quarta-feira, 27 de julho de 2016

AS RAPARIGAS ESQUECIDAS


Autor: Sara Blaedel

Título original: The forgotten girls




Sinopse: Numa floresta da Dinamarca, um guarda-florestal encontra o corpo de uma mulher. Marcada por uma cicatriz no rosto, a sua identificação deveria ser fácil, mas ninguém comunicou o seu desaparecimento e não existem registos acerca desta mulher. 
Passaram-se quatro dias e a agente da polícia Louise Rick, chefe do Departamento de Pessoas Desaparecidas, continua sem qualquer pista. É então que decide publicar uma fotografia da misteriosa mulher. Os resultados não tardam. Agnete Eskildsen telefona para Louise afirmando reconhecer a mulher da fotografia, identificando-a como sendo Lisemette, uma das «raparigas esquecidas» de Eliselund, antiga instituição estatal para doentes mentais onde trabalhara anos antes. 
Mas, quando Louise consulta os arquivos de Eliselund, descobre segredos terríveis, e a investigação ganha contornos perturbadores à medida que novos crimes são cometidos na mesma floresta. 



Com este livro regresso aos policiais nórdicos. Sara Baedel é considerada uma das melhores e nesta saga tem um dos seus maiores triunfos. Para dar algum contexto ao leitor, devemos dizer que este livro é o sétimo livro das histórias com a personagem principal Louise Rick, mas é o primeiro de uma trilogia dentro da saga principal, sendo que o leitor não necessita de ler os anteriores para conseguir ler este, apesar de se notar que falta algum conhecimento sobre as personagens e que certamente foi dado nos outros livros.

Apesar dessa sensação inicial de estarmos parcialmente perdido por não conhecermos a personagem, também é verdade que aos poucos a autora nos consegue integrar no mundo desta polícia. Neste aspeto é óbvio como a autora explora uma fórmula já bastante usada mas que dá frutos quando bem usada: um personagem principal, polícia, mas com um passado traumático que o levará a tomar decisões mais imprevisíveis ou arriscadas. E é com o seu passado que o impulso aumenta, tanto por parte do leitor como da própria personagem, por vezes movida por vingança ou sensação de dever ou justiça. A verdade é que a fórmula está bem usada e rapidamente lemos um livro com um ritmo elevado e que está sempre a surpreender e a oferecer novas pistas. O leitor é empurrado a continuar e o livro é lido à velocidade da luz.

Mesmo com alguns momentos mais forçados ou óbvios, o enredo está bem conseguido, muito graças a algumas personagens que oferecem qualidade nos diálogos e nas suas ações. Todavia, o livro perde algum fulgor na altura em que devia arrebatar o leitor, a parte final. O desfecho é bom, mas sofre com o facto de ser o início de uma trilogia. As perguntas que ficam no ar deixam-me com muita vontade de ler o próximo mas também deixam a sensação de que o livro não dá aquele momento final que nos deixa de boca aberta.

Globalmente este é um bom policial que prende o leitor até ao fim. Gostei bastante do ambiente e da escrita simples e objetiva da autora e certamente irei ler os próximos. Quer seja um leitor já com muitos ou poucos policiais lidos, este será um enredo viciante e difícil de largar. Se querem um bom policial para leitura de verão, este não é uma obra prima, mas é uma boa escolha.

Luís Pinto

terça-feira, 26 de julho de 2016

A CONFISSÃO DO NAVEGADOR


Autor: Duarte Nuno Braga



Sinopse: Corre o ano de 1493. D. João II convida o navegador Duarte Pacheco Pereira a conhecer Cristóvão Colombo. Joga-se o destino de Portugal e do próprio Duarte Pacheco Pereira, incumbido de uma missão secreta que o leva aos confins do Atlântico. Neste empolgante romance histórico desvenda-se a figura pouco conhecida do navegador descrito por Camões como o «Aquiles lusitano». Do perigo dos mares ao calor da Índia e da batalha, somos levados para uma época envolta em segredos, conspirações e relações proibidas. A ambição de um reino muda a vida de um homem dividido numa busca espiritual entre a lealdade e o amor.


