Autor: Bernard Michal
Sinopse: Os Julgamentos de Nuremberga foram o mais importante processo internacional de todos os tempos. Tiveram início a 20 de novembro de 1945 e marcaram definitivamente o fim da Segunda Guerra Mundial. Os «crimes contra a Humanidade» ganharam novos contornos ao responsabilizar‑se não só quem os praticou mas também aqueles que, pelos seus conselhos e influência, contribuíram para o deflagrar da guerra. Os alvos eram as mais altas personalidades do Terceiro Reich, civis e militares: Goering, Hess, Ribbentrop, Keitel ou Rosenberg. Hitler foi o grande ausente.
Como se chegou a semelhante processo? Teriam os Aliados o direito de se arvorarem em juízes e carrascos de um país e de um regime vencidos? Seria o processo legítimo? E se a guerra tivesse sido ganha pelos nazis, teria o mundo assistido a um «Nuremberga» ao contrário? Estas são algumas das questões a que este livro procura dar resposta.
Speer, um dos réus, declarará, ao reconhecer a culpabilidade do regime de Hitler: «Este processo é necessário. Mesmo sob uma ditadura, crimes tão abomináveis exigem uma responsabilidade comum. Seria uma desculpa inadmissível pretender escondermo‑nos por detrás da obediência às ordens.»
Regresso uma vez mais a este tema sobre o qual já li bastante. A Segunda Guerra Mundial é um dos momentos mais marcantes da Humanidade, por tudo o que alterou, pela forma como mostrou a nossa natureza, e também pelas alterações políticas que criou. A isso junta-se toda a parte filosófica, psicológica e económica que ainda hoje é estudada.
Neste livro olhamos para os julgamentos de Nuremberga, provavelmente, os julgamentos mais famosos de sempre. O livro explora e aprofunda bastante estes julgamentos, como foram criados, como foram dirigidos e quais eram realmente os seus objetivos. Estamos a falar de julgamentos completamente diferentes de tudo o resto que já tinha sido feito até então, uma nova página nos direitos humanos, na responsabilização, na luta contra a tirania mas também contra aqueles que fogem à responsabilidade ao alegarem que executaram ordens.
Gostei bastante da forma como o livro nos dá contexto. Nunca me senti perdido e a montagem é um grande trunfo pela forma como vai dando informação e como liga momentos e factos. Com isto o livro torna-se coerente e detalhado, mas sem baixar demasiado o ritmo. O resultado é que apesar de o tema ser forte e pesado, nunca baixei o ritmo de leitura. Neste aspeto temos de dar os parabéns ao autor pela forma como agarra o leitor, dando-lhe todos os detalhes importantes para uma compreensão extensa e completa dos julgamentos mas também dos efeitos, tanto antes como depois dos mesmos.
Outra questão interessante é a forma como o livro aborda a possibilidade de os nazis ganharem a guerra. Que tipo de julgamentos teríamos? E com esta possibilidade o livro torna-se mais psicológico, mais filosófico e, em certos momentos, mais político. É, por tudo isto, um livro que deve ser lido. Que nos ensina bastante, que choca e que nos leva a pensar sobre o que aconteceu, e o que teremos de fazer para que não se repita. Um livro que um dia voltarei a ler e que explora um dos momentos mais importantes da nossa História e que tão poucas pessoas conhecem.
Luís Pinto
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