quinta-feira, 27 de abril de 2017

A SERPENTE DO ESSEX


Autor: Sarah Perry

Título original: The Essex serpent





Sinopse: Londres, 1893. Quando o marido de Cora Seaborne morre, a viúva inicia uma nova vida marcada ao mesmo tempo por alívio e tristeza.
Não teve um casamento feliz e ela própria nunca se adequou ao papel de mulher da sociedade. Acompanhada pelo filho, Francis - um rapaz curioso e obsessivo -, troca a cidade pelo campo de Essex, onde espera que o ar fresco e os grandes espaços lhe proporcionem o refúgio de que necessita.
Quando se instalam em Colchester, chegam-lhe aos ouvidos rumores de que a Serpente do Essex, conhecida por em tempos ter percorrido os pântanos na sua avidez de colher vidas humanas, regressou à aldeia de Aldwinter. Cora, naturalista amadora sem interesse por superstições ou questões religiosas, fica empolgada com a ideia de que aquilo que as pessoas da região tomam por uma criatura sobrenatural possa, na realidade, ser uma espécie ainda por descobrir. Quando decide iniciar a sua investigação é apresentada ao vigário de Aldwinter, William Ransome. Tal como Cora, Will sente uma desconfiança profunda em relação aos boatos, que considera um fenómeno de terror de caráter moral e um desvio da verdadeira fé. Enquanto Will procura tranquilizar os paroquianos, inicia-se entre ele e Cora uma relação intensa; apesar de os dois não concordarem a respeito de nada, são atraídos e afastados um do outro inexoravelmente, a ponto de isso modificar a vida de ambos de formas inesperadas.



Com uma escrita bem trabalhada, a autora leva-nos por uma história que aos poucos se torna bastante complexa, mas vamos por partes. O início do livro serve, como normal, para conhecermos as personagens, e aqui a autora faz um bom trabalho em desenvolver ambientes e personalidades, sendo um ponto alto a forma como o livro nos descreve certos locais. O ambiente é quase sempre sombrio, carregado de forma moderada para que seja sentido a cada página, não deixando o leitor esquecer certos conceitos e detalhes que são importantes.

A isto mistura-se o enredo que se desenvolve a bom ritmo, abrangendo novos temas e conceitos, tornando o mundo bastante coerente. No entanto, a sensação com que fiquei foi que a autora tocou em demasiado temas, ao ponto de chegar a um momento no livro em que o enredo principal se torna bastante secundário, pois o leitor está envolto em vários temas e a serpente deixa de ser a base.

Nessa altura fiquei com a sensação que a autora se perdeu um pouco tornando a sua narrativa demasiado abrangente sem se focar no que ao início parecia o essencial e que merecia ser mais aprofundado. Com o tema principal a ser algo posto de parte, o nosso foco prende-se nas personagens, e com elas viajamos por uma história que se torna bastante intensa em termos amorosos e que me surpreendeu em alguns aspetos.

Gostei dos personagens apesar de alguns serem demasiado óbvios, mas as suas decisões foram coerentes e encaixaram bem na história não existindo momentos demasiado forçados. No entanto, e apesar de o livro não se destacar em certos aspetos, noutros consegue ser muito bom, como por exemplo no ambiente que consegue ir criando.

Este é um livro que muitos leitores irão adorar, principalmente o público feminino que certamente conseguirá criar uma ligação mais emocional com a personagem principal. Nota-se a qualidade e percebe-se porque ganhou tantos prémios internacionais. A mim não me convenceu totalmente simplesmente porque acho que o livro não se foca no que o torna original, mas foi sempre uam leitura que gostei. E por isso acredito que este é claramente um livro que a maioria dos leitores irá gostar bastante.

Luís Pinto 


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