Este romance começou por me agarrar com facilidade graças aos seu tema. Há vários anos que leio sobre a possibilidade de a América ter sido descoberta por portugueses levando D. João II a criar um brutal plano de política e espionagem por forma a ganhar vantagem aos nossos vizinhos espanhóis. Apesar de não existirem ainda certezas sobre tais factos, a teoria é interessante e aqui está bem explorada.

O autor foca-se bastante, e bem, na personagem de Duarte Pacheco Pereira, tornando este livro num romance mais pessoal e menos numa trama política, levando-nos a conhecer os objetivos e medos de um homem que enfrentava o mar nas mais importantes missões. O enredo, que praticamente se divide em duas fases, acaba por na primeira fase ter uma narrativa mais envolvente, principalmente graças ao tema já indicado. Na segunda fase o ritmo baixa e o livro pode, em alguns momentos, parecer menos apelativo, mas também é aqui que apresenta maior qualidade, principalmente graças à forma como o autor vai explorando o choque de culturas e costumes. 

Sempre apreciei os romances históricos que exploram as diferenças entre as civilizações, principalmente nestes casos tão extremos em que um povo europeu, quase dono do mundo, chega a um local em que tudo é diferente: política, religião, etc... Este livro consegue-o com facilidade. Ver a adaptação dos povos nunca é o tema principal do livro, mas é uma base construtiva interessante que ajuda à própria construção das personagens.

De forma global, este é um livro que pode perder algum fulgor dependendo de que temas o leitor possa gostar mais ou menos, mas também é um livro que vai melhorando aos poucos, tornando-se mais abrangente e maduro, e ganhando com o evoluir de algumas personagens. Foi um livro que gostei bastante, também porque gosto de ler sobre as aventuras portugueses por esses mares. Se gostam de romances históricos, este é um bom livro para ler este verão, com muita conspiração à mistura.

Luís Pinto

sexta-feira, 22 de julho de 2016

A ÁGUIA NO DESERTO


Autor: Simon Scarrow

Título original: The Eagle in the sand




Sinopse: Nas fronteiras orientais do Império Romano, na Judeia, as tropas romanas encontram-se num estado deplorável. Macro e Cato são enviados para restaurar a ordem e disciplina da coorte, mas enfrentam um outro desafio quando as tribos locais semeiam a revolta e incitam à oposição violenta a Roma. Quando a rebelião local cresce, Macro e Cato são forçados a lidar com a corrupção na coorte e restaurar a moral e força das tropas pois a não ser que as tribos sejam confrontadas, o Império poderá perder para sempre as províncias do Oriente...



Este é o sétimo livro da saga da Águia e o autor continua a apresentar uma história viciante e diferente o suficiente para me manter interessado. Aliás, ao ir mudando de cenários militares, geográficos e políticos, o autor consegue ir evoluindo o enredo a cada livro, não existindo uma sensação de repetição.

Com a sua escrita simples mas bastante focada na vida militar dos personagens principais, o leitor continua a ganhar conhecimento sobre a vida dos soldados romanos. Este volta a ser um livro mais estratégico e militar, e menos político quando comparado com outros livros da saga e sabe bem o foco não ser sempre o mesmo. Por outro lado, nota-se que o autor continua a explorar o outro lado da moeda, oferecendo uma imagem interessante sobre a forma como os inimigos dos romanos vêem a invasão ou ocupação deste poderoso exército. Esta visão contrasta muito bem com a visão da grande maioria dos soldados, que olham para Roma como a luz do planeta. Nota-se ainda que esta visão não é partilhada por todos, principalmente por aqueles que têm maior poder político e que conhecem o que realmente move Roma.

E é com estas bases que os personagens continuam a evoluir e a ficarem mais maduros. Destaque ainda para diálogos interessantes e para o já habitual ritmo de montanha russa que a série sempre ofereceu. As duas personagens principais continuam a ser coerentes, bem criadas e o leitor já as conhece o suficiente para perceber as suas decisões, levando a menos surpresas mas a maior coerência do enredo a cada livro novo.

