domingo, 29 de junho de 2014

OS FILHOS DO ÉDEN


Autor: Ken Follett

Título original: The Hammer of Eden


Sinopse: Desde os longínquos anos 60, da Guerra do Vietname e da explosão da cultura hippie, na Califórnia, uma pequena comunidade vive isolada no sopé da Serra Nevada. Aí, os seus membros praticam agricultura de subsistência, para consumo próprio, mas também se especializaram na produção de um excelente vinho que vendem, proporcionando-lhes os meios para a aquisição de outros bens necessários. Mas aqueles anos de paz e felicidade chegam ao fim quando o governo anuncia que vai construir uma barragem perto daquele local, que ficará submerso pelas águas. Desesperadas, as pessoas que construíram ali as suas vidas reagem de uma forma inesperada e quase inverosímil, ameaçando provocar um abalo sísmico de proporções épicas, fazendo-se passar por um grupo ecoterrorista e ameaçando destruir São Francisco a menos que as suas reivindicações sejam satisfeitas.



Ken Follett tem, como um dos seus grandes talentos, a capacidade de agarrar o leitor. E esta capacidade nota-se bastante neste livro porque estamos perante um enredo que no início parece ter uma base que não faz muito sentido, e fiquei com a sensação que o enredo não se conseguiria aguentar de forma coerente. Mas, como sempre, Follett levou-me a continuar, sempre motivando-me a manter o ritmo com algumas ideias interessantes e com revelações e desenvolvimentos que não esperava.

Follett oferece uma narrativa com um forte ritmo de leitura. Sem momentos "mortos" nem situações ou descrições que nada ofereçam ao enredo, Follett dá-nos o essencial e empurra-nos ao injetar no enredo uma sensação de urgência a cada página. Para tal, muito contribuem algumas personagens que são a encarnação dessa mesma sensação de urgência. Priest é, de longe, a melhor personagem do livro, com todas as suas falhas e convicções, mas existem outras bem criadas e que ajudam a tornar o enredo mais coeso. 

Um dos aspetos mais interessantes do livro são alguns dos temas que o autor explora, desde o direito que temos à terra onde vivemos, passando pelos interesses das grandes empresas e também do próprio governo na exploração de certos locais, mesmo contra a população. O braço de ferro que vemos neste livro é um choque de mentalidades e de direitos, tal como é uma disputa entre posições de poder, sempre presente desde o início da humanidade. Todos nós temos a tendência de seguir ou de nos tornarmos um líder, e por vezes somos cegos, tanto quando lideramos ou seguimos. E essa cegueira está aqui bem presente.

Neste livro o aspeto mais positivo, no meu entender, é a forma como Follett mostra os dois lados do conflito, explorando as personagens que mais se identificam com a mentalidade de cada grupo. Esta capacidade de nos mostrar os dois pontos de vista, leva o leitor a tirar as suas conclusões e também a perceber melhor quando se estão a passar os limites do razoável, mas também a perceber o porquê de se passarem esses limites, pois conseguimos identificar o que está a faltar na visão de cada personagem.

Em termos de enredo, o livro é simples mas bem recheado com alguns estudos científicos que ajudam a sustentar a base das teorias aqui descritas. Com um grupo de personagens bem construído, o enredo é empolgante e equilibrado e mesmo sentindo que este não é, em termos de qualidade, um dos melhores livros de Follett, é dos mais viciantes e bastante difícil de largar. Follett é mestre no seu estilo.


3 comentários:

  1. Tenho mesmo de me meter neste autor. Parece uma boa leitura para aqueles momentos em que precisamos de algo mais rápido.

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  2. Gosto bastante do Ken Follett mas apenas li os romances históricos. Quando analisaste o Triplo meti o livro na lista para comprar, mas ainda não o fiz. Vou também colocar este e ler os dois. Estes dois livros não têm qualquer tipo de ligação, pois não?

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  3. Parece-me um thriller interessante. Leste mais livros do autor? Em relação a este vou dar-lhe uma hipótese pois fala-se sempre tão bem do autor e gostei da tua opinião.

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