Autor: Peter Heller
Título original: Celine
Título original: Celine Watkins é uma mulher excêntrica. É aristocrática mas não vive num bairro elegante e sim na base da Ponte de Brooklyn. Tem gostos requintados e considera-se uma artista mas as suas esculturas são, no mínimo, sinistras. Já não é nova e tem um enfisema pulmonar mas recusa hábitos saudáveis. Adora joias com o mesmo ardor com que admira uma bela arma.
Na verdade, a surpreendente Celine é detetive privada e possui dotes que ultrapassam até os do FBI. Motivada por segredos do seu próprio passado, é perita em localizar pessoas desaparecidas e em reunir famílias separadas.
A jovem Gabriela Lamont já não vê o pai há muitos anos. Fotógrafo de profissão, desapareceu algures na paisagem inóspita do parque nacional de Yellowstone. Foi oficialmente dado como morto, mas a história de que terá sido atacado por um urso não convence a filha. Tão-pouco convence Celine, que está fascinada pelo caso.
A cada passo que dá, torna-se cada vez mais claro que alguém quer impedi-la de remexer no passado. Mas Celine não está habituada a renunciar a um mistério, principalmente este, que envolve uma família muito mais peculiar do que parecia…
Num registo ligeiramente diferente do normalmente usado em policiais, o autor dá-nos a conhecer uma personagem principal original e que tenta fugir a alguns clichés deste género literário. Claro que não é fácil e por vezes o autor aproxima-se bastante do esperado nestes enredos, mas consegue sempre voltar a afastar-se e criar um enredo original.
Com uma escrita bem trabalhada mas sem tornar o ritmo demasiado lento, a narrativa vai criando um choque de mentalidades entre várias personagens, que de alguma forma estão separadas, quer seja pela forma como vêem o mundo ou outras construções culturais. Com esta base, Celine torna-se numa personagem com a qual ganhamos alguma simpatia apesar de ter várias ações que podemos não concordar.
O seu trunfo está no facto de ser uma personagem coerente, o que ajuda a que não existam muitos momentos forçados. Aos poucos o autor vai aprofundando esta personagem e a sua personalidade é o catalisador da história, porque é com as suas vivências e traumas que vamos percebendo os objetivos e o porquê de continuar a avançar.
O enredo está bem pensado, apesar de não revolucionar o género, conseguindo nunca ser demasiado óbvio. É verdade que antevi algumas das revelações, mas também é verdade que gostei da confirmação da maioria, porque são demonstrações de um autor que quer arriscar.
No entanto, globalmente este é um livro sobre a personagem principal, sendo o mistério policial a base condutora mas que também tem como maior propósito apresentar esta detective. Não sendo uma obra prima do género, a verdade é que foi um livro bastante viciante e que um fã do género irá gostar, principalmente pelas suas personagens, sendo que duas delas são claramente inesquecíveis durante muito tempo.
Se procuram um bom policial para este verão, esta é mais uma boa opção, e fiquei bastante curioso para ver onde o autor irá levar esta personagem.
Luís Pinto
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