Autor: Gustavo Sampaio
Sinopse: Ajustes directos, contratos swap, PPP (nos sectores da saúde, educação, águas, resíduos, vias rodoviárias e ferroviárias, etc.), privatizações de empresas públicas, concessões e subconcessões, contratos de exploração a meio século, auto-estradas com portagens virtuais, rendas excessivas no sector energético, mais-valias decorrentes da venda de gás natural não partilhadas com os consumidores, aumentos das taxas nos aeroportos nacionais, direitos adquiridos sobre pontes e aeroportos que ainda não foram construídos, indemnizações devidas por causa de projectos adiados, ou mudanças de sede fiscal para a Holanda ou para a Zona Franca da Madeira... Quase todos estes contratos, negócios e direitos adquiridos foram assessorados, intermediados, aconselhados, estruturados, facilitados pelas principais sociedades de advogados que operam em Portugal. As que mais facturam. Quer do lado do Estado, em representação do interesse público, quer do lado do sector privado, defendendo os interesses empresariais dos respectivos clientes. Ou em ambos os lados, muitas vezes em simultâneo, por entre indícios de conflitos de interesses. O jornalista Gustavo Sampaio, autor do bestseller Os Privilegiados, apresenta uma investigação jornalística rigorosa e inédita que, pela primeira vez, revela e sistematiza as listas de clientes das maiores sociedades de advogados, as interligações políticas e empresariais (desde o recrutamento de ex-políticos ou políticos no activo até à acumulação de cargos de administração em grandes empresas), as participações no âmbito da produção legislativa ou da actividade regulatória, entre outros elementos.
Esta foi mais uma leitura interessante dentro do seu género e que me fez questionar algumas coisas. Em primeiro lugar é preciso evidenciar que o autor faz um bom trabalho de investigação, principalmente ao ligar factos que à primeira vista podem parecer dispersos. Aliás, o principal trunfo deste livro está no facto de se basear em factos sem sustentar ideias que sejam apenas teorias. Com esta tendência o livro torna-se mais coerente, mesmo que possa ser menos entusiasmante em alguns momentos.
Sendo um livro de investigação que tenta ligar acontecimentos e pessoas, não é, nem pode ser, um livro de ritmo elevado. A verdade é que apesar de ser um livro pequeno, pode não ser fácil de se ler de seguida, no entanto em nada isso é prova de o livro não ser bom, é apenas o resultado de uma investigação meticulosa. A forma como o autor explora os vários temas e factos está bem conseguida, principalmente porque consegue ir explicando e aprofundando alguns conhecimentos necessários a uma melhor compreensão e que o leitor poderá não ter.
Tendo já lido outros livros que roçaram este tema, mas que nunca o aprofundaram como este, é impossível não afirmar que aprendi bastante com este livro, principalmente porque não há muita investigação sobre estes temas. A escrita é acessível e o livro está bem estruturado, sendo fácil ir percebendo o próprio desenrolar da investigação e os factos de forma cronológica. Sobre a investigação em si não vou revelar nada, mas vale a pena ler. Se procuram um livro dentro deste género e se a sinopse vos deu interesse, então vale a pena ler estas páginas e saber um pouco mais sobre como alguns negócios são feitos em Portugal.
Luís Pinto
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