Autor: John Steinbeck
Título original: Of mice and men
Título original: Of mice and men
“Um homem precisa de alguém, alguém que esteja perto. Uma pessoa fica louca quando não tem ninguém. Não importa quem seja o outro, desde que esteja acompanhada. Eu lhe digo – gritou-lhe – eu lhe digo que uma pessoa sente-se tão só que até fica doente.”
Estas foram as palavras que me levaram a ler o primeiro romance de um dos maiores nomes da literatura. John Steinbeck, que nasceu em 1902 e recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1962, deixou ao mundo dos livros uma herança vasta e preciosa. Tendo assinado livros como As Vinhas da Ira, O Inverno do nosso descontentamento e A Leste do Paraíso, era óbvio que teria, mais cedo ou mais tarde, de ler um livro seu. A questão era qual… a escolha foi fácil depois de ler as palavras que antes mencionei. Ratos e Homens (Of mice and men, título original) escrito em 1937, foi para mim muito mais do que um livro. As suas 100 páginas foram lidas num único dia. Uma leitura única, suave, relaxante. Este é daqueles livros que não cansam, é daquelas obras que em meros três minutos de leitura percebemos estar perante uma verdadeira obra de mestre.
Falando um pouco sobre o livro devo começar por explicar que se trata de uma história sobre dois homens, George e Lennie, e rapidamente o leitor se apercebe de como uma célebre frase (que tanto ouvi em Matemática) se encaixa perfeitamente: “O todo é mais do que a soma das partes”. Separados George e Lennie nunca se permitiriam sonhar tal como faziam juntos e muito menos sobreviver, seja isso mais ou menos importante do que sonhar. George forte e esperto protege Lennie com a inteligência que falta ao seu amigo. Lennie apresenta-se como o homem dotado de força prodigiosa mas que nunca sobreviveria com tão retardada mente. Um realista, o outro ingenuamente sonhador, juntam-se na esperança de um dia viverem em paz, criarem coelhos e talvez ganharem a felicidade numa quinta isolada dos problemas do mundo.
A vida simbionte destas duas personagens cativou-me de uma forma que não esperava, levando-me a não conseguir parar de ler. Steinbeck consegue criar duas personagens tão distintas, com pensamentos e falas tão reais e díspares, que por vezes senti-me que estava a ver algo real, de tão sublime que é a escrita realista de Steinbeck. É revigorante, com o desenrolar da história, reparar como o autor consegue com duas personagens tão marcantes vulgarizar o mito do sonho americano sem nunca o mencionar directamente, enquanto ao mesmo tempo nos atira à cara o que é o valor da amizade e o quanto poderemos estar dependentes dela. Tudo isto na escrita mais simples que alguma vez li em tantos livros que me passaram pelos olhos. Tudo o que Steinbeck descreve arrebatou-me pela forma como o faz, desde personagens, locais ou sentimentos. Contudo não se deixem levar pela simplicidade da sua escrita e tomem uma atitude crítica, pois confesso que por várias vezes senti que o autor nos deixava, a nós leitores, o papel que perceber a mensagem que não está visível.
Este é, a partir do momento em que o li, o livro que mais gostei da literatura realista, que por vezes não me fascina. Ratos e Homens é um livro que nos prende por tudo o que mencionei antes e pela forma como Steinbeck consegue levar-nos sem esforço até à última página. Mostra-nos o que é a amizade, o que são os limites da compaixão, da frustração de uma vida e de como por vezes nos ajoelhamos e desistimos de algo tão importante em troca de um quase impossível sonho.
Li este livro há poucos meses, sou um rapaz de 26 anos e sei que se este livro me tivesse passado pelas mãos há 10 anos, não o teria terminado… hoje é um dos livros da minha vida, que recomendo, que irei reler. Um livro que ainda hoje o recordo no meu dia-a-dia e me fez decidir ler toda a obra de John Steinbeck.
Talvez o melhor comentário a um livro que alguma vez li.
ResponderEliminarOs meus parabéns pelo que escreveu e pela escolha. É realmente um belo livro.
Fiquei curioso sobre o autor. vais comentar mais algum livro dele?
ResponderEliminarJá li tantas xs este livro que lhe perdi a conta. Excelente!
ResponderEliminarConfesso que fiquei espantado com esta crítica. Vim parar a este blog por acaso e reparei, com enorme surpresa, que continha uma opinião sobre o meu autor preferido. Dou-lhe os sinceros parabéns pela escolha deste livro e também pelo que escreveu.
ResponderEliminarEspero que continue a falar sobre este grande escritor.
Felicito-o ainda pela escolha da frase no início da sua crítica. Uma grande escolha.
Grande texto. Conheço o autor mas nunca li este livro. Provavelmente irei comprá-lo pelo natal, talvez como prenda para o meu filho. Gostei mesmo muito da sua opinião.
ResponderEliminarCarmo
Fiquei muito interessado depois de ler esta opinião. É um autor desconhecido para mim. Bom trabalho!
ResponderEliminarO Luís escreve como poucos e afirmo-o porque li este livro há muitos anos e agora por pura sorte li a sua opinião e estou maravilhado. Conseguiu sentir o significado do livro e nada é mais importante. Um texto excelente. Espanta-me muito não ter ouvido antes falarem sobre este blog. Os meus parabéns.
ResponderEliminarUm comentário da sua parte simplesmente perfeito dentro do contexto. Parabéns. Steinbeck é um escritor de outro nível e merece ser louvado. A sua opinião está a um nível considerável.
ResponderEliminarFelicidades.
comprei este livro depois de ler esta opinião. É um livro excelente! Muito obrigado. Graças a ti li um livro fabuloso!
ResponderEliminarEste é um exemplo de como um pequeno livro (em número de páginas) pode ser tão pesado. Para mim é o melhor do Steinbeck.
ResponderEliminarMas STEINBECK, tal como VITOR HUGO (já aqui comentado), é IMORTAL.
ResponderEliminarTodos os livros destes dois monstros da literatura universal são absolutamente imperdíveis.Qualque deles!