Autor: Hans Rosling
Sinopse: Quando fazemos perguntas simples acerca de tendências globais - qual a percentagem da população mundial que vive na pobreza; qual a razão pela qual a população mundial está a aumentar; quantas raparigas completam os estudos - obtemos respostas sistematicamente erradas. Tão erradas que um chimpanzé que escolhesse as respostas ao acaso faria melhor do que professores, jornalistas, investidores e laureados com o Prémio Nobel.
Neste livro, o professor de Saúde Internacional e fenómeno global das conferências TED, Hans Rosling - juntamente com os seus colaboradores de longa data, Anna e Ola -, propõe uma nova explicação radical da razão pela qual aquilo acontece.
Revelam os dez instintos que distorcem a nossa perspetiva - desde a nossa tendência para dividirmos o mundo em dois campos (em geral, uma versão do «nós e eles») até à forma como consumimos os média (onde domina o medo) e como percecionamos o progresso (acreditando que a maior parte das coisas está a piorar).
O nosso problema é não sabermos o que não sabemos, e mesmo as nossas conjeturas são determinadas por preconceitos inconscientes e previsíveis.
Afinal de contas, o mundo, com todas as suas imperfeições, está em muito melhor estado do que aquilo que poderíamos pensar. Isso não significa que não existam preocupações reais. Mas, quando nos preocupamos com tudo a todo o momento, em vez de adotarmos uma visão do mundo baseada em factos, podemos perder a nossa capacidade para nos focarmos nas coisas que mais nos ameaçam.
Este foi um livro que imediatamente me despertou a atenção pelo seu tema. Hans Rosling, atualmente um fenómeno na internet com as suas palestras, tem aqui um livro interessante, apesar de por vezes forçar um bocado uma ideia padrão, mas vamos por partes.
Este livro parte do princípio de que nós, enquanto indivíduos, não temos noção do que não sabemos, temos ideias preconcebidas e que essa percepção distorce a nossa noção de realidade. Até aqui, tudo certo e nada mais óbvio. Por mais que possamos estar informados, por mais que possamos ler, o nosso conhecimento será sempre diminuto. Claro que a sinopse exagera na parte do chimpanzé, mas a tem um fundo de verdade.
Muitos de nós temos uma ideia negativa da nossa sociedade, do nosso mundo, porque é com os maus exemplos que somos "atingidos" todos os dias, quer com a comunicação social e redes sociais, mas também com muitas das conversas que temos entre amigos e familiares sobre acontecimentos maus ou trágicos.
Nestas palavras, Rosling oferece uma imagem diferente, realista, muito focada em estatística, e foi graças a isso que o meu interesse aumentou ainda mais. Na minha vida profissional a estatística está sempre presente, não só para avaliação de tendências, mas também para tentar perceber o que estará para acontecer a curto e médio prazo. Aqui o autor olha para os factos, cria estatísticas e mostra-nos o quanto poderemos estar errados em relação ao estado atual do mundo e também da sociedade. Claro que ainda há muito a melhorar, muita coisa está mal, funciona mal e tem de se melhorar, mas será o cenário assim tão negro quanto a televisão e os jornais nos tentam mostrar? Com um brutal progresso tecnológico de forma diária, porque é que nunca sabemos nada do que se tem inventado nas mais importantes áreas?
Claro que Rosling sabe "vender o seu peixe", mas vende-o de forma realista, com coerência e consistência. Quando Bill Gates e Obama recomendam este livro, o interesse aumenta, mas depois o próprio livro trata de nos surpreender e agarrar. Claro que há leitores melhor informados do que outros, claro que muitos têm uma melhor noção de como está o mundo, mas todos aprenderão algo com este livro.
Luís Pinto
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