segunda-feira, 19 de junho de 2017

O DUPLO


Autor: Fiodor Dostoievski






Sinopse: «O desconhecido estava sentado à sua frente, também de sobretudo e chapéu, na sua cama, sorria ligeiramente, e, franzindo um pouco os olhos, acenou-lhe amigavelmente com a cabeça. O senhor Goliádkin queria gritar, mas não pôde — protestar de alguma maneira, mas não lhe chegavam as forças. Tinha os cabelos em pé e sentou-se no seu lugar, insensível de horror. E de resto havia razão para isso. O senhor Goliádkin reconheceu completamente o seu amigo noturno. O seu amigo noturno não era outro senão ele próprio — o próprio senhor Goliádkin, outro senhor Goliádkin, mas exatamente como ele — numa palavra, aquilo a que se chama o seu duplo em todos os aspetos…»



Este é um dos mais famosos livros de Dostoievski e também um dos mais fáceis de ler, principalmente por ser mais pequeno do que a maioria dos grandes livros do autor. O Duplo é um livro original, estranho em alguns momentos, e que é mais do que uma história que acaba por nem ser o grande foco do livro. 

O grande foco da narrativa é a sua mensagem e a sua crítica. Ao explorar a relação entre dois homens iguais, a busca de um pelo outro, entre outros acontecimentos, o autor explora a fragilidade humana como poucos, principalmente pela enorme crítica social que faz ao aprofundar os nossos receios sobre como as pessoas olham para nós ou de como queremos ser vistos. O quanto o orgulho ou vergonha nos moldam, o quanto a sociedade nos transforma em pessoas diferentes e como temos de nos adaptar ao que nos rodeia.

Com uma escrita forte e direta, o autor explora ainda a forma como nos vemos a nós próprios, sempre com um olhar atento ao que a sociedade aceita ou não. O enredo desenrola-se de forma peculiar mas sempre com várias questões a serem levantadas mesmo que de forma indireta, levando a que o leitor se veja obrigado a questionar muito do que vai lendo, tirando as suas próprias conclusões.

Não existe muito mais que possa falar sobre este grande clássico sem revelar alguns momentos da história. O que temos aqui é a fase inicial de um dos melhores escritores de sempre. Um livro de grande qualidade que poderá não agradar a todos os leitores, mas que apresenta uma qualidade inegável e que será apreciado de forma diferente, dependendo da nossa idade e experiências reais. Um pequeno grande livro.

Luís Pinto

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