Autor: Ngaio Marsh
Título original: Death in a white tie
Sinopse: As jovens debutantes suspiram, ansiosas. As mães casamenteiras
planeiam minuciosamente cada lanche, baile e jantar. Em Londres, uma
nova temporada está prestes a começar. Mas por detrás de tão enérgica
atividade, a alta sociedade está a ser vítima de um crime tão abjeto
quanto silencioso. Alguém está a chantagear as mais notáveis famílias da
cidade... e essa pessoa também planeia cuidadosamente todos os seus
passos.
O inspetor-chefe Roderick Alleyn, ele próprio um aristocrata, move-se
suficientemente bem naquele meio para perceber que algo de estranho se
passa. Encontrou, até, o aliado perfeito. O seu amigo Lorde Robert
Gospell aceitou misturar prazer e dever num dos bailes mais aguardados
do ano.
E para mal dos seus pecados, o bom lorde descobriu o culpado.
Este é, cronologicamente, o 7º livro com o inspetor Roderick Alleyn, fazendo parte de um total de 32 livros lançados pela autora. Sem qualquer necessidade de ler pela ordem cronológica, cada livro é independente, e por isso a editora decide lançar o que é, indiscutivelmente, o seu mais famoso livro.
Claro que quem ler este livro e souber que existem livros anteriores, irá notar que nos falta algum conhecimento quer na construção das personagens, quer no desenvolvimento de algumas relações. No entanto, fiquei com a sensação que apenas senti esta falta porque sabia que existiam livros anteriores, e se olhar de forma global e objetiva, já encontrei muitos outros livros, inícios de saga, onde também sentimos que existe muito no passado que não sabemos, e nesses casos não existem livros.
Um dos trunfos deste livro é o ambiente que a autora cria numa sociedade luxuosa. A intriga, inveja e segredos sombrios estão por toda a parte, levando a imensas chantagens que ajudam ao mistério, levando-nos a desconfiar de vários suspeitos. A isto alia-se um conjunto de personagens de grande qualidade, bem definidas, que por vezes surpreendem mas que também demonstram os estereótipos da época e sociedade.
Pelo meio temos a personagem principal, Roderick, que para além de uma relação interessante com Agatha e de excelentes diálogos com o seu colega de investigação, consegue ser um homem com o qual nos ligamos facilmente. Senti uma ligação quase imediata com a sua personalidade e acredito que o mesmo aconteça com a maioria dos leitores. Em termos de enredo, o livro começa forte e não o consegui largar, empurrando-me a continuar com novos desenvolvimentos e diálogos onde se sente que fica algo por descobrir. Como em qualquer bom policial, este livro centra-se na busca de provas até à descoberta do culpado, levando o leitor, na maioria dos casos, a alternar entre suspeitos até ao momento final em que tudo é revelado.
Não ter adivinhado o culpado é, para mim, um fator muito positivo e a surpresa foi ainda maior ao ver a inteligência de todo o enredo. Foram vários os diálogos que recordei após o fim da leitura e que ganharam novos significado, demonstrando que a resposta esteve sempre ao nosso alcance, mas que dificilmente a conseguiria prever. Outro ponto a salientar é a narrativa de todo o livro. A autora usa uma escrita bonita, cheia de qualidade e classe, que encaixa de forma perfeita no estilo aristocrático em que o enredo se passa, e que ganha ainda maior fulgor na personalidade do nosso personagem principal.
No global, este é mais um livro muito bom para esta nova coleção da editora ASA, que em três livros oferece três excelentes policiais, sendo difícil dizer qual é o melhor, no entanto eu acredito que este seja o melhor até agora. Aos fãs do género, recomendo os três. A qualidade está presente a cada página e o enredo é muito bom, com personagens que devemos aplaudir.
Luís Pinto
Parece-me mais um bom policial e que irei comprar. Obrigado pela sugestão e pela excelente análise.
ResponderEliminarAbraço e boas leituras
O mais engraçado nos livros policiais é que agradam até os que não são habituais leitores do estilo. Se forem bem concebidos, prendem-nos sempre, surpreendem-nos sempre, que é das maiores vitórias para quem lê e para quem escreve. Parece-me este o caso. :)
ResponderEliminarConcordo consigo, Margarida. A grande maioria dos leitores agarra-se ao mistério de saber quem é culpado. Parabéns também à excelente e objectiva opinião do Luís, sem revelar e deixando ficar o tal bichinho para ler.
EliminarUma leitura que será feita. Tenho de o comprar.
Tenho lido os livros desta coleção e tenho gostado bastante e agora ainda fiquei mais esperançosa neste contigo a dizeres que este foi o que gostaste mais. Vou ler e passo por aqui para deixar opinião.
ResponderEliminarBjs
Olá!
ResponderEliminarLi os outros dois livros desta colecção e gostei muito! Sou leitora assídua de policiais e ando muito entretida com os policiais nórdicos que acho muito bons. No entanto esta colecção leva-nos de volta aos policiais inglesas, com ambientes aristocráticos ou pequenas aldeias com velhotas muito simpáticas.
Este enquadra-se neste tipo e tenho imensa vontade de ler, até porque não descobrir quem é o criminoso é "a alma do livro"!
Obrigada pela opinião clara e concisa.
Ana