quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O PROBLEMA ESPINOSA


Autor: Irvin D. Yalom

Título original: The Spinoza problem



Sinopse: Quando o jovem de dezasseis anos, Alfred Rosenberg, é chamado ao diretor devido a comentários antissemitas no liceu, é obrigado a estudar passagens sobre Espinosa. Rosenberg fica espantado ao descobrir que Goethe, o seu ídolo, era um grande admirador do filósofo português Bento Espinosa. Um judeu. Mais tarde na sua vida, Rosenberg continua a ser perseguido por esse «problema Espinosa»: Como poderia o génio Goethe inspirar-se num membro de uma raça inferior, uma raça que ele estava determinado a destruir?

Espinosa, um judeu português refugiado na Holanda, viveu uma vida de castigo e isolamento. Devido aos seus pontos de vista, foi excomungado da própria comunidade judaica de Amesterdão, e banido do único mundo que sempre conhecera. Apesar de viver com poucos meios, Espinosa produziu obras que mudaram o rumo da História. Com o passar dos anos, Rosenberg tornou-se um ideólogo nazi eloquente, fiel servidor de Hitler, e principal responsável pela política racista do Terceiro Reich. Todavia, a sua obsessão por Espinosa continuava a afetá-lo
.

É o 3º livro que leio deste autor e, uma vez mais, foi uma leitura fantástica. É difícil, pelo menos para mim, conseguir criar uma análise que consiga explorar todos os temas que o escritor aborda. 

Uma vez mais, tal como nos seus livros anteriores, Yalom oferece-nos uma narrativa que se torna numa luta entre duas personagens, neste caso Espinosa e Rosenberg. É uma luta intelectual, uma oposição de ideias, de formas de ver a vida, a sociedade e o valor do que nos rodeia. E, tal como nos anteriores livros, Yalom cria duas personagens de tal forma credíveis, tanto em termos psicológicos com em termos históricos, que acabamos no fim por reparar que nenhuma delas tem a totalidade da razão. É preciso sempre ver os dois lados. À partida podemos pensar que Rosenberg, um dos grandes nomes do Terceiro Reich, estará inevitavelmente errado, mas a verdade é que não o está totalmente numa ou noutra questão, tal como não existe alguém totalmente mau ou bom, nem totalmente sábio ou ignorante.

Com um realismo bem vincado nas suas personagens, principalmente na forma como o autor recria Espinosa a partir das suas ideias, vemos o choque da mentalidade criada por imposição contra a mentalidade recriada pelo pensamento e estudo. Mas não só. A diferença entre estes dois homens é o marco do livro, chegando a um ponto de qualidade só igualmente atingível pelo momento em que estas duas personagens percebem (tal como nós, leitores) que em certos aspetos são tão parecidos.

Outro aspeto bem presente neste livro e um dos maiores trunfos na escrita de Yalom, está na forma como molda a vida destas personagens por forma a nos mostrar, com ações, um pouco mais das suas personalidades. A disparidade com que cada um avança na sua vida, um isolado para uma maior compreensão, o outro necessitado de afeto e da presença de alguém que o enalteça, é, quase inexplicavelmente, suficiente para criarmos um esboço psicológico caso não o tenhamos feito ainda.

Em termos de história, é sempre interessante começar um enredo por algo verídico e aqui Yalom explora muito bem um certo momento. Mas, o que fica vincado, tal como nos anteriores livros do autor, é o seu conhecimento do trabalho de alguns filósofos, e com esse conhecimento cria uma personalidade, uma vida... e deixa uma mensagem a todos os leitores. A forma como o autor explora a mente humana é ímpar, pelo menos para mim, e alia a tal facto a capacidade de criar uma narrativa que não satura, pois tudo é explicado aos poucos de forma a criar um enredo ao mesmo tempo complexo mas de fácil compreensão.

