Autor: Ken Follett
Título original: World without end
Neste segundo volume, nota-se que o livro foi escrito como um todo. O ritmo é igual, a escrita também, e fica a noção que devemos ler os dois livros de seguida.
Com o ler das páginas comecei a perceber o que depois se tornou óbvio: este segundo volume é bastante melhor do que o primeiro. As personagens tornam-se mais maduras, as suas falhas mais acentuadas e a história consegue uma maior ligação com acontecimentos históricos.
Começando pelas personagens, Caris permanece aquela que, na minha opinião, apresenta maior qualidade. Não que seja a minha favorita, mas enquanto um todo, Caris está muito bem criada e explorada, dando ao enredo um toque especial e levantando algumas das questões mais importantes do livro com algumas decisões mais difíceis. Outra personagem que me cativou bastante foi Merthin, que cresce bastante neste livro e ganha o seu espaço, e tal como todas as outras, demonstra o seu realismo com as suas falhas e dúvidas.
Sobre o enredo é preciso dizer que este livro ganha bastante com o aproximar a alguns momentos históricos e que se tornam importantes para o livro. A peste negra e algumas batalhas famosas aparecem e há uma boa ligação com enredo e personagens, mostrando um bom trabalho de pesquisa e também capacidade para os encaixar no enredo. Junta-se a isso uma boa descrição da época, principalmente nas mentalidades. Religião, costumes, preconceitos sobre a evolução e, claro, a homossexualidade, são temas explorados, e bem, pelo autor. Neste aspeto devo ainda referir que em certos momentos se nota que o autor torna a sua escrita mais "crua", quase para chocar o leitor com o ato que estamos a presenciar.
A linha que divide o bem e o mal está presente, cada vez mais ténue, muito graças às falhas das personagens principais. E é aqui, pelo menos para mim, que está o segredo deste livro. As personagens apresentam um realismo palpável que ajuda o enredo. No entanto, devo também referir que se nota um abrandar de ritmo no livro quase no fim, dando a ideia que algo se está a arrastar até ao momento da revelação final. Este facto, num livro tão grande, pode desagradar momentaneamente os leitores, mas a verdade é que a grande maioria dos leitores estará tão desejosa de acabar o livro que não se importará.
Não querendo desvendar nada da história, a verdade é que o livro apresenta algumas questões morais nos momentos mais difíceis para as personagens. As questões que levanta dão consistência ao enredo, e percebemos que o autor não se limitou a seguir a história, mas sim a criar um mundo sólido e vasto, com detalhes que lhe dão vida. Enquanto romance histórico, é do melhor que já li, mas acredito que não esteja ao nível da obra prima "Os Pilares da Terra" que ainda não li mas oiço falar tão bem.
Follett é um excelente escritor e irei ler mais livros seus. Cria personagens com grande qualidade, envolve o enredo num mundo credível e a cada página algo de interessante pode acontecer. A escrita é forte, crua, e por vezes pareceu-me fora do contexto histórico mas nunca me desagradou. A forma como fiquei entusiasmado com um livro que no conjunto tem mil páginas é um dos méritos do autor.
Como disse antes, não é genial, não é uma obra-prima, mas é mesmo muito bom. A forma como o autor explora os sonhos e os jogos de bastidores está fantástica, com o sexo a ter um forte poder na forma como homens e mulheres tentam ganhar poder ou favores. Preparem-se para perder personagens que aprenderam a gostar, e também para muitas surpresas. Aconselhado a todos os que gostarem do género ou que queiram entrar no romance histórico!
Luís Pinto
Para mais informações sobre o livro Um mundo sem fim - volume II, clique aqui.
Para mais informações sobre o autor, consulte o site da Editorial Presença aqui.
Como sempre, excelente análise, Luís. Espero que continues com este autor.
ResponderEliminarAbraço
Bela análise a um livro fantástico. Parabéns pela forma como analisaste a obra sem revelar nada. continuação de boas leituras.
ResponderEliminarTenho mesmo de comprar alguns livros deste autor. Obrigada pela sugestão. Subiu uns pontinhos na minha lista de comprar. lol
ResponderEliminarParabéns pela análise. Follett é mesmo um autor a ter em conta e espero que continues a falar sobre ele.
ResponderEliminarAinda não sei se lerei este Mundo sem Fim... pelo simples facto de que vi a série (gostei) mas achei uma cópia disfarçada de "Os Pilares da Terra" (do mesmo autor)
ResponderEliminarPara quem leu Os Pilares da terra é impossível não ficar com essa sensação. Apenas mudam os nomes e pouco mais... é certo que em equipa que ganha não se mexe mas....
Quanto ao livro ele de facto é um só, mas a Presença (que muito me tem desgostado nos últimos 3 anos) decidiu publicar também em 2 volumes, uma verdadeira ROUBALHEIRA num escandaloso preço.
De Ken Follett tenho para ler a trilogia "O Século" iria fazê-lo este ano, mas creio que irei aguardar pela saída do 3º volume em 2014. Estes foram comprados na Feira da Ladra (NOVOS) a 10 euros cada. e não a quase 30 euros. Lamento mas em tempos de crise, não me irei armar em esquisito)
A Editorial Presença que vá gamar para a estrada.
Um abraço Luís
Olá Luís,
ResponderEliminarSei que não tens muito tempo por isso não me vou alongar no comentário. Gostei muito do que escreveste. Nunca li nada do Ken Follett mas despertaste-me a curiosidade primeiro com o Triplo e agora com estes. Mas acho que irei começar pelos Pilares. Fico é à espera que fales de outras obras do autor pois no meio de tantos livros e grandes nem sei o que escolher.
Bjs
Olá outra vez Luís.
ResponderEliminarComo sempre excelente comentário. Eu gostei muito deste livro mas gostei mais dos Pilares. A tua opinião toca na muche do que é o fundamental do livro. O que te peço agora é que continues com este autor e fales dos seus outros livros e assim até me ajudas a escolher!
Boas leituras.
Olá a todos! Peço desculpa por apenas responder agora.
ResponderEliminarEstou a ver que tenho mesmo de ler Os Pilares. Vou tentar regressar a este autor mas ainda não sei quando o vou conseguir. Mais opiniões para breve!