terça-feira, 31 de dezembro de 2019

O ARMAZÉM


Autor: Rob Hart



Sinopse: Paxton nunca pensou que trabalharia como segurança para a Cloud, o gigante da tecnologia que domina a economia americana depois do desaparecimento do comércio tradicional na sequência de uma série de assassínios em massa. Muito menos que se mudaria para as instalações em expansão onde é possível viver e trabalhar. Mas quando se compara com tudo o resto que existe, a Cloud não é assim tão má. E quando conhece Zinnia, as coisas melhoram com a esperança de um futuro partilhado. Mas Zinnia não é o que parece. E Paxton, com acesso a credenciais de segurança, é o peão perfeito para ela descobrir os segredos mais negros da empresa. À medida que a verdade sobre a Cloud se vai revelando, ambos terão de perceber até onde a empresa está disposta a ir para tornar o mundo num lugar melhor.




Gosto bastante de ler uma boa distopia e ultimamente têm aparecido algumas que tentam explorar as tendências tecnológicas dos últimos anos, quer seja o controlo da informação, o vício das pessoas pelas redes sociais, etc...

Este livro tenta explorar alguns destes conceitos, tendo por base o crescimento das empresas tecnológicas, o quanto dependemos delas e o facto de algumas serem mais poderosas do que muitos países. Muito desse poder é criado pela informação que damos de forma gratuita e diária a estas empresas, e este enredo tenta explorar esse controlo e o valor da informação.

Um dos melhores aspetos do livro é o seu ritmo, que aumenta nos momentos certos, tornando-se num thriller capaz de criar momentos intensos mas com tempo para analisar muito do mundo criado. É, infelizmente, um livro que deixa várias perguntas sem resposta, algo muito frequente nas distopais atuais, e que não será um problema para a maioria dos leitores.

Um aspeto bem conseguido são as personagens, que rapidamente marcam a leitura, com algumas a criarem ligações simples com o leitor e que nos empurram a continuar a ler, tornando a leitura mais fácil e por vezes compulsiva, principalmente para quem goste do género e do tema, que é o meu caso. Destaque para os diálogos que ajudam a manter o ritmo mas também o suspense e para todas as ramificações na sociedade que o autor criou. Esse é o aspeto mais importante deste livro, a forma como explora uma sociedade que foi pelo caminho errado sem perceber, que agora se vê presa das suas decisões e do poder de alguns. E isso leva um leitor a pensar sobre o mundo atual... para onde estamos a ir?

Devido às escolhas tomadas no livro, não é uma leitura que agradará a todos, mas a forma como expõe alguns conceitos está muito interessante. O problema do livro, para mim, foram alguns momentos óbvios, principalmente na parte final, que não me surpreendeu, talvez por sorte minha, talvez por já ter lido várias distopias. Mas, apesar desse pequeno problema, gostei bastante da construção do mundo, da sociedade, da mentalidade das personagens e da forma como o enredo está montado. Existe um contraste muito bem conseguido entre aqueles que se resignam e os que querem lutar por algo melhor. Graças a isso, este é um livro que se recomenda a quem apreciar o género, pois apesar de não ser uma obra prima, tem a qualidade para nos agarrar e mostrar um mundo que por vezes parece quase igual ao nosso, o que é arrepiante...

Luís Pinto


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