Autor: James Patterson & David Ellis
Título original: Mistress
Sinopse: O jornalista Ben Casper é paranoico e obsessivo. E a maior e mais
compulsiva das suas fixações é Diana, a bela mas inacessível mulher dos
seus sonhos.
Quando ela é encontrada morta, após uma queda da varanda do seu
apartamento, as autoridades não hesitam em considerar que é um suicídio.
Mas Ben conhecia bem Diana e sabe que ela nunca se mataria. Convence-se
de que a amiga foi assassinada e embarca numa aventura arriscada para
conseguir prová-lo.
O jornalista descobre, porém, que ela levava uma vida dupla, e à medida
que outras pessoas envolvidas na vida de Diana morrem em circunstâncias
questionáveis, torna-se evidente que alguém não quer que a verdade venha
ao de cima. E, a menos que Ben desista da sua investigação, ele pode
ser o próximo a «sair de cena»...
Não fugindo
ao seu estilo vencedor, Patterson oferece-nos um livro de ritmo elevado,
proporcionado por capítulos curtos, apenas com as descrições necessárias e
constante foco no que faz avançar a história, não só no enredo propriamente
dito, mas também nas construções das personagens.
Patterson é
um autor de ideias base. Em cada livro existe uma ideia que sustenta todo um
enredo e aqui não foge à regra. Depois basta implementar o seu estilo. Neste
caso, e pela primeira vez nos livros que li do autor, a base é o personagem
principal: um homem obcecado pela sua musa, uma mulher que, aparentemente,
comete suicídio. A sua obsessão, leva-o a acreditar que conhece a sua musa o
suficiente para saber que nunca cometerá suicídio. E parte à investigação.
Este é um
dos livros mais difíceis de ler de Patterson, simplesmente porque dificilmente
teremos qualquer tipo de simpatia pelo personagem principal. A sua obsessão
está feita para nos repelir, levando-nos a questionar os seus atos, as suas
ideias, e claro, a questionar até que ponto ele estará certo. Este é o ponto
fulcral... se não gostamos da personagem principal, como podemos acreditar que
está correto? Como iremos torcer por ele?
Como
consegue Patterson afastar-nos deste personagem? Tornando-o irritante e sem
qualquer tipo de moral. A narrativa empurra-nos para o interior da mente deste
homem, com a sua forma "ilógica" de pensar (bastante bem conseguida), apoiada em
ideias e factos que nos demonstram até onde chega o seu desequilíbrio.
Pelo meio vemos como este homem tenta apoiar as suas decisões tendo como base
ações de outras personalidades que admira, como por exemplo JFK.
Esta tendência levou-me a perceber até que ponto a mente deste homem
distorcia a realidade para apoiar as suas ações, e nesse momento a dúvida
instalou-se, porque comecei a questionar até que ponto a narrativa também
estaria distorcida pelo personagem. Estaria eu a ler o que estava realmente
a acontecer?
Este é mais
um livro interessante de Patterson que não se distingue dos outros por ter mais
ou menos qualidade, pois a maioria dos livros do autor estão no mesmo patamar,
mas distingue-se pela personagem principal que é a base do livro. Ao contrário
de outros de Patterson, aqui a investigação é o motor, mas não é a base. A base
é este homem pelo qual não sentimos simpatia mas que queremos saber se está
certo ou não. E é esse personagem que fará gostarem mais ou menos do livro. Se forem fãs de Patterson e se quiserem uma experiência diferente, tendo como base uma mente perturbada, então este livro será mais uma leitura compulsiva.
Luís Pinto
Luís Pinto
Uma opinião interessante. Nunca li nada do autor mas gosto do género e a personagem principal pode ser uma mais valia. É para experimentar no futuro.
ResponderEliminar