sexta-feira, 31 de março de 2017

EM FUGA


Autor: Peter May

Título original: Runaway






Sinopse: Em 1965, cinco amigos, todos adolescentes, cansados da rotina e temerosos de uma vida previsível, fogem de Glasgow com destino a Londres e o sonho de serem estrelas e de transformar a sua banda de música num sucesso. No entanto, antes do final do primeiro ano, três deles regressam a` sua cidade natal na Escócia - e voltam diferentes, danificados, sem que ninguém perceba a razão para tal. Cinquenta anos mais tarde, em 2015, um brutal homicídio na capital inglesa obriga esses três homens, agora com quase 70 anos, a regressar a Londres e a confrontar, por fim, a mancha escura do seu passado da qual tentaram fugir durante toda a vida.



Peter May tem sido um autor que tenho seguido com interesse graça à sua saga Lewis, sobre a qual já falei de dois livros, e que me cativou pela inteligência dos enredos e pelas incríveis descrições de alguns cenários que se enquadram mesmo muito bem na narrativa e oferecendo bons ambientes. Neste novo livro, fora da trilogia Lewis, o autor mantém o seu estilo, saltando entre narrativas em diferentes pontos temporais. Vamos construindo os personagens na nossa mente mas a base da história, que nos deixa sempre na dúvida, leva-nos a tentar, constantemente, adivinhar o que se está a passar. Aliás, a ideia base deste livro é o seu grande trunfo, pois a verdade é que o livro em si não consegue ter o ambiente sombrio que se encontra nos outros livros do autor.

Com personagens interessantes e sem grandes momentos que pareçam forçados, o autor conduz a leitura por caminhos com algumas surpresas mas sem arriscar demasiado. O final é inteligente mas não surpreende totalmente. A sensação final é que tudo fez sentido, mas sem que exista uma revelação avassaladora.

Dos livros que já li de May este foi, provavelmente, o mais rápido. O autor foca-se menos nos cenários e mais no mistério, tornando a narrativa mias rápida apesar de perder um pouco de ambiente quando comparado com os anteriores. Todavia, o facto de durante grande parte do tempo o leitor sentir que está "às cegas" leva a que seja muito difícil parar de ler. Destaque ainda para uma personagem que me surpreendeu pelos seus motivos e por uma decisões que para mim melhorou bastante o livro.

Peter May tem aqui um livro mais rápido e menos sombrio do que outros que escreveu, mas o mistério está aqui do início ao fim. O enredo é original, inteligente e coerente, e o livro é mais psicológico do que esperava. Gostei bastante da ideia base, e mesmo sendo, talvez, o livro que menos gostei do autor, a verdade é que foi uma leitura muito viciante, e que certamente agradará aos fãs do género.

Luís Pinto

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