Autor: Bram Stoker
Sinopse: Drácula, o sinistro conde da Transilvânia, só pode ser morto por uma estaca espetada em pleno coração. Até que alguém consiga fazê-lo, porém, continuará a alimentar-se do sangue de inocentes, e estes, tornados mortos-vivos, passarão também a sofrer da insaciável sede de sangue. Mas como se conseguirá preparar uma armadilha a um monstro com vastos poderes e com a sabedoria dos séculos?
O vampiro mais famoso do mundo nasceu aqui, com as palavras de Bram Stoker, misturando mitos e lendas, e dando-lhe uma profundidade e um ambiente que o tornaram no clássico que todos conhecemos.
"O Conde sorriu, os seus lábios abriram-se sobre as gengivas e os
compridos e aguçados dentes caninos apareceram estranhamente…"
Na realidade, não existe muito que eu possa dizer sobre este livro que um leitor interessado ainda não saiba. Estamos perante um grande livro com um grande ambiente e uma fantástica personagem principal. Começando pelo ambiente, Stoker emprega uma escrita sombria e bonita para descrever o mundo no qual Drácula se movimenta. A tenção é quase palpável enquanto lemos sobre este homem, as suas caçadas e as suas lutas interiores.
Para mim, o melhor desta grande obra de Stoker está em nunca deixar o leitor sair desta atmosfera sombria. Em todas as páginas, ao entrarmos na história, sentimos a escuridão da noite, o nevoeiro à nossa volta, e a necessidade de Drácula em alimentar-se. E esta necessidade, que promove o medo do povo, é, na realidade, a grande base do livro, mesmo que de forma indireta durante boa parte do enredo.
Claro que cada leitor terá uma forma distinta de ver e absorver esta fantástica personagem, mas no meu caso o meu pensamento esteve sempre ligado à luta interior de Drácula, entre a noção de que não está a fazer o correto, a noção de que é diferente e está sozinho no mundo, e a sua incurável necessidade de se alimentar, praticando atos horrendos. E, paradoxalmente, ao praticar atos horrendos, transforma outros em seres iguais a si, deixando de estar, mesmo que indiretamente, sozinho.
E é a profundidade deste personagem que nos prende, porque, ao mesmo tempo, repudiamos os seus atos mas queremos que se salve, numa mistura de sentimentos que nos puxam durante uma narrativa pesada mas rápida o suficiente para não a largarmos. Drácula não é o grande clássico dos vampiros apenas por ter sido o primeiro a misturar os factos que hoje todos os vampiros têm, mas também porque é, provavelmente, o melhor livro de vampiros. Este é o livro que nos agarra ao ponto de pensarmos o que faríamos nós se fossemos Drácula. Até que ponto resistiríamos? Até que ponto o conhecimento adquirido durante séculos de vida nos muda a nós enquanto humanos, e também enquanto seres a observar o resto da humanidade?
Se nunca leram Drácula e gostam do género, este livro é obrigatório, nem que seja para perceberem como tudo começou, com este conde que nunca chega a dizer ao leitor se quer seja respeitado, amado, ou temido...
Luís Pinto