Yalom oferece mais um excelente livro. Para mim, não está ao nível de "A cura de Schopenhauer" (opinião aqui), mas é mais um livro de grande qualidade, que fará qualquer leitor questionar várias visões numa das mais marcantes épocas da nossa humanidade. Yalom leva-nos a questionar a forma como olhamos para algo diferente, a diferença como ouvimos alguém "abaixo" por comparação a alguém "acima" de nós, e o valor que damos ao que ouvimos... mas muito mais. Todos nós, numa esmagadora maioria, deixaremos algo neste mundo, quer seja bom, quer seja mau. Pode ser uma ideia, um simples ato, mas a nossa presença, por muito curta que seja, não é apagada. A presença de Espinosa e as ideias que deixou, ainda fazem eco, e a forma como Yalom expõe tal noção, é realmente impressionante.

Luís Pinto

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

QUANDO O CUCO CHAMA

Autor: Robert Galbraith

Título original: The Cockoo's Calling


Sinopse: Quando uma jovem modelo, cheia de problemas na sua vida pessoal, cai de uma varanda coberta de neve em Mayfair, presume-se que tenha cometido suicídio. No entanto, o seu irmão tem dúvidas quanto a este trágico desfecho, e contrata os serviços do detetive privado Cormoran Strike para investigar o caso.

Strike é um veterano de guerra - com sequelas físicas e psicológicas - e a sua vida está num caos. Este caso serve-lhe de tábua de salvação financeira, mas tem um custo pessoal: quanto mais mergulha no mundo complexo da jovem modelo, mais sombrio tudo se torna - e mais se aproxima de um perigo terrível...


Depois de muita tinta ter corrido sobre a publicação deste livro, assim que foi possível, comecei a lê-lo, ou não fosse este, um livro escrito por J. K. Rowling.

Após ter lido este livro e também o seu outro livro "Morte Súbita", torna-se óbvio que a escrita de Rowling é singular quando tem como público alvo leitores mais adultos. Aliás, agora que sabemos quem escreveu este livro, é fácil encontrar pequenos detalhes onde se nota o toque único da autora. Rowling tem uma capacidade inata de criar diálogos realistas e de, com descrições físicas, mostrar-nos algo mais sobre personagens. No entanto este livro é, em todos os aspetos uma obra superior ao livro anterior.

Em primeiro lugar, trata-se de um livro que me conseguiu "agarrar" desde o início, pois rapidamente o leque de suspeitos se torna grande o suficiente para nos deixar com várias dúvidas. No entanto, na minha opinião, o grande trunfo são as personagens. Rowling cria um pequeno grupo de personagens, com o qual o enredo se desenvolve e que facilmente me cativou. Neste aspeto, Cormoran é de longe a personagem mais marcante e também a com mais qualidade. Aliás, é a partir desta personagem que Rowling avança com a história mas também nos cria dúvidas. Cormoran deixa claro, desde meio da história, que tem uma ideia muito clara do que se passou, e nós, leitores (pelo menos foi o meu caso), tentamos acompanhar o seu raciocínio, perceber quem é o culpado, se é que existe um, e ao mesmo tempo pergunta-mo-nos até que ponto Cormoran estará certo.

O que gostei mais neste livro foram os diálogos. Criando um enredo onde o detetive tenta analisar um crime ocorrido há alguns meses, a forma usada por Cormoran é questionando pessoas, e a forma como ele conduz esses interrogatórios está muito bem conseguida, principalmente porque às falas juntam-se descrições detalhadas sobre as reações das personagens, quer seja um movimento do pé, um desviar do olhar, uma hesitação na fala, tudo serve para nos tentar baralhar as ideias.    

Quando estava perto da página 100 pensei algo deste género "se isto for assim, esta história será fantástica". A minha suposição não tinha qualquer fundamento nem base com que argumentar, simplesmente gostaria de ver algo assim, mas rapidamente desviei o meu olhar para outros suspeitos, acreditando que o meu pensamento inicial não seria possível. Rowling fez-me a vontade (era mesmo assim!) e por isso, dentro do que para mim é um bom policial, este livro consegue atingir o que para mim é essencial. Mas o que me espantou ainda mais foi a forma como a descoberta foi feita. Pelo menos duas vezes senti-me ultrapassado pelo pensamento de Cormoran e quando as suas suposições foram explicadas, percebi que Rowling sempre me deu as respostas, mas eu não liguei os pontos.

