sábado, 27 de janeiro de 2018

A VALSA DOS PECADOS


Autor: Carlos Porfírio




Sinopse: O desaparecimento misterioso do pai e a polémica que se gerou à volta deste e de outro acontecimento mudam os alicerces do narrador da história. Os anos que se seguem são marcados pela guerra, por um amor apaixonado mas ameaçado de barreiras, pela forma como se escraviza na teia dos seus sentimentos, pela embriaguez do enriquecimento, por uma relação adúltera que o milionário esconde da lei dos homens e dos juízos morais. Juízos morais que nos levam a uma interrogação de fundo: de onde vem a cultura, como se generaliza?



Este é o primeiro livro que leio de Carlos Porfírio e de imediato o livro surpreendeu-me. Com uma escrita bastante original, onde personagens não têm nome e os diálogos não existem, o livro fica imediatamente condicionado pela ideia base do autor, que poderá correr muito bem, ou muito mal.

A história desenvolve-se devagar, apresentando personagens no ritmo certo e sempre com atenção a detalhes interessantes e que nos levam a conhecer e a prever melhor o que está para vir. Aos poucos percebemos que a história nos está a ser dada como se estivéssemos a ouvi-la junto à lareira, dando-lhe um toque mais pessoal, mais próximo e que nos leva a uma maior ligação com algumas personagens. No entanto, confesso, o livro demorou a agarrar-me, talvez pelo seu estilo, mas desde o início que se percebe que a história é boa.

E é exatamente esse o trunfo deste livro: o enredo. O autor conseguiu criar uma trama muito interessante, capaz de explorar temas importantes, como a traição, a ganância e várias questões morais que vão aparecendo aos poucos e que tornam o livro mais rico. O resultado é um enredo complexo mas bastante bem montado e, apesar de ter alguns momentos mais forçados, no global o enredo está muito bem construído, tendo sido uma surpresa, até pela forma como os personagens se encaixam no ambiente e nos locais que o autor vai explorando, com destaque interessante para algumas questões sociais.

Tendo sido o primeiro livro que li do autor, fiquei bastante surpreendido. Não é uma obra prima, mas nota-se um talento a despertar nestas páginas. Devido ao seu estilo narrativo, não é um livro para qualquer leitor, mas a história é boa e fica na memória de quem lê o livro. Vou ficar atento aos próximos livros do autor.

Luís Pinto

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