sexta-feira, 28 de novembro de 2014

MAGO - A Senhora do Império


Autor: Raymond E. Feist & Janny Wurts

Título original: Mistress of the Empire





Visto que a sinopse deste livro releva algo que não quero desvendar aqui, não a coloco nesta análise. Se gostam da saga e se estão a pensar comprar este livro, não a leiam... leiam antes o livro, que é mesmo, mas mesmo, muito bom!

Este fim da Saga do Império é um livro grande e com um ritmo inconstante, resultado de muitos momentos de ação mas também de muitas conversas políticas que "travam" o livro para que não seja possível ao leitor esquecer todos os contornos e influência da trama central neste mundo Tsurani.

O livro começa com um acontecimento marcante e que revoluciona todo o enredo. Enquanto leitor, sabemos o que está para vir após esse acontecimento, mas não percebemos como tal será alcançado, e está aí o segredo e trunfo do livro. Feist e Wurts conseguem aprofundar a teia política a um nível que eu não esperava e, se por um lado estes momentos mais políticos quebram o ritmo do livro, são também estes momentos que tornam esta obra melhor do que a maioria. 

Claro que os momentos de ação são os que mais gostamos, com as personagens a passarem por perigos, sendo levadas ao limite, mas é nos diálogos e na política que vemos a mestria do livro. Os diálogos são inteligentes, têm significados e rasteiras, e mesmo as personagens menos importantes têm algo a dizer. Neste aspeto, com o adensar da trama política, muitas personagens são introduzidas durante estas várias centenas de páginas e por vezes parece que nada oferecem ao livro, mas é falso. Cada uma tem um modesto peso na equação política final que levará este enredo para um nível superior de consistência e credibilidade. 

Um dos aspetos que mais gostei foi o adensar da liderança imposta a este povo. O livro leva-nos a perceber os poucos aspetos que ainda não tínhamos observado. A forma como o povo é controlado era algo que ainda não tinha sido explorada nesta saga, mas agora temos aqui todas as respostas. Para isso, várias personagens já conhecidas regressam, outras desaparecem, mas no fim a sensação é a de compreensão sobre um povo oprimido e levado pela guerra. As comparações entre povo Tsurani e os muitos povos que conhecemos na História da nossa humanidade são inevitáveis, levando-nos a compreender melhor como um povo se pode resignar porque não conhece melhor, mas esta mistura de culturas está aqui muito bem conseguida, sem parecer forçada.

A religião, a honra e resignação, misturadas com o sacrifício das personagens mais principais, levam-nos a identificar uma mistura de várias culturas que já conhecemos, e que Feist aqui organiza de forma invejável, criando um jogo político que catalisa todo o enredo.

Não me é fácil falar deste livro sem revelar momentos deste ou dos anteriores momentos da saga. Mara é uma personagem muito bem criada e com a qual ganhamos uma ligação durante todas estas páginas. O final da saga, sempre importante para o que fica na nossa memória, é muito melhor do que eu estava à espera. Surpreendeu-me, marcou-me e fez-me pensar, mas, acima de tudo, foi coerente e inteligente. Esta Saga do Império é uma das melhores sagas de fantasia que já li. Pode não ser das mais entusiasmantes mas tem um fantástico mundo onde se desenrola e no global tem uma qualidade inegável, bem demonstrada nas notas muito altas que apresenta no Goodreads. Grandes personagens, grandes momentos, muito coerente e no final temos um dos olhar mais profundos e inteligentes a uma das melhores sociedades que já li. Se, ao ler a saga inicial de O Mago, tinha ficado com a sensação que o mundo Tsurani era fantástico, agora tenho a confirmação. Mesmo muito bom e totalmente recomendado, principalmente se a lerem de seguida!  

Luís Pinto




quarta-feira, 26 de novembro de 2014

QUANDO A NEVE CAI


Autores: John Green, Maureen Johnson, Lauren Myracle

Título original: Let it snow






Sinopse: Numa cidade isolada por uma das maiores tempestades de neve dos últimos cinquenta anos, três histórias, oito raparigas e rapazes e mais uns quantos caminhos vão cruzar-se num romance brilhante, mágico e divertido, a que não faltarão fragmentos de amor, laços de amizade, uma maratona de filmes do James Bond e beijos muito apaixonados.
Um livro perfeito para quem gosta de histórias de amor e aventura.



Três autores escrevem três pequenas histórias passadas no mesmo dia, na mesma localização. Três histórias que se completam, uma após a outra, dando significado e enaltecendo a magia do Natal.

O Natal é uma época diferente. Para muitas pessoas é mágica, porque as família se juntam à mesma mesa, histórias são contadas, matam-se saudades... trocam-se prendas, sejam elas físicas ou não. O Natal sempre teve um grande impacto em mim e alguma dessa magia está neste livro. De um ponto de vista crítico, este livro recomenda-se pela sua originalidade e montagem das três histórias. As pontas soltas que cada narrativa deixa, são explicadas na história seguinte, oferecendo uma sensação de continuidade, mudando apenas a forma de escrita do autor e o ponto de vista que narra a história.

Não é uma obra prima, as suas personagens não são marcantes, nem o enredo é surpreendente... mas tem a magia do Natal e é isso que torna este livro especial. É aquela capacidade de nos transportar para um tempo e espaço no qual sentimos o Natal à nossa volta, e nada o consegue melhor do que um livro.

Não querendo analisar cada uma das histórias de forma separada, existiram, obviamente, personagens que me cativaram mais. O conto de John Green, o segundo do livro, é talvez o mais importante e também o melhor. A história que oferece tem muito mais do que se vê à primeira vista e isso agradou-me, pois em alguns momentos torna-se mais do que um suave romance natalício, para indiretamente nos levar a pensar sobre outros assuntos também ligados a esta época. Existe uma mensagem escondida que vale a pena descobrir e que encaixa com a primeira história. Todavia, é o último conto que junta todas as peças, e apesar de ser o mais fraco dos três, é aquele que explica como cada uma das histórias acaba, novamente, repleto da magia do Natal, oferecendo um sorriso aos leitores.