Neste aspeto Rowling é fantástica. Tal como em alguns livros de Harry Potter, também aqui as respostas estão ao nosso alcance, pois não há nada que Cormoran saiba que não seja do nosso conhecimento, só que eu não liguei os pontos, e garanto que mesmo adivinhando, por pura sorte, quem era afinal o culpado, não teria capacidade para o provar, e é nesse aspeto que o enredo me surpreendeu.

Para tornar tudo mais intenso, Rowling faz uma crítica indireta a toda a sociedade, desde os ricos e famosos, passando por aqueles que os idolatram e também pelos que vivem às custas dos famosos, como por exemplos as revistas. Apesar de nunca ser uma crítica direta, é interessante ver como a autora explora certos problemas, preconceitos ou até mentiras que existem nestes "seletivos mundos" onde muitos se perdem.

Rowling voltou a brindar-nos com um excelente livro, não me alongo nesta opinião para não revelar nada, e espero que continue com esta saga, talvez, explorando outros temas. Agora que as personagens estão apresentadas e a base está criada, com Cormoran e Robin a serem o centro, esta saga tem tudo para ter sucesso (sucesso esse que este livro alcançou antes de sabermos que era Rowling quem estava do outro lado).

Este não é o melhor policial que já li, mas é muito bom e bastante viciante. O realismo que Rowling dá aos diálogos é palpável e ajudou-me a criar todas as imagens na minha cabeça, tornado as personagens realistas. Um livro totalmente recomendado a quem gostar do género e que várias vezes me surpreendeu.

Luís Pinto

Para mais informações consulte o site da Editorial Presença aqui
Para mais informações sobre o livro Quando o cuco chama, clique aqui

Estamos a oferecer este livro. Não se esqueçam de participar, aqui!

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O LIVRO NEGRO


Autor: Hilary Mantel

Título original: Bring up the Bodies




Sinopse: Com esta vitória histórica de O Livro Negro, Hilary Mantel tornou-se o primeiro autor britânico e a primeira mulher a receber dois prémios Booker, além de ter sido o primeiro autor a consegui-lo com dois romances consecutivos.
Continuando o que começou com o premiado Wolf Hall, regressamos à corte de Henrique VIII para testemunhar a ascensão de Thomas Cromwell enquanto planeia a destruição de Ana Bolena. Em 1535 Thomas Cromwell é Primeiro-ministro de Henrique VIII, e o seu sucesso ascendeu a par do de Ana Bolena. Mas a cisão com a Igreja Católica deixou a Inglaterra perigosamente isolada e Ana não deu um herdeiro ao rei. Cromwell vê o rei apaixonar-se pela discreta Jane Seymour. A gerir a política da corte, Cromwell tem de encontrar uma solução que satisfaça Henrique VIII, salvaguarde a nação e assegure a sua própria carreira. Mas nem ele nem o próprio rei sairão ilesos dos trágicos últimos dias de Ana Bolena.


Apesar de não ter lido o primeiro livro da trilogia (Wolf Hall), comecei este livro e agora que o acabei fiquei com duas certezas: primeiro, a leitura do livro anterior, apesar de não ser obrigatória, ajudará a quem faça a leitura continua da trilogia. Em segundo, irei ler Wolf Hall, porque Hilary Mantel é uma escritora fantástica. 

