terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A PROFECIA DA ÁGUIA


Autor: Simon Scarrow

Título original: The Eagle's Prophecy




Sinopse: Estamos na primavera de 45 D.C. e os centuriões Macro e Cato, dispensados da segunda legião, encontram-se retidos em Roma a aguardar julgamento pelo envolvimento na morte de um oficial. Mas não é apenas o seu futuro que parece incerto... Piratas sanguinários capturaram três pergaminhos délficos que são absolutamente vitais para a segurança de Estado. Estes documentos têm de ser recuperados e os piratas destruídos. Sabendo que Macro e Cato têm a coragem e o engenho para levarem a cabo uma missão dessas, o chefe dos serviços secretos imperiais faz-lhes uma proposta que não podem recusar. Infelizmente vão trabalhar às ordens de Vitélio, um velho inimigo que desprezam e de cuja fidelidade a Roma duvidam. Os três oficiais partem de Ravena na frota imperial, mas os piratas são avisados e infligem uma pesada derrota aos romanos. Em menor número, minados por rumores de traição e fragilizados pela inépcia de um Vitélio desesperado por se redimir, Macro e Cato vão ter de operar um verdadeiro milagre para salvar as suas vidas... e evitar a destruição do Império.



Finalmente regresso à saga da Águia para o seu sexto livro. Simon Scarrow é um autor que me agrada pelo equilíbrio que consegue criar entre os momentos mais lentos e os mais rápidos. Existe nesta saga um pouco de tudo, desde bons diálogos, um enredo e trama viciantes, e batalhas bem criadas, com pormenores que nos transportam para aqueles cenários sentindo a vida dos soldados nestas páginas, quer estejam na batalha, ou no acampamento à espera do próximo momento de ação.

Sendo uma saga que foi melhorando até ao 4º livro e depois a conseguir manter esse rácio entre qualidade e capacidade de viciar o leitor com um ritmo agradável, este 6º livro começa mais lento, com menos ação e com um olhar mais atento a algumas personagens e possíveis tramas futuras. A isto junta-se um conjunto de acontecimentos que parecem algo forçados e que me fizeram ponderar se este livro seria mais fraco, sendo talvez o livro que faça a ponte para uma nova fase da saga.

Todavia, a partir de meio do livro o autor volta ao seu estilo, agarra o leitor com as suas personagens e vemos que afinal este livro não é só uma passagem, mas sim um livro que liga várias pontas soltas dos livros anteriores, o que me agradou bastante. Para tal muito contribui a relação entre Macro e Cato, que sempre foram a base desta saga e que novamente fazem a diferença. 

No entanto, o livro apresenta agora um enredo diferente dos anteriores. O autor foge da sua zona de conforto para explorar outras áreas da vida militar romana. Esta mudança agradou-me por o autor mudar os ambientes. Tal como aconteceu nos livros anteriores, Scarrow vai alternando a base enredos. Foi interessante ver como nos livros anteriores tudo começa com a ideia de que Roma é a luz no mundo e que tudo o resto é bárbaro e negro. Tal ideia foi-se alterando, observando-se o ponto de vista dos povos invadidos, sendo um dos grandes trunfos desta saga até agora. A mudança que temos agora neste livro é diferente, não sendo tão focada em ideais, mas sim no ambiente e consequente estratégia militar. 

O problema desta saga poderá ser a sua forma, onde identificar o inimigo/conspiração e vencê-lo poderá tornar-se demasiado repetitivo. A questão importante é que até agora a saga, apesar de usar uma narrativa sempre semelhante e evoluir da mesma forma a cada livro, nunca foi uma leitura que me custasse a ler. Simon Scarrow consegue proporcionar uma leitura suave e rápida num género que costuma ser denso. É adulto mas também cómico, e é, principalmente, sobre a amizade entre dois personagens e a noção de dever de cada um, principalmente na confiança entre os dois. 

Este 6º livro, continua dentro do que a saga me ofereceu até agora. Nunca é uma obra prima mas é sempre viciante de ler, levando-me a querer continuar para os próximos. É difícil uma saga que já vai com 6 livros continuar a viciar e ser consistente. Simon Scarrow consegue-o, e por isso que tem uma respeitosa legião de fãs a cada livro... Scarrow é um dos nomes a ter em conta neste género, sem dúvida. Venha o próximo! 

Luís Pinto

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