Voltei a gostar do enredo, sempre com objetivo de aumentar a visão dos personagens sobre o império e todos os desafios que os soldados tiveram de enfrentar. Pelo meio uma trama interessante, muitos interesses em jogo e ainda novas personagens que me parecem poderem ser importantes no futuro. Devido à mudança de cenário, foi bastante apelativo ler este livro. Para mim esta nunca foi uma saga fantástica, mas lê-se com grande facilidade. Para quem gostar desta época romana, esta saga será uma excelente leitura, que tem tanto de académica como de rápida e cheia de ação, com destaque para boas estratégias militares. Globalmente foi dos livros que mais gostei da saga e ao fim de sete não tenho vontade de parar. Venham os próximos!

Luís Pinto

quarta-feira, 20 de julho de 2016

STAR WARS: O ataque de Skywalker


Autor: Jason Aaron & John Cassaday

Título original: Skywalker strikes






Quando a Disney começou a desenvolver os novos filmes de Star Wars foi anunciado que muitos livros e jogos deixariam de fazer parte da História oficial (mais conhecida por canon) e passariam a ser chamados de Legends. Agora, em parceria com a Marvel (também parte da Disney) os comics de Star Wars regressam às livrarias para contar a nova história oficial. Após vários meses de lançamentos nos EUA, chegou finalmente a tradução do primeiro volume, chamado Star Wars – O ataque de Skywalker . Sendo o conjunto conjunto dos seis primeiros comics, a editora Planeta aposta forte no novo universo de Star Wars com tradução em Português.

Aqui no Ler y Criticar não poderíamos deixar de ler as aventuras de Luke Skywalker e ver se os nomes Marvel e Star Wars conseguem estar ao nível que lhes é exigido.

O ataque de Skywalker começa após o fim do Episódio 4, numa fase em que Luke começa a ganhar consciência de que a sua capacidade para usar a Força lhe trará responsabilidade, mas que sem Kenobi, será difícil evoluir nos seus conhecimentos. Por outro lado, a destruição da Estrela da Morte, que foi um rude golpe para o Império, é apenas o início, e agora Darth Vader procura pelo rapaz que conseguiu tal proeza.

Graficamente o livro está fantástico, aproximando-se bastante dos filmes, tentando recriar um design que se enquadre com o que vemos nos filmes e dando, ao mesmo tempo, uma sensação de ritmo bastante agradável. Outro aspeto interessante está no facto de, muito suavemente, os personagens nos darem detalhes que nos ligam aos filmes, quer seja com uma frase, com uma atitude, etc… Ver Han Solo a gritar com C3PO, ou Leia a desconfiar da capacidade de Solo em resolver as situações são apenas detalhes no meio de uma história interessante e que começa já a responder a algumas perguntas.

Apesar de focado na ação e em dar uma leitura com um ritmo forte, a evolução das personagens, mesmo em poucas páginas é conseguida e encaixa muito bem no que será o futuro. Aliás, o facto de sabermos o futuro poderia ser o grande problema deste livro, mas acaba por ser o seu trunfo. Nós sabemos o que acontecerá em O Império Contra-ataca, mas nestas páginas sentimos essa ligação, e vemos o universo de Star Wars a ser expandido, levantando questões sociais e políticas de guerra que os filmes não tiveram tempo de explorar. E é por isso que vale a pena ler estes livros. Existem aqui respostas e curiosidades que os fãs da saga irão adorar, bem como o regresso de alguns personagens sobre os quais queremos saber mais. Se são fãs da saga, então não existem razões para não lerem este livro!

Luís Pinto

quinta-feira, 7 de julho de 2016

STAR WARS - A trilogia de Thrawn


Autor: Timothy Zahn

Título original: Star Wars - The Thrawn trilogy







Quando a Disney comprou os direitos de Star Wars todo o universo literário fora do filmes foi considerado como Legends, ficando fora da cronologia que os novos filmes iriam criar. Como tal, alguns dos melhores trabalhos do universo Star Wars passaram a ser designados como Lendas. Histórias como a saga Darth Bane, Old Republic e Thrawn, podem ser lendas, mas merecem ser lidas. Nesta decisão a mais óbvia foi a de passar a trilogia Thrawn para a “secção” Lendas, pois retrata a história após o último filme, mostrando como os nossos heróis continuaram as suas vidas após a queda do Império e morte de Darth Vader.

