Autor: Harper Lee
Título original: To kill a Mockingbird
Durante os anos da Depressão, Atticus Finch, um advogado viúvo de Maycomb, uma pequena cidade do sul dos Estados Unidos, recebe a dura tarefa de defender um homem negro injustamente acusado de violar uma jovem branca. Através do olhar curioso e rebelde de uma criança, Harper Lee descreve-nos o dia-a-dia de uma comunidade conservadora onde o preconceito e o racismo caracterizam as relações humanas, revelando-nos, ao mesmo tempo, o processo de crescimento, aprendizagem e descoberta do mundo típicos da infância. Recentemente, alguns dos mais importantes livreiros norte-americanos atribuíram grande destaque ao livro, ao elegerem-no como o melhor romance do século XX.
Livro publicado em 1960, este foi o livro que deu a Harper Lee o Prémio Pulitzer e provocou a sua fama.
Numa escrita brilhante, capaz de cativar, de nos ensinar e nos aproximarmos das personagens, Harper Lee leva-nos até uma pequena cidade dos Estados Unidos da América onde uma criança nos narra um dos melhores livros que já li. Agora, o que torna este livro especial?
Para começar devo dizer que este livro é sublime não pela sua história em si, mas pela forma como nos é dada. A nossa narradora, Scout, é a filha de Atticus e a forma como este livro nos faz saltar entre ver o mundo pelos olhos de uma criança e de um adulto é sublime. Aliás, devo dizer que poucos escritores conseguiram “entrar” na mente de uma criança e recriar as suas acções e pensamentos, de forma tão exemplar e nesse aspecto em nada fica atrás de “O Principezinho” ou "O Deus das Moscas".
Numa civilização simples, modesta, a mente da nossa narradora encaixa de forma perfeita, simples, tal como a mente de uma criança normal. Esta visão simplificada e inocente faz com que o livro não ataque a moralidade da população, mas questiona-a e deseja libertar-se daquele preconceito, criando pensamentos básicos que deveriam ser a base da nossa própria civilização. Quando Scout nos diz que para ela não existem vários tipos de pessoas, mas apenas pessoas (num pensamento sobre o racismo), nós leitores quase que sorrimos com a bofetada que a criança dá aos supostos pensamentos superiores e arrogantes dos adultos que a rodeiam.
Numa história bem estruturada, a grande personagem é Atticus, sinceramente uma das melhores que já li, com a sua calma, inteligência e desprovido de preconceitos, este é o homem que tentará lutar contra esse racismo ideológico que destrói qualquer barreira lógica durante todo o livro. Ele é quem tenta aniquilar esse “monstro” que se alimenta das mentes obtusas de algumas pessoas que não conseguem ver o evidente apenas porque na balança está um branco contra um negro. Isso leva à revolta do próprio leitor que percebe estarmos perante uma história que certamente muitas vezes se repetiu na realidade, o que torna este livro ainda melhor e mais envolvente.
O final do livro é excelente e leva-nos a um momento onde Scout tenta ver o mundo pelos olhos de outra personagem, e o que vê é tristeza, um mundo que ela não deseja na plenitude, apesar de sentir que ao fundo, bem escondido, existe bondade.
Sendo um dos melhores livros que já li, a personagem Atticus junta-se a um grupo distinto de personagens que se tornam imortais pela sua decência e coragem. Atticus consegue ainda partilhar a grande maioria das capacidades da autora Harper Lee, quer a olhar para o mundo, quer para perceber a mente das crianças. Talvez falte ao mundo dos adultos aquilo que Atticus tem, a capacidade de respirar alguma da inocência das crianças, de respeitar essa inocência e de a identificar quando o preconceito dos adultos nos cega.
Um livro obrigatório!
Obrigatório? Vou confiar como sempre e comprar!
ResponderEliminarFiquei mesmo muito interessada depois de ler esta crítica. parabéns!
ResponderEliminarNão conhecia o livro nem a autora, mas vou comprar. gostei bastante do tema principal.
ResponderEliminarUma vez mais uma excelente escolha literária. Já o li e é um livro belo, um dos melhores que já li e que deve ser apreciado por todos.
ResponderEliminarRui César
Li-o no mês passado. Já levava na bagagem boas opiniões sobre o livro, mas mesmo assim ainda conseguiu surpreender-me. É sem dúvida um livro muito bem escrito e fascinante.
ResponderEliminarHarper Lee não complica. Se tudo é tão simples aos olhos das crianças, por que não ver e entender as coisas como elas? «Eu penso que só existe um tipo de pessoas. Pessoas.»
Olá tonsdeazul. Sorry só responder agora.
EliminarÉ exactamente isso que eu penso. Harper Lee consegue tornar tudo tão simples que torna o livro fantástico.
Uma crítica assombrosa da tua parte. Os meus parabéns. Sobre o livro já não há mais nada a dizer. Fantástico.
ResponderEliminarObrigado Fernando! Boas leituras.
EliminarOlá,
ResponderEliminarLi este livro penso que há algum tempo e o personagem Aticus marcou-me imenso. Pela sua forma de pensar e sobretudo de agir!
É uma obra fantástica!
Concordo Paula, também gostei muito do Aticus. Uma personagem rara de se encontrar.
ResponderEliminarOlá Luís. Já há bastante tempo que não passava por aqui. Olha, encontro-me de momento a ler este livro e ainda não li bem a tua opinião. No entanto, como costumo fazer leio as opiniões sobre o mesmo já depois de ter lido o livro. Hei-de depois passar por aqui não só para ler a tua opinião com atenção e dizer-te também o que achei dele.
ResponderEliminarBeijinhos! =)
Olá Filipa. Sim, já há algum tempo. Mas reparei que meteste umas férias no blog. Muitas críticas nos próximos dias, acredito. Depois quero saber o que achaste. Eu adorei, e sinceramente não estava à espera de gostar tanto. Mas também já ouvi opiniões de pessoas que não gostaram muito.
EliminarBeijinhos!
Gostei muito da opinião, estou neste momento a ler o livro e estou a achar maravilhoso!
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