sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

ESTAÇÃO ONZE


Autor: Emily St. John Mandel

Título original: Station Eleven




Sinopse: Kirsten Raymonde nunca conseguiu esquecer a noite em que Arthur Leander, um ator famoso, morre no palco quando representava O Rei Lear. Foi nessa fatídica noite que teve início uma pandemia de gripe que veio a destruir, quase por completo, a humanidade. 20 anos depois, Kirsten é uma atriz de uma pequena trupe que se desloca por entre as comunidades dispersas de sobreviventes a representar peças de Shakespeare e a tocar música. No entanto, tudo irá mudar quando a trupe chega a St. Deborah by the Water.


O género pós-apocalíptico tem estado "na moda" mas nem sempre usado da melhor forma. Estação Onze pega, uma vez mais, no conceito base em que a humanidade enfrentou algum tipo de tragédia e poucos sobrevivem no planeta. Todavia, ao contrário da grande maioria dos livros, esta é uma obra que se mostra mais ao estilo da obra-prima que é "A Estrada", onde estamos focados em ver o que aconteceu às pessoas e não tanto ao mundo nem como ele irá renascer. Este não é um livro sobre a humanidade, mas sim sobre um pequeno conjunto de pessoas que sobrevivem num mundo complicado e como as suas vidas se irão cruzar.

E é a partir desta base que o livro se torna humano e emocional. Este é, de forma quase paradoxal, um livro que nos mostra como devemos tentar encontrar a beleza em tudo o que a vida nos dá, mesmo que tudo pareça cinzento e condenado. É uma história de força sustentada nos que nos ajudam e não nos que nos tentam vergar. É nessa filosofia do enredo que começamos a ver o poder da fama, a ilusão que é, o quanto é apetecível. O reconhecimento da sociedade, a influência sobre as pessoas, a necessidade de nos qualificarmos acima dos restantes.

Num ambiente alimentado pela força humana, este livro leva-nos pelo espírito aventureiro de uns e a depressão de outros. O enredo, saltando entre presente e passado, mistura-se de forma quase perfeita em alguns momentos para nos mostrar certos aspetos das personagens, usando bastante bem o facto de os traumas as marcarem para sempre.

Outro trunfo deste livro está na escrita da autora que consegue explorar as emoções dos leitores. Com um ritmo que se adapta às situações, o enredo explora as suas personagens e são elas o grande foco. No início o livro demorou a agarra-me, talvez por não perceber que caminho a narrativa iria levar para me dar uma leitura diferente de outras. Todavia, ao fim de pouco tempo, percebe-se que a autora está a arriscar ao misturar alguns conceitos, e que se está a sair bem.

Facilmente se cria uma ligação com as personagens e começamos a perceber como elas se ligam entre si. Apesar de ter alguns momentos forçados ou previsíveis, a verdade é que o livro acaba por surpreender com algumas revelações importantes.

Este foi um livro que me surpreendeu. Quando li a sinopse tive a sensação que este podia ser um livro diferente, e realmente é. Não é um livro que agrade a todos os leitores, e o seu início pode não ser revelador da qualidade que está para vir, mas no fim fiquei com a sensação que li algo realmente bom e diferente sobre como queremos ser visto pela sociedade e como queremos ser recordados.

Luís Pinto

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

A CASA DE BONECAS


Autor: M. J. Arlidge

Título original: The Doll's House




Sinopse: O corpo de uma jovem é desenterrado numa praia remota, mas o seu desaparecimento nunca tinha sido denunciado. Alguém a mantivera «viva» ao longo do tempo, enviando à família, regularmente, mensagens em seu nome.
Para a detetive Helen Grace, todas as provas apontam para um assassino em série, um monstro distorcido mas engenhoso e hábil ? um predador que já matou antes.
À medida que Helen se esforça por destrinçar as motivações do assassino, ela compreende que se trata de uma verdadeira corrida contra o tempo. Uma única falha pode significar a perda de mais uma vida.



Terceiro livro de M.J. Arlidge, terceira boa leitura. Tal como nos dois anteriores livros desta saga (cada livro pode ser lido de forma independente), o autor volta a oferecer cenários fortes, macabros e com grande impacto psicológico. Aliás, algo que apreciei bastante nos livros anteriores foi a carga psicológica exposta nos personagens e também o quanto os livros nos envolve nessa mesma carga.