Nesta fantástica compilação da editora Planeta, temos a adaptação para comics dos três livros da trilogia Thrawn. Ter os três livros num só é um luxo que merece estar nas nossas estantes. Em primeiro lugar a história é muito boa. Luke, Leia e Han são o foco, com muitas surpresas pelo caminho, novas personagens memoráveis e um grande vilão. A tradução está boa, apesar de em alguns momentos um grande fã de Star Wars notar algumas falhas, mas que são irrelevantes para a história.

Devemos destacar a evolução dos comics, pois cada parte da trilogia tem a sua própria personalidade, indo cada vez mais ao encontro das imagens que temos dos filmes. Destaque também para os diálogos e para a forma como o autor conseguiu captar a essência de cada personagem. As suas ações e falas são totalmente coerentes com o que conhecemos dos livros, dando a sensação que estamos perante uma continuação genuína da saga.

Por fim destaque para a excelente qualidade que a Planeta colocou neste livro. Tanto folhas como capa são de alta qualidade, o que aumenta o preço do livro mas que também lhe dá o toque que a história merece. Este é um livro para qualquer fã de Star Wars que merece ser lido e com destaque nas nossas estantes. Quem sabe se a Disney não olhou para esta trilogia como referência para alguns pontos do seus novos filmes? Enquanto fãs de Star Wars devemos aplaudir o trabalho da editora Planeta, por ter apostado nos comics de Star Wars.

Luís Pinto

segunda-feira, 4 de julho de 2016

ELON MUSK


Autor: Ashlee Vance

Título original: Elon Musk - Inventing the Future




Sinopse: Elon Musk é visto em Silicon Valley como o mais excitante, imprevisível e ambicioso empresário da atualidade - uma mistura de Steve Jobs e Bill Gates. Para muitos, este visionário pode mesmo vir a ter um impacto na humanidade sem paralelo. Este é o livro que conta a sua história.
Elon Musk construiu a sua fama e fez fortuna com algumas das mais bem-sucedidas empresas de tecnologia, como a PayPal, vendida à eBay por 1,5 mil milhões de dólares, investindo depois em projetos com potencial para revolucionar o mundo. A Tesla Motors, no fabrico de carros elétricos, a SpaceX, na indústria espacial, e a SolarCity, nos painéis solares, estão a transformar os seus segmentos industriais, provocando um salto evolutivo no setor empresarial americano. 
A insistência de Elon Musk nestas áreas de alto  risco, tocando em poderes fortemente instituídos, valeu-lhe assombros de falência e ruína; da sua resiliência e visão nasceria, porém, uma das maiores reviravoltas da história empresarial dos EUA, sendo hoje visto como um visionário de sucesso. 



Este é, sem dúvida, uma das melhores biografias que já li. Elon Musk é um empresário que me despertou o interesse há alguns anos, e sobre quem tenho lido imenso. No entanto, este livro é o melhor trabalho que já li sobre o caminho traçado por Musk. 

Focando-se na mentalidade de Musk e nos seus objetivos, o autor explora os feitos e a mente de um homem que está a revolucionar o mundo de uma forma algo imprevisível. Ao fazer frente a paradigmas, mentalidades e poderosas instituições, Musk está a sair vencedor e a criar uma nova forma de sonhar. As suas lutas e os momentos em que esteve quase a perder são muito bem destacados pelo autor, ajudando a perceber melhor um homem sobre o qual apenas se fala de sucesso.

No global, o aspeto mais positivo do livro está no facto de não se limitar a criar uma imagem perfeita de um homem que, tal como qualquer pessoa, tem defeitos, momentos mais fracos, incertezas, medos... ao entrevistar várias pessoas que conviveram com Musk, o livro não se limita a um olhar, mas sim a algo mais coerente, quer direto, quer indireto.

Com uma boa cadência, o autor introduz vários conceitos ao leitor com relativa facilidade e a leitura nunca foi cansativa. Informativo, educativo, o livro leva-nos por um fatal mundo empresarial no qual apenas alguns sobrevivem com tamanho êxito. Com imparcialidade cria-se algum fascínio e muito interesse em ver o que este homem pode fazer no futuro e, quem sabe, motivar as próximas gerações a atingir novos limites. Um livro para aqueles que querem saber mais sobre este homem, mas também para aqueles que nem sequer sabem quem é Elon Musk. Vale a pena.

Luís Pinto