sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

A SÚBITA APARIÇÃO DE HOPE ARDEN

 
Autor: Claire North
 
Título original: The Sudden Appearance of Hope
 
 
 
 
 
Sinopse: O meu nome é Hope Arden, sou a rapariga de quem ninguém se lembra. Primeiro esquecem o meu rosto, depois a minha voz e, por fim, as consequências dos meus atos. Desapareço da memória sem deixar rasto.
Começou quando tinha 16 anos, um momento de cada vez. O meu pai esqueceu-se de me levar à escola, um professor esqueceu-se que eu era sua aluna, a minha mãe colocou mesa para três, em vez de quatro. Um amigo olhou para mim e só viu uma estranha.
Por mais que eu tente, por mais pessoas que magoe ou crimes que cometa, nunca se lembram de mim. E isso torna-me única… e particularmente perigosa.
 
 
 
 
Este é o segundo livro que leio desta autora. O primeiro fascinou-me e este segundo deixou-me curioso, uma vez mais, pela sua originalidade. Como podem ver pela sinopse, o livro tem uma ideia base bastante invulgar e que me deixou curioso para ver como a autora iria explorar tal ideia. Ter uma boa ideia não basta se não a executarmos bem, e foi com esse interesse e esperança que comecei a ler este livro.
 
Este enredo agarrou-me com facilidade. Com tantas possibilidades à frente desta personagem, para onde me levaria a autora? Claire North arrisca em alguns momentos, para que o livro seja mais surpreendente e mais humano. No entanto, alguns momentos são um pouco forçados, apesar de bem pensados. Graças ao facto de a personagem principal nos narrar a história, a ligação é quase imediata e questionamos o que fariamos se fosse connosco. É fácil sentir a confusão e o desespero desta personagem, porque nenhum ser humano deseja ser esquecido, quer pelos conhecidos, quer pelos que ama. E é sobre isto que o livro se desenvolve. O que faria cada um dos leitores se fosse esquecido por todos?
 
É emocionante ver as várias transformações da personagem perante este novo mundo onde parece que Hope não tem lugar. O próprio nome da personagem tem um significado marcante durante todo o livro, mesmo durante aqueles momentos em que Hope faz algo com o qual não concordamos, mas que percebemos. E voltamos a questionar se faziamos o mesmo... perante um mundo e uma sociedade que nos esquece, como podemos ser amados? Como podemos ser felizes? Até que ponto podemos manipular os que nos rodeiam?
 
Estas são apenas algumas das perguntas que este livro explora, porque se não se recordarem de nada que fazemos, o que podemos criar? O que podemos dar ao mundo? O que deixamos? O que persiste?
 
Este não é um livro perfeito, nem um livro que agradará a qualquer leitor. Também não é tão bom quanto o "As primeiras quinze vidas de Henry August", um dos melhores livros que li nos últimos tempos, mas este Hope consegue ser bom, único, e emotivo. Indiretamente o livro faz-nos pensar, faz-nos perceber como certas coisas são adquiridas à nascença e leva-nos a conseguir viver neste mundo, e sem elas, tudo é mais difícil. Este é o segundo livro de Claire North, e é a segunda vez que me surpreende. Voltarei a lê-lo um dia, talvez daqui a vários anos, e certamente voltará a ser uma bela leitura, provavelmente diferente, mas igualmente emotiva.
 
Luís Pinto
 
 
 

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