Autor: Catarina Guerreiro
Sinopse: No Opus Dei, muitos membros entram com apenas 15 anos e comprometem-se a nunca casar nem ter filhos. Alguns usam uma corrente de arame com espigões à volta da coxa durante duas horas por dia e aos sábados açoitam-se com um chicote de corda. Dão o seu ordenado à organização e ao fim de seis anos e meio fazem um testamento a deixar tudo a entidades ligadas ao movimento. Os numerários, como Mota Amaral, são obrigados a tirar cursos iguais aos dos padres. O Ministério das Finanças de Maria Luís Albuquerque tinha vários colaboradores formados nas escolas do Opus Dei e um dos seus secretários de Estado era cooperador da Obra. Já a Maçonaria recruta muitos dos seus membros nas juventudes partidárias do PS e do PSD. Algumas lojas realizam rituais com caveiras e caixões e por vezes há documentos que são assinados com sangue. Nas reuniões é comum circular um saco preto de onde se pode tirar dinheiro discretamente. Uma das lojas do Grande Oriente Lusitano tem conseguido ter sempre entre os seus membros um elemento próximo dos vários primeiros-ministros. Estas são apenas algumas das revelações feitas pela jornalista Catarina Guerreiro, que ao longo de três anos de pesquisa entrevistou dezenas de membros e ex-membros destas sociedades secretas. De forma surpreendente e polémica, O Fim dos Segredos compara o Opus Dei e a Maçonaria e permite-nos conhecer o outro lado destas organizações sempre envoltas num manto de mistério. Onde e como recrutam? Quem pode entrar? Quais os rituais que praticam? Como é o dia-a-dia e a vida social dos seus membros? Qual o papel das mulheres? Como se organizam? Que tipo de relações mantêm com a Igreja? Quem manda nestas instituições? Como chegaram a Portugal? Que património possuem? Qual o seu verdadeiro poder político e económico?
Decidi ler este livro porque é um tema que me interessa, mas também pela curiosidade que é juntar Opus Dei e Maçonaria no mesmo livro.
Gostei do livro, apesar de não ter conhecimentos para indicar se a investigação está bem feita ou não. Partindo do princípio de que a investigação está bem feita, sendo credível e pouco tendenciosa, devo dizer que gostei da forma como a autor explora alguns temas. A grande maioria das perguntas que fui criando na minha mente foram respondidas, e penso que é assim que este livro conquista o leitor. Acredito que um livro deste género deve ser lido com um espírito crítico. Obviamente que o resultado final é uma leitura com certos assuntos em que gostava de ver a questão de outra perspectiva, mas isto é algo normal neste género de livros, pois o autor sabe que para ter impacto a expor o tema, tem de marcar o leitor de alguma forma.
Para tal, a autora faz uma boa ligação com o conhecimento do comum leitor e os factos que irá revelar. Para tal utiliza personalidades que conhecemos e que de alguma forma estão ligados a um dos dois temas do livro.
Com estas ligações a algo palpável que conhecemos, torna-se mais fácil fazer as ligações que nos "abrem o apetite" para outras curiosidades, e com isso continuamos a ler, à procura de ver outras personalidades a serem mencionadas ou a tentar fazer ligações com outros livros ou notícias que já lemos.
Os pontos mais altos do livro são a sua estrutura, porque o livro revela os factos nos momentos certos, e também a sua escrita. A autora consegue criar um livro que poderá ser lido por qualquer leitor, principalmente se for o primeiro livro que exploram com este assunto. No meu caso, que já li alguns, mas mais focados nestas organizações de um ponto de vista internacional, a leitura foi interessante e coerente com muito do que já li. No entanto, acredito que este será um livro mais apelativo para quem nunca tenha lido sobre o assunto, porque a autora cria a base de conhecimentos necessária para que o leitor não fique perdido.
O grande apelativo deste livro é a aura de mistério sobre o qual se baseia. Sabemos muito pouco sobre estas organizações e existe sempre uma tendência para criar teorias. Aqui tal ideia ganhar ainda maior peso por "misturar" Opus Dei e Maçonaria num mesmo livro. Acredito que muito do que está aqui descrito não seja mesmo a realidade (podendo haver ligeiras alterações), mas também acredito que muito esteja descrito como realmente é. Como disse no início, falta-me o conhecimento necessário para avaliar o trabalho de investigação da autora. O que consigo fazer é avaliar enquanto crítico literário, e nesse aspeto é um livro bem feito para quem quer começar a ler sobre este tema. Se a sinopse vos deixou curioso, então é um livro a ler.
Luís Pinto
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.