Tal como diz na sinopse, Mantel leva-nos a uma tema "muito batido". No meu caso, acreditava que estaria perante um bom livro mas também existia o receio de ir ler mais do mesmo. Mas não. Esta obra afasta-se de outras que li, em vários aspetos. Desde logo a escrita da autora é deveras impressionante, diria mesmo quase perfeita. É bela quando quer, descritiva quando precisa, com um ritmo constante e se nas primeiras páginas podemos vacilar um pouco perante a sua complexidade, ao fim de pouco tempo estamos completamente afundados neste enredo. Eu não consegui parar de ler.

O outro grande trunfo deste livro, que o destaca de outros, é a forma como a autora expõe o enredo. Ao leitor é dado a visão singular de Cromwell sobre a forma como religião e política se juntam e quase dançam numa tentativa de manipular as massas. A juntar a esta visão está o facto de vermos certas personagens pelos olhos de Cromwell, como por exemplo, Henrique VIII. Com facilidade a autora cria e aprofunda a sua personagem Cromwell, de longe a melhor da história, e muito desse aprofundamento vem da forma como nós leitores vemos a história, e criamos, quase indiretamente, uma ligação com a personagem.

Estamos perante um homem que manipula e muda de lado consoante as suas necessidades, tendo sempre o seu objetivo vincado, quase como o próprio livro também demonstra essa objetividade. Cromwell é assim a grande personagem deste enredo, e com a qual seguimos a história, quer gostemos ou não dos seus truques e da forma como vê o mundo e como criar sucesso à sua volta.

Em relação às restantes personagens, devo dizer que todas elas estão muito bem conseguidas. Mantel mostra que tem facilidade em explorá-las mas também em perceber quando o deve fazer, sem quebrar o ritmo. Devo ainda salientar que muita desta qualidade em várias personagens ganha com a visão de Cromwell, que em alguns momentos nos transmite uma noção deveras singular e que tenta explorar algumas características de famosas personalidades e que raramente são expostas noutros livros. Claro que em alguns momentos estamos limitados à forma como Cromwell vê essas personagens, mas nunca o livro tenta impõr uma ideia, o que é importante quando política e religião se misturam desta forma.

Para finalizar, é precisar dizer que o enredo está muito bem conseguido, e juntando à qualidade de algumas personagens, ao ritmo sempre agradável, e à fantástica narrativa criada por Mantel, cria um livro realmente muito bom. Os seus prémios são merecidos e este é, facilmente, um dos melhores livros que li dentro do género. Totalmente recomendado a quem gostar de romances históricos onde o lado negro de quem manda/mandou está muito bem exposto. Um excelente livro que deixa a questão: no meio de tudo isto, afinal quem detém o poder?

Luís Pinto 

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Passatempo: O Herói Discreto - Vencedor!


PASSATEMPO

O Herói Discreto
de Mario Vargas Llosa

Prémio Nobel da Literatura

Chegou ao fim mais um passatempo, desta vez com a assinatura deste grande autor.

Obrigado a todos os que participaram ou ajudaram à divulgação do passatempo. Para os que não venceram, desejo-lhe melhor sorte nos próximos passatempos.

E quem vai receber este livro em casa é:

Ana Rute Aguiar

Parabéns à vencedora!

Mais passatempos em breve! Estejam atentos!

A ESPADA DO LICTOR


Autor: Gene Wolfe

Título original: The Sword of the Lictor


Este é o terceiro livro da saga "O Livro do novo Sol" e novamente Gene Wolfe consegue fazer melhor do que no livro anterior. Faltando ainda dois livros para o fim desta saga, não me irei adiantar muito nesta opinião, falando apenas do essencial.

Tal como nos livros anteriores, Gene Wolfe continua com a sua narrativa complexa e profunda, levando o leitor a questionar e a montar todos os acontecimentos na sua cabeça. Severian é um narrador único, capaz de criar ligações no leitor mesmo quando nos obriga a posicionar todos os detalhes essenciais para percebermos tudo o que está a acontecer. Wolfe mantém a forma estruturada dos anteriores livros, ficamos sempre com a sensação que quando voltarmos a ler esta saga tudo será ainda melhor, e aos poucos as respostas vão aparecendo.   

