Autor: Marion Zimmer Bradley
Título original: The Mists of Avalon - Book Three: The King Stag
Este terceiro livro da saga As Brumas de Avalon é, provavelmente, o que mais gostei até agora. Em termos de qualidade, está ao nível dos anteriores, e cada vez mais sinto que, ao ler esta saga, estou a ler um único livro, onde a qualidade e ritmo são constantes, a forma narrativa está igual e nada parece forçado ou arrastado.
O que me faz gostar mais deste livro são os temas que agora têm o controlo da história. A autora continua a tocar, sem qualquer receio, em temas controversos, como a religião, a manipulação de massas ou a homossexualidade, tudo isto misturado numa invisível hipocrisia, que por vezes, nem o leitor descortina à primeira. Este é ainda, o livro onde o fanatismo religioso ganha maiores contornos, cegando as personagens e desculpando os seus atos e ignorância. A esta fórmula ganhadora junta-se agora a dúvida de algumas personagens sobre os seus atos e motivos, e por isto tudo, digo que é impossível para mim dizer se este livro é melhor ou pior que os anteriores (pois todos são muitos bons), mas foi o meu favorito.
As personagens continuam fantásticas e Morgaine volta a ser genial, e, para além de nos fazer pensar, também nos ilude, tornando a leitura melhor. No entanto, estes pequenos pormenores ajudam a demonstrar um dos grandes trunfos desta saga: as personagens são reais, têm falhas, têm vergonha e têm medo, e esta história nunca seria tão marcante se não estivéssemos perante um grupo de personagens bastante credível e que nos deixam uma mistura de sentimentos.
Gwen e Arthur são o ponto central deste livro, e facilmente consigo gostar do Rei e detestar a Rainha. Não é difícil perceber no que estas personagens se tornaram, nem porquê. Existe uma forte luta entre religiões que incendeia a política, mas principalmente a mente e os objetivos das pessoas. Fazer a vontade de Deus poderá ser a mais fácil desculpa para muito do que se faz, mas isso dependerá da forma como usamos essa desculpa. Onde está afinal o limite? Será que temos consciência que estamos a usar a religião apenas como uma desculpa para implementar a nossa vontade?
Em termos psicológicos, Arthur é quem demonstra ao autor esse limite, sendo a personagem que questiona a sua vida por não estar preso a fanatismos. E com ele vemos que cada homem, em algum momento da sua vida, questionará o que deixou neste mundo e também as razões para muito do que fez.
Apesar de num ou noutro momento sentir que a autora poderá ter exagerado na forma como o homem é demasiado fraco dentro do jogo de intrigas, e que o seu lugar na corte se deve apenas à força física, percebo que o mundo e todo o seu contexto leve a tal ideia. É verdade que gostava de ver um homem a ter a capacidade de andar pelos bastidores e jogar as suas cartas, mas este é, um livro onde a luta pela moralidade e religião imperam, e um homem que passou uma vida apenas a olhar para a guerra, não consegue criar a teia de interesses para sobreviver neste mundo.
Falta-me apenas um livro para terminar esta fantástica saga e por isso vou deixar uma melhor apreciação para o fim. Para já, vou vendo onde a história me leva, mas novamente a ideia persiste: esta saga é consistente, onde mundo, personagens, diálogos e história, estão ao mesmo nível (altíssimo), dando uma sensação de plenitude que poucas sagas oferecem. E por isso estamos perante uma saga tão famosa no seu género.
Como sempre, excelente opinião.
ResponderEliminarE excelente saga! Já não falta muito.
Para mim não é o livro que mais gostei, mas agora que estive a pensar em termos de qualidade estão todos muito perto uns dos outros. O que gostei mais foi o último mas tenho amigos que preferiram este.
ResponderEliminarUma excelente opinião, gostei muito.
ResponderEliminarJá li toda a saga, que é excelente na minha opinião, bem como outros livros da mesma autora. Aliás estes quatro são a continuação de outros, da autora, que contam a história desde Os corvos de Avalon, A casa da Floresta e A senhora de Avalon.
Qual o melhor? Não sei, todos eles são bons, mas de facto este terceiro volume é muito mais forte no que respeita às questões politico/religiosas. Também é aquele em que o papel de Artur enquanto rei também é mais forte.
Excelente opinião. Parabéns!
ResponderEliminarGrande opinião, mas espero pelo final da saga para ver a tua apreciação mais global enquanto saga! Nesta opinião focas um ponto importante, mas para quem já leu toda a obra que existe traduzida em PT da MZB, irás reparar que em 90% (senão mesmo todos os livros) a mulher tem o papel mais preponderante na história, e toda ela é contada através de POV femininos... isto não tira qualidade aos seus livros, até os torna mais únicos!
ResponderEliminarUma saga a seguir, sem dúvida. quando a acabas?
ResponderEliminarOlá Luis,
ResponderEliminarFico contente que estejas a gostar, estou como a caminhante também li os anteriores e não sei dizer qual deles o melhor, seja como for foi uma saga que me marcou imenso ;)
Mas como te referi, li recentemente o Ciclo Pendragon do escritor Stephan Lawhead e apenas falata-me ler o seu último volume, Avalon e é superior a estes ;)
Seja como for mais uma boa opinião ;)
Abraço
Mais um grande comentário no melhor blog do mundo! Obrigada por todo o trabalho que deve dar manter este espaço!
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