Com um ritmo interessante e uma escrita direta, Arlidge demonstra que sabe agarrar o leitor e que depois de o conseguir, choca-o com facilidade. Desde o primeiro ao último momento, senti uma atmosfera negra nesta obra, como se algo estivesse mal, como se algo mau fosse acontecer a qualquer momento. A isso junta-se uma sensação de urgência, quase sempre oferecida pela personagem principal, a grande catalisadora do ritmo do livro.

Com este terceiro livro continuamos a conhecer Helen, personagem principal, e que causa impacto na leitura pela sua força de vontade. É sempre positivo quando percebemos que aos poucos vamos conhecendo melhor o personagem principal sem que isso nos desvie demasiado da investigação, que é sempre o foco principal. O resultado é uma mistura consistente, quer no ritmo, quer no desenvolvimento. Arlidge não exagera em pormenores, nem exagera na ação. Os seus livros não são demasiado grandes e, principalmente, nunca se tornam numa leitura de esforço.

Para quem goste de thrillers fortes este é, certamente, um escritor a ter em conta. Com poucos clichés e poucos momentos forçados, o autor leva-nos por um enredo coerente e que dá respostas com lógica. Aliás, muitas das pistas principais estão presentes no livro com regularidade, mas podemos estar pouco atentos para as captar. No final, se fizermos um esforço, percebemos como certos detalhes nos passaram ao lado, e isso demonstra a arte do autor em nos enganar em determinados momentos.

Todavia, talvez pelo facto de tentar sempre ter uma leitura atenta, claro que alguns momentos se tornam previsíveis, mas não em relação aos momentos mais importantes, que me surpreenderam. Se são fãs do autor, ou se gostam deste género, este é um livro a ter, pois consegue marcar o leitor com facilidade e dificilmente conseguimos parar de ler.

Luís Pinto

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

A HORA SOLENE


Autor: Nuno Nepomuceno





Lutai, vós, homens de valor.


Finalmente li o final da trilogia Frelancer e foi, novamente, uma leitura rápida e viciante.

Continuando com os acontecimentos do segundo livro, A Hora solene agarra de imediato o leitor devido ao momento em que o livro anterior acabou. No entanto, o autor percebe que seria um erro manter o ritmo do livro anterior e, felizmente, abranda os acontecimentos para explorar algumas personagens e começar a dar respostas.

De um ponto de vista crítico, este é o melhor livro da saga, sendo o que apresenta maior maturidade, capacidade para interagir com o leitor e dar algumas respostas. Este facto demonstra que o autor esteve atento aos seus fãs, pois adaptou-se, mesmo que ligeiramente, a algumas questões que os leitores foram tendo.

Apesar de algumas personagens não serem, infelizmente, muito exploradas, é agradável ver respostas para outras personagens importantes, e que ajudam a que toda a saga ganhe coerência. Aliás, explorar algumas personagens também poderia ser um risco para o ritmo que já mencionei. Sendo um livro de espionagem mais ao estilo de James Bond do que da espionagem pura de le Carré, torna-se complicado apresentar um enredo totalmente coerente, até porque o próprio ritmo não pode baixar demasiado e tem de ter a capacidade de acelerar nos momentos de ação. O resultado é um ritmo em montanha russa, alguns clichés do género e várias surpresas, principalmente a meio do livro.

O que podemos apontar ao livro talvez seja o seu final, que provoca um misto de emoções. Percebe-se a ideia global e agradou-me a forma como o autor termina a sua trilogia. No entanto, se estivermos atentos à escrita do autor, tal final é previsível. Não é um problema, só não foi uma surpresa.

Sendo a primeira trilogia do autor, nota-se uma boa evolução, tanto na forma como a história é dada, como na construção das personagens. As surpresas são inseridas nos momentos certos e as pontas soltas no fim da história não mancham o enredo, apenas deixam algumas questões em aberto. Como já disse, mesmo tendo alguns momentos mais forçados ou incoerentes, este é o melhor livro da trilogia e se já são fãs da saga, então não devem perder este final. Por outro lado, os olhos ficam agora atentos aos próximos livros de Nuno Nepomuceno, pois a sua evolução foi notória. 

Procuram uma saga de espionagem/ação com grande foco no nosso país? Então esta é a escolha.