Curiso ainda estarmos perante um livro que quase não tem enredo. A narrativa deste livro serve mais para explicar, respondendo a várias perguntas, levando-nos também a conhecer melhor Severian. Torna-se quase estranho que um livro que avança tão pouco em comparação com os outros, consiga ser uma leitura tão intensa e tão boa. Gene Wolfe mergulha-nos nas questões mais importantes da saga e explora, novamente, as várias condicionantes da morte e também deste mundo. A forma como responde a certas perguntas, e como com as suas respostas avança na história, está incrivelmente bem conseguida. Mas não fiquem com a ideia errada: o livro tem enredo avança na história, mas este avançar não é o mais importante nestas páginas.

Até agora cada livro desta saga é melhor do que o anterior. Este não foge à regra. Um livro intenso que apresenta personagens novas e que consegue aprofundar algumas das personagens mais bem criadas que li nos últimos tempos dentro do género. Em relação ao mundo, novamente está fantástico. A imaginação de Wolfe está bem assente num mundo bem sustentado, com lógica, com um ambiente único, e principalmente com uma filosofia inerente que para mim faz a grande diferença nesta saga.

Como disse no início, não me vou alongar nesta opinião. Aos poucos esta saga está a tornar-se em algo realmente fabuloso e daqui a alguns dias terei a opinião ao 4º livro. Por agora apenas me resta afirmar que estamos perante uma leitura única de grande qualidade e em vários sentidos.

Luís Pinto

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Passatempo: Novíssimas Crónicas da Boca do Inferno - Vencedor!

PASSATEMPO

Novíssimas Crónicas da Boca do Inferno
de Ricardo Araújo Pereira

Chegou ao fim mais um passatempo e agradeço a todos os que participaram. 

Tendo sido um passatempo com tanto sucesso, fica aqui a promessa de tentar oferecer mais livros deste autor no futuro!

A todos os que não venceram, desejo melhor sorte para a próxima. 

Neste momento tempos mais dois passatempos ativos, por isso aproveitem!

E o vencedor é:

Cardoso Pereira Gomes

Parabéns!

Mais passatempos em breve!

Boa semana a todos!

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Passatempo: Quando o Cuco chama


PASSATEMPO

Quando o Cuco chama
de Robert Galbraith

Temos para oferecer, em parceria com a Editorial Presença, o novo livro de J. K. Rowling, desta vez assinado com o seu pseudónimo Robert Gaibraith.

Para se habilitarem a ganhar, basta responder às perguntas e preencher o formulário com os vossos dados.

O passatempo termina dia 31 de outubro.

A juntar ao livro, o vencedor receberá ainda um brinde, um saco promocional!

Para descobrirem as respostas, leiam o texto seguinte:

Sinopse:

Quando uma jovem modelo, cheia de problemas na sua vida pessoal, cai de uma varanda coberta de neve em Mayfair, presume-se que tenha cometido suicídio. No entanto, o seu irmão tem dúvidas quanto a este trágico desfecho, e contrata os serviços do detetive privado Cormoran Strike para investigar o caso.



Strike é um veterano de guerra - com sequelas físicas e psicológicas - e a sua vida está num caos. Este caso serve-lhe de tábua de salvação financeira, mas tem um custo pessoal: quanto mais mergulha no mundo complexo da jovem modelo, mais sombrio tudo se torna - e mais se aproxima de um perigo terrível...



Um policial envolvente e elegante, mergulhado na atmosfera de Londres – que nos leva desde as ruas privilegiadas de Mayfair até aos bares clandestinos do East End, e daí para a agitação do Soho – Quando o Cuco Chama é um livro notável. Apresentando ao público o detetive Cormoran Strike, este é o aclamado primeiro romance policial de J.K. Rowling, escrito sob o pseudónimo Robert Galbraith.


«Admiravelmente bem escrito e com um enredo extraordinário... É uma leitura surpreendente, intensa e com muito sentido de humor...»

