segunda-feira, 22 de outubro de 2012

FRANKENWEENIE

Autor: Tim Burton


Adaptado por Elizabeth Rudnick, e baseado na ideia original de Tim Burton, que também nos traz o filme, Frankenweenie é uma história que nos faz lembrar, tal como o nome indica, Frankenstein.
Aqui o personagem principal também se chama Victor, mas trata-se de um rapaz, apaixonado pelas ciências, que vê o seu cão morrer, deixando-o perante uma situação para a qual ninguém está preparado, qualquer que seja a idade.

A primeira sensação que temos ao agarrar o livro, é que estamos perante algo sombrio, pois as folhas negras e as suas letras brancas fazem-nos acreditar, de forma quase inconsciente, que algo de assustador irá acontecer. No entanto esta é uma história virada para o público adolescente (sem que seja exclusivo, pois qualquer adulto conseguirá tirar prazer deste livro) e como tal, trata-se de uma obra sem grande violência visual.
 
Com uma escrita muito simples, que nos leva a acelerar a leitura, Frankenweenie é uma extraordinária mistura de calorosos sentimentos com um toque de terror. Nestas páginas está presente a força da verdadeira amizade, aquela força que perdura perante tudo, até perante a morte, e sendo assim, um cão e o seu dono serão sempre indicados para mostrar a força da amizade.

O livro é bastante abrangente e completo, com momentos cómicos, alegres, tristes e outros que nos assustam, e onde a imaginação de Tim Burton recria vários monstros que já vimos noutros livros e filmes, alterando-os por forma a serem introduzidos neste mundo. 
As personagens são boas, bem definidas e coerentes, com especial destaque para Victor e para o Professor de Ciências. São ainda estes dois personagens, os grandes impulsionadores das duas críticas mais importantes no livro. A primeira é a forma como as pessoas, enquanto sociedade, não aceitam grandes transformações, principalmente se não as compreenderem, limitando assim o avanço da ciência e das mais recentes gerações para o conhecimento. Mas a grande crítica está ligada a Victor: inventor do que seria no mundo real, a melhor invenção de sempre, fica perante o problema que a nossa sociedade sempre criará ao inventor... estará uma invenção destinada a praticar o bem, ou condenada a praticar o mal devido à demência ou ganância de quem a usa?

Sendo um livro para o público adolescente, mas que poderá ser lido por pessoas de qualquer idade, será normal que cada leitor encontre significados que a mim me fugiram, e que certamente marcará esta leitura, levando-a para outros sentimentos. A própria forma como levamos a leitura marcará a diferença, e poderemos olhar para esta obra como algo divertido e com momentos de acção, ou para páginas cheias de sentimentos e significados. 
No meu caso, este livro levanta a grande questão da vida e da morte, e a forma como um rapaz a encara quando a sente pela primeira vez. O momento em que algo acaba definitivamente, deixando de respirar, mexer e sentir, marca qualquer criança, sendo o papel dos pais muito importante. Victor vê-se privado do seu companheiro, e muitos dos significados da sua vida são alterados sem aviso prévio. 

O seu leve toque de terror, ideal com o Halloween tão perto, torna a obra mais interessante, mas não a marca definitivamente, e como tal, não deverá de deixar de ser lido se não gostarem de terror.

Um bom livro, que não sendo uma obra-prima dentro do seu género, conseguiu ser uma agradável surpresa. Quem gostar de Tim Burton, adorará este livro.

11 comentários:

  1. este livro ia-me passar completamente ao lado. Gostei muito da tua opinião. Foi uma surpresa.

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  2. Já vi o filme e gostei mas agora ainda olho para ele com outros olhos pois os significados que referes, passaram-me ao lado. Parabéns pelo texto. Muito bom.

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    1. E a mim, certamente que também me passou muita coisa ao lado.

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  3. A questão da sociedade pouco permeável e disposta a apontar o dedo, e da ciência enquanto fonte de Bem / Mal, a indecisão de onde reside este, se onde é aparente que esteja (no que é 'feio' e de ar ameaçador, ou escondido na vulgaridade da pessoa comum) são temas recorrentes em Burton.

    Edward Scissorhands, um dos seus primeiros filmes, é também uma espécie de monstro Frankenstein adolescente, e as questões que levanta são exactamente as mesmas, com o seu 'mosntro com coração de biscoito, e a sociedade suburbana em tons pastel que é, afinal, gananciosa na absorção da diferença, mas pouco tolerante para com ela... Outro filme que vale a pena ver.

    Uma nota para Frankensweenie: há que espreitar a curta de 1984 (ou 1985).
    http://monsterblues-cms.blogspot.pt/2012/10/fankenweenie-tim-burton.html

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    1. Olá Carla.

      Obrigado pelo comentário e pelo link. Vi há uns dias a curta, disseram-me que era de 1984 e que custou a Burton o emprego na Disney. Parece que fizeram as pazes.

      O Eduardo Mãos de Tesoura, nunca vi, uma falha... mas agora fiquei mais interessado. Vou ver se arranjo.

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  4. grande crítica. Não conhecia o livro. Vai para a lista de natal.

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  5. Olá!

    Não sabia que havia o livro! Quero-o =D
    Gosto imenso dos filmes do Tim Burton, a ver se encontro, até não está caro.
    Excelente crítica! =)

    Bjs, boas leituras

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    1. Para mim foi uma agradável surpresa. É verdade que não sou um grande fã de Burton, e por isso as expectativas não estavam altas. Já viste o filme?

      Bjs e boas leituras!

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  6. Não estava à espera desta opinião também. Não conhecia o livro mas como é recente, pode-me ter falhado. Para já acho a tua opinião muito interessante com essas questões que levantas.

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  7. António Sequeiraoutubro 22, 2012

    Já o disse muitas vezes que a força como consegues dissecar um livro é impressionante. Eu sou um grande fã de Burton e não sabia que este livro estava à venda. Esta semana vou ver o filme sem falta e depois olharei para o livro, quem sabe para os meus filhos.

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    1. Obrigado António, pelo seu comentário. Depois diga-me o que achou do filme.

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