Autor: Tracy Chevalier
Título original: The last runaway
Sinopse:
A Última Fugitiva é um romance vibrante
sobre os tempos que antecederam a guerra civil norte-americana e a
abolição da escravatura. Passa-se no Ohio rural, na década de 1850.
Honor Bright é uma jovem quaker de Dorset que parte para a
América em busca de uma nova vida. Cedo toma contacto com o Underground
Railroad, um movimento de pessoas que ajudam os escravos negros a fugir
para norte em busca da liberdade, uma causa a que os quakers eram muito sensíveis. Tracy Chevalier entretece com entusiasmo e beleza a história dos quakers
pioneiros e a dos escravos fugitivos, revelando o espírito e a coragem
de homens e mulheres comuns que tentaram fazer a diferença, desafiando
até as suas próprias convicções mais profundas.
Esta leitura foi uma surpresa em alguns aspetos. Em primeiro lugar, a narrativa apresenta um ritmo mais elevado do que estava à espera, transmitindo ao leitor alguma da adrenalina que por vezes a nossa personagem principal sente. Por outro lado, também apresenta uma narrativa que "dança" entre uma escrita juvenil e suave, e uma escrita forte e madura, levando-me a sentir que a autora quer demonstra uma eovulção da personagem principal também com este aspeto e também alguma da luta interior da mesma.
Honor, a rapariga com a qual vivemos este romance, é uma personagem muito interessante, pelo que mostra, mas principalmente pelo que não mostra. Aliás, para mim, todo este livro ganha qualidade se o leitor tiver a atitude de questionar as decisões da personagem principal, porque é aqui que está a maior qualidade do livro.
Honor aprende aos poucos o que o mundo é. A visão juvenil e limitada desaparece aos poucos enquanto a própria sociedade lhe demonstra o que na realidade ninguém quer ver e muito menos preocupar-se. Honor terá pela frente decisões difíceis e enfrentará uma luta entre o que é moralmente correto, o que é socialmente aceite e o que a sua religião permite. E assim, este livro transforma-se num conjunto de questões onde o racismo e a religião ganham grande fulgor.
Para quem questionar um pouco mais, verá que a autora não se limita a estes temas. Outros estão presentes, em algumas falas ou mesmo ideias que a nossa protagonista apresenta, levando, muitas vezes, a uma questão demasiado importante e que estará sempre atual: o direito de igualdade, e aqui não falo apenas em questões morais ou religiosas, mas também na enorme desigualdade financeira que sempre será a grande ferida numa sociedade. A juntar, devemos realçar que existe um notório trabalho de investigação por forma a misturar factos históricos e ficção, algo que foi muito bem conseguido pela autora, pelo menos para um leitor como eu, que não domina alguns dos factos históricos desta época.
As personagens são, na sua maioria, bastante interessantes, e tirando uma mais estereotipada, todas as outras são bem construídas. O mesmo podemos dizer dos locais e do ambiente social bem descrito pela autora. No entanto este livro é uma obra que marca pela coragem da autora em juntar religião e racismo de forma tão direta mas também tão indireta, e aos poucos esta história ganha coerência.
Comovente e preenchido por um amor que surpreende em alguns momentos, esta foi uma leitura fácil e que me deixou a noção que melhora a cada capítulo: a início algo morno para acabar de forma madura e marcante. É verdade que existem momentos que parecem forçados e alguns leitores poderão não gostar, mas no meu entender, fazem parte do objetivo da autora em nos mostrar personagens com dúvidas e ingénuas. Este livro é o primeiro que leio da autora e lê-se rapidamente. Não é um livro marcante mas é uma obra que explora questões importantes enquanto no embala com um romance interessante. Quem gostar da autora, dos temas presentes ou até da época, este é um livro a ter em conta e que muitos irão gostar.
Luís Pinto
Para mais informações consulte o site da Editorial Presença aqui.
Para mais informações sobre o livro A Última fugitiva, clique aqui
Convencida!
ResponderEliminarQuero muito ler este livro e adorei a tua opinião, Luís. Muitos parabéns pela forma como falaste do livro.
ResponderEliminar:)
gostei do teu texto e agora tenho vontade de ler o livro :)
ResponderEliminarTambém fiquei muito curiosa com a tua opinião. Acho o tema muito interessante.
ResponderEliminarTambém estou a pensar ler este. Adoro a autora e a tua opinião convenceu-me.
ResponderEliminarBoa semana!