Não quero retirar aos leitores o prazer de lerem este livro com algumas revelações na minha análise. Enquanto conteúdo puro, este não é um livro fantástico, mas enquanto livro sobre a época natalícia, acho que nunca li um tão agradável dentro do seu estilo de romance adolescente. Principalmente recomendado a adolescentes, mas capaz de alegrar o espírito a qualquer adulto que goste do Natal, esta foi uma leitura rápida e alegre, levando-me a recordar também como eu via o Natal quando era um adolescente. Existe um espírito de amor e amizade que facilmente sai das palavras destes três autores e que tornam a leitura num daqueles casos em que, mais cedo ou mais tarde, voltaremos a ler as suas histórias. Se já estão desejosos que chegue o Natal, este livro será uma boa companhia, sem dúvida!  

Luís Pinto

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

MAZE RUNNER: A cura mortal


Autor: James Dashner

Título original: The death cure



Sinopse: Thomas atravessou o Labirinto; sobreviveu à Terra Queimada. A CRUEL roubou-lhe a vida, as memórias, e até mesmo os amigos. Mas agora as Experiências acabaram, e a CRUEL planeia devolver as memórias aos sobreviventes e completar assim a cura para o Fulgor. Só que Thomas recuperou ao longo do tempo muito mais memórias do que os membros da CRUEL julgam, o suficiente para saber que não pode confiar numa única palavra do que dizem. Conseguirá ele sobreviver à cura?



Este terceiro livro da saga Maze Runner é mais uma leitura compulsiva... mas será um bom final? Em primeiro lugar, existe a possibilidade de este não ser o final da saga, mas vamos deixar essa hipótese de lado e vamos analisar este livro como se fosse o fim da trilogia.

Pensemos no seguinte: escrever uma distopia é relativamente fácil (sem retirar qualquer mérito a quem o faça)... escrever uma boa distopia é extremamente difícil. O segredo de uma distopia capaz de nos agarrar é ter um mundo do qual sabemos pouco e uma narrativa que nos recorda, de forma constante, que não sabemos tudo sobre este mundo. O que nos agarra a Maze Runner desde a primeira página da saga é que estamos num mundo completamente diferente, com segredos, com perguntas sem resposta, com conspirações, e partilhamos essa ignorância com o personagem principal. Esta é a base usada nos últimos anos e que tem ajudado a que este género esteja na moda.  Estes livros exploram em nós uma parte da nossa essência humana... queremos respostas sobre o que nos rodeia! O problema é que esta fórmula não chega para fazer um bom livro, porque as boas distopias (1984, Admirável Mundo Novo, entre outros...) conseguem responder às perguntas de forma coerente e lógica, criando um mundo coeso, sólido, credível. Esta é a diferença!

Agora, onde se enquadra Maze Runner? Sejamos objetivos: Maze Runner não irá responder às perguntas do leitor mais exigente, principalmente porque as respostas que oferece não são conclusivas, dando origem a novas perguntas. No entanto, é inegável que Maze nos prende, e bem, até à última página, com um ritmo elevado, muita ação e alguns momentos marcantes.

Será o tipo de leitor que vocês são que irá determinar o prazer desta leitura. No meu caso, existem momentos em que gostava que o autor tivesse abrandado, pois em alguns acontecimentos, nos mais sentimentais, aqueles em que há reencontros ou mortes, tudo é demasiado rápido. Diria que Dahsner não aproveita os bons momentos que cria para marcar o leitor, porque esses momentos existem, mas não são um soco no estômago.

O enredo começa onde acaba o livro anterior e o ritmo já está elevado. Tom continua a ser um personagem interessante que ganha qualidade pelas suas convicções mas que perde por ser escravo da técnica do livro (não nos dar as respostas), e assim ficamos com um personagem que não faz as perguntas certas.

Apesar do final ter sido, no meu entender, previsível, o que mais gostei foi o caminho até esse final. Existem bons momentos, bons confrontos e decisões que nos empolgam. Neste aspeto, Maze Runner oferece o que se pedia: ritmo e ação. O problema está em todas as perguntas que não responde, e quanto mais pensamos, menos sentido tudo isto faz desde o primeiro livro. E, por isso, a pergunta que se faz é: existirá um próximo que nos explique tudo aquilo que tivemos a ler em três livros e não percebemos? Ou terá Dashner entrado por um caminho do qual já não consegue sair?

Maze Runner é uma boa saga adolescente. Todavia, um leitor mais exigente e que comece a juntar peças do puzzle, encontrará demasiadas perguntas sem resposta. O segredo do livro está em manter um ritmo tão alto que não temos tempo para questionar. Se gostaram dos dois anteriores livros, leiam este, aproveitem a vertiginosa viagem, e tirem as vossas conclusões. Se procuram uma saga adolescente com ritmo, personagens interessantes e narrativa viciante, esta saga poderá agradar-vos, mas se querem algo mais coerente, Maze Runner ainda não oferece tudo o que é preciso. Da minha parte, ficarei à espera que próximos livros me ofereçam algumas respostas, e se o conseguir, Maze Runner será muito melhor.

 Luís Pinto

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

PARA SEMPRE, TALVEZ


Autor: Cecelia Ahern

Título original: Where rainbows ends



Sinopse: Alex e Rosie atravessaram a infância e a adolescência juntos, sempre presentes na vida um do outro como melhores amigos. Mas, quando chega o momento de começarem a descobrir as alegrias das noites na cidade e das primeiras aventuras amorosas, o destino prega-lhes uma partida: a família de Alex muda-se da Irlanda para Boston, e Alex vai com ela, para sempre. Rosie não consegue imaginar a vida sem o companheiro de todas as horas e decide ir também para os Estados Unidos. Só que, uma vez mais, o destino intervém nas suas vidas, obrigando Rosie a permanecer na Irlanda. Mas poderão o tempo, a distância e o próprio destino ser mais fortes que um grande amor?