Luís Pinto

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

BEM-VINDOS A JOYLAND


Autor: Stephen King

Título original: Joyland



Sinopse: Por detrás do brilho das luzes, escondem-se as trevas… Devin Jones, estudante universitário, aceitou o trabalho de verão em Joyland na esperança de esquecer a rapariga que lhe partiu o coração. Mas acaba por se deparar com algo muito mais terrível: o legado de um homicídio perverso, o destino de uma criança moribunda e verdades obscuras acerca da vida, e do que se lhe segue, que irão mudar para sempre a sua vida.
Uma história intensa de amor e perda, acerca de crescer e de envelhecer - e daqueles que não chegam a ter tempo para uma coisa nem para outra por serem ceifados pela morte antes disso. Com todo o impacto emocional das grandes obras de Stehen King JOYLAND é ao mesmo tempo um policial, uma história de terror e um romance de formação que deixará o leitor profundamente comovido.



Stephen King é um autor que aprecio bastante pela sua capacidade de escrever em vários géneros literários alterando a sua escrita para a encaixar de forma impressionante no enredo que nos está a oferecer. Mais famoso pelos seus livros de terror, Stephen King tem ainda na sua série Torre Negra uma trunfo dentro do mundo fantástico. Pelo meio, thrillers, sobrenatural, etc...

Este Joyland, que agora acabei de ler, é uma mistura entre toques de sobrenatural e um romance psicológico em que as personagens têm o grande destaque. Aliás, apesar de no início ficar a ideia de que este livro poderia ser focado numa investigação de um crime, que daria ao livro um ar quase policial/thriller, a verdade é que estamos perante um livro que tem como base o desenvolvimento das suas personagens e a forma como enfrentamos a morte.

King oferece um conjunto muito interessante de personagens, com uma capacidade impressionante para nos surpreenderem, sem deixarem de ser coerentes e, principalmente, para nos emocionarem. King mistura vários temas e conceitos para nos perguntar, indiretamente, sobre várias questões morais, que vão desde o lugar de cada um numa sociedade implacável e cheia de preconceitos, passando pela vida de quem sabe que está quase a morrer. A forma como alguns personagens encaram a vida neste livro leva-nos a perceber aos poucos o quanto este livro é uma metáfora para algo maior e que pode escapar ao leitor mais desatento.

Com um ritmo que empurra o leitor a continuar a ler, e com uma pitada de suspense, King volta a demonstrar o seu talento para contar histórias e para nos dar emoções fortes, seja medo, alegria ou tristeza. E este livro, um dos mais pequenos que li escritos por si, é mais uma prova do quanto King sabe agarrar o leitor em qualquer género. O único ponto que não me convenceu totalmente foi a forma como King demonstrou a lide diária de alguns funcionários, e fiquei sem perceber se o autor não quis explorar muito o tema ou se o fez de propósito para nos sentirmos perdidos com a investigação e consequentes revelações.

Apesar da capa da edição portuguesa, que gostei bastante, dar a ideia que podemos estar perante um livro de terror, a verdade é que tal não acontece. King criou um bom romance, com boas personagens, uma investigação interessante e mistérios envoltos em possibilidades sobrenaturais que nos levam a continuar a ler. Mas acima de tudo é um livro sobre a vida e a morte de uma qualquer pessoa. Se esta mistura é algo que vos pode agradar, então este é um livro a ter em casa.

Luís Pinto

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

O HOMEM DE SÃO PETERSBURGO


Autor: Ken Follett

Título original: The Man From St. Petersburg




Sinopse: Nas vésperas da Primeira Guerra Mundial, a Inglaterra prepara a defesa contra o Império Alemão. Ambos os oponentes precisam de se aliar à Rússia. O príncipe Orlof, sobrinho do czar Nicolau II, viaja para Londres, onde se encontra com Lorde Walden, casado com a sua tia Lydia. O anarquista russo Kschessinky segue-lhe no encalço.
Nesta intrincada trama de interesses pessoais e políticos, ninguém prevê que Lydia reconheça Kschessinky, colocando em perigo a vida da sua filha Charlotte. Estas personagens jogam com o destino da Europa na antecâmara de um dos mais devastadores conflitos de sempre


Regresso novamente a Ken Follett para mais um thriller. Apesar do seu grande triunfo literário ser "Os pilares da Terra ", um romance histórico, a verdade é que Follett tem como principal género o thriller, muitas vezes misturado, e bem, com conceitos de espionagem para proporcionar um ritmo mais alto ou mais baixo, consoante o estilo de espionagem que insere.

