Autor: Robert A. Heinlein
Título original: Stranger in a strange land
Sinopse: Há vinte e cinco anos, a primeira missão a Marte terminou em tragédia e todos os tripulantes morreram. Mas, na verdade, houve um sobrevivente.
Nascido na fatídica nave espacial e salvo pelos Marcianos que o criaram e lhe ofereceram uma nova vida, Valentine Michael Smith nunca viu um ser humano até ao dia em que é descoberto por uma segunda expedição a Marte.
Ao regressar à Terra, vê-se pela primeira vez entre o seu povo. Começa então um percurso de aprendizagem dos códigos sociais e preconceitos da natureza humana, totalmente alienígenas para a sua mente. Nesse processo de descoberta e integração, Valentine irá partilhar com a Humanidade os rituais sagrados que aprendeu em Marte e retribuir com as suas próprias crenças sobre o amor e o sentido da vida. Mas conseguirá alguma vez deixar de se sentir um estranho numa terra estranha?
Este é um dos mais famosos e mais importantes livro de Ficção Científica alguma vez escritos. Ao ser lido hoje, pode parecer uma história já muito usada, com uma ideia base que não faz sentido, mas quando este livro foi lançado, abriu portas a uma nova imaginação, mas também criou várias perguntas, morais, sociais, biológicas, que nos fazem pensar que quando encontrarmos vida inteligente noutros planetas, as diferenças não serão apenas visuais.
Tendo uma base que por vezes faz lembrar O Livro da Selva, este livro de imediato agarra um leitor que goste deste género. Heinlein começa por desenvolver uma base coerente enquanto nos dá a conhecer uma personagem principal que será memorável. O que temos aqui é o olhar de um adulto ao ser inserido à nossa sociedade. O que ele dava por garantido é colocado de lado perante as novas regras e crenças dos terrestres, e com isso vem toda a crítica social que é o trunfo deste livro.
Enquanto as páginas avançam, também a crítica e o choque se tornam mais vincados. Quando acabamos este primeiro livro, vemos que a história é apenas a base para algo muito maior: a crítica social e a descoberta da nossa natureza, ou da que julgamos ser a nossa verdadeira natureza. Como será um ser humano numa sociedade completamente diferente? Criado com outras crenças, outras formas de olhar a sexualidade, outras bases para viver em sociedade... se passassemos pelo mesmo, como olhariamos para a nossa sociedade? Como iriamos ver as nossas crenças, medos, ganâncias, sistemas políticos, religiões, sociedades, regras, etc...? Poderemos sequer amar de forma diferente?
Aquilo que somos é o que nos torna humanos, ou apenas algo que fomos construíndo? Pode um humano ser completamente diferente, ver o mundo com outros olhos, viver de forma distinta? Tudo isto é algo que o autor começa a questionar aos poucos. Afinal o que é que nasce connosco e o que é moldado pela sociedade? Tudo isto num enredo de aventura, descoberta, romance, amizade, filosofia.
Gostei da escrita do autor, do ritmo e do mundo criado. É realmente um olhar diferente, quase ingénuo e confuso de um homem a ver as diferenças entre duas formas de viver e conviver. Faltando a segunda parte da história, deixarei para esse livro uma análise mais focada na história. Para já o que fica na memória é um personagem marcante, tão diferente de nós mas também tão igual. Claramente um grande livro.
Luís Pinto
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.