Li este livro porque é diferente. Quando me disseram que todo o livro era escrito por cartas, sms e mails, achei a ideia tão diferente, que tive de ler.

A parte mais positiva deste livro é a montagem. Em teoria, se não fosse bem montado, este livro não teria grande continuidade porque as trocas de msgs/sms não o permitiriam. Não existem descrições diretas de personagens ou ações. É tudo feito por diálogos entre personagens. Frustrante? Estranho? Ou brilhante?

Na realidade, é principalmente viciante, mas é mesmo preciso destacar a montagem. O ritmo do livro torna-se tão rápido e constante que se torna difícil parar de ler mesmo antes de começarmos a ter qualquer ligação com as personagens. O interessante é vermos a evolução das personagens, que começam a escrever em crianças até à fase adulta. A escrita muda, a forma como pensam, muda. E a história muda com elas. E, lentamente, apenas a ler sms, conseguimos criar uma imagem do que está a acontecer e o resultado final é que fica a sensação que não temos menos informação aqui do que temos num romance normal... a forma como recebemos essa informação é que é diferente. Claro que em alguns momentos vemos um ou outra mensagem que parece forçada, pois tem o objetivo de nos mostrar algo mais, mas são raros os momentos em que o livro o demonstra. Acima de tudo, está aqui um livro feito com inteligência.

Claro que no início não é fácil, estranhamos sempre um pouco, mas ao lermos sms e mails estamos perante um escrita simples e objetiva a cada página, proporcionando o ritmo elevado que já mencionei. Outro aspeto diferente, e também curioso, é a forma como a autora aprofunda as personagens. Aqui o caminho para as conhecermos é a partir das opiniões de outras pessoas ou com uma avaliação da própria personagem ou falar com outras sobre si mesma. Gostei bastante deste aspeto, mesmo que em muitos casos este aprofundar tenha sido indireto, por são formas diferentes de conhecer personagens e em alguns momentos até somos quase enganados pelas avaliações que cada personagem faz.

Por outro lado, é preciso realçar que no meio deste enredo romântico e narrativa diferente, existe uma possível crítica social. Até pode não ter feito parte do objetivo da autora criar esta crítica, mas a verdade é que está presente. A crítica foca como as nossas conversas são cada vez mais digitais, levando a interpretações que poderiam não existir quando falamos com a pessoa cara a cara. Todavia, como já assinalei, esta crítica não é dada de forma direta, mas sim criada por quem lê.

Sendo um enredo com diálogos, falar sobre o mesmo seria revelar momentos que devem ser lidos. No global, as personagens são interessantes, existem momentos para rir, outros para chorar, e no meio uma forte história de amizade e entreajuda. A amizade é a base e é o que dá beleza a este livro e também o que nos leva a criar ligações. Mesmo sem explorar de forma direta, a autora consegue criar o ambiente que sentimos quando estamos perante uma amizade, uma ligação entre dois seres que nos é difícil de explicar. Acredito que quem goste do género, goste deste livro, pela sua originalidade, pelo seu ritmo e simplicidade. Se este é o vosso género, este livro, apesar de não ser genial nem ser uma leitura com momentos que fiquem para sempre na nossa memória, consegue ser uma leitura muito agradável e original, e que nos leva a sorrir e a acreditar na força da amizade, e por isso, totalmente recomendável, principalmente ao público feminino.

Luís Pinto


terça-feira, 18 de novembro de 2014

EM PARTE INCERTA


Autor: Gillian Flynn

Título original: Gone girl


Sinopse: Uma manhã de verão no Missouri. Nick e Amy celebram o 5º aniversário de casamento. Enquanto se fazem reservas e embrulham presentes, a bela Amy desaparece. E quando Nick começa a ler o diário da mulher, descobre coisas verdadeiramente inesperadas…
Com a pressão da polícia e dos media, Nick começa a desenrolar um rol de mentiras, falsidades e comportamentos pouco adequados. Ele está evasivo, é verdade, e amargo - mas será mesmo um assassino?
Entretanto, todos os casais da cidade já se perguntam, se conhecem de facto a pessoa que amam. Nick, apoiado pela gémea Margo, assegura que é inocente. A questão é que, se não foi ele, onde está a sua mulher? E o que estaria dentro daquela caixa de prata escondida atrás do armário de Amy?

Há muito tempo que estou para falar sobre este livro, mas apenas agora surgiu oportunidade. O livro que conquistou a crítica mundial e que se tornou num grande filme, é forte, é angustiante, é a imagem de uma vida que nenhum de nós quer ter, mas que nos rodeia a cada dia.

Quando conhecemos alguém, sabemos como agir, o que dizer... Quando estamos no funeral de alguém, sabemos o que dizer, como agir... Quando estamos embaraçados, sabemos o que dizer, o que fazer... Qual a percentagem da nossa vida em que deixamos de ser nós mesmos e agimos e falamos tal como a sociedade impôs?

Flynn consegue neste livro um perfeito equilíbrio entre o thriller e a crítica social, e nos dois temas, consegue atingir uma qualidade que não está ao alcance de todos. Com um ritmo muito forte e uma narrativa intesa a cada página, a autora explora a personalidade de Nick com grande mestria porque dá-nos as duas faces da moeda de um homem dividido e que tem muito a esconder. Enquanto, mal começamos a ler, somos assaltados por várias dúvidas que a autora fará o favor de alimentar, percebemos que a base deste enredo está no facto de nunca conhecermos realmente uma pessoa.

