os próximos. É difícil uma saga que já vai com 6 livros continuar a viciar e ser consistente. Simon Scarrow consegue-o, e por isso que tem uma respeitosa legião de fãs a cada livro... Scarrow é um dos nomes a ter em conta neste género, sem dúvida. Venha o próximo! 

Luís Pinto

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

BEST PORTUGUESE BLOG 2014



No fim deste ano de 2014 recebi uma excelente notícia: a iniciativa Top Imprensa decidiu, para além de fazer uma votação para todos os leitores (na qual ganhei o prémio de Melhor blog de Literatura - uma vez mais, obrigado a todos pelos votos!), escolherem os melhores blogs do nosso país, em todos os géneros.

Tal como eles próprios indicaram, a escolha nunca poderá ser fácil porque existe muita qualidade em muitos blogs e porque os géneros são diferentes. 

Foi com grande orgulho, e também muita surpresa, que recebi a notícia de que o meu blog tinha sido considerado o melhor do país este ano, ficando, por exemplo, à frente do fantástico e muito mais famoso, Cinco Quartos de Laranja (e aproveito para enviar um beijinho à sua autora, Isabel).

Estes prémios oferecem uma sensação fantástica ao ponto de não saber o que escrever. Sente-se que alguém reconhece um trabalho que no início não era mais do que uma página para "catalogar" o que ia lendo, escrevendo o que tinha achado do livro para mais tarde recordar, e aos poucos tornou-se num espaço que me dá um enorme prazer. Com este blog conheci muitas pessoas, troquei opiniões, recebi fantásticas recomendações e sinto-me feliz quando vejo que alguém aprecia e dá valor ao que vou escrevendo.

A todos os que por aqui passam para ler, comentar ou participar em passatempos, o meu muito obrigado por ajudarem este espaço a crescer. 2014 foi um ano fantástico, recebi vários prémios, entre críticas de livros e de videojogos, e acredito que muito se deva ao facto de estar a fazer algo que gosto. Enquanto assim for, estarei por aqui a comentar mais livros.

ADRIAN MOLE - Os anos do Cappucino


Autor: Sue Townsend

Título original: Adrian Mole




Sinopse: Adrian Mole está agora na casa dos trinta, divorciado e com um filho, William. É cozinheiro num restaurante londrino e os seus pratos têm sido alvo tanto de crítica quanto de elogios. O amor da sua vida, Pandora Braithwaite, foi recém-eleita deputada do partido trabalhista. Adrian continua a amá-la loucamente mas, para seu grande desgosto, Pandora continua casada. Frustrado afetivamente, Adrian sente-se desiludido com a vida, mas uma carta vinda do passado irá mudar tudo…



Após ouvir vários amigos falarem sobre os livros de Adrian Mole que tinham lido na juventude, decidi ler este devido à oportunidade que a Editorial Presença me deu para oferecer um exemplar antes do Natal. Com um maior interesse por causa do passatempo, comecei a ler esta obra mais juvenil tendo consciência que não é o início da saga e que o próprio personagem principal já amadureceu e deixou de ser o adolescente que os meus amigos mencionam. Agora, tal como a sinopse indica, Adrien está na casa dos trinta e fiquei curioso para saber se a autora continuava a manter o ambiente juvenil nesta saga.

Não conhecendo as personagens, confesso que no início me foi difícil perceber tudo o que estava a acontecer, pois de certeza que existiram diálogos ou acontecimentos com os quais eu deveria ter feito ligações com o conhecimento que os fãs adquiriram nos anteriores livros. Eu não o consegui fazer mas a autora encarrega-se, e bem, de suavemente vincar as personalidades de cada personagem. 

O que me agradou mais foi o equilíbrio que a autora conseguiu criar entre o enredo juvenil e temas adultos (sendo o personagem principal um adulto divorciado com um filho, terão de existir temas mais adultos, mesmo que explorados de forma mais suave), levando-me a acreditar que a autora amadureceu a sua escrita pois os seus leitores também foram crescendo. O resultado final é um livro que agradará a qualquer leitor que goste deste género, qualquer que seja a idade. Da minha parte, fiquei com vontade de ler outros livros do Adrian Mole quando precisar de umas leituras mais leves. A autora apresenta sempre um bom ritmo, os temas são interessantes, existem vários momentos cómicos e gostei das personagens apesar de sentir que mal as conheço.

Os primeiros livros que li, deveria ter uns 6 anos, foram Os Cinco, e apreciei bastante como a autora foi amadurecendo a escrita e enredo durante essa saga. Aqui, com Adrian Mole, voltei a sentir aquela nostalgia de ler livros juvenis, regressar à minha infância e, acredito, que todas as crianças deveriam passar por esta fase que é ganhar o vício de ler, de folhar as páginas e querer saber o que está a seguir.

Mesmo só tendo lido este, e não conseguindo ter uma ideia global da série, acredito que o seu sucesso tem fundamento, e por isso esta é uma saga tão aclamada pelas crianças. Voltarei a este personagem daqui a uns tempos. 

Luís Pinto