Daily Express


«Este é um livro excelente por direito próprio.»
Independent



 Boa sorte a todos!


Para mais informações sobre este livro, consulte o site da Editorial Presença aqui
 
 

domingo, 13 de outubro de 2013

Passatempo: O Herói Discreto


PASSATEMPO

O Herói Discreto
de Mario Vargas Llosa

Prémio Nobel da Literatura


É com grande prazer que hoje começamos este passatempo no qual oferecemos um exemplar do novo livro deste escritor premiado com o Prémio Nobel.

Para se habilitarem a ganhar basta preencher o formulário, responder à pergunta e serem fãs ou seguidores do blog.

A todos boa sorte!

Apenas é permitida uma participação por pessoa

O passatempo termina às 23:59h do dia 22 de outubro


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A GARRA DO CONCILIADOR


Autor: Gene Wolfe

Título original: The Claw of the Conciliator


Vencedor dos prémios Nebula, Locus e nomeado para o Hugo Award, este 2º livro da saga "O Livro do novo Sol" é ainda melhor do que o primeiro.

Fazer uma análise a cada livro desta saga não é fácil para mim, pois a complexidade da narrativa e, principalmente, do enredo, não nos deixa definir onde acaba a ação/influência de um e começa o outro. Tudo está ligado e, tal como disse antes, esta é uma saga em que cada livro seguinte torna o anterior melhor pois muito vai ser explicado e vários acontecimentos ganharão um significado que antes não éramos capaz de perceber.

Este é um livro mais forte, mais sombrio, com momentos onde a força das descrições tentam alcançar o leitor, e torna-se cada vez mais difícil parar. Sendo assim, e a juntar a outros momentos onde a moralidade é posta em causa, ficamos perante um livro adulto, em tudo melhor do que o anterior e acredito que quem chegar aqui, não conseguirá deixar a saga a meio.

Gene Wolfe é um caso raro. O que se nota no primeiro livro é confirmado neste: Wolfe destrói muitos dos conceitos narrativos, principalmente do género fantástico, oferecendo uma saga singular e que obriga o leitor a estar atento. Esta necessidade de atenção que pode frustrar o leitor por momentos mas no fim, quando percebemos tudo, fica uma enorme satisfação. Lembro-me que quando acabei este 2º livro já tinha a certeza que um dia voltarei a esta saga, tentando absorver novos significados, talvez até, olhando para algumas decisões de forma diferente.

Neste campo das decisões, Severian torna-se cada vez mais um personagem memorável, graças às suas virtudes, mas principalmente graças aos seus defeitos. Enquanto narrador cria uma estranha ligação com o leitor e que no meu caso me levou a ponderar até que ponto tomaria as mesmas decisões.Outra questão interessante, e talvez das que dá mais qualidade ao livro é a forma como o autor explora o tema "morte". Por vezes, alguns autores esquecem-se que a morte condiciona cada passo de tudo o que fazemos, mas Gene Wolfe não o faz, transmitindo uma atmosfera forte misturada com o peso das decisões.

Novamente não me quero adiantar muito. O enredo é muito bom, o mundo construído também, e quanto mais avançamos melhor percebemos a base que sustenta esta história. A narrativa de Wolfe não é fácil mas o nosso esforço é compensado, e para já estou a adorar a saga, que se torna cada vez mais consistente e adulta. Como disse antes, é um livro mais negro, mais forte e que eleva esta saga a um novo patamar. O final é muito bom, novamente, e como já li o livro seguinte posso ainda afirmar que o melhor está para vir.

Luís Pinto

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Passatempo: Novíssimas Crónicas da Boca do Inferno


PASSATEMPO

Novíssimas Crónicas da Boca do Inferno
de Ricardo Araújo Pereira


Temos para vos oferecer um exemplar desde novo livro onde podemos encontrar as melhores crónicas de RAP dos últimos três anos!

Para se habilitarem a ganhar, basta preencher o formulário, serem fãs do blog no facebook ou seguidores.