Comecemos pela crítica social, aqui muito bem montada. Qual é o poder que os media têm na nossa opinião? Até que ponto somos manipulados pelo que vemos, pelo que ouvimos de outras pessoas que comentam na televisão, por vezes sem qualquer conhecimento da matéria, quer nossa, quer deles? Gostei bastante da forma como a autora explora o poder dos media sobre a opinião comum. A grande maioria das pessoas apenas recebe informação da televisão e aqui este aspeto é fulcral para vermos como tudo se desenrola. Nick é a imagem de um "produto" que é elogiado ou criticado pelos media e todo um país vai atrás do que recebe dos comentadores e jornalistas... isto é poder, e Flynn sabe-o.

Voltando ao thriller psicológico que este livro é, a forma como nos agarra é inegável. Facilmente queremos saber mais sobre Nick, cada vez temos mais dúvidas, mas ao mesmo tempo percebemos que algo está mal. Conseguirá Nick safar-se? O que torna este livro melhor do que a maioria é a sua coerência e coesão. A autora aborda media, advocacia, família e fãs obcecados... mistura tudo e sai um grande enredo em que uma personagem se destaca e que ficará na vossa memória para sempre.
E é a partir desse thriller psicológico que voltamos a pensar... quanto da nossa vida é feito apenas por imagem? O que estamos dispostos a sacrificar por uma melhor aceitação social? Poderá um casamento manter-se apenas pelo estatuto que oferece? Pela segurança emocional que transmite a quem vê por fora? Do que somos escravos... afinal?

Estas são algumas das perguntas que podemos fazer quando o livro acabar, porque há sacrifícios que não conseguimos compreender até os vivermos.

Gillian Flynn criou um fantástico livro e um dos melhores que já li dentro do seu género, porque é intenso, é inteligente, mas acima de tudo... é perturbador, porque, infelizmente, é mais real do que pode parecer. Totalmente recomendado.

Luís Pinto

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

SERENA


Autor: Ron Rash

Título original: Serena



Sinopse: Início da Grande Depressão. George Pemberton está de regresso à Carolina do Norte depois de três meses passados em Boston. Traz consigo a sua mulher, Serena, e os planos de ambos para se tornarem, unindo os recursos de cada um, barões da indústria madeireira. Em poucos anos o império cresce, gerido em parte pela mão implacável e sem escrúpulos de Serena, que não hesita em eliminar qualquer ameaça às suas ambições. Quando descobre que não poderá ter filhos e que George tem um filho de uma anterior relação, Serena fica determinada a não deixar que nada nem ninguém se intrometa entre si e o marido.



Li este livro por causa do filme que está prestes a chegar e o primeiro pensamento que tive foi: "porque é que o livro se chama Serena?" É raro, apesar de não único, que um romance entre um casal tenha como título o nome de uma das personagens, relegando a outra a um quase anonimato inicial.

Quando acabei o livro percebia o porquê do título. Serena é uma das personagens mais marcantes que li nos últimos tempos, uma das mulheres mais implacáveis que já li, e é, sem qualquer dúvida, a estrela deste livro. A crítica internacional considerou este como um dos melhores livros do ano, e Serana, a personagem, é a responsável.

Não conhecia este autor e fiquei muito agradado com a sua escrita. Ron Rash escreve muito bem dentro do seu género, sabendo quando descrever, quando avançar e quando criar um diálogo inteligente. No entanto este não é um livro fácil de ler em alguns momentos pois o autor, para explorar certos conceitos sociais, mas também personalidades, acaba por criar momentos que podem chocar o leitor pela sua violência, quer entre humanos, quer com animais. Estes acontecimentos fazem sentido, mas tornam mais sombrio um livro que no início não parece. É, todavia, o início de um enredo que se tornará cada vez mais negro.

A grande surpresa foi a forma como este livro se torna mais negro. No início temos duas personagens com as quais não tive grande ligação, talvez porque algumas coisas pareciam forçadas, mas depois tudo começou a encaixar quando Serena começa a revelar-se. A forma como manipula e "atropela" algumas personagens para conseguir vantagens nos seus negócios é apenas o início. Quando o final chega, com acontecimentos que podendo não ser totalmente surpreendentes, são marcantes, temos a sensação que este livro é indiscutivelmente sobre Serena, e tudo o resto é apenas o resultado das suas ações, diretas ou indiretas. 

Rash, um escritor que terei debaixo de olho e que duvido que consiga criar outra personagem tão intrigante nos próximos tempos, explora temas que encaixam bem e que não são forçados. Este é um enredo sobre amizades, paixões e receios. A paixão, talvez o tema mais explorado do enredo, consegue ser um grande catalisador, para o bem e para o mal, quer seja a paixão para com o nosso parceiro, ou a paixão pelo que fazemos. E poderá conduzir à loucura ou falta de lógica. Misturado a isto está uma mulher que sabe tirar partido do seu marido, mas também da sociedade. Antes de o livro acabar, já nada nos irá surpreender, pois desta mulher esperaremos tudo.

Não irei alongar-me mais para não explorar em demasia uma personagem que deve ser lida. Serena, o livro, é uma obra que não será fácil, porque é forte, porque não é fácil criar ligação com algumas das personagens aqui presentes, e porque no início existe algo que parece forçado. Depois Serena revela-se e o livro melhora. Não é uma obra fantástica mas fica na nossa memória. Serena, a mulher, é uma das melhores personagens que li este ano. Se gostarem do género, este livro pode oferecer-vos uma leitura interessante, e duvido que a adaptação cinematográfica consiga recriar tão bem esta personagem tal como está nestas páginas. A crítica elogiou-o com prémios e afirmando que é um dos livros do ano, e isso diz muito sobre a qualidade do livro, que não será um favorito dos leitores, mas que é, inegavelmente, um livro muito bom. 