Neste livro, Follett continua a ser forte no que sempre marcou os seus livros,: as suas personagens. Com um bom conjunto de personagens realistas, o leitor aproxima-se dos motivos e dos porquê das personagens principais. É fácil percebermos uma personagem, e quando esta nos surpreende também é fácil ver que existe coerência com o seu passado, com a sua mentalidade e objetivos. Tal é essencial num livro com espionagem, e Follett sabe-o.

O autor cria um interessante ritmo como se fosse uma montanha russa. Na grande maioria da leitura estamos perante um ritmo lento, mas por vezes acelera graças a uma revelação ou acontecimento inesperado. Com estes momentos, que apesar de tudo não são muitos (e ainda bem), o leitor sente que algo pode acontecer a qualquer momento, e tal sensação enquadra-se muito bem na época em que o livro se desenrola. Ninguém estava a salvo...

Na parte histórica não há nada a apontar. Follett, como sempre, faz um bom trabalho de investigação e enquadra o seu enredo com mestria na época em que se desenvolve. Detalhes interessantes, uma mentalidade bem explorada e uma atmosfera quase palpável levam-nos a sentir aquele momento negro em que as pessoas começavam a recear o pior.

Pelo meio, uma história cativante com um final surpreendente e que eleva a qualidade do livro. Não é o melhor livro que li de Follett nem um livro obrigatório no seu género, mas é mais um bom livro do autor e que certamente agradará aos seus fãs e também aos fãs desta época. É, essencialmente, um livro completo, que não se limita a proporcionar uma boa história, mas também um bom enquadramento histórico.

Luís Pinto

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

TOP LIVROS 2015


TOP LIVROS 2015





O ano de 2015 foi mais um excelente ano em termos de leituras. Muitos livros bons, várias surpresas, algumas desilusões.

Comecei o ano com vários livros de Carlos Ruiz Zafón que apreciei bastante e que me ocuparam boa parte de janeiro.

Em fevereiro li o imortal "Um Conto de Natal", o surpreendente "A segunda vinda de Cristo à Terra" e ainda "O Poço da Ascensão", um dos melhores livros do ano! Em março tive duas boas surpresas com "Últimos ritos" e "Hitler".

Abril foi o mês em que li "As vinhas da Ira", um fantástico livro de Steinbeck, e ainda comecei a ler os livros da física teórica de Michio Kaku. De seguida li o mundialmente famoso "A rapariga no comboio" e aproveitar para começar a saga Freelancer. Antes do verão chegar foi ainda tempo para ler "Um homem sem passado" e o também surpreendente "Sete minutos depois da meia-noite".

Foi no verão que li "A História secreta da Gestapo" e iniciei o ciclo de "31 dias, 31 passatempos" e que novamente foi um grande sucesso. Li ainda "Objetos Cortantes" e comecei a ler Juliet Marillier, que me agradou bastante. Já em setembro regresso a uma fantástica saga para ler "O herói das Eras", mais um impressionante livro de uma das melhores sagas que já li.

Em outubro li "J", um livro que foi uma agradável surpresa e passei de imediato para "O Peregrino", um thriller com um bom ritmo e que me agarrou facilmente. De seguida li "Arranha-Céus" e comecei a ler a nova edição de "Guerra e Paz", um livro imortal e sobre o qual já falei este ano.

Para além destes, li muitos outros livros. Tentar fazer um resumo do ano nunca é fácil e por vezes é ingrato. Fora desta pequena lista estão muitos livros que apreciei, mas seria impossível falar de todos e o próprio texto só faz sentido se apenas falar dos que me marcaram mesmo.

Estes foram os livros que misturaram uma grande qualidade e que mais me agradaram. Escolher o livro favorito de um ano nunca é fácil. Fora dos meus tops ficaram ainda grandes livros que li antes de começar o blog, e que por isso nunca entraram nestas listas apesar de ter falado sobre eles, como por exemplo "O Senhor dos Anéis", "1984", "O Principezinho", "O espião que saiu do frio", "Ratos e Homens", saga "Harry Potter", entre muitos outros verdadeiramente fantásticos...



Fica aqui um pequeno resumo de cada ano:

Em 2011 elegi como livros favoritos do ano "Duna", "O jogo final"e "A glória dos traidores".

Em 2012 foram "O Mago - As trevas de Sethanon", "Eu sou a lenda" e a saga do Assassino com o grande Fitz.

Em 2013 foi "A cura de Schopenhauer" que mais me marcou, seguido do "Pistoleiro" e ainda "O triunfo dos porcos".