O passatempo termina às 23:59h do dia 19 de outubro!

Boa sorte a todos!


terça-feira, 8 de outubro de 2013

A SOMBRA DO TORTURADOR


Autor: Gene Wolfe

Título original: The Shadow of the Torturer


Este é o início da saga "O Livro do novo Sol", uma das sagas mais premiadas do género fantástico e, claramente, uma das mais aclamadas.

A história conta-nos a vida de Severian, um rapaz aprendiz de torturador num tempo longínquo em que o Sol está a morrer. No início não é fácil percebermos a base deste mundo mas o enredo também não nos obriga a necessitarmos de todos os detalhes para percebermos o que vai acontecendo, sendo até causador de várias surpresas (e por isso também não falarei sobre a base deste mundo). Com isto existe sempre a sensação que tudo pode acontecer sem o prevermos e tal dá uma excelente atmosfera ao livro. 

A juntar a esta atmosfera está a escrita de Wolfe, como sempre detalhada, cheia de significados e que pede ao leitor que leia a sua obra lentamente. Escrevo esta opinião já tendo lido 3 livros desta saga e posso garantir que muito do que aparece neste livro e parece não ter grande significado, realmente tem, e se não tivesse lido os livros de seguida não teria percebido como todos estes acontecimentos estão ligados. Simplesmente fantástico!

Olhando para as personagens, Severian, que apesar de não demonstrar sentimentos, o que pode afastar alguns leitores, tem uma personalidade com a qual simpatizei de imediato e que faz um excelente contraste com este mundo. Existem outras personagens de grande qualidade e nota-se que o autor gosta de explorar cada uma, mesmo que por vezes seja preciso a nossa atenção para o percebermos. Aliás, muita da qualidade deste livro está no facto de o autor conseguir colocar tanto significado quando menos se espera. Existe um momento, quase no fim, onde o autor tenta explorar a vida e a personalidade de um torturador, e pelo meio coloca tantos significados que é difícil não ficar abismado com as suas comparações. 

O enredo é bom, e para mim, neste género, é um dos aspetos mais importantes. Sempre rápido, sempre com significado, fiquei "agarrado" até ao fim e algumas vezes os acontecimentos surpreenderam-me. A parte final está muito bem conseguida e o final acaba de tal forma que é impossível não passar de imediato para o próximo.

Agora, o que faz este livro tão bom? Em primeiro lugar o que faz este enredo tão bom são os próximos livros, que explicam bastante do que aconteceu neste primeiro volume. Mas, olhando simplesmente a este, o que torna este livro bom é tudo. É o ambiente, o enredo, as personagens, a ideia base, a originalidade e a forma como o autor com uma narrativa ao mesmo tempo simples (porque a história é simples) mas também complexa (pela forma sublime como é exposta), consegue explorar certos conceitos e levar-nos a pensar. E aqui está um grande feito do livro: quanto mais pensamos, melhor percebemos que estamos a perceber muito pouco e reparamos que também Severian não tem noção de tudo o que acontece, e esta ligação entre personagem e leitor é intensa em certos momentos, principalmente quando Severian demonstra ser um personagem cheio de falhas e, consequentemente, muito mais realista.

Sendo o primeiro livro de uma saga, não me irei adiantar mais. Gene Wolfe é um autor que nos obriga a pensar, a estar atentos e a recordar o que lemos em páginas anteriores. Aqui não basta ler por ler sempre em frente. Aqui tudo se torna ainda mais intenso ao estarmos perante um mundo consciente de uma possível extinção. Na minha opinião, o que me agarrou a esta narrativa não foi a escrita em si, mas todo o efeito que ela (escrita) tem na história e na minha forma ler.

Este é o início de uma saga que foi largamente imitada no futuro e que mereceu os prémios que venceu. Por agora não me adianto mais, mas dentro de dias existirá nova opinião. Para já fica a garantia que se trata de uma saga muito recomendada.

Luís Pinto