Luís Pinto

sábado, 15 de novembro de 2014

A FACE OCULTA DE FIDEL CASTRO


Autor: Juan Reinaldo Sánchez

Título original: La vie cachée de Fidel Castro




Sinopse: Pela primeira vez, a história do regime de Fidel Castro contada a partir de dentro. Este extraordinário testemunho faz-nos repensar tudo aquilo que achávamos que sabíamos da história de Cuba e de Fidel Castro.   Responsável pela protecção do Líder Máximo, Juan Reinaldo Sánchez conheceu como poucos – muito poucos...
Enquanto guarda-costas pessoal de El Comandante, testemunhou as relações familiares e amorosas do Líder Máximo, as suas horas de lazer e ócio, os seus hábitos alimentares, mas também as estratégias política e militar. E dá-nos ainda a conhecer a imensa fortuna de Fidel – composta por um considerável património imobiliário, iates, carros e muito dinheiro, subtraído ao erário público.
Em A Face Oculta de Fidel Castro, Sánchez dá-nos a conhecer as várias faces do líder histórico cubano: senhor da guerra na Nicarágua e em Angola, autocrata paranóico em casa, espião de excelência, diplomata maquiavélico, com uma vincada obsessão por escutas telefónicas, e cúmplice de traficantes de droga.


Assim que vi este livro, decidi lê-lo. Tentando nunca tomar como garantido que o autor poderá estar a dizer toda a verdade, mas sim a sua própria visão de certos acontecimentos e personalidades, lentamente este livro torna-se num testemunho com várias surpresas e muitas confirmações. Fidel é uma personalidade a ser estudada, quer para o bem, quer para o mal, e este livro oferece-nos um olhar muito próximo de aspetos que falham ao público, principalmente porque estamos perante o líder de um país que ainda não tem grande acesso a informações e onde nada é transparente. No entanto, mesmo sabendo pouco sobre alguns dos países mais "fechados", uma realidade é universal, estes governantes não passam fome, não têm dificuldades financeiras, e muitas vezes são os grandes traidores dos seus próprios discursos.

Não existe muito que se possa analisar neste livro, porque estamos perante um relato. O ponto mais alto, para além do conhecimento do autor, é a forma como a narrativa está estruturada. É fácil percebermos onde se enquadram os momentos e o autor tenta explicar certos factos históricos necessários para a total compreensão do que estamos a ler. Todavia, será sempre benéfico já termos algum conhecimento da História política de Cuba para percebermos toda a teia de interesses e manipulações que existem neste livro.

O autor explora vários conceitos, desde tráficos de droga, espionagem, a relação de Fidel com os media, com empregados, com os EUA, passando pela forma como geria o seu país e o seu governo, nunca sem esquecer a sua visão do que seria o futuro de Cuba. Pelo meio temos a sua vida familiar, o que fazia ao descansar, o que possuía, o que desejava, o que o transtornava.  

Alongar-me mais sobre este livro seria revelar factos que devem ser lidos durante o desenrolar da narrativa para uma melhor compreensão. Gostei bastante do ritmo do livro, da forma simples com que Fidel é aqui exposto, mas no global o que fica são os segredos aqui revelados, tornando este livro mesmo muito interessante para alguém que, como eu, conheça pouco sobre este homem e queira saber mais sobre a sua personalidade, medos, conquistas e segredos. 

Se gostam deste género e se o tema vos interessa, certamente gostarão desta leitura.

Luís Pinto  

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Passatempo: Dei-te o melhor de mim - vencedor!


PASSATEMPO


Dei-te o melhor de mim

Vencedor!


Acabou mais um passatempo em parceria com a Editorial Presença. A todos os que participaram, agradecemos, e se não ganharam, desejamos melhor sorte para a próxima.

Aproveitem ainda para participar noutros passatempos ainda ativos no blog!


E o vencedor é: 

Patrícia Alexandra da Cruz Francisco

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Passatempo: Trash - Os rapazes o lixo - Vencedor!


PASSATEMPO


TRASH - Os rapazes do lixo

Vencedor!


Acabou o passatempo em parceria com a Editorial Presença. A todos os que participaram, agradecemos, e se não ganharam, desejamos melhor sorte para a próxima.

Aproveitem ainda para participar noutros passatempos ainda ativos no blog!


E o vencedor é: 

Fábio Cipriano Ventura

DEI-TE O MELHOR DE MIM


Autor: Nicholas Sparks

Título original: The best of me




Sinopse: Na primavera de 1984, dois adolescentes norte-americanos, Amanda Collier e Dawson Cole, envolvem-se na intensa vivência do primeiro amor. Apesar de pertencerem a mundos diferentes na pequena cidade de Oriental, na Carolina do Norte, o seu amor um pelo outro parece-lhes suficientemente poderoso para enfrentar todos os desafios. Mas quando o verão de seu último ano da escola secundária chega ao fim, acontecimentos imprevistos colocam os dois jovens em trajetos irremediavelmente divergentes. Vinte e cinco anos mais tarde, a morte do único amigo que os protegera reúne-os de novo na cidade natal. Confrontados com dolorosas memórias e um sentimento que se revela intacto, que sentido dar agora a um amor que nunca poderia mudar o passado?



Quando comecei a ler este livro não sabia bem o que pensar. A base, já tantas vezes usada, mostra um romance entre dois adolescentes: a jovem rica e o rapaz pobre e rebelde. A primeira questão que me assaltou a mente foi: porque é que nunca é o rapaz rico e a rapariga rebelde? Deixando para trás esta questão, deixei que Sparks fizesse o que sabe fazer melhor: tentar levar o leitor para um estado emocional em que seja impossível parar de ler, tal é a vontade de que tudo corra bem neste enredo. Apesar de, no meu caso, raramente resultar, não posso deixar de dar os parabéns a Sparks pela forma como escreve, levando sempre a nossa atenção para os sentimentos, sacrifícios e amores que cada personagem nos pode demonstrar.

No entanto, e apesar de rapidamente simpatizar com a paixão entre Amanda e Dawson, é Tuck quem "rouba o show" sendo, ao mesmo tempo, a personagem mais bem conseguida e também a mais fácil de gostar. Tuck, no pouco tempo de antena que tem, é, provavelmente, uma das melhores personagens que Sparks já criou.  E é Tuck o catalisador de uma história que tem momentos previsíveis, e outros que me surpreenderam.