2014 foi o ano de "O marciano" e do fantástico "O Império Final".

Agora que 2015 acabou, e no meio de tantos livros que gostei, a minha escolha de livro favorito do ano vai para O poço da Ascensão, o segundo livro da saga que começou com O Império Final, e que me deixou abismado com a sua qualidade e revelações. É muito raro um livro de fantasia conseguir reunir tanta qualidade e ainda mais raro que toda a saga apresente essa mesma qualidade. Brandon Sanderson demonstra aqui porque é um dos nomes mais sonantes da fantasia da última década... e a grande maioria dos seus fãs afirmam que esta nem é a sua melhor saga. O escritor que detém as sagas com a melhor média de pontuação no Goodreads demonstra aqui o porquê da sua fama.

Espero que tenham gostado do meu top e novamente agradeço a todos os que passaram mais um ano a visitar este blog para ler as minhas opiniões, comentar e participar em passatempos. No final deste ano, teremos novo top!

Passatempo: As horas invisíveis - vencedor


PASSATEMPO

As horas invisíveis



Uma vez mais a nossa parceria com a Editorial Presença leva-nos à oportunidade de oferecer aqui no blog um livro. Desta vez foi o novo livro de David Mitchell, o autor de Cloud Atlas - O Atlas das nuvens.

A todos os que participaram, o nosso agradecimento.

Estejam atentos aos próximos passatempos e contem com uma opinião a este livro no próximo mês!


Sinopse: Holly Stykes foge de casa dos pais para viver com o namorado. Embora pareça uma típica adolescente inglesa, é propensa a fenómenos paranormais. Durante a fuga, conhece uma mulher estranha que a alicia com um gesto amável em troca de asilo. Décadas depois, Holly compreende por fim que espécie de asilo a mulher procurava…
Este thriller empolgante de David Mitchell, aclamado autor de Atlas das Nuvens, acompanha a vida atribulada de Holly numa série de eventos que se cruzam por vezes de maneira indizível, pondo-a no centro de uma intriga perigosa jogada nas margens do mundo e da realidade. Dos Alpes suíços da Idade Média ao interior australiano do século XIX, culminando num futuro próximo distópico, As Horas Invisíveis é um romance caleidoscópico que nos oferece uma alegoria do nosso tempo.


Para mais informações sobre este livro, cliquem aqui.

E o vencedor é:

Helena Isabel Muralha Bracieira

Parabéns à vencedora!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

BEN-HUR


Autor: Lew Wallace





Sinopse: Esta é uma obra fabulosa, uma mistura de aventura melodramática e pesquisa histórica. Ao longo do texto Lew Wallace estabelece um paralelo entre a vida de Jesus e a do seu herói — Judah Ben-Hur que empreende, também ele, uma viagem de descoberta pelo mundo mediterrânico partindo de Jerusalém, passando pela Nazaré e pelas galeras até Roma, sempre em busca do amor e da identidade individual e patrimonial.
Contada com um realismo vivo, e retratando com grande fidelidade os costumes e tradições das sociedades romana e judaica no tempo de Cristo, esta história ainda hoje prende a atenção de milhões de leitores apreciadores de textos aventurosos e de grande imponência.
Hoje em dia mais conhecido como obra cinematográfica do que como texto literário, Ben-Hur alcançou um sucesso estrondoso imediatamente após a sua primeira publicação, em 1880.



Muitos conhecem Ben-Hur pelo filme que bateu o recorde de Oscars há muitos anos. No meu caso, já tinha visto o filme várias vezes mas nunca lera o livro.

Ben-Hur é uma história de vingança, muito ao estilo do imortal O Conde de Monte Cristo de Dumas, e que sempre me agradou bastante, principalmente pela facilidade com que se gosta da personagem principal. No livro voltei a sentir o mesmo. Ao vermos um homem justo e honesto ser alvo de tamanha injustiça, queremos que se salve, queremos vingança.  E é essa a motivação que nos faz continuar a leitura.

Com uma escrita trabalhada, a narrativa nunca acelera demasiado, dando ao leitor todo o tempo necessário para sentirmos o peso dos cenários que Ben-Hur irá enfrentar, o que sente, o que o faz continuar. Aliás, um dos grandes trunfos deste livro é vermos onde este personagem irá arranjar forças. O que sonha, o que deseja voltar ver e sentir. A isso junta-se o seu sentido de nunca deixar de ser a pessoa que é, mesmo quando tem a capacidade para se vingar como sempre desejou. O que faríamos nós no seu lugar? A sede de vingança é um poderoso estímulo...

