Autor: Hugo Lourenço
Sinopse: A precariedade laboral e os empregos rotineiros. Uma juventude desiludida e assolada por falsas promessas. As frustrações de um jovem adulto, inteligente e bem preparado, que, num país em crise,não encontra mais que trabalhos mal pagos e incapazes de o fazerem sentir-se realizado.
Aproveitei o final do ano para ler o livro de estreia de Hugo Lourenço e acredito que estamos perante um autor com claro potencial, mas vamos por partes.
Em Ruínas o autor tenta levar-nos a conhecer a realidade de uma geração que teve muitos mais sonhos do que oportunidades. Essa geração é a nossa, a minha, a do autor. É a ilusão criada pela nossa sociedade, pelo avanço tecnológico, pela globalização.
Apesar de ser o seu primeiro livro publicado, o autor demonstra que sabe montar bem a história e apenas falha ao repetir alguns conceitos ou ideias. A história desenrola-se à volta de um jovem que sonha em algo mais profissionalmente, e não só, e acredita no seu potencial, mas vive num país em crise e onde as oportunidades são escassas. A ele junta-se um grupo improvável de amigos, um pouco estereotipados, mas que surpreendem em alguns momentos com atitudes interessantes. Gostei da forma como o autor explorou certos aspetos de algumas personagens apesar de em certos momentos serem demasiado óbvias, mas noutros foram capaz de dar a volta à história com um diálogo diferente ou uma atitude que surpreende conseguindo manter a coerência.
A história, bem montada, acaba por ser um pouco previsível, mas este livro é mais sobre a mensagem do que sobre a história em si. Percebe-se que o autor conhece vários géneros literários e tenta explorá-los na sua narrativa, por vezes bem, por vezes algo exagerado, mas sempre capaz de aprofundar alguns temas, tornando o livro mais maduro e mais coerente. Este é um livro com o qual facilmente muito leitores irão identificar-se, porque muitos passámos pelo mesmo. Há aqui experiências de vida interessantes, mesmo que em alguns casos algo estereotipadas, mas capazes de passar a mensagem certa. É verdade que o autor por vezes força demasiado a passagem de uma mensagem, mas nada que baixe demasiado o ritmo da leitura. Não é um livro fantástico mas é uma boa estreia de um autor que mostra potencial numa história simples mas com sentido. Fiquei curioso para ler novos livros deste autor.
Luís Pinto
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