Autor: Nuno Nepomuceno
Sinopse: Uma nota enigmática é encontrada junto a lascas de tinta e tela, e à moldura vazia de um quadro famoso. O ladrão deixou um recado. Promete repetir a façanha dentro de um ano. De visita à igreja de Santa Maria delle Grazie em Milão, uma jovem mulher apaixona-se por um carismático milionário. Mas quando alguns meses depois é abordada por um antigo professor, Sofia é colocada inesperadamente perante um dilema. Deverá denunciar o homem com quem vai casar-se, ou permitir tornar-se cúmplice deste ladrão de arte irresistível?
Enquanto a intimidade entre o casal aumenta, um jogo de morte, do gato e do rato, começa. E aquilo que ao início aparentava ser um conto de fadas, transforma-se rapidamente num pesadelo, enquanto um plano ousado e meticuloso é urdido para roubar a obra-prima de Leonardo da Vinci. Requintado, intimista, inspirado em acontecimentos verídicos, A Última Ceia transporta-nos até ao elitista mundo da arte. Passado entre Londres e Milão, habitado por uma coleção extraordinária de personagens, para as quais a ambição e fama sobrepõem-se a qualquer outro valor, este é um thriller sofisticado de leitura compulsiva. Uma viagem surpreendente ao centro de uma teia de intrigas, romances e traições.
Até hoje li todos os livros deste autor e até tive o prazer e honra de ser orador na apresentação de dois deles. Nepomuceno é um escritor que evoluiu bastante desde o seu primeiro livro e esta sua série de livros com o professor Catalão, como personagem principal ou secundária, conta com três livros bastante interessantes, dentro do mesmo nível de qualidade. É muito interessante ver como cada livro é bastante diferente dos outros. O primeiro livro desta "série Catalão" é um livro de espionagem, enquanto o segundo é um thriller psicológico e este terceiro acaba por ser uma mistura de vários géneros que não vou aqui revelar, com grande foco num thriller policial.
O autor continua com a sua escrita objetiva, apesar de nunca tentar ter aqueles ritmo avassaladores de alguns autores que se limitam a explicar o óbvio e o necessário. Nepomuceno explora as suas personagens, cria densidade e alimenta o suspense com um ritmo alto, mas não demasiado alto. O livro ganha consistência aos poucos e prende o leitor com a sua montagem. Esta montagem, onde o leitor é obrigado a ir dando saltos temporais, é um dos trunfos do livro, até porque o autor mostra momentos importantes do futuro e depois retrocede para mostrar como se chega a esses eventos. Com esta "ginástica" o autor prende o leitor que quer saber como foi possível chegar àquele momento.
Claro que ao ler vários livros do autor, existem alguns momentos em que percebemos que nos tenta enganar, percebemos os seus truques e nem todos os momentos conseguem surpreender se estivermos a questionar e não nos limitarmos a absorver, mas é um problema que aflige a maioria dos autores. Por outro lado, Nepomuceno deve ser aplaudido por algumas surpresas mas, principalmente, pelo muito interessante trabalho de investigação feito e que foi adicionado ao enredo com classe e inteligência. A isso junta-se, uma vez mais, uma boa exploração de algumas personagens. É verdade que este livro, também devido ao seu ritmo elevado, tem poucas personagens com impacto, mas o autor foca-se na construção de três ou quatro que são fundamentais e aproveita a já anterior construção de outras nos livros antecedentes. Como tal, e apesar de este poder ser um livro lido individualmente, recomenda-se que o leitor conheça os livros anteriores, devido ao conhecimento que iremos ter do passado de certas personagens.
Globalmente, este não é o melhor livro de Nepomuceno, mas está perto. A história é inteligente, está bem montada e é sustentada numa boa investigação. Estou muito curioso para ver até onde este autor nos irá levar a seguir. Para já, uma coisa é certa, Nepomuceno oferece um bocadinho de tudo, desde suspense, intriga, traições, medos, traumas, política, etc... com grande destaque para o capítulo final que gostei bastante.
Se apreciam o género, este é um livro a ser lido este ano, e a ver pelos atuais tops nacionais, será um sucesso de vendas.
Luís Pinto
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