Misturado de forma sublime com factos históricos e vários momentos bíblicos, Ben-Hur é uma história épica e que nos leva a caminhar ao lado de um homem que consegue expor tantos fatores que nos tornam humanos, quer para o bem, quer para o mal. Medo, desespero, amizade... são alguns dos catalisadores. Pelo meio, algumas personagens que ficam na memória e dois ou três momentos de grande carga emocional. Destaque para o excelente trabalho do autor em mostrar detalhes da vida das pessoas pelos vários locais que Ben-Hur irá visitar. As diferenças na qualidade de vida, mas tradições e na forma de se ver a vida, tudo isso é explorado bastante bem pelo autor. E, pelo meio, as eternas questões sobre a fé de cada pessoa.

Tal como tinha acontecido com o filme, também adorei o livro. A jornada de vida de Ben-Hur é impressionante e retrata o que muitas pessoas terão vivido naquela era, mas sem a vingança que muito poucos terão alcançado. Se este género é do vosso agrado, então Ben-Hur é uma história que não deixa um leitor indiferente.

Luís Pinto

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

GUERRA E PAZ - Livro II



Autor: Léon Tolstói




Sinopse: A Rússia continua a ser devastada pelos exércitos de Napoleão, e as mortes e tragédias sucedem se, ligando-se indelevelmente às vidas das personagens. Estamos no início do século XIX, um dos mais conturbados da história da Rússia, e as vidas de homens e mulheres cruzam-se num tecido narrativo deslumbrante. Ainda assim, apesar de a felicidade parecer algo impossível de ser vivido em tempos de guerra, há bailes e casamentos, aventuras e diversões, festas e grandiosos momentos.
Guerra e Paz é um verdadeiro clássico da literatura universal, e aqui chegamos ao seu último volume. Eis uma obra intemporal que condensa toda a condição humana, simultaneamente romance histórico, bélico e filosófico, e propõe acutilantes reflexões sobre os temas que nos movem e comovem: a vida, o sacrifício, a liberdade, a justiça, o amor e a honra.


Neste segundo volume, Tolstói continua a aprofundar o nosso conhecimento sobre as personagens, principalmente Pierre e Andrei. Estas são para mim as personagens mais fascinantes da história e este segundo volume demonstra a sua evolução.

Com a acção a fugir um pouco dos campos de batalha e a centrar-se nos bastidores durante uma boa parte do livro, começamos a perceber as intrigas dos ricos, tanto na busca por mais riqueza e poder, como na procura de alianças em casamentos, muitos deles sem qualquer amor. Temos ainda uma melhor percepção dos sentimentos amorosos de algumas personagens enquanto as vemos evoluir física e mentalmente. Umas farão o previsível, outras deixarão o leitor de boca aberta pela surpresa.

Pierre é, na minha opinião, a personagem mais importante desta narrativa, pois é com ele que começam todas as dúvidas, sendo a personagem que começa a questionar, deixando-se cair, questionando cada vez mais o sentido da vida, amizade, e acabamos por ver uma pessoa deslocada da sociedade em que vive. É também a personagem que introduz a Maçonaria à história e que ajuda este livro a tornar-se mais completo e por vezes misterioso, levando-nos uma vez mais às guerras de bastidores/interesses.

A escrita de Tolstói, como já disse na opinião ao primeiro livro, é forte e por vezes com um ritmo demasiado lento, mas o significado está sempre presente. Este é o livro que leva o leitor a sentir o sofrimento das personagens e todo o livro está associado a esse sofrimento e à transformação originada por essa dor, física ou mental. Tolstói é um mestre a atacar a sociedade e a apatia dos que nela vivem e o leitor sente a revolta. 

Em relação ao mundo descrito pelo autor, tudo está no seu lugar, e estamos perante uma narrativa impressionante das sociedades russas e francesas, e que me fizeram conseguir imaginar facilmente o que Tolstói tenta transmitir. Todas as sociedades têm virtudes e defeitos e para existirem ricos, terão sempre de existir pobres. Para existirem guerras, terão sempre de existir soldados que lutem sem questionar, e a seguir à paz voltará sempre a guerra, com muitos a serem favorecidos por ela.

