Autor: Sara Blaedel
Título original: The forgotten girls
Sinopse: Numa floresta da Dinamarca, um guarda-florestal encontra o corpo de uma mulher. Marcada por uma cicatriz no rosto, a sua identificação deveria ser fácil, mas ninguém comunicou o seu desaparecimento e não existem registos acerca desta mulher.
Passaram-se quatro dias e a agente da polícia Louise Rick, chefe do Departamento de Pessoas Desaparecidas, continua sem qualquer pista. É então que decide publicar uma fotografia da misteriosa mulher. Os resultados não tardam. Agnete Eskildsen telefona para Louise afirmando reconhecer a mulher da fotografia, identificando-a como sendo Lisemette, uma das «raparigas esquecidas» de Eliselund, antiga instituição estatal para doentes mentais onde trabalhara anos antes.
Mas, quando Louise consulta os arquivos de Eliselund, descobre segredos terríveis, e a investigação ganha contornos perturbadores à medida que novos crimes são cometidos na mesma floresta.
Com este livro regresso aos policiais nórdicos. Sara Baedel é considerada uma das melhores e nesta saga tem um dos seus maiores triunfos. Para dar algum contexto ao leitor, devemos dizer que este livro é o sétimo livro das histórias com a personagem principal Louise Rick, mas é o primeiro de uma trilogia dentro da saga principal, sendo que o leitor não necessita de ler os anteriores para conseguir ler este, apesar de se notar que falta algum conhecimento sobre as personagens e que certamente foi dado nos outros livros.
Apesar dessa sensação inicial de estarmos parcialmente perdido por não conhecermos a personagem, também é verdade que aos poucos a autora nos consegue integrar no mundo desta polícia. Neste aspeto é óbvio como a autora explora uma fórmula já bastante usada mas que dá frutos quando bem usada: um personagem principal, polícia, mas com um passado traumático que o levará a tomar decisões mais imprevisíveis ou arriscadas. E é com o seu passado que o impulso aumenta, tanto por parte do leitor como da própria personagem, por vezes movida por vingança ou sensação de dever ou justiça. A verdade é que a fórmula está bem usada e rapidamente lemos um livro com um ritmo elevado e que está sempre a surpreender e a oferecer novas pistas. O leitor é empurrado a continuar e o livro é lido à velocidade da luz.
Mesmo com alguns momentos mais forçados ou óbvios, o enredo está bem conseguido, muito graças a algumas personagens que oferecem qualidade nos diálogos e nas suas ações. Todavia, o livro perde algum fulgor na altura em que devia arrebatar o leitor, a parte final. O desfecho é bom, mas sofre com o facto de ser o início de uma trilogia. As perguntas que ficam no ar deixam-me com muita vontade de ler o próximo mas também deixam a sensação de que o livro não dá aquele momento final que nos deixa de boca aberta.
Globalmente este é um bom policial que prende o leitor até ao fim. Gostei bastante do ambiente e da escrita simples e objetiva da autora e certamente irei ler os próximos. Quer seja um leitor já com muitos ou poucos policiais lidos, este será um enredo viciante e difícil de largar. Se querem um bom policial para leitura de verão, este não é uma obra prima, mas é uma boa escolha.
Luís Pinto