Todavia, o que mais marca este livro é o facto de existir um momento a partir do qual se torna difícil "torcer"por este casal que agora se reencontra. Esse momento é quando vemos que Amanda é casada e tem filhos. A partir daqui este casal ao unir-se, acabará com outra família. Aqui acredito que os leitores se dividam entre várias finais possíveis que cada um irá criar. Eu, talvez por conhecer o autor, criei na minha mente um final possível saído da mente de Sparks e acertei na maioria dos acontecimentos, o que me deixou com a sensação que apesar de bem pensado, o final é previsível se estudarmos os anteriores livros do autor. Todavia, este é um risco que qualquer leitor carrega, o de adivinhar o final. Existiram outros momentos que não apreciei, principalmente uma questão "paranormal" que para mim não faz sentido, mas também apreciei outros momentos em que acho que o autor arriscou e bem para criar momentos marcantes dentro do género. 

O que Sparks consegue neste enredo é dividir os leitores, levá-los a questionar o que fariam caso fossem Amanda ou Dawson. Existirá amor como o primeiro? Conseguiremos viver sempre a pensar "e se..."? O que estamos dispostos a abdicar?

Sparks oferece um livro dentro do seu estilo. Emocionalmente intenso, sempre com o intuito de nos aproximar das personagens para que, sem querermos, comecemos a sofrer com elas, Sparks apenas peca em alguns momentos mais mornos, nos quais a intensidade diminui bastante para que seja descrito um momento que pouco oferece à história. Estes momentos serão o único problema de um livro que consegue ser exatamente o que o leitor estará à espera quando o adquirir. É, tal como todos os livros do escritor, direcionado para o público feminino, por ser um livro mais emocional, mais apaixonado e que pretende deixar um nó na garganta de quem o ler. 

Se gostam do autor, este é mais um livro ao nível do que Sparks já apresentou e com o qual conquistou o mundo.

Luís Pinto

Porto Editora lança o primeiro livro de Johan Theorin



A Hora das Sombras é o primeiro livro de Johan Theorin e já chegou às livrarias 


Johan Theorin sai da sombra e traz-nos um romance de estreia que o vem confirmar como uma das novas vozes do policial nórdico. A Hora das Sombras é um thriller inquietante de Johan Theorin, com laivos de Hitchcock, considerado pelo The Times «um livro de estreia admirável» e pelo The Observer «muito melhor do que Stieg Larsson». 

Publicado já em 30 países e galardoado com inúmeros prémios, entre eles o de Melhor Livro Sueco de 2009, foi adaptado ao cinema pela mão de Daniel Alfredson, o realizador sueco dos dois primeiros filmes da trilogia Millennium, de Stieg Larsson.


SINOPSE

Numa manhã de setembro de 1972, na remota ilha de Öland, na Suécia, o pequeno Jens aventura-se na densa névoa, movido pelo desejo de explorar o mundo para além do jardim dos seus avós maternos; não regressaria mais a casa. Depois de vasculhada toda a ilha, a polícia convence-se que o menino terá caído ao mar e morrido afogado.
Vinte anos mais tarde, a mãe, Julia, recebe uma chamada inesperada do pai, um reformado mestre de embarcações, a residir ainda em Öland, dizendo-lhe ter recebido nessa mesma manhã uma encomenda anónima com uma das sandálias que Jens calçava naquele dia fatídico.
À luz de novas provas, é forçoso que Julia regresse à ilha para encetar novas investigações. Apesar de contrariada, acaba por aceitar o regresso à terra onde cresceu e, depressa, pai e filha se verão enleados num puzzle que os retém presos ao passado. Pela primeira vez, Julia ouve falar de um personagem mítico de Öland, um tal Nils Kant, que em tempos fora o homem mais temido. Mas há muito que Nils está morto e enterrado. Antes mesmo do desaparecimento de Jens. Não obstante, há gente que afirma tê-lo visto deambular pelos bosques ao cair da noite... 

O AUTOR

Johan Theorin nasceu em 1963 e passou grande parte da sua infância na ilha de Öland, onde o seu romance de estreia, A Hora das Sombras, tem lugar. Obteve vários prémios, dos quais se destacam o Glass Key, o prémio para Melhor Livro Sueco em 2009 e o prestigiado CWA International Dagger. Atualmente reparte o tempo entre o jornalismo e a escrita dos seus livros.

Operação Livros no Sapatinho



Hoje venho divulgar uma iniciativa muito interessante! 

Chama-se "Operação Livros no Sapatinho", criada pela Imaginauta, e conta com a ajuda de todos nós para alcançar o merecido sucesso!

O que é a OLS?
A Operação Livros no Sapatinho é um conjunto de acções simultâneas de todos os voluntários que se juntem a nós que pretende promover a leitura e, mais especificamente, o livro como a oferta perfeita para presentes de Natal.
Em que se inspirou a OLS?
Todos os anos na Islândia acontece a chamada Jolabokaflod, que se traduz como “a inundação natalícia de livros”. De Novembro a Dezembro toda a gente procura recomendações de livros, fala-se de livros no cabeleireiro, recebe-se catálogos de livros no correio e isto tudo porquê? Porque quando chega a noite de 24 para 25 de Dezembro, o presente que estes insulares mais gostam de dar e receber são livros. E nós pensámos: e se isto acontecesse em Portugal?

terça-feira, 11 de novembro de 2014

PASSATEMPO: Surpreende-me - vencedor!


PASSATEMPO


Surpreende-me

Vencedor!


Acabou o passatempo em parceria com a editora Planeta. A todos os que participaram, agradecemos, e se não ganharam, desejamos melhor sorte para a próxima.

Aproveitem ainda para participar noutros passatempos ainda ativos no blog e ver a nossa opinião a este livro!


E o vencedor é: 

André Daniel Silva

Parabéns ao vencedor!