Uma vez mais uma leitura que não é fácil, nem consegue ser compulsiva em algumas fases, mas a sua qualidade é inegável. É um murro no estômago, é uma verdadeira obra prima. É um companheiro que nos leva para um mundo no qual não queremos viver. Esta é uma obra que se deve ler de seguida para melhor compreensão, mas que certamente exige alguma vontade por parte do leitor. No fim serão recompensados, sem dúvida!

Falar muito mais sobre um dos melhores romance de sempre é redundante. Nestas centenas e centenas de páginas existem muitos temas abordados, muitos momento de reflexão, de emoções, de surpresa, alegria e tristeza. Poucos livros alcançaram esta qualidade, esta coerência, esta magnitude que nos leva a pensar que o autor pensou em tudo e que nada ficou por contar ou explicar. Uma sensação de realismo única num livro obrigatório para se ter na nossa estante.

Luís Pinto

Adaptado de um texto lançado no início do blog sobre este poderoso romance 

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

A VOZ


Autor: Juliet Marillier

Título original: The Caller




Sinopse: A surpreendente conclusão da trilogia que começou com Shadowfell, cheia de romance, intriga e magia.
Há um ano, Neryn nada tinha a não ser um Dom Iluminado que mal compreendia e o sonho vago de que a mítica base rebelde de Shadowfell pudesse ser real. Agora, é a arma secreta dos Rebeldes e a sua grande esperança de fazerem vingar essa revolta secreta contra o rei Keldec, que terá lugar no dia do Solstício de Verão.
No entanto, para se preparar para a batalha sangrenta que a espera mais adiante, Neryn terá de procurar primeiro o ensinamento de mais dois Guardiães. Entretanto, Flint, o homem por quem se apaixonou, está no limite das suas forças enquanto espião na corte do rei e acumulam-se as suspeitas da sua traição.
A confiança dissipa-se de dia para dia quando a notícia da existência de uma outra Voz chega aos ouvidos dos Rebeldes: uma Voz leal a Keldec, que possui todo o poder de Neryn e nenhuma da sua benevolência ou autoridade arduamente conquistada. Nas vésperas da insurreição, Neryn terá de descobrir uma forma de reconhecer - e explorar - a fragilidade do seu adversário.
Em jogo, está a liberdade do povo de Alban, a possibilidade de os Boa Gente saírem dos esconderijos e a oportunidade de Flint e Neryn se unirem finalmente.


Terceiro e último livro da saga Shadowfell é, de longe, o melhor livro dos três. Aos poucos tenho começado a ler livros desta autora e tenho gostado bastante da sua forma de explorar mundos e personagens. Aqui a autora aprofunda as personagens que criou nos dois livros anteriores e nota-se uma enorme maturidade na sua escrita em dar certos detalhes nos momentos certos, tornando as personagens muito mais coerentes e preparando os leitores para os momentos finais da saga.

Para mim o final é mesmo muito importante, e a autora não falhou. Em alguns momentos até pode ficar a ideia que a autora irá levar-nos por um final demasiado leve ou irrealista, mas tal não acontece quando chegam os momentos em que a autora tem mesmo de tomar as decisões importantes. Isso nota-se, principalmente, nas ligações que as personagens vão criando entre si. Marillier leva-nos por um enredo que se torna emocional quando menos se espera se não estivermos atentos à forma como a autora nos liga a essas mesmas personagens.

O outro grande trunfo deste livro é o seu mundo, com detalhes fantásticos e uma coerência que se mantém mesmo até ao fim. Marillier tem uma capacidade impressionante para criar mundos nos quais facilmente o leitor entra e sente-se em casa. É apetecível andar por aqueles cenários, perceber o seu passado, os seus detalhes, a sua beleza. A forma como a autora junta magia a esse mundo é também muito interessante, pois percebe-se a coerência em que mundo e magia se adaptaram um ao outro, como se fosse algo que realmente existe e que se foi adaptando.

Em relação à história, o ritmo é agradável. Existe um ou outro momento que parece mais forçado, pois a autora também não consegue explicar tudo, mas no geral é uma história muito coerente, que nos dá respostas e que surpreende em alguns momentos, oferecendo um final muito satisfatório. Outro aspeto interessante é a cadência com que a autora explora os tema mais maduro e emocionais. Tanto temos páginas em que a autora quase parece fugir desses temas para se focar na ação, como a seguir para para explorar esses conceitos e com eles aprofundar o seu mundo e as suas personagens, levando os leitores a criarem questões. Esta montanha russa no avançar da ação foi algo que apreciei no livro e que acho que a autora conseguiu muito bem.

