sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

ESTAÇÃO ONZE


Autor: Emily St. John Mandel

Título original: Station Eleven




Sinopse: Kirsten Raymonde nunca conseguiu esquecer a noite em que Arthur Leander, um ator famoso, morre no palco quando representava O Rei Lear. Foi nessa fatídica noite que teve início uma pandemia de gripe que veio a destruir, quase por completo, a humanidade. 20 anos depois, Kirsten é uma atriz de uma pequena trupe que se desloca por entre as comunidades dispersas de sobreviventes a representar peças de Shakespeare e a tocar música. No entanto, tudo irá mudar quando a trupe chega a St. Deborah by the Water.


O género pós-apocalíptico tem estado "na moda" mas nem sempre usado da melhor forma. Estação Onze pega, uma vez mais, no conceito base em que a humanidade enfrentou algum tipo de tragédia e poucos sobrevivem no planeta. Todavia, ao contrário da grande maioria dos livros, esta é uma obra que se mostra mais ao estilo da obra-prima que é "A Estrada", onde estamos focados em ver o que aconteceu às pessoas e não tanto ao mundo nem como ele irá renascer. Este não é um livro sobre a humanidade, mas sim sobre um pequeno conjunto de pessoas que sobrevivem num mundo complicado e como as suas vidas se irão cruzar.

E é a partir desta base que o livro se torna humano e emocional. Este é, de forma quase paradoxal, um livro que nos mostra como devemos tentar encontrar a beleza em tudo o que a vida nos dá, mesmo que tudo pareça cinzento e condenado. É uma história de força sustentada nos que nos ajudam e não nos que nos tentam vergar. É nessa filosofia do enredo que começamos a ver o poder da fama, a ilusão que é, o quanto é apetecível. O reconhecimento da sociedade, a influência sobre as pessoas, a necessidade de nos qualificarmos acima dos restantes.

Num ambiente alimentado pela força humana, este livro leva-nos pelo espírito aventureiro de uns e a depressão de outros. O enredo, saltando entre presente e passado, mistura-se de forma quase perfeita em alguns momentos para nos mostrar certos aspetos das personagens, usando bastante bem o facto de os traumas as marcarem para sempre.

Outro trunfo deste livro está na escrita da autora que consegue explorar as emoções dos leitores. Com um ritmo que se adapta às situações, o enredo explora as suas personagens e são elas o grande foco. No início o livro demorou a agarra-me, talvez por não perceber que caminho a narrativa iria levar para me dar uma leitura diferente de outras. Todavia, ao fim de pouco tempo, percebe-se que a autora está a arriscar ao misturar alguns conceitos, e que se está a sair bem.

Facilmente se cria uma ligação com as personagens e começamos a perceber como elas se ligam entre si. Apesar de ter alguns momentos forçados ou previsíveis, a verdade é que o livro acaba por surpreender com algumas revelações importantes.

Este foi um livro que me surpreendeu. Quando li a sinopse tive a sensação que este podia ser um livro diferente, e realmente é. Não é um livro que agrade a todos os leitores, e o seu início pode não ser revelador da qualidade que está para vir, mas no fim fiquei com a sensação que li algo realmente bom e diferente sobre como queremos ser visto pela sociedade e como queremos ser recordados.

Luís Pinto

2 comentários:

  1. Já foi para a lista!

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  2. Gostei mesmo muito desta opinião. Era um livro que me ia passar completamente ao lado.

    Boas leituras1

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