TRASH - Os rapazes do lixo


Autor: Andy Mulligan

Título original: Trash



Sinopse: Num país do terceiro mundo, num futuro não muito distante, três rapazes tentam sobreviver nas montanhas de lixo nos subúrbios de uma metrópole. Num dia de sorte e azar, Raphael encontra algo muito especial e misterioso. Tão misterioso que decide guardar, mesmo que a polícia da cidade ofereça uma bela recompensa pela sua devolução. Essa decisão traz terríveis consequências, e em breve os rapazes do lixo vão ter de usar toda a sua astúcia e coragem para escapar aos seus perseguidores.


Trash foi uma das surpresa mais agradáveis que li nos últimos tempos. No início pareceu-me uma interessante história para jovens, mas aos poucos tornou-se em algo mais. Trash é um daqueles enredos que não podemos resumir a um objetivo. O que temos aqui poderá parecer uma história sobre sonhos de infância, ou sobre desejar ter uma vida melhor do que aquela que a sociedade à nossa volta nos pode dar, porque nascemos no sítio errado. Ou pode parecer que estamos perante um grito de revolta, um libertar que leva à mudança de rumo de uma sociedade corrupta em que nenhum valor moral está acima do dinheiro.

É por não se focar em nenhum aspeto em particular, mas sim numa mistura de vários, que Trash ganha a coerência que o torna num bom livro, com várias questões morais e muitas lições a retirar. É inevitável sentir que o autor nos tenta dar a noção que mesmo no local mais corrupto e sem esperança, podem existir pessoas com valores, pessoas que não são egoístas, e é por isso que este é um livro focado no público jovem, porque tem valores que devem ser transmitidos.

E é assim que este conjunto de rapazes demonstra um lado da humanidade que nem sempre vemos, e que raramente aparece quando existe dinheiro envolvido. Mulligan escreve de forma simples, com um ritmo interessante, essencial para que um público mais jovem, que possa não ter um ritmo natural de leitura, aqui consiga seguir a história com relativa facilidade. A isto junta-se o facto de o enredo ser interessante, primeiro porque nos ligamos rapidamente aos rapazes, e segundo porque o que eles descobrem no lixo é a metáfora para qualquer acontecimento em que a nossa vida pode mudar para sempre, sendo que à partida pode parecer uma mudança melhor, mas existem sempre fatores que podem levar a acontecimentos indesejados. Nenhum acontecimento pode apenas ser positivo... talvez esta seja uma das mensagens do livro, mas a verdade é que os rapazes, tal como nós leitores, sentimos o entusiasmo da descoberta.

Sendo um livro com grande foco na amizade, existe aqui um braço de ferro em relação à justiça social e às oportunidades que as pessoas têm na vida. Todavia, o livro tem algumas falhas, não por erros em si, mas porque não explora algumas personagens que poderiam oferecer muito mais ao enredo. No entanto, esta opção entende-se, porque de outra forma a narrativa perderia o ritmo que agarra o público adolescente, e acredito que o autor fez uma boa escolha.

Trash é um livro adolescente que transmite valores e ideias interessantes. É uma luta sobre a sobrevivência física e moral num mundo que nem sempre o permite. É, acima de tudo, um livro que demonstra a determinação de alguns e a ganância de muitos, levando ao choque moral pelo qual vale a pena ler este livro. Em certos momentos choramos, noutros sorrimos, noutros ficamos preocupados, tal como na vida. Muito recomendado ao público adolescente, mas não só, porque a moral e a amizade existem em todas as idades.

Luís Pinto 

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Passatempo: Pack Saída de Emergência

 
PASSATEMPO
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O blog Ler y Criticar tem o prazer de vos trazer um passatempo em parceria com a editora Saída de Emergência e o blog Morrighan.


Iremos oferecer um pack com três livros da editora Saída de emergência, e para se habilitarem a ganhar, basta seguir os seguintes passos:


- Ser fã no facebook dos dois blogs: Ler y Criticar e Morrighan
- Ser fã no facebook da editora Saída de Emergência
- Preencher o formulário com os vossos dados


 O passatempo termina dia 24 de novembro

Apenas é permitida uma participação por pessoa
Apenas podem participar por um dos blogs para que não existam repetições





sexta-feira, 7 de novembro de 2014

UM, DÓ, LI, TÁ


Autor: M. J. Arlidge

Título original: Eeny Meeny



Sinopse: Uma jovem rapariga surge dos bosques após sobreviver a um rapto aterrador. Cada mórbido pormenor da sua história é verdadeiro, apesar de incrível. Dias mais tarde é descoberta outra vítima que sobreviveu a um rapto semelhante.
As investigações conduzem a um padrão: há alguém a raptar pares de pessoas que depois são encarcerados e confrontados com uma escolha terrível: matar para sobreviver, ou ser morto.
À medida que mais situações vão surgindo, a detetive encarregada deste caso, Helen Grace, percebe que a chave para capturar este monstro imparável está nos sobreviventes. Mas a não ser que descubra rapidamente o assassino, mais inocentes irão morrer?


Não será fácil, para mim, fazer uma análise a este livro sem revelar certos momentos, mas vamos tentar...

Este livro começa de forma intensa, rápido, inteligente. Estas três palavras acompanham-nos durante toda a leitura, tornando-o num thriller com qualidade mas que poderá não agradar a todos. Começando pela personagem principal, Grace, estamos perante uma personagem muito bem construída. É, sem qualquer dúvida, um dos pontos fortes do livro e é também um dos pontos em que o leitor não se ligará ao livro. Grace, apesar de ser a detetive e de querermos que tenha sucesso, apresenta uma personalidade com a qual não é fácil simpatizar. Este facto dá brilhantismo ao livro porque não nos afeiçoamos mas não conseguimos parar de ler, porque Grace tem a determinação para resolver o caso e somos contagiados por essa determinação.