Globalmente este é, sem dúvidas para mim, o melhor livro da trilogia. Dá respostas, é coerente, emocional e fecha o enredo com inteligência. Mais um bom livro desta muito famosa autora, e com todo o mérito.

Luís Pinto

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Passatempo: As horas invisíveis


PASSATEMPO

As horas invisíveis



Uma vez mais a nossa parceria com a Editorial Presença leva-nos à oportunidade de oferecer aqui no blog um livro. Desta vez será o novo livro de David Mitchell, o autor de Cloud Atlas - O Atlas das nuvens.

Para se habilitarem a ganhar, basta responder a uma pergunta e preencherem o formulário.

Apenas é permitida uma participação por pessoa.

O passatempo acaba dia 17 de janeiro.

A todos, boa sorte, e estejam atentos, pois teremos a opinião a este livro lá mais para o fim do mês.


Sinopse: Holly Stykes foge de casa dos pais para viver com o namorado. Embora pareça uma típica adolescente inglesa, é propensa a fenómenos paranormais. Durante a fuga, conhece uma mulher estranha que a alicia com um gesto amável em troca de asilo. Décadas depois, Holly compreende por fim que espécie de asilo a mulher procurava…
Este thriller empolgante de David Mitchell, aclamado autor de Atlas das Nuvens, acompanha a vida atribulada de Holly numa série de eventos que se cruzam por vezes de maneira indizível, pondo-a no centro de uma intriga perigosa jogada nas margens do mundo e da realidade. Dos Alpes suíços da Idade Média ao interior australiano do século XIX, culminando num futuro próximo distópico, As Horas Invisíveis é um romance caleidoscópico que nos oferece uma alegoria do nosso tempo.


Para mais informações sobre este livro, cliquem aqui.

 

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

GUERRA E PAZ - Livro I


Autor: Léon Tolstói


Tolstói será para sempre recordado como um dos grande nomes da literatura russa, ao lado de nomes como Dostoiévski ou Tchecov. Autor de um dos melhores romances de sempre, Anna Karenina, Tolstói tem em Guerra e Paz o seu primeiro grande êxito, muito inesperado, principalmente devido ao seu tamanho, tal como o próprio autor confessou.

Guerra e Paz é um romance de enorme magnitude, complexo e detalhado, com mais de quinhentas personagens, dando a esta obra uma profundidade única, e acreditem que algumas serão personagens memoráveis, das mais complexas que alguma vez li, e seguramente todas elas muito bem criadas.

Com o livro a ser dividido em 2 volumes nesta nova edição da Saída de Emergência, este primeiro livro funciona como uma introdução poderosa, tanto de personagens como da sociedade na qual a história se irá desenrolar. E este é o primeiro grande talento de Tolstói: com descrições fortes e objectivas, o autor começa a mostrar-nos as diferenças na sociedade, mas principalmente as diferenças entre a sociedade Russa e a Francesa, sendo a sociedade Russa fortemente criticada. É fácil perceber como Tolstói desprezava tal sociedade, na qual os ricos levam uma vida de ostentação e desperdício, enquanto a poucos metros pessoas morrem à fome. Esta crítica ao desequilíbrio da qualidade de vida em qualquer sociedade, já foi, e continuará a ser, mencionada e criticada em muitos livros... mas Tolstói consegue-o de forma diferente, mais arrepiante e marcante para o leitor. Um talento raro...
A História foi feita de conquistas e essas com sangue, ordens, sacrifícios; mas acima disso, foi feita por homens que ordenaram, outros que obedeceram. Quantos homens morreram por um líder que nunca conheceram? Mas ainda mais importante: quantos lideres valorizaram a vida dos seus soldados? Esta obra, será, para o leitor que chegar ao fim do 2º livro, uma homenagem a esses homens que lutaram uma guerra que não criaram... os peões.

Sendo uma obra tão grande, deixarei para o próximo volume a minha opinião à história, personagens e outros factores importantes num livro desta magnitude. No fim, este primeiro livro, ao ser recordado, será apenas a leve memória das personagens, de como elas eram antes da guerra, e notaremos então as suas mudanças... e serão muitas. Mas uma coisa percebemos nestas páginas iniciais: é realmente uma obra-prima.
Próximo livro para breve!

Luís Pinto

Nota: Opinião revista e melhorada de um texto lançado há quase três anos.