Outro ponto que que agarra o leitor é a inteligência do vilão. Aqui é difícil analisar sem dar exemplos, mas a forma como o vilão atua está muito bem explorada e encaixa na montagem do enredo. Se olharmos para o enredo e para a narrativa, vemos capítulos curtos, com diferentes pontos de vista e que em certos momentos nos dão uma segunda visão do mesmo acontecimento. Esta montagem da narrativa parece que não convence no início, porque estarmos a ler, mesmo que apenas esporadicamente, o mesmo acontecimento, parecendo que quebra o ritmo da leitura, mas oferece uma compreensão que facilita no final em que é preciso compreender como tudo aconteceu.

Um dos melhores aspetos de um thriller é manter o equilíbrio entre não nos dar tempo para respirar, mas dar o tempo necessário para que também façamos a nossa investigação. Muito do prazer de ler um thriller é tentar adivinhar quem é o vilão ou como o conseguiremos apanhar. Este livro, de forma muito subtil, oferece este equilíbrio. O problema do enredo poderá estar no final, que não irá agradar a alguns leitores pela forma repentina como tudo é resolvido. Sinceramente, gostei da forma como tudo acaba, mesmo tendo em conta que ficaram no ar algumas perguntas menos importantes. A forma como o enredo para é um risco, mas é feito de forma inteligente. No entanto, como disse, não agradará a todos.

Todavia, as pequenas falhas que o livro tem conseguem ter esquecidas graças a um bom ritmo, a uma personagem principal muito boa e a uma montagem inteligente e diferente que nos leva a manter um ritmo mas sem perder o que é importante. Pelo meio o livro leva-nos, indiretamente, a questionar o que nós faríamos em certos momentos e até que ponto nos sacrificaríamos. Até onde poderá chegar o sacrifício que fazemos por alguém que amamos? E é nesses momentos, em que temos de decidir o que sacrificar, que o leitor se aproxima do livro, tornando a leitura muito melhor.

Um, Dó, Li, Tá não é uma obra prima nem revoluciona o género, mas tem tudo o que um fã de thrillers procura numa leitura. Enquanto leitor, agradou-me imenso a ténue linha moral que Grace constrói durante todo o livro e que nos oferece uma sensação mais realista, porque as personagens principais não têm de ser imaculadas para conseguirem prender os vilões. Se gostam do género, este livro é uma boa escolha e que não esquecerão tão cedo.

Luís Pinto 

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Ler y Criticar nomeado no Top Blogs Awards


O blog Ler y Criticar foi nomeado nos prémios TOP BLOGS AWARDS para a categoria de Melhor Blogue - Literatura.

Neste momento a data de votações ainda não está anunciada, mas convido-vos a visitar o blog onde a votação será feita e nomeiem os vossos blogues favoritos antes que comecem as votações.

Assim que tiver mais novidades, aviso!

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL


Autor: John Keegan

Título original: The First World War



Neste livro terão pela frente 600 páginas de leitura numa "letra bastante pequenina". O que também terão pela frente é um fantástico livro sobre o que foi este conflito que mudou o mundo.

Este é, quase de certeza, o livro mais completo que alguma vez li sobre a Primeira Guerra Mundial. No entanto isso não vale de muito, pois não li assim tantos livros sobre o assunto, mas a crítica internacional considera este o melhor livro introdutório ao tema e, como tal, acredito que o seja.

O que temos neste livro é um olhar sobre os grandes aspetos que levaram ao conflito, o que mudou durante o conflito e as consequências do mesmo nos anos que se seguiram. No início temos uma abordagem bastante política sobre o que levou a europa a entrar em conflito, com um olhar atento sobre os movimentos e objetivos de alguns países, quais os seus interesses económicos e como a população via o início de algumas ações que poderiam levar a um conflito que acabou por ganhar proporções avassaladoras.

O grande trunfo deste livro, aliado ao enorme conhecimento que o autor tem, é a escrita. O livro está escrito e montado de forma muito inteligente por forma é ser fácil, a qualquer pessoa que pouco saiba sobre este conflito, perceber o essencial. Foi este aspeto que mais apreciei, o facto de o autor levar como adquirido que o leitor poderá não ter conhecimentos no início da leitura, e o autor oferece-os.

Depois de termos o conhecimento político e social que levaram ao conflito, começamos a ver as reações dos diversos países e o que fizeram para enfrentar ou evitar o conflito. Estratégias militares estão aqui bem exploradas e um dos pontos que mais apreciei foi a forma como o autor aprofunda o desenvolvimento industrial que dispara com esta guerra, levando países a produzir tudo o que é necessário, tentando depender o menos possível de outras nações para a produção de mantimentos, armamento e acessórios necessários à manutenção da guerra, quer seja roupa para soldados ou loiças necessárias para que os mesmos consigam comer nos campos de batalha.

A isto junta-se, mais tarde, o aprofundamento do tema Estados Unidos da América, que se tornam aqui uma potência mundial, devido a vários fatores e estratégias politico económicas. Por fim, e após termos um relato muito interessante sobre os 4 anos de conflito, vemos o que mudou. O autor explora a divisão da europa central, a forma como a União Soviética tenta ganhar o seu espaço na conjuntura política, o crescimento do movimento nazi e alguns pontos sociais que levarão, mais tarde ao segundo conflito mundial.

Não existe muito que possa analisar neste livro. Este não é um romance onde personagens, mundo criado e enredo sejam determinantes. Aqui o importante é o conhecimento que o autor nos oferece e a forma como o faz. Os pontos que foquei nesta análise são apenas a ponta do iceberg que o autor explora. No fim, após 600 páginas, sinto que o meu conhecimento sobre este conflito melhorou bastante, mesmo após já ter lido outros livros do tema. O detalhe sobre questões políticas e sociais é muito conseguido e a única coisa que posso fazer é recomendar este livro a todos os que queiram saber mais sobre este tema, pois trata-se de uma fantástica leitura e mesmo muito completa. Totalmente